Este documento discute a elaboração de um material didático interdisciplinar para ensino de música e artes visuais no ensino médio. Uma avaliação diagnóstica com alunos identificou dificuldades e preferências. Os alunos desejam aprender música de forma prazerosa, com foco na prática e considerando seus gêneros musicais preferidos. O material didático em desenvolvimento visa atender essas necessidades de forma interdisciplinar, combinando atividades musicais, visuais e reflexivas.
Este documento discute a elaboração de um material didático interdisciplinar para ensino de música e artes visuais no ensino médio. Uma avaliação diagnóstica com alunos identificou dificuldades e preferências. Os alunos desejam aprender música de forma prazerosa, com foco na prática e considerando seus gêneros musicais preferidos. O material didático em desenvolvimento visa atender essas necessidades de forma interdisciplinar, combinando atividades musicais, visuais e reflexivas.
Este documento discute a elaboração de um material didático interdisciplinar para ensino de música e artes visuais no ensino médio. Uma avaliação diagnóstica com alunos identificou dificuldades e preferências. Os alunos desejam aprender música de forma prazerosa, com foco na prática e considerando seus gêneros musicais preferidos. O material didático em desenvolvimento visa atender essas necessidades de forma interdisciplinar, combinando atividades musicais, visuais e reflexivas.
material didtico interdisciplinar. Renan S. Pedracini
Resumo: Este trabalho visa apresentar uma proposta para o ensino
interdisciplinar de msica e artes visuais na educao bsica, que atenda s dificuldades detectadas em uma avaliao diagnstica realizada junto aos alunos dos trs anos do Ensino Mdio de uma escola pblica. A anlise dos dados obtidos direcionou o modo como intervir nas dificuldades apontadas, e assim iniciar o processo de desenvolvimento de um material didtico, apoiado na proposta metodolgica do educador musical ingls Keith Swanwick (1998) baseada em atividades de criao, (literatura) apreciao, (tcnica) e execuo, C (L) A (T) E. Assim, o resultado da avaliao diagnstica, somado s experincias em sala de aula, adotando como modo de trabalho o C. (L). A. (T). E. , norteiam a elaborao deste material, cuja proposta partir da apreciao, criao e da execuo musical/visual, nos mais variados gneros, e assim alcanar os demais objetivos, referentes literatura e tcnica. Esta proposta organizada em unidades, considerando os gneros musicais mais escutados e/ou praticados pelos alunos (dados presentes na avaliao diagnstica aplicada), que sero abordados no incio do material, visando que o aprendizado seja j no incio prazeroso e verdadeiramente significativo, e transitar pelos demais gneros, por muitas vezes distantes, at ento, de suas vivncias musicais.
Palavras-chave: Educao musical, Interdisciplinaridade, Material
Didtico
INTRODUO
PIBID o Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia, que tem levado
diversas licenciaturas s escolas pblicas, atravs de seus discentes, que nas escolas desenvolvem aes concretas em prol de uma melhor formao para posteriormente atuarem como professores na educao bsica. Ao adentrar a sala de aula, seja pelo estgio ou pelo PIBID/Msica, perceptvel no discurso dos alunos, na maioria deles, o anseio por se aprender msica. Ao mesmo tempo, a preocupao em se ter o ensino de msica abordado de uma forma tradicional, em que todos aprendero nica e exclusivamente o que o professor deseja, sem se preocupar com o discurso da turma, tambm amedronta os alunos. Acompanhamos nas salas de aula inmeros discursos sobre as dificuldades na aprendizagem musical, ora pela falta de instrumentos que eles considerem interessantes para tocar, ora pela falta de preparo dos professores. Porm, a maioria das falas traz a questo de o aprendizado se tornar desinteressante por ser rico em teorias e pouco pautado na prtica musical, fator que tambm torna difcil a compreenso dos elementos musicais por parte dos alunos. Trazemos para a sala de aula uma proposta de material didtico que prioriza a prtica musical, atravs da criao e execuo, e o desenvolvimento de uma escuta mais crtica, atravs da apreciao musical consciente. Tudo isto, sendo abordado de forma interdisciplinar com os contedos de arte visuais, onde cada unidade de trabalho contar com atividades de prtica e tambm de apreciao visual. E, a partir da, ser construdo o conhecimento acerca da msica e das artes visuais, partindo do discurso dos alunos e fazendo intervenes que instiguem as suas reflexes acerca deste conhecimento. Esta proposta (no que tange majoritariamente aos contedos musicais) faz parte dos princpios de SWANWICK que, se postos em prtica, podem ajudar a entender ainda melhor o estgio em que os alunos se encontram. E, desta forma, vem-se obtendo dados e resultados importantes nas avaliaes diagnsticas com os alunos, que tm apresentado uma devolutiva positiva em relao ao aprendizado musical, que foi um contedo avaliado isoladamente, enquanto o projeto ainda no se pautava na interdisciplinaridade.
Tendo isso em mente, preciso seguir trs princpios.
Primeiro, preocupar-se com a capacidade da criana de entender o que proposto. Depois, observar o que ela traz de sua realidade, as coisas que tambm pode contribuir. Por fim tornar o ensino fluente, como se fosse uma conversa entre estudante e professor. Isso se faz muito mais demonstrando os sons do que com o uso de notaes musicais. (SWANWICK 2010, p.23-24) Assim, esta proposta de ensino de msica e artes visuais organizar-se- em forma de materiais didticos, para serem utilizados em sala de aula, pelo professor e pelos alunos, de forma que, possam contribuir para que as dificuldades no ensino-aprendizagem sejam amenizadas, possibilitando uma aprendizagem significativa do aluno.
[...] suprir a lacuna a respeito do material instrucional
produzido na rea de msica, bem como oferecer subsdios ao debate sobre livro didtico de msica, no apenas apontando suas deficincias, mas tambm tentando contribuir na elaborao de tentativas para superar a realidade precria dessa rea no Brasil. (SOUZA, 1997, p. 9)
ANLISE DE DADOS
Na anlise dos dados foi possvel constatar o anseio dos alunos em
terem o seu contexto scio-cultural valorizado em sala de aula, bem como terem suas opinies sempre levadas em considerao. Todavia, esta avaliao diagnstica contemplou apenas a rea de msica, a qual no incio do projeto era a nica competncia que se tinha por objetivo desenvolver, estando os contedos de artes visuais e a interdisciplinaridade em questo, ainda em processo de desenvolvimento para futuras aplicaes. Foi diagnosticado o desejo que os alunos tm em aprender msica (98,25% dos alunos gostariam de ter aulas de msica na escola). Mas, sobretudo, o desejo de que aprendam de forma prazerosa, levando-se em considerao suas preferncias musicais, e partindo da prtica, criando e executando msicas em que eles possam ter poder de voto, para que o aprendizado seja verdadeiramente significativo na vida deles. Cerca de 96,49% dos alunos que responderam ao questionrio consideram mais importante aprender msica desta maneira, partindo da prtica e construindo os conceitos musicais eles prprios sob a orientao e direcionamento do professor. Outros 03,51% dos alunos ainda consideram o ensino tradicional como a melhor forma de se aprender msica, sob a justificativa de que esta forma de ensino gera uma maior responsabilidade para estudar. Ainda na anlise dos dados, o desejo de que os professores ensinem os contedos musicais partindo do repertrio dos alunos se sobressaiu. Obteve-se 89,47% de preferncia por esta modalidade de trabalho, principalmente sob a justificativa de que isto despertaria mais a ateno dos alunos no incio, e com a percepo por parte deles de que o ensino de msica prazeroso, o interesse se prolongaria quando trabalhados outros gneros musicais. Ainda assim, 10,53% dos alunos afirmam que no faz diferena o gnero que ser ensinado, no tornaria o aprendizado mais significativo e prazeroso. Aqui, a avaliao se faz fundamental, pois, necessrio ao professor definir o que ser ensinado em sala de aula para seus alunos, e isto deve ser feito com responsabilidade e cuidado. Assim, tendo um embasamento j alicerado na avaliao do discurso dos alunos, se faz possvel projetar meios que apontem com eficcia o andamento dos objetivos traados.
No momento em que defendemos que o ensino de msica
deve fazer parte da educao formal (escolar) do indivduo, precisamos no s definir o que ser ensinado (mapeamento de contedos e objetivos), mas tambm criar mecanismos para verificar se nossos objetivos esto sendo alcanados. Caso contrrio o ensino de msica pode tornar-se uma seqncia de atividades sem finalidade educativa (HENTSCHKE, 1994, p. 45).
Com todos estes dados, foi possvel diagnosticar alguns pontos-
chave para serem trabalhados em uma perspectiva de interveno, que v de encontro s dificuldades dos alunos, e que oriente o professor que atuar em sala de aula. E, a interveno escolhida para ajudar a sanar os problemas encontrados, foi a elaborao de material didtico.
ELABORAO DE MATERIAL DIDTICO PARA ENSINO MDIO
Levando-se em conta os resultados obtidos na avaliao diagnstica
e tendo constatado pontos recorrentes nas respostas dos alunos, em que explanam sobre como o ensino de msica se tornaria mais agradvel e menos difcil, uma interveno possivelmente eficaz foi levantada, iniciada e ainda est em processo de desenvolvimento. A elaborao de material didtico que atenda s necessidades do aluno enquanto indivduo que, embora inserido em um meio scio-culturalmente hbrido, ideologicamente, possui as suas individualidades, que no devem ser desconsideradas, e sim incorporadas metodologia de trabalho do professor. Desta forma, se proposto um material didtico que tambm contemple o modelo pedaggico relacional, em que, como Becker (2001) afirma, o aluno seja a todo o momento convidado a explorar o material dado pelo professor, para que de tal forma, tenha uma ao efetiva sobre o contedo e, posteriormente consiga problematizar sobre a ao praticada. E, juntamente com os alunos, o professor tambm atua, mas como mediador, incitando os pontos, os eixos por onde os alunos possam ser ajudados a construir o conhecimento em questo, utilizando-se sempre do discurso dos prprios alunos. A maneira escolhida para tentar alcanar estes objetivos vem sendo dividir este material em unidades de trabalho. Cada unidade aborda um perodo histrico/artstico, onde nos apropriamos das respostas dos alunos sobre seus gneros de preferncia e transpomos para os respectivos perodos em que os termos que so utilizados, no s por eles, mas por grande parcela da sociedade e da mdia, e que muitas vezes so erroneamente empregados, se referem verdadeiramente. Assim, partimos do contexto artstico dos prprios alunos, visando transitar e proporcionar- lhes conhecer, reconhecer e construir um conhecimento acerca dos contedos de artes visuais e de msica de cada perodo/movimento artstico pelo qual estudarmos. As atividades se pautam a partir da apreciao de msicas e obras de arte que os alunos julgam serem caractersticas de um gnero ou movimento artstico, e prosseguem sendo inseridas obras musicais e visuais que verdadeiramente caracterizam o perodo em questo. A partir da pede-se ao estudante um comparativo entre tudo o que ele escutou e apreciou visualmente. E, para que os alunos possam experimentar na prtica os contedos que esto sendo abordados, proposta a execuo e criao musical, onde os elementos musicais so desenvolvidos, organizadamente e de maneira cumulativa, em que a cada unidade mais elementos so inseridos, no dispensando os que j tiverem sido trabalhados. A produo relacionada s artes visuais tambm acompanha o que acontece musicalmente, e ao final de cada unidade requerido do aluno ou do grupo, uma criao musical e visual, em que sejam contemplados os contedos trabalhados at ento. Todavia, ressalta-se a importncia do processo talvez sendo maior do que a dos resultados exprimidos pelos alunos, principalmente no que se refere ao incio dos trabalhos, pois, no momento de execuo e criao ainda em experimentao e organizao, que consideramos que o conhecimento est sendo construdo por cada aluno. E, o resultado final se torna uma ferramenta para compreendermos como est o nvel de organizao dos alunos, bem como se as prticas pedaggicas e metodolgicas esto funcionando.
Nessa proposta de musicalizao, o partir da realidade
musical vivenciada pelo aluno inseparvel de sua abordagem crtica, direcionada para a compreenso de suas riquezas e limites, passo necessrio pra criar o desejo e a possibilidade real de expandir o prprio universo de vida (PENNA, 1990, p. 34).
Neste material a possibilidade de fazer um comparativo entre a
msica escutada pelos alunos nos dias de hoje, e a sua origem, contextualizando historicamente o gnero estudado, o que permite transitar com mais entusiasmo por parte dos alunos, pelo que desconhecido ou mesmo rejeitado por eles, segundo eles mesmos apontaram quando responderam ao questionrio. Para tanto, partir-se- sempre do momento atual em que aquela msica e/ou obra de arte se encontra, caminhando para trs, em direo aos primrdios do gnero, evidenciando sempre o que restou e o que se perdeu ou se transformou desde o incio at os dias atuais. Bem como curiosidades sobre como esta arte pode ter influenciado determinada cultura, e como determinada cultura pode ter gerado uma concepo artstica. Em suma, este material traz consigo os contedos musicais e de artes visuais, organizados, sistematizados. Porm, a sistematizao dos termos sobre cada contedo ocorre somente aps todo o processo metodolgico j citado, onde o que priorizado a construo de conhecimento por parte dos alunos, sob o intermdio do professor. Assim, a necessidade de que o professor tenha uma boa formao e domnio sobre os contedos, no dispensada. O material encontra-se em uma fase avanada de desenvolvimento, e est prestes a ser aplicado no colgio onde foi realizada a coleta de dados e as entrevistas com os alunos e professores. REFERNCIAS
BECKER, Fernando. Educao e construo do conhecimento. Porto
Alegre: Artmed Editora, 2001.
GONZAGA, Ana. Keith Swanwick Aprender msica exige tocar,
ouvir e compor. In: Revista Nova Escola. Janeiro/Fevereiro 2010, p. 22- 26.
HENTSCHKE, Liane. Avaliao do conhecimento musical dos alunos:
opo ou necessidade? In: Anais do III Encontro Anual da Associao Brasileira de Educao Musical - ABEM. Salvador. 1994, p. 45 60.
PENNA, Maura. Reavaliaes e buscas em musicalizao. So Paulo:
Loyola, 1990.
SOUZA, Jusamara (Org.). Livro de msica para escola: uma
bibliografia comentada. Porto Alegre: PPGMsica UFRGS, 1997. (Srie Estudos, 3).
SWANWICK, Keith. Ensinando Msica Musicalmente. Traduo de Alda
Oliveira e Cristina Tourinho. So Paulo: Editora Moderna, 2003.
Gusmão, P. (2011). A aprendizagem autorregulada da percepção musical no ensino superior- uma pesquisa exploratória. OPUS∙ REVISTA DA ANPPOM ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 121.