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Pia Clinic, 9, (6) pp. 301-316, 1988, Um estudo sobre coping: 0 Inventirio de Resolugio de Problemas (*) ADRIANO VAZ SERRA* Oser huomano ndo consegue viver desligado de stress, isto, desprendido de circunsténcias que, por vezes, Ihe determina una exigéncia de adaptasio, ‘Stress ¢ coping estabelecem entre si ma conaxo fntima. Coping ¢ um termo que se aplica ds estravégias que uma pessoa utiliza para lidar com as situagdes de ano, ameaga ¢ desafio com que se depara e para as quais ndo tom tespestas de retina preparadas, ‘No presente trabalho foi feito um estudo sobre coping, utilizando wna amostra de 692 indiokduas, a quem foram apresentadas trés sitwasies-tipo diferentes: de ameaga, de dano e de desafio. Perante cada wma das Situaghescriaram-se diversas modalidades de resposta,dizendo respeito a um confromo actio do problems, ao controlo perceptivo do significado ox das consequéncias da situaydo, ao pedido de auailio a familiares ecmnigos, ‘20s mecamismas redutores dos estados de tensdo emocional e ainda a. caracteristicasestdvets da persmatidade. © apuramento fnal deste estudo permitin constrair wma escala, constitudda por 40 questvs diferentes, cde que wma andlise factorial, apésrotagdo varimax, cvidenciou a presenga de 9 factores subjacent, Esvaescala recebeu o nome de Inventitio de Resolugdo de Problems ¢ apresentou una boa consisténcia interna, com wm coefciente de Spearman-Brown de .860 wma boa estabiidade temporal, com uma correlagao teste-reteste de r — .808 (N = 102), com wn valor dep = 001. ‘Osresultados deste trabaltorevelam que wn indfoidua comesiratégias de coping adaguadas costume sentir que tem som bom controto das situagées com que se depara, & pouco propenso a pedir ajuda, gosta de confrontar ‘resolver actioamente os problemas, utilisa mecanismos redutores de estados de tenso que no so lesivos da sua side e da sua pessoa, no deiza que a vida quotidiana sea interferida pelos acontecimentosindutares de Sre33 € no tem tendécia a deixar-se responsabilizarpelas consequéncias negatioas dos acontecimentos. © QUE EO STRESS Refere Shaffer (1982) que o termo stress tem recebido, ao longo da hist6ria, diversas atribuigées. Detectando-se a sua existéncia no decurso do sée, xy, sabe-se que foi inicialmente utilizado para designar sensdes ou presides de natureza fsica. No comego do séc. xvint comerou a ter uma conotagio, humana, refrindowe “a tens ou Sey pan oct pauee Coase em ligaglo com 2 zensdo exercida sobre um érgao corporal ow o poder mental Porém, no presente século o seu significado foi revertido, através dos estudos de um endocrinolo- sta canadian —Hans Selye. Este, procurou festudar milo os estimulos que excercem presses sobre os organismes, mas antes a respotabiolgica gue eprecemam quando aguas se exercem sobre a re a mesma, independentemente do tipo do agente agresor, seja cle de natureza fisca ou psicoldgica. Por isso mesmo definiu, de uma forma simples, que o stress € a respostando especlfiea do ‘organtiomo a qualquer exigéuia de adaprazto, @) Trabalho aprescntado no dia 6 de Novembro de 1987, em Coimbra, no Congreso Nacional do Stress. * Professor Catedritico de Psiquietia da Faculdade de Medicina de Coimbra. Director da Clinica Briguifcrca dos Hospitals da Universidade de Coimbra. Profesor da Cadeica de Teraptutica do Comporsamenro sda Faculdade de Prcologia © Ciencias da Educagio da Universidade de Coimbra. sa Alvan Vax Sona ‘As suas manifestagtes so sempre as mesmas. ‘Podem variar apenas em gravidade e durasdo, em fungio da intensidade do agente agressor € da sua permenénca reai ou simbstica. Monat ¢ Lazarus (1985) referem que costumam ser distinguidos és ripos diferentres de stress: sistémico —relacionado, primatiamente, com 2s dos sistemas tecidulares, pticoligico em que hi factores cognitives que levam a avaliagdo da ameaga e social — em que hi a pertur- bagio de uma unidade ou sistema social. ‘Ne nossa érea de interesse vamos considerar prloritariamente o sess psicolégico, tlvez © mais {importante no contexte humano. ‘Houston (1987) sallenta que as definies sobre stress correspondem, primariamente, a trés catego- rias diferentes: — so heseadas nos estimulor, isto , realgam as situagGes que perturbam 0 individuo; neste ¢as0 figam sobretudo a condigies antecedentes; — dio atengto ao proceso interoeniente, ou seit, focam o que se passa entre a situacio-estimulo € as respostas potenciais da pessoa: procuram com- preender a nasureza do que se pasta no individuo, ow ‘—realeam a respotta, focando particularmente 0 estado ou condigio de se estar perturbado; desta forma tentam analisar os indicadores do stress. Este autor refere que nenhuma destas pasigles & isenta de criticas. © estudo das situagdes-estimulo, leva a reco- nhecer que pessoas diferentes reagem de forma versa & mesma situagio, Esta cireunstincia faz admitir gue, embora haja ocoreéacias potencial- mente desorgunizadoras, todas devem ser tidas no seu peso relativo mais do que absoluto. No estudo do proceso interveniente procura-se conhecer 0 balango encre as exigéncias Percebidas pelo individuo, em relagio a determinada circuns- Uincia, ea sua capacidade percebida de resposta para ar com essas exigéacias. ‘Houston (1987) salienta 0 entanto que, em ‘certas condigées, a resposta de uma pessoa aos, eens indutores de res pode set ponco infueniada polos eeusosperebides por ea pels su capeidade em lida com cles. £ ponsivel alguns casos, que uma disposi para responder @ certas situagies. peiturbadoras esteja firmemente radieada no orginismo ¢ determine ume dada resposta, independentemente das capacidades que individuo posse. ‘Quanto as definigtes de stress que realgam a resposta, elas prestam sobretudo ateagfa a0 que ‘ocorre no organismo devido 4 aoglo do agente erturbedot, Selye denominoua de sintdroma geral de adaptagdo ¢ refetin, como mencionstos ji, que sempre a mesma, sea 0 agente indutor de sven de _nstureza fiiligica ou psicolégiea, Para que um dado siress scja considerado de rnatureza psicolégica & preciso, segundo Lazarus ¢ Folkman (1984), que a avalisplo decorrentre dos sdados sensoriais, leve a recomheoer que a situagio & ‘agradével (com beneficios que é bor antecipar) ou Tesiva do préprio bem-estar (com maleficios que é preciso evitar). ‘Estes dados ni tém apenas um interesse escritivo. Tém também uma implicagao pritica ‘Besta advém do facto de que, quando uma situaglo de stress do consegue ser lidada adequadamente, de dar orig a dena fea ou a ransoros de natureza psi ‘Estes #do poreebidos se tvermos em steagdo as cemogtes fortes ¢ desorganizadoras que acompa- anbam oertassituagSes de stress, ‘As doengas fisicas, porém, tém de ser com- preendidas, por um prisma diferente. “A resposee bivligica ao stress &, acima de tudo, de natureza catabélica, Durante ela 0 organismo entra muma fase de intenta activagto, com a libertaglo de adrenalina, cortisol ¢ glicegéneo, que ancegonizam os efeitos da insulins, Ha. um aumento dos dcidos gordos, da glictmia e do colesterol, A actividade celular diminui, 0 timo contrai-se € 0 nivel de anti-corpor no. sangue cireulante toma-se menor. O nimero de glébulos ‘yermethos aumenta. As glindulas supra-renais ‘podem tornar-se tumefactas, para conseguir menter ‘a produgiio hormonal ca ‘Aumenta o consumo das vitaminas C © do complexo B. Se esta activagdo catabiica se mantiver, intensa ou prolongadamente, pode dar origem a modifica. ges funcionais significativas, susceptiveis de se constituirem como ponto de partida de fararas lesbes anatémicas. ‘Aceste zespeito pademos mencionar, em sintese, ‘que a resposra aos agentes indutores de seress tem & possibilidade de ser mediada através de dois sistemas. Um deles, simpatico-medular. secregio de adrenalina e de nor-adrenalina ¢ a libertagio de agécares, acidos gotdos livres, lipoproteinas,trglicerideos ¢ colesterol, Stimmel (1979) faz notar que a efevagio das catecolaminas no plasma aumenta, de uma forma concomitante, 0 consumo ¢ a perca de oxigénio ppor parte do miocérdio, A hiperlipidémia, por sua Un etd solve coping a3 ‘yes pode induzir a formagdo de placas de ateromea, Segundo este mesmo auter, 9 aumento dos dcidos gordos livres tem 2 possbilidade de exercer um feito irritetivo sobre as paredes dos vases, que pode originar hemorragias sub-endoteliais; por ‘outro lado, associa-se a uma maior viscosidede das plaquetes sanguineas, o que pode constituir um elemento facilitador da sua agregaglo. intra- vascular formagio de trombos. ‘A activagio da via simpdtico-medular & capaz de dar origem a dois tipes de consequéncas. Uma delas, fenémenos de somatizagio. Pexce- bem-se pelos efeitos nefistos que o stress pode ter sobre 0 coragdo, um doente diabético, a tensd0 arterial ou a génese de uma leséo wlceratioa do sstomago. Outra, um enfraguecimento da resiiéncia ds Infecpdes. Este € devido as modificagtes que prodz ‘no bago € & diminuigio da actividade cfectiva dos linfécitos. Mas pera além do sistema simpético-medular, 4 resposta ao stress, pode ainda sex mediada pela via ‘ipordlamo-hipéfiso-suprarrenal A activagio deste eixo, meré dos efeitos combinados do ACTH e do Cortisol determina, sobretudo, uma resistencia diminulda ds infeesdes. ‘Actualmente hé dados que mostram a evidéncia dos efeitos do sress sobre 2 diminuicio da resisténcia &s infeogbes (Plaut e Friedman, 19815 Solomon, 1981; Shaffer, 19825 Fisher, 1986). ‘Contudo, embora estas provas sejam perstasi- vas, nem sempre revelam a mesma constincia. Pleut ¢ Friedman (1961) referem que o impacto de-um agente indutor de stress depende de virios factores. Contam-se entre estes 0 equilibrio hormonal global do ser vivo, = constituigdo genética, 0 suporte social que pode obtcr, as experiéncias prévies que atravessou, on 0 modo ‘como lida cern os acontecimentos da vida. ‘De qualquer forma a nogio que-n0s fica €a de que a qualidade a saidee da vida depend da nossa ‘esposta frente os agentes indutores de stress, ‘Que respostas pode o ser humano dar? ‘Vamos consideri-las agora, na abordagem de jum tema diferente: o coping ot 08 mecanismos de dar com 0 sress, © QUE E 0 COPING ‘Monat © Lazarus (1985) mencionam que 0 coping se refere 20s esforos para lidar com os situagbes de dano, de ameaga ou de desafio, quando aio esté disponivel uma rotina ou uma resposta automiética. ‘HA ciferengas entre estes tipos de situagies. ‘A arneaga envolve uma antecipagdo do que pode vir aacontecer mas ainda nfo sucedeu. Os esforgos de coping centram-se no futuro, de forma @ que 0 individuo consign manter o seu estatuto ou neutralize 0s efeitos maléficos da situacto. No caso de dano, as tentativas de coping sio itigidas ao presente, em termos de toleréncia ou de reintepretagio do mal aconecido, No desafio 0 individuo sente que as exigéncias podem ser alcangadas ow ultrapassadas. Neste caso pode ocorrer uma divorgao da realidads ou uma forma de qutoengano, nao sendo qualquer delas adequada. ‘Uma definigio de coping semelhante a de Monat ‘¢ Lazarus esti implicita em White (1985) quando afirma: +...endemos a falar de coping quando temas en mente 1a modificagao relasivamente drdstca 01 su problema que desafia as formas familiares da ‘pessoa. se comportar requer a produpdo de wm comportamento novo. Dé origem, com frequéncia, 4 afectos desconfortéoeis como a ansiedade, o deses- pero, @ culpa, a vergonha, ou o pesar, 0 alfoio das quais faz parte da necessidade de adaptagdo. O coping tefere-se a esta adaptagio em condigdes relatioarent dificeis Ha um consenso grande em aceitar que os efeitos nocivos do stress ocorrem em funcio da maureen dos proce de copie auc 4 petoa utiliza para lidar com as siruagées (Latack, 1986; ‘Meichenbaum ¢ Turk, 1962). Pearlin © Schooler (1978) consideram que a5 stratégias de coping sio a8 grandes mediadoras no Jmpacto que as sociedades podem ter sobre os seus membros, Explicam que a fungo provectora dessas cstratégias se pode exereer por trés formas diferent — pela eliminagao ou modifica das condigtes ue criam os problemas; —relo controle. perceptivo do significado da experi ou das ras consequat — pela manutenzdo, dentro de limites rasodveis, das consequéncias emacionais dos problemas. ‘A primeica estratégia &evidente e explica-se por si. Nela cabem as acgies de busca de informagdo para saber © que fazer, 0 controle do proprio individuo quando lids com os acontecimentos, ou 0 confront com as pessoas que criaram as dificul- dades. ‘A segunda pode ser exercida de virias formas. ‘Quando alguém refere que mao liga importéncia ao (que The acontecen ow endo & nada em comparagio com os problemas que diariamente tert de enfrentars, ‘stl a controlar perceptivamanteo significado de uma Por sua vez, se um individuo olha para o guarda- Jamas, todo amachucado, do carro com que acabou de bater e diz: co que vale éque com duas abanadelas isto vai ao sitio sem problemasr, ests a controlar ‘erceptioamente as cansequéncias, procarando referir ‘Para si que o conserto nio lhe vai fcar caro, Segundo Peatlin e Schooler (1978), o controlo pperoeptivo pode ser exercido pela neutraizagio da ‘aneaga, em. que a pessoa faz comparagies pestioas do problema, tais como | —Nio deixar de turer, quando quero atin é ir os meus objectives. J+ | —Gosseguir pir em pratica os planos que anquitesto para resolver 9 meus pro ‘Blemas. Jo | —"Ter sempre coragem pare resoiver os ‘problema a sinhs vida, mesmo que por vezes me incomodem bastante. | —Preteriy, um’ problema ‘desagradivel, procurar obterinformacdo ¢ tentarresok- veo, do que estar 8 evitelo, Fic. i eds sve coping 33 Factor 3 Abandono passivo perante « stiasdo Explicn 4,854 % da Varidneia Tora Item 1 ]-<-/ —Vou deizar correc eta situacio; © vempo ajnds a resolver os problemas. 2 /-<—) — Numa siuacio deste tipo o melhor é evar ‘encontrar-me com 0 individu © 580 liga fa que possa dizer ou fazer. 7 [=| —O melor € no fazer nada, até ver onde sto val pera. Fie, HT Factor 4 Controle internolexterno dos problemas Explica 6,728% da Varidneia Total stem, 8 [=| —Estou perdido; este acontecimento dew cabo da minha vids. 42 [<-| —As pessoas horde dizer sempre mal de ‘mim; que azar 0 mc. 44 /<-/ —Bsow-me a senir destruldo pelo que me ‘std a acontecer;nio vou conseguir desen~ ‘vencilhar-me desta sicuaedo, 30 j<-/ —Pensar continuamente ‘sobre todos 06 factos que me prcocupsm. 35 {<-{ —Reconhecer que tou, com frequéncia, kina dos outros. 37 j<-| —Envolverme epenas naquelas acces, de resolugfo de problemas, que tenho a erteza lo me deixam fcae mal 38 /<-/ —Permitic que os objecivos princpais da minha vida sejam facilmeate interferidos pelos problemas com que me defronto, at Fro, 1V Factor 5 Eseraigias de controle das emogdes Explica 4,621 % da Varitneia Total Item 23" /< | —Raramente consigo pussar_sem tomar medicamentos que me seaimem. 2A /<-| —Meto-me na cama durante longis horas, 25 }=—] — Procure fazer uma poquena soneca, pois into ques nessa ocasioes, tem ean mim fgyandes efcitos eparadores. 29 j<-| —Raramente deo de pedir ajude profs- sional, a um médico ou a un psiclogo, Factor 6 Atitude activa de nto interferincia da vida quotidiana ‘plas ocorréncias Explica 5,390% da Variincia Total Item 3) J | —Nio vou permitie que este acomtecimento ingecfra no que tenho de fazer no meu xfs 8 [-+ | LA por isto me ter acontecido, nio vou ddeitar ques minha vida sea consante- ‘mente interferida por esta questi. 9 [ [ —Vou pensar com calma sobre este assunto, de modo a que possa ssir-me bem ¢, 20 ‘mesmo tempo, calar aquele individu 17 [>| —Se querem guerra, te-laio; nfo posto eae de lurar por aquilo que para mim € importante Passo longas horas a ver televisio, sem «querer fazer mais na 2 fe Fis. IX a Abina Vaz Se ‘Mutheres| N 362 Media DP, test op IRPTOTAL 133.384 16.72 456 Fi Yow 451 “409 Fr 24550 4.765, a2 B 134331386 556 Fe 30967 5.038, om BS i670 3.078 ‘on ¥6 13396 2.763 ‘940 eT 9334 1.296 387 bo 16eis 2830 1496 Pp 1s 1951 68 Quanno VITI—CorrelagSes de cada factor com a nota global uw a eee vo Wier IRPTOT. 513 672454707555 A fidedignidade do inventério A consstncia interna da escala foi medida pela determinagdo do cocficiente de Spearman-Bromn. ‘Conforme se observa no Quadro IX tem um valor de 860. Pera avaliar a estabilidade temporal foi usado 0 testefreteste, em 102 elementos, em que houve 0 afastamento de pelo menos um més, entre as duas respostas. Obtivemos um valor de r = 808, que & altamente significativo, com um valor de p ~ 001, Quapno IX — Testes de Pidedignidade Coeficiente de Spearman — Brown 60 N = 692 Elementos ‘Teste x Reteste m 808 (N= 102) p< 001 DIscussko Se tivermes em conta os resultados obtidos no presente trabalho, podemos fier slgus coments ios. Um deles, o de saber se 0s items seleccionados, 0s factores obtidos © os sentidos de correegio eterminados pelas correlages, podem de facto representar boas estratégias de’ coping. "HG dois dados que nos levam a responder pela sfirmativa. ‘Um deles, ter feito parte da seleceio dos items 0 espectivo comportamento em populagio nio doente e, outra, com perturbagées emocionis. ‘Outro, a propria anilise do comportamento dos items, nas correlagées de cada um com @ nota global. Quando atingem uma correlagio altamente signifcativa, sc & positiva, indica que acompanha o sentido geral dos outros. Se é negativa isso quer dizer que 0 item deve ser revertido © pontuado ‘a0 contrdrio, Desta forma obtém-se uma con- sonfincia que fica ordenada em fungio do pari- ‘metro anteriormente definido. ‘Precisamos agora fazer outro tipo de comen- tris. ‘Um eles, concluir que as pessoas nfo registam ‘o mesmo tipo de atitudes na diferentes situagées. Se hha atitudes uniformes, como 0 pedido de aauxilio a familiares ou a amigos, o mesmo no ‘acomtece com. as estratégias de controlo perceptivo da situagio ow das consequéncias. Contudo, as questies relativas ao cayfronto e resolucio do problema, mostram-se todas alta- ‘mente correlacionadas entre si, em qualquer das Um ead see coping at siruagbes-tipo, revelando que a pessoa com una tal atitude provavelmente a generuliza ts diferentes sieuages. TIgualmente podemos comentar que as malleres tendem a ser significativamente diferentes _dos Jiomens em relagio bs estratégias utilizadas. Nao s6 ‘comprovamos, por exemplo, que utlizam dife- rentes mecaniimos radurores dos estados de tensio, ‘como, igualmente, utilizam diversas estratégias cognitivas. Procuram mais apoios socials do que 0s homens e tendem a senir-se mais sem controlo dos problemas. Os nossos resultados recordam-nos um estudo anterior. Cristina Faria, Vaz Serra ¢ Horicio Firmino (1986) apresentaraza um trabalho relativo a meca- nnismos de lidar com estados de tensio emocional. Utilizaram, nesse estudo, uma versfo portu- uesa, adaptada, da Sel/-Reports of Coping Beha- ‘iors Asociated with Tension, de Tank ¢ Robins 1979), ‘Numa amostea de 966 elementos da populagso fem geral, procuraram diferenciar aqueles que jf haviam estado doontes das neroos, daqueles que ‘nunca o tinham estado, Verificou-se entio que, em ocasives de sire, 08 indiotduos vulnerdoes tém tendéncia a: — Ficarem irritados ¢ encolerizados. —Passarem horas a fio a pensar nas coisas. — Isolarem-se dos outros. — Tomarem-se apaticos, —Pouco eficientes. — Darem passcios, fazerem exereicio fisico ou iniciarem uma viagem. —Rezareme —Procurarem ajuda profisional por causa do ‘quesentem. Hm siuese: deixam-se invadir pelo estado ‘emocional desagradével, perpetuam 0 aconteci~ mento através da ruminagdo, procuram apenas cestratégias de lidar com a emoglo sentida, oterioram as suas obrigagSes quotidianas € procuram sjuda profissional. “Traduzem um tipo de pessoas que perderam, subjecticamente, a percepsao de controle sobre situasao. Se tivermos em atenglo 0s resultados obtidos no trabalho agora apresentado, devemos recordar que the procurdmos dar uma feigao clinica, tentando ter fem conta as diferencas entre uma populaglo normal e uma populagio doente. ‘De acordo com os resultados abtidos, se quiseemos descrever 0 perfil pscoligico do sper- ~humazo (para abranger neste termo tanto o homem, ‘como a mulher), que se desenvencilha com mais facilidede dos seus problemas, entiio podemos asi- nalarlhe as seguintes caracteristicas: — Sente que tem controlo pessoal das situagses, procurando planear estratégias para a sua resolugio, — Nio se mostra propenso a pedir ajuda. — Procura um confronto ¢ uma resolugfo activa dos problemas. —Nio se abandona passivamente as sinuages. —Tem boas estratégicas de controlo das cemogSes. Nao’ se deixa interferir, nas suas rotinas ‘idrias,pelas ocorréacias indutoras de seress. —Manifesta, comparativamente, uma menor agressividade, — Nio tende a deixar-se responsabilizar € a ter ‘edo das consequéncias negativas. Eeestas conclusies extdo de acordo com o estudo anteriormente mencionado, com a pritica clinica € com trabalhos de outros autores. BIBLIOGRAFIA 1 Fanta, M.C.. Vaz Sena A, ¢ Fimuano, H. (1986) —Gomportamentos de lidar com extados de tonsto: andi Ertce Trabalho apresentado nas { Jornadas de Saide Mental do Algarve — Aldeia das Acotcis. 2.— Fist, 8. (1086) — Stress and strategy» — Lea Publishers 3. — Houston, B. K, (987) — Stress and Goping GR. Snyder eC. E, Ford — Plenum Press, Ne 4— Kuncka, W.R. (1980) — 5 — Konasas S. C. (1979) — Su and Soe. Peyehology?, 3731-11. 6— Kona, S.C., Manor, S. R. Kant, S. (1982) Personality and Soc. 42:168-171. 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