Professional Documents
Culture Documents
doi: 10.1590/S0103-40141993000300004
RESUMO
ABSTRACT
The article shows for what reasons the vocabulary and the
model for scientific growth of Thomas Kuhn were borrowed by
epistemologists of the social sciences. The conclusion is that the
texts produced in this vein are based in a shallow understanding
of the author's main implications.
Mil novecentos e noventa e dois marcou os 30 anos da
publicação de A estrutura, das revoluções científicas (ERC), de
Thomas S. Kuhn. O objetivo primeiro do livro era o de fornecer
um quadro convincente de como se desenvolvem as ciências
naturais. Porém, o alcance do texto foi muito maior. Poucos
anos depois de publicado, seus principais termos – notadamente
paradigma e ciência normal – já eram empregados, quase
nunca no sentido pretendido pelo autor, em textos sobre artes,
psicologia e ciências sociais.
Kuhn e Wittgenstein
Embora seja essa a noção adotada por Kuhn, ele mesmo não
lhe foi muito fiel no decorrer da ERC.
O primeiro trabalho importante a separar em grupos as
diferentes acepções em que Kuhn utiliza a palavra foi feito por
Masterman (1970). Depois de levantar 21 usos diferentes do
termo dentro da ERC, Masterman os dividiu em três categorias:
Cabe então perguntar por que motivo terá sido a ERC usada em
sentido tão diverso do pretendido por seu autor. Por que teriam
epistemólogos das ciências sociais preferido usar a ERC como
uma espécie de cartilha do caçador de paradigmas amador? Por
que os cientistas sociais, que possuem um campo de pesquisa
razoavelmente bem definido e estruturado, fundado
teoricamente desde meados do século XIX, passam a aplicar o
modelo de Kuhn – ou, pelo menos, o vocabulário emprestado de
Kuhn – em seus textos?
Qual seria a raiz dessa leitura em Kuhn? Do que foi dito, deve
ter ficado claro que somente uma leitura superficial e grosseira
de algumas teses do autor poderia levar alguém a supor que
seu modelo de desenvolvimento científico seria aplicável às
ciências sociais ou, pelo menos, permitiria discutir no mesmo
nível ciência natural e ciência social. Mas, de que teses do
autor? Onde, nos textos de Kuhn, o cientista social, ou, antes, o
metodólogo da ciência social, deve buscar subsídios para
classificar as ciências sociais como ciência ?
Conclusão
Referências bibliográficas
b. Outras obras
Nota
estavan@edu.usp.br