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Obama: missão nada fácil!

A eleição de Obama para presidente dos Estados Unidos marcou a


história do país e do mundo. Obama é o único presidente negro eleito fora da
África e Caribe. Evidentemente que Obama nao foi eleito por ser negro. Até pelo
contrário. Sendo negro, seus desafios foram (e são) muito maiores.

Obama teve uma carreira curta mas brilhante no senado americano. Sua
maneira serena e seu caráter cativaram os americanos durante sua longa
campanha eleitoral.

O então presidente Bush parece até ter ‘ajudado’ Obama a ganhar as


eleições. A sua impopularidade chegou ao récorde de mais de 70%. Após oito
anos de governo, George W. Bush deixa o país repleto de problemas, entre os
quais, o altíssimo índice de desemprego, o colapso da economia americana, e
as duas guerras (Afeganistão e Iraque) sem data ou planos definitos para seu
fim.

A guerra do Iraque, aliás, iniciou-se baseada na idéia de que Saddam


Hussein havia participado dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001
em Nova York, Washington e Pensilvânia. Também acreditava-se que o Iraque
possuía armas de destruição em massa. Nada disso, como sabemos, foi
confirmado. O governo, então, começou a dizer que a guerra era para
democratizar o Iraque. Também, como sabemos, a queda do ditador Hussein
não restaurou a democracia no país. Após sete anos, ainda estamos tentando
entender o porquê desta guerra.

Para complicar, Bin Laden ainda não foi capturado. Há focos de


resistência do grupo Al-Qaeda, embora não se saiba ao certo como é a
estrutura deste grupo terrorista. Um dos compromisso de Obama é colocar um
fim na guerra do Iraque que tanto vem desagradando americanos e o mundo em
geral.

Na posse de Obama, o país vai estar em festa. Na universidade da


Columbia, em Nova York, onde Obama estudou Ciências Políticas, um enorme
telão será colocado no campus para que todos possam ver o evento. Chocolate
quente e cidra quente serão servidos aos estudante para ajudar a espantar o frio
que muitas vezes chega abaixo de zero.

Mas a festa será mesmo em Washington. Cerca de 60.000 americanos se


ofereceram como voluntários para trabalhar no dia da posse. Um récorde.
Calcula-se que haverá cerca de 4 milhões de pessoas presentes para o evento
que terá música e a presença de importantes líderes. Muito entretenimento
conciliado com as cerimônias de praxe. Bem ao estilo americano!

A segurança vai ser forte. O planejamento da posse leva em


consideração a possibilidade de atentado terrorista. 4.000 policiais estarão no
evento e mais 4.000 estarão em outras partes da cidade de Washington. Além
disso, mais de 7.000 soldados do exército e 4.000 membros da Guarda Nacional
estarão lá para garantir a segurança.

Obama tomará posse no dia 20 de janeiro de 2009. Um dia antes, 19 de


janeiro, celebra-se o dia de Martin Luther King Jr., o grande idealista e ativista
que lutou pelos direitos civis dos negros. Chamado pelos americanos de King,
ele ganhou o prêmio nobel da paz em 1964 e foi assassinado quatro anos mais
tarde. Ficou internacionalmente conhecido pelo seu famoso discurso proferido
em Washington no qual disse “Eu tenho um sonho”. O sonho de King se realiza,
pelo menos em termos raciais, com a posse de Obama; e Obama assume a
difícil tarefa de corresponder as altas espectativas do seu país e do mundo.
Denise Maria Osborne é mestranda em Lingüística Aplicada no Teachers
College Columbia University (Nova York) e professora de português como
língua estrangeira. dmdcame@yahoo.com

Artigo originalmente publicado pelo Jornal Clarim (Minas Gerais, Brasil):

Osborne, D. (2009, February 13). Obama: Missão nada fácil. Clarim, Ano 13,
n. 655, p. A2.

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