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MANUAL SOBRE TABAGISMO

 Fumo e saúde
 Dependência à nicotina
 Como parar de fumar

Cigarro!

Saiba como vencer o vício

Dr Luiz Fernando F. Pereira

NOÇÕES GERAIS

Aproximadamente 30% dos adultos são fumantes e consomem mais de 7 trilhões de


cigarros/ano.

A alta porcentagem de fumantes se deve em parte:


• Ao poder de viciar da nicotina,
• A pouca orientação dos jovens quanto aos riscos do tabaco,
• A falta de aplicação das leis antifumo,
• A falta de legislação mais rígida proibindo o fumo,
• As mentiras divulgadas pela mídia
• E a grande facilidade para comprar o cigarro.

O Brasil é o 6o mercado e um dos maiores exportadores de tabaco do mundo.

O tabaco contém mais de 4000 substâncias e a maioria prejudica a saúde. Elas estão
distribuídas em fase gasosa (anidrido carbônico e monóxido de carbono) e fase
particulada (nicotina e alcatrão).

O alcatrão contém água, irritantes e cancerígenos.

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A concentração de monóxido de carbono de um cigarro é semelhante a eliminada
pelo cano de descarga de um automóvel.

O fumo é a maior causa de morte evitável e mata mais do que a AIDS, acidentes,
drogas, suicídios e homicídios juntos.

Estima-se que no Brasil mais de 80000 mortes/ano sejam decorrentes do tabagismo.

PREJUÍZOS À SAÚDE

Fumar causa:
• Vasoconstricção e redução do fluxo de sangue para os tecidos,
• Lesão do endotélio dos vasos,
• Aumento da agregação plaquetária,
• Aumento da pressão arterial,
• Aumento da frequência cardíaca,
• Redução do colesterol bom (HDL),
• Redução da liberação do oxigênio para os tecidos (carboxihemoglobina),
• Aumento da acidez do estômago;
• Irritação e inflamação dos olhos, garganta e vias aéreas,
• Paralisação e destruição dos cílios das vias aéreas, dificultando e eliminação de muco e
catarro,
• Aumento da produção de radicais livres que lesam as células, e
• Aceleração da arteriosclerose.

Fumo e doenças cardiovasculares


Fumar aumenta o risco doenças das coronárias como angina do peito e infarto do
miocárdio.
• Triplica o risco de morte por infarto em homens com menos de 55 anos e
• Aumenta em 10 vezes o risco de tromboembolia venosa e infarto em mulheres que
tomam anticoncepcionais orais.
• Fumar aumenta o risco de insuficiência vascular periférica
• Má circulação nas pernas e
• Impotência sexual.

Fumo e doenças neurovasculares


Fumar triplica risco de derrame cerebral (acidente vascular cerebral - avc).

Fumo e câncer
O cigarro contém mais de 40 substâncias cancerígenas que aumentam o risco de câncer
na:
• Boca, faringe, laringe e traquéia,
• Pulmões - risco 12 a 20 vezes maior
• Esôfago, estômago,
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• Rins, bexiga, colo do útero etc.

Fumo e doenças respiratórias


Fumar aumenta a queda da capacidade respiratória com a idade e aumenta o risco de
problemas respiratórios como:
• Tosse, chiado e falta de ar,
• Bronquite crônica e enfisema
* causa 90% da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPCO) e aumenta seu risco em
risco em 10 vezes,
• Laringite (rouquidão),
• Infecções das vias respiratórias,
• Crise de asma.

Fumar inflama as gengivas e escurece os dentes

Fumar aumenta o risco de catarata

Fumar aumenta o risco de osteoporose, especialmente após a menopausa

Fumo e a pele
Fumar eleva o risco de rugas prematuras e de celulite e interfere na cicatrização de
feridas cirúrgicas.

Fumo e a gravidez
Fumar aumenta o risco de infertilidade e de complicações da gravidez.

Fumar reduz a expectativa de vida


A chance de viver até os 73 anos é de 42% em fumantes e 78% em não fumantes.

Fumar prejudica o tratamento de doenças como gastrite, úlcera péptica, esofagite de


refluxo, angina, insuficiência cardíaca, bronquite, enfisema e asma.

Fumar aumenta complicações pós-operatórias, especialmente em idosos, obesos e


pacientes em tratamento de doenças cardíacas ou respiratórias.

Fumo passivo
As pessoas que estão próximas dos fumantes, especialmente em ambientes
fechados, inalam mais de 400 substâncias que podem prejudicar a saúde.

O fumante passivo tem maior risco de câncer de pulmão e infarto do miocárdio.

As crianças que convivem com pais fumantes tem maior risco de infecções
respiratórias, bronquiolites, asma, otite e infecções da garganta (amigdalites).

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A gestante fumante tem maior chance de abortar, de ter filho prematuro, de baixo
peso e de morte do filho no período perinatal.

O fumo passivo pode causar dor de cabeça, tontura, irritação dos olhos e nariz,
aumento de problemas respiratórios, etc.

A separação de fumantes e não fumantes em pequenos espaços, geralmente mal


ventilados, como restaurantes, não elimina a poluição ambiental causada pelos fumantes.

O cigarro é considerado um dos maiores agentes de poluição intra-domicilar.

DEPENDÊNCIA

A nicotina causa dependência por meio de processos biopsicossociais parecidos


com os da cocaína, álcool e heroína.

O cérebro dos viciados em nicotina tem grande número de receptores que dependem
da nicotina para funcionarem bem.

O fumante de 20 cigarros/dia, que traga 10 vezes/cigarro, recebe mais de 70000


impactos cerebrais de nicotina/ano.

A nicotina atinge o cérebro em menos 10 segundos e causa liberação de


dopamina, endorfinas, etc. Essas substâncias são responsáveis por sensações de prazer,
melhora da concentração, melhora do humor e redução dos sintomas de abstinência (falta
do tabaco).

O dependente da nicotina aprende e acredita que o cigarro:


 “Preenche vazios internos”,
 “É companheiro”,
 Ajuda a lidar com o estresse,
 Ajuda a lidar com os sentimentos positivos ou negativos,
 Facilita as interações sociais e
 Leva a sensação de segurança.

Entretanto, a maioria desses falsos benefícios do tabagismo devem-se ao fato que o


viciado desenvolve tolerância à nicotina e piora o funcionamento do cérebro na sua
ausência.

Mais de 90% dos fumantes são dependentes da nicotina e tornam-se


dependentes antes do 18 anos.
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O hábito de fumar e de manipular o cigarro passa a ser automático,
imprescindível, e ligado à maioria das atividades diárias como tomar café, relaxar após
refeições, falar ao telefone, bater papo com amigos, etc.

A dependência a nicotina é tão intensa que a maioria dos pacientes que sofrem
infarto, derrame cerebral ou tem câncer voltam a fumar, após a alta hospitalar.

ABSTINÊNCIA

O tabagista fuma para evitar os sintomas de abstinência. Esses sintomas surgem


algumas horas após o último cigarro, atingem o pico em 2 a 3 dias e desaparecem depois de
2 a 4 semanas.
As manifestações mais comuns da abstinência são

Ansiedade,
Irritação,
Insônia,
Mal humor
Depressão,
Desânimo,
Dificuldade de concentração,
Aumento do apetite e
Vontade intensa de fumar.

Alguns fumantes queixam-se também de suores excessivos, dor de cabeça,


distúrbios intestinais, aumento de tosse e expectoração logo após parar de fumar.

O QUE SIGNIFICA PARAR DE FUMAR?

• Melhora da capacidade física,


• Melhora do gosto pelos alimentos,
• Melhora do olfato,
• Redução do risco de câncer,
• Redução do risco de doenças cardiovasculares e respiratórias,
• Aumento da expectativa de vida,
• Término do hálito do tabaco,
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• Redução dos gastos com saúde,
• Economia por não comprar cigarro,
• Um grande exemplo para amigos, familiares, em especial filhos e netos.

O QUE ACONTECE APÓS O ÚLTIMO CIGARRO?

• 20 minutos: a pressão arterial e os batimentos cardíacos retornam ao normal,


• 8 horas - os níveis de monóxido de carbono retornam ao normal,
• 1 dia - redução do risco de ataque cardíaco,
• 3 dias - relaxamento dos brônquios e aumento da capacidade respiratória.
• 2 a 12 semanas - melhora da circulação,
• 1 a 9 meses – redução da tosse e infecções da vias aéreas, melhora da respiração e
limpeza dos pulmões e melhora da capacidade física,
• 1 ano – redução do risco de doença coronariana em 50%,
• 10 a 15 anos - o risco de morte por doença coronariana se iguala ao de uma pessoa que
nunca fumou,
• 15 a 20 anos - o risco de câncer se aproxima do risco de uma pessoa que nunca fumou.

Avalie seu o grau de dependência

Questionário de Fagerstrom
1. Quanto tempo depois de
acordar você fuma o primeiro
cigarro?
* mais de 60 minutos 0

* entre 31 e 60 minutos 1
* entre 06 e 30 minutos 2
* menos de 6 minutos 3
2. Você tem dificuldade de ficar
sem fumar em locais proibidos?
* não 0

* sim 1
3. O primeiro cigarro da
manhã é que traz mais
satisfação?
* não 0

* sim 1
4. Você fuma mais nas
primeiras horas da manhã do
que no resto do dia?
* não 0

* sim 1
5. Você fuma mesmo quando
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acamado por doença?
* não 0

* sim 1
6. Quantos cigarros você fuma
por dia?
* menos de 11 0

* de 11 a 20 1
* de 21 a 30 2
* mais de 30 3
Total de pontos 10

Sete ou mais pontos:


• Grande dependência,
• Maior chance de sintomas de abstinência ao parar de fumar.

TRATAMENTO DO VÍCIO

Apenas 5% dos fumantes conseguem parar de fumar por conta própria.

O tabagismo é uma doença crônica, e o fumante deve ser tratado como um


dependente de drogas.

Parar de fumar não é


um ato isolado na vida.
A sensação de perda é
muito grande e o fumante
deve encarar a cessação
como uma oportunidade
de fazer um balanço e
modificar seus hábitos e
estilo de vida.

A maioria dos fumantes necessita de auxílio médico e muitos de remédios que


reduzam a vontade fumar e os sintomas de abstinência.

Em que se baseia o tratamento:


• Orientações sobre o tabagismo,
• Terapia cognitiva e /comportamental
• Reposição de nicotina, com emplastro ou goma de mascar, para reduzir os sintomas de
abstinência,
• Uso de medicamentos que reduzam a vontade de fumar – bupropiona,
• Apoio de amigos, familiares e profissionais da saúde por 1 ano.

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Muitos fumantes só conseguem parar de fumar após 3 ou 4 tentativas.

O custo de cada tentativa de cessação do tabagismo é inferior ao gasto com a compra de


cigarros por 4 a 8 meses.

SÃO NECESSÁRIOS 12 MESES SEM FUMAR PARA SE CONSIDERAR UMA


PESSOA EX-FUMANTE.

COMO PARAR DE FUMAR

Motivos
 Anote os motivos mais importantes que o levaram a parar de fumar.

Gatilhos
 Anote as situações (gatilhos) nas quais você fuma automaticamente,
 Modifique sua rotina e encontre alternativas para não fumar durante os gatilhos

Marque o dia D
• Marque o dia que ira parar de fumar
• Escolha um dia especial
• Evite dias agitados e estressantes
• Se seu médico prescreveu bupropiona, inicie seu uso 8 dias antes do dia D

No dia anterior
 Reduza o número de cigarros fumados
 Torne o tabagismo desconfortável
 Limpe a casa, local de trabalho e carro. Jogue fora cinzeiros e isqueiros, acabe com o
cheiro do tabaco.
 Peça ajuda aos amigos e familiares:
o Não fumem perto de mim,
o Não me ofereçam cigarros e não me dêem se eu pedir,
o Suportem meus momentos difíceis por falta do tabaco,
o Procurem me apoiar.

No dia D
 Não esconda cigarros de “emergência”
 Evite situações de estresse
 Evite situações que estimulem o fumo
 Modifique sua rotina para evitar os gatilhos
 Tenha em mãos balas ou goma de mascar como substituto do cigarro
 Inicie reposição de nicotina quando indicada por seu médico

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Manutenção sem tabaco
 Sou um não fumante anônimo
 Ao acordar pense - não irei fumar hoje
 Cada dia sem fumar é uma vitória
 Procure apoio com amigos e parentes
 Converse com seu médico
 Não esqueça que os sintomas ruins são temporários e que muitos são sinais de
desintoxicação, recuperação ou adaptação do seu corpo.

Como reduzir o estresse e driblar a vontade de fumar


o Praticar esportes, caminhar ao ar livre.
o Respirar lenta e profundamente
o Ingerir bastante água
o Comer alimentos leves
o Procurar distrair e fazer relaxamento

Vou engordar?
 Menos de 10% dos ex-fumantes engordam mais do que 3 Kg
 Pratique esportes e faça uma dieta mais saudável.

Cuidado!
 Mesmo uma tragada isolada, aumenta a chance de recaída.
 Evite situações difíceis como uso de bebidas alcoólicas, outros fumantes, mal humor e
depressão

Descuidei-me e fumei 1 cigarro!


 Revise os motivos do descuido
 Lembre dos motivos para não fumar
 Converse com seu médico
 Não fume mais e siga o tratamento

Voltei a fumar
Apesar da decepção, lembre-se que você esta mais preparado, para uma nova tentativa.

Dr Luiz Fernando F. Pereira.


Pneumologia – CRM/MG 13312

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