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escrevendo. Mas tudo que leio e contemplo ultimamente leva-me a pensar sobre as
presenas e ausncias da comunidade, do sentido de pertencer a um grupo social
estvel - no tempo e no afeto - nos dias de hoje. Penso especialmente na situao das
mes, das famlias (e isso obviamente fruto de um forte vis do meu olhar, por causa
da minha pesquisa mas tambm pela minha vida pessoal, longe do meu pas e da
minha famlia parental).
Mas, ao mesmo tempo, no esqueo que os sentidos reproduzidos por grande parte
dessas religies e tradies reforam a desigualdade de gneros, a discriminao da
homossexualidade e das formas diversas de famlia que no a composta por me
(mulher) e pai (homem). Ainda que eu sinta falta de pertencer a uma comunidade
afetuosa como essas, no posso negar meu incmodo com a submisso das mulheres.
Ainda que eu no tenha me tranquilizado com os sentidos psicanalticos, e no tenha
terminado minha anlise com a clssica "descoberta" de que sou uma neurtica normal
como todas as outras, tambm no me vale a busca por aquilo que no faz mais parte
da minha formao. E ento? Resta apenas consentir no individualismo radical?
assim que tem nascido meu prximo texto, que transita entre a academia e a
literatura. Por enquanto, batizei-o de A Me e o tempo: ensaio sobre a maternidade
transitria.