You are on page 1of 1

Estamos na Sucia.

Um pas muito diferente do Brasil, em vrios aspectos: a


temperatura, o horrio do sol nascer e de se por, a lngua, a Histria, a poltica (este
um dos pases com menor ndice de corrupo do mundo), at a aparncia das pessoas
- a maioria de pele branqussima e com olhos claros.

Aqui, comum as folhas amarelas cobrindo o cho verdinho, os cogumelos que nascem
espontaneamente nas entradas das casas, onde tambm h dezenas de maas cadas.
Isso no meio de uma cidade bem urbanizada. Lugarzinho lindo, organizado e limpo. Meio
vazio, meio deserto em alguns momentos do dia, e muito, muito frio.

Ambiente propcio a experimentar uma solido gostosa. Sinto-me to diferente. como


se me sentisse mais sombria. Mais sbia do que seus moradores. Porque eu, por ser to
diferente, por ser uma visitante, vejo coisas que para eles so to banais... O amarelo
me surpreende, o preto das roupas de (quase) todos os passantes, o vermelho das
bochechas... Eu me sinto privilegiada porque os vejo. Consigo ver melhor a diferena. E
no somente aquela que estereotipamos, mas aquela que me afeta e me faz refletir
sobre minha prpria condio. Condio de observadora, de pesquisadora das coisas
destoantes e rompidas, ou das nunca conciliadas.

A Sucia exerce um controle social to eficiente sobre seus cidados que pouco lhe
foge. Mas nada nessa vida pode ser to limpo, to fechado, to previsvel. Estou num
terreno frtil de Histrias, que se abre, dia a dia, para a to temda e discutida
diferena.

You might also like