You are on page 1of 7

logística

Por
orttos: soluções para o crescimento
crescimento
Marcio Eduardo Sette Fortes

No Brasil, o crescimento dos Tomaremos como exemplo dessa


fluxos de comércio, ao longo nova fase dados de comparação/
dos últimos anos, e o atual expansão dos terminais
aquecimento da economia são de contêineres, da MultiRio, e
fatores que têm pressionado a de veículos, da MultiCar, no porto
infraestrutura logística do país. do Rio de Janeiro. Antes, porém,
No caso específico dos portos, para uma melhor compreensão
de maneira geral, ainda há muito dos fatores conjunturais, tomemos
por fazer, mas é mister considerar por foco o aquecimento da
que as melhorias implementadas economia, os crescentes fluxos
ao longo da última década e meia de comércio e a pressão sobre
foram capazes de proporcionar a logística portuária.
a inúmeros terminais uma
configuração mais moderna e ágil,
AQUECIMENTO
condizente com as expectativas
DA ECONOMIA
de um país que ousou crescer
mesmo diante das adversidades. No Brasil, consome-se muito,
A maior produtividade e a redução e essa tem sido a tônica do
dos custos de movimentação de comportamento do consumidor em
carga são resultados dessas tempos recentes. O consumo das
melhorias. Os terminais portuários, famílias brasileiras corresponde a
hoje, movimentam aproximadamente 2/3 do PIB.
aproximadamente 90% do Não se trata, portanto, de uma
comércio exterior brasileiro. assertiva desguarnecida de

Marcio Eduardo Sette Fortes é assessor da Presidência e analista de Logística


da Multiterminais Alfandegados do Brasil; diretor da Federação das Câmaras de
Comércio Exterior (FCCE); conselheiro da Funcex; membro da Câmara de Logística
Integrada da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB); professor da FEMAR
– DPC/Marinha do Brasil.

58 RBCE - 103
fundamentos, mas, pelo contrário, vendas, em 2010, é prova economia dos principais jornais
assenta-se na maior parte dos irrefutável do superaquecimento do país. A economia, que cresce
indicadores econômicos que da economia. num ciclo dinâmico, exige mais
corroboram um superaquecimento recursos para alimentar e dar
O excesso de consumo atual
da economia por meio do vazão ao próprio crescimento.
encontra, a despeito do aumento
consumo. Entre tais indicadores, Pela vertente energética,
da produção, a falta de capacidade
destaca-se a redução do superávit destacam-se os investimentos
de atendimento por parte da oferta.
comercial, que corresponde para a construção de novas fontes
O país, que crescia até 2008, viu
diretamente ao aumento da geradoras de energia, de matrizes
sua economia encolher com a
demanda interna. A explicação variadas. Destacam-se aí as
recessão, em 2009, e voltou a
é bastante simples: o consumo hidrelétricas de Jirau e de Santo
crescer, em 2010, no ritmo pré-
interno aquecido tem provocado Antônio, no rio Madeira, a
crise. Com isso, a pressão sobre
um aumento mais acelerado das hidrelétrica de Belo Monte, no rio
os preços tornou-se inevitável,
importações. Se, por um lado, Xingu, e a usina nuclear de Angra
o que passou a exigir uma
tal fato ajuda a reduzir a pressão III. Pela vertente da infraestrutura
reversão na trajetória decrescente
sobre a inflação, por outro, reduz logística nacional, cabe aqui
dos juros, para o controle da meta
o superávit comercial. destacar os investimentos
de inflação, por parte do Banco
previstos no chamado Programa
A posição do Brasil, Central. O aumento da entrada
de Aceleração do Crescimento
comparativamente às economias de produtos estrangeiros,
(PAC) dos portos, do qual parte
centrais, no pós-crise, atesta que conforme asseverado acima, tem,
considerável dos recursos
o país, a despeito da recessão evidentemente, reduzido a pressão
provisionados destina-se
que provocou crescimento próximo sobre a inflação, mas o aumento
ao Programa Nacional de
de zero, em 2009, foi capaz de dos preços parece haver se
Dragagem. Destaca-se, além
sair da crise econômica pronto perpetuado. O grande
dos investimentos públicos,
para crescer a níveis próximos de questionamento por parte do setor
todo um conjunto de esforços e
6% ao ano. O consumo aquecido produtor refere-se à tendência
investimentos privados objetivando
hoje é, entre outros, resultado de altista dos juros. Não há dúvidas
a ampliação da capacidade
um conjunto de medidas adotadas de que, diante de uma inflação
portuária brasileira. Importante
pelo governo para impedir, no crescente, haverá elevações
ressaltar neste artigo que, sem
Brasil, a propagação dos efeitos sucessivas da taxa Selic.
a privatização dos portos e sem
da crise mundial de 2008/2009. Com isso, a autoridade monetária
os investimentos subsequentes,
Entre elas, destaca-se a opção espera que a alta dos juros
o Brasil não teria crescido tanto.
pela trajetória decrescente produza o efeito de reduzir o
Basta lembrar que cerca de 90%
da taxa Selic, que propiciou ao consumo, a despeito do efeito
do comércio exterior brasileiro são
consumidor crédito mais barato colateral de redução dos
realizados por via marítima.
investimentos internos. Se,
e com prazos mais longos.
por um lado, juros maiores deverão
Destacam-se, igualmente,
colocar um freio na inflação, FLUXOS DE COMÉRCIO
os benefícios fiscais concedidos
por outro, sob essa ótica, CRESCENTES
pelo governo, por meio da redução
o Investimento Estrangeiro
de IPI para setores específicos, Em 1950, pouco depois
Direto (IED) deveria aumentar.
tais como o de materiais de da estruturação e início do
construção e o de veículos A economia aquecida pressiona, funcionamento dos organismos
automotores. As medidas entre outros, além dos preços, a multilaterais idealizados na
governamentais para combater geração de energia e a capacidade Conferência de Bretton Woods, o
a desaceleração econômica que da infraestrutura logística do país. comércio mundial correspondia a
ganhava impulso produziram efeito Termos como “apagão energético” apenas 10% do PIB mundial. Em
de fato. O crescimento simultâneo e “apagão logístico” passaram cerca de 50 anos, ao final do
da produção, do emprego e das a frequentar os cadernos de século XX, dados do FMI e do

RBCE - 103 59
Banco Mundial atestavam que parceiros comerciais. O Brasil
Volumes crescentes essa participação do comércio conseguiu ampliar suas vendas
de carga transacionada no PIB mundial saltara para 25%. para o mercado chinês, em 2009,
Esse, talvez, tenha sido o reflexo mesmo quando se verificava a
trazem consigo uma mais nítido daquilo que se redução global das importações
maior necessidade convencionou chamar de daquele país. Paralelamente,
de investimentos nos globalização. O incremento das reduziram-se as importações
trocas, segundo projeções, deverá dos Estados Unidos, o que levou
setores de transporte
aproximar-se de um intervalo entre a China a assumir o posto de
e logística 40% e 50% do PIB mundial nas principal parceiro comercial
próximas décadas, a despeito dos do Brasil. Diante de tal cenário,
efeitos temporários de retração movidos pela emoção do
verificados com a crise do momento, teóricos das relações
subprime nos países centrais. internacionais passaram a
defender a importância de o Brasil
Das publicações que tratam do
investir mais em negociações
fenômeno da globalização e da
com a China do que em tentar a
mundialização do capital, bem
redução de barreiras protecionistas
como de seus impactos sobre
norte-americanas. Desnecessário
a sociedade moderna, boa parte
é lembrar a importância e o peso
delas ressalta as seguintes
dos parceiros tradicionais na
características como intrínsecas
balança comercial brasileira, bem
ao fenômeno: avanços na telemática
como o caráter temporário da
e aumento da velocidade da
retração do comércio mundial. É
informação; maior rapidez nos
importante, porém, considerar os
fluxos financeiros internacionais
desdobramentos da atual crise na
e ampliação dos fluxos de comércio
Grécia. Ainda é cedo para afirmar
globais, a partir de ganhos de
se, a despeito do bilionário pacote
escala no comércio. No que tange
de ajuda da União Europeia e do
à vertente comercial do fenômeno,
FMI, a Grécia conseguirá reerguer-
cabe ressaltar aqui que a ampliação
se. Caso a crise se alastre na
dos volumes transacionados foi
amplamente beneficiada pela Zona do Euro, alavancada em
conjunção de dois fatores outros países por percentuais de
fundamentais: o uso do contêiner e déficit fiscal e de dívida muito
a entrada em operação de navios de acima dos limites de estabilidade
maior porte. O comércio encontrou previstos em Maastricht, o
no contêiner a possibilidade de resultado poderá ser um cenário
ampliar os ganhos de transporte de maior dificuldade para as
advindos do condicionamento das exportações brasileiras. Seja
cargas, com a ocupação racional do como for, essa é, por ora, apenas
espaço nos porões e com os decks uma hipótese. De maneira geral,
dos navios cada vez maiores. a corrente de comércio deve
continuar a crescer, considerando-
No Brasil, a manutenção da se o aumento das importações.
corrente de comércio durante a Volumes crescentes de carga
crise deu-se por meio da demanda transacionada trazem consigo,
aquecida da China e, em menor como veremos a seguir, uma maior
grau, pela política governamental necessidade de investimentos nos
que privilegiou a diversificação de setores de transporte e logística.

60 RBCE - 103
LOGÍSTICA, PRESSÃO E insumos, implementos e Especial de Portos (SEP) abriram
A RESPOSTA DOS defensivos para melhorias no caminho para a modernização do
PORTOS bem agrícola ou investimentos em setor. Nesse contexto, merece
tecnologia, na qualidade, na marca destaque especial o papel
No Brasil, a preocupação com
e na embalagem do bem industrial atribuído à SEP na “formulação
a infraestrutura logística, como
se a logística nacional for de políticas e diretrizes para o
um todo, não deriva unicamente
ineficiente. Enfim, a produtividade fomento do setor, além da
da pressão originada pelo
final vê-se comprometida se os execução de medidas, programas
crescimento econômico, mas
canais de escoamento provocam e projetos de apoio ao
encontra fundamentação no baixo
perdas e atrasos. A redução de desenvolvimento da infraestrutura
nível de investimento ao longo
competitividade dos produtos portuária, com investimentos
do tempo e na depreciação
brasileiros no mercado orçamentários e do Programa de
das estruturas. Na composição
internacional não corresponde Aceleração do Crescimento
do chamado Custo Brasil, a
às ambições de um país que (PAC).” Podemos destacar, aqui,
ineficiência logística sempre
almeja ampliar sua participação como exemplos de programas e
ocupou papel de destaque.
no comércio mundial, a qual, metas capitaneados pela SEP,
De fato, as preocupações com
atualmente, limita-se a apenas o Programa Nacional de Dragagem
os gargalos logísticos antecedem
1,2% desse total. Uma parcela (PND), que mencionamos
o presente momento de
pífia para um país continental, anteriormente, instituído pela Lei
crescimento, mas enfatizam
com vocação agrícola e parque 11.610/2007, e o Plano Nacional
a necessidade premente de
industrial em constante renovação. Estratégico dos Portos (PNE/
investimentos, para atender às
É chegada a hora de o Brasil Portos). Os concessionários do
necessidades de um país que
ampliar essa participação, serviço público, por seu turno, nos
cresce e carece de meios
buscando mais progresso e diferentes estados brasileiros,
modernos para escoar os produtos
desenvolvimento, por meio de promoveram, ao longo da última
com a maior eficiência possível.
investimentos em logística. década e meia, uma ampliação
O que está em jogo, por uma ótica da capacidade portuária brasileira
Há, evidentemente, diferenças sem precedentes. Dragagem,
mais abrangente, é a
entre os vários setores que ampliação dos berços de
competitividade do país, que, na
compõem o universo logístico atracação, informatização do
porta da fábrica ou na porteira da
brasileiro. Uns foram objeto de controle de cargas, aquisição de
fazenda, é altamente competitivo,
investimentos mais intensamente novos equipamentos operacionais
mas, até a concretização da
do que outros, e a concessão e obras de melhoria e ampliação
exportação, incorpora custos de
de serviços públicos à iniciativa trouxeram aos portos públicos
ineficiência ao produto nacional.
privada, por meio de processo operados pela iniciativa privada
Em última instância, o que está em
licitatório, produziu efeitos uma nova configuração de
jogo é a vertente do equilíbrio das
amplamente positivos. No caso competitividade. Em alguns casos,
contas públicas e a vertente social
dos portos, o impulso por parte mais do que uma mera resposta
das exportações. A primeira
do empresariado e dos técnicos às novas demandas, verificou-se a
contempla o fechamento das contas
do setor aliado ao apoio conjugação de investimentos com
externas e o saldo da balança
governamental expresso pela Lei a racionalização dos métodos,
comercial, enquanto a segunda se
dos Portos; a criação dos Órgãos antecipando-se à pressão que se
constitui na manutenção dos postos
Gestores de Mão-de-obra abateria sobre a infraestrutura
de trabalho. Evidente é o peso do
(OGMOs); a institucionalização do logística do país. O resultado, de
crescimento do emprego no ano
Conselho de Autoridade Portuária maneira geral, é o crescimento
eleitoral em curso e os ganhos que
(CAP); a criação da Agência anual da eficiência portuária no
podem daí advir.
Nacional de Transportes Brasil. De 1,2 milhão de
De nada adiantam, portanto, Aquaviários (Antaq) e, mais contêineres movimentados em
investimentos em genética, recentemente, da Secretaria 1996, o país saltou para 4,5

RBCE - 103 61
milhões em 2009. Segundo ampliação do canal do Panamá, foco de análise deste artigo, daqui
estimativas, a movimentação cujas dimensões, projetadas no por diante, o período que se inicia
deverá chegar a 8 milhões de início do século XX, tornaram-se a partir de 2006, quando teve início
contêineres em 2015. Diante de insuficientes para comportar os a diversificação e a expansão das
tais volumes, destaca-se o porto novos gigantes dos mares. Nos operações da Multiterminais.
do Rio de Janeiro, por apresentar portos, o reforço dos atracadouros
Durante a crise de 2008/2009,
custos operacionais por contêiner e a consequente ampliação da
a redução na movimentação de
considerados bastante reduzidos profundidade dos berços de
contêineres não levou a cortes
quando comparados aos custos atracação, bem como o
no efetivo de pessoal da
anteriores à privatização. aprofundamento dos canais de
Multiterminais, e a opção pela
acesso passaram a ser medidas
O crescimento dos fluxos de diversificação das atividades evitou
necessárias para receber, sem
comércio, ao longo dos últimos demissões. No Rio de Janeiro,
avarias no casco, os novos navios
anos, conforme mencionado os terminais portuários da
de calado mais profundo.
anteriormente, considerando-se Multiterminais destacaram-se
principalmente uma economia tanto pela manutenção dos
aquecida, passou a atrair ESTUDO DE CASO: investimentos em tempos de crise,
meganavios ao Brasil. Em 2010, MULTITERMINAIS quanto por aqueles em tempo de
os tráfegos da costa leste da crescimento. A oferta de
Para uma melhor compreensão
América do Sul serão capacidade, portanto, antecipa-se
dessa nova fase, na qual terminais
frequentados por navios com à demanda. Para efeitos de uma
portuários buscam uma maior
capacidade de mais de 7.000 melhor compreensão, podemos
produtividade aliada à redução de
TEUs. Em termos globais, novos dividir, de maneira didática, tais
custos, tomaremos como exemplo
navios com escalas até então investimentos em duas categorias.
os terminais de contêineres –
inexistentes passaram a A primeira é a de investimentos
MultiRio – e de veículos –
transportar volumes até então realizados em equipamentos,
MultiCar –, da Multiterminais,
impensáveis para uma única nave. tecnologia e segurança. A segunda
no Rio de Janeiro. As operações
A quarta geração de navios – os abrange os investimentos que
portuárias da Multiterminais no
Post-Panamax –, com contemplam a expansão das
Rio de Janeiro tiveram início no
comprimento entre 275 m e 305 m operações propriamente ditas.
ano de 1998 e foram precedidas
e capacidade de aproximadamente pela fundação do primeiro terminal No terminal de contêineres da
4.850 TEUs, já representava, retroportuário alfandegado do MultiRio, entre os investimentos
no início dos anos 1990, uma Brasil, ainda nos anos 1980. em equipamentos destaca-se
resposta à sociedade de consumo Em São Paulo, a empresa foi uma a aquisição de um porteiner
do mundo globalizado. A quinta das fundadoras da Santos-Brasil – Post-Panamax de 50 t, que veio
geração de navios – os Post- terminal de contêiners 1 do porto acrescentar capacidade de carga
Panamax plus –, com de Santos. No Rio de Janeiro, e descarga e velocidade aos
comprimento de 335 m e constituiu a MultiRio – vencedora porteineres Panamax, aos Mobile
capacidade aproximada de 8.600 da licitação para operar o Tecon2, Habor Cranes e aos demais
TEUs, e, ainda, os de sexta de contêineres – e a MultiCar – equipamentos em funcionamento
geração, com cerca de 15.000 vencedora do leilão para operar o no terminal. Os investimentos
TEUs de capacidade, contribuíram terminal de veículos roll-on roll-off. em tecnologia, por sua vez, têm
para o barateamento do frete e De 1999 a 2006, a empresa contribuído para a modernização e
para a rapidez das trocas. formou uma rede logística que para a melhoria da qualidade dos
O aumento das dimensões dos integrou as operações de seus serviços portuários, bem como
navios ensejou, entretanto, a portos secos em Juiz de Fora, para a redução dos tempos
adaptação por parte dos portos Resende e Rio de Janeiro a seus de operação, propiciando
ao redor do mundo, bem como, terminais marítimos no porto do consideráveis ganhos aos clientes.
até mesmo, a necessidade de Rio de Janeiro. Tomaremos como A implementação do sistema

62 RBCE - 103
Navis-Sparcs, para otimizar a contando com um berço de
Tabela 1
movimentação/disponibilização atracação que totaliza 180 m,
MULTIRIO: MOVIMENTAÇÃO DE
de contêineres, aumentou a exclusivo para navios roll-on roll-off CONTÊINERES NO CAIS
capacidade operacional do pure car carrier, que, com a Ano Movimentação de
terminal e trouxe aos armadores o dragagem, passará de 10 m para Contêineres (em TEUs)
benefício da redução do tempo de 13 m de calado. O terminal possui 2004 175.240
operação dos navios. A utilização pátio de estacionamento com 2005 166.291
2006 175.010
do sistema Fast Gate, por seu capacidade estática de 7.000
2007 207.492
turno, possibilitou ao exportador veículos. 2008 229.011
o agendamento de cargas na 2009 178.976
O redimensionamento dos dois Fonte: MultiRio.
internet. Com isso, viu-se reduzido
terminais, uma vez concluída a
o tempo de espera/permanência
expansão, permitirá a atracação
das carretas, a possível eliminação
de navios de maior porte – já
de filas e a redução de possíveis simultaneidade e a taxa de
considerada a conclusão da
custos de demurrage (multa por ocupação do cais, o novo terminal
dragagem –, passando de um total
atraso). O Fast Gate deverá, de contêineres da MultiRio
de 712 m de cais, no conjunto
igualmente, atender aos passará a ter uma capacidade de
MultiRio e MultiCar, para um total
importadores. No que tange a movimentação anual de 1 milhão
de 1.160 m de cais. O projeto,
investimentos em segurança, tanto de TEUs, 458% superior à
que prevê, ainda, o aumento do
o terminal de contêineres, MultiRio, movimentação de 2009, de
pátio da MultiRio em detrimento do
quanto o terminal de veículos, 178.976 TEUs por ano. Cabe
pátio da MultiCar, não reduzirá a
MultiCar, foram contemplados com ressaltar que a movimentação de
capacidade estática desta última,
a instalação de 65 câmeras contêineres, em 2009, foi inferior
que receberá, em sua área, de
acopladas a sensores de movimento àquelas verificadas em 2007 e
início, um edifício-garagem de seis
que enviam imagens a monitores 2008, refletindo a crise mundial
andares. Com isso, a capacidade
de altíssima resolução para que se iniciou em fins de 2008
estática da MultiCar não será
acompanhamento em tempo real. (ver Tabela 1 e Gráfico 1). De forma
reduzida, mas sim, aumentada.
similar, a movimentação de
No que tange aos investimentos Dessa forma, para fins de cálculo, veículos, na MultiCar, em 2009, foi
que contemplam a expansão das considerados o número de dias de inferior àquelas verificadas de 2005
operações da Multiterminais, está operação por ano, o tempo de a 2008 (ver Tabela 2 e Gráfico 2),
previsto o aumento da capacidade operação no píer, o número de especialmente no que diz respeito
anual de movimentação, com a equipamentos, a produtividade do às exportações de veículos,
ampliação do cais para a MultiRio equipamento, a taxa de refletindo a contração da demanda
e para a MultiCar e o uso racional
das áreas de estocagem. Para
uma melhor compreensão do Gráfico 1
projeto de expansão, cabe, aqui, MOVIMENTAÇÃO DE CONTÊINERES NO CAIS (EM TEUs)
uma breve descrição dos dois
terminais. O terminal da MultiRio
possui uma área total de cerca de
185.000 m2, contando com dois
berços de atracação, com um total
de 532,5 m de cais, que, com a
dragagem, passará de 12,6 m para
15 m de calado. O terminal da
MultiCar, por sua vez, possui uma
área total de cerca de 138.000 m2,
adjacente ao terminal da MultiRio, Fonte: MultiRio.

RBCE - 103 63
Gráfico 2
Tabela 2
MULTICAR: MOVIMENTAÇÃO DE VEÍCULOS POR SENTIDO
MULTICAR: MOVIMENTAÇÃO
DE VEÍCULOS EM UNIDADES
Ano Imp. Exp. Total
2003 9.628 35.378 45.006
2004 12.448 66.713 79.161
2005 21.251 139.436 160.687
2006 34.054 126.454 160.508
2007 36.897 111.311 148.208
2008 66.255 93.152 159.407
2009 70.114 38.055 108.169
Fonte: MultiCar.

internacional durante a crise.


De forma análoga ao cálculo Fonte: MultiCar.

da MultiRio, consideradas as
mesmas variáveis, a MultiCar
deverá apresentar uma capacidade os acessos terrestres ao terminal; construção de pista dupla com
operacional do cais de 438.000 o acesso pelo mar. O acesso separação no meio, ajuste de
veículos por ano, portanto, 305% marítimo já se vê beneficiado, curvas e pavimentação.
superior à movimentação total de como dissemos, por ser objeto do Às melhorias nos acessos
108.169 veículos em 2009. Programa Nacional de Dragagem. marítimo e terrestre somam-se
O acesso terrestre, por seu turno, os investimentos realizados e
O conceito abrangente de se vê facilitado pelas obras da previstos nos terminais da MultiRio
eficiência associado a um porto nova alça de acesso, que deverá e da MultiCar, conforme descritos
não decorre exclusivamente desafogar o trânsito na avenida anteriormente. O conjunto global
da gestão do terminal em si; Brasil, ligando-a diretamente ao de investimentos, portanto, define
depende, igualmente, das bairro do Caju, onde localiza-se o o porto do Rio de Janeiro como
facilidades inerentes às áreas porto, facilitando, assim, o trânsito área de eficiência adequada às
contíguas ao porto. Assim, um das carretas. A Secretaria de necessidades operacionais
porto deve ser entendido por meio Obras da Prefeitura já deu início e logísticas de uma economia
da análise específica de três às intervenções que envolvem a em pleno desenvolvimento, que
áreas: o terminal propriamente dito construção de duas pontes, a apresenta crescente demanda
e suas áreas de armazenagem; duplicação de vias internas, a de cargas e embarcações. „

Referências Bibliográficas
De Oliveira, C.T.. 2000. Modernização Do Vale, M. A. 1993. Portos, abertura e Moreira, B.F. 2004. Bases e fundamentos
dos portos. 3ª Ed., modernização. para o Programa de Eliminação de Barrei-
ras Internas à Exportação. Associação de
De Oliveira, C.T.. 2005. Portos e mari- Gazeta Mercantil. 2009. Multiterminais in-
Comércio Exterior do Brasil.
nha mercante – Panorama mundial. veste em tempos de crise. Gazeta Mer-
São Paulo: Aduaneiras. cantil. Quarta-feira, 27 de maio. Multiterminais. Site oficial, Notícias
selecionadas. www.multiterminais.com.br.
Destaques – Ações e Programas do Gover- Goebel, D.. 2002. A competitividade exter-
no Federal – Publicação da Secretaria de na e a logística doméstica. In: Castelar, A., Secretaria de Obras. Prefeitura do Rio de
Comunicação Social da Presidência da Re- Markwald, R., Pereira, L.V. (Org.). O de- Janeiro. http://obras.rio.rj.gov.br.
pública. Números diversos. Versão eletrôni- safio das exportações. Rio de Janeiro:
Secretaria Especial de Portos. Site oficial:
ca disponível nos sítios www.brasil.gov.br BNDES.
www.portosdobrasil.gov.br.
e www.presidencia.gov.br.

64 RBCE - 103

You might also like