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tradução de MYRIAM
B. M. DE CASTRO
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QUARTA PARTE — PAULO E SEUS COMPANHEIROS
PEDRO
LIÇÃO I FONTES
DE LUZ
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LIÇÃO 2
INFÂNCIA E MEIO
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do forno, óleo e pães de mel para serem comidos por
ele, ou água do riacho que corria na colina atrás da sua
casa, em direção ao lago, ou enchendo as jarras de água
ia porta. Não foi ele um orgulho para sua mãe quando
pela primeira vez sacudindo a oliveira trouxe as
azeitonas para ela como parte de sua refeição fru gal, ou
quando esparramava o milho e o cânhamo pa ra
secarem no telhado chato de sua casa, ao sol do verão?
Não foi ele um orgulho para seu pai quando pe la
primeira vez tomou o remo e mergulhou-o na onda,
ajudou a lançar a rede e contou os peixes que haviam
apanhado? Ele admirava o voo das pardais e colhia
flores — papoulas, margaridas e anémonas — como
aquelas das quais o Grande Mestre, a quem ele ainda
não conhecia, ensinaria a ele lições de sabedoria e
amor. Infantilmente ele colhia conchinhas à beira-mar
e fazia buracos na branca areia da praia com um pe -
daço de pau com o mesmo prazer que uma criança mo -
derna brinca na praia com sua pàzinha e seu balde.
Nenhum dos pescadores que viram Simão com
seus companheiros brincando com redes e barcos, ja -
mais suspeitou que quando ele crescesse estaria entre
os maiores homens do mundo!
Alguns escritores nos dizem que os Galileus eram
geralmente corajosos, destemidos e amavam a liber -
dade. Os homens davam bons soldados, pois eram "ou -
sados e intrépidos". O menino Simão, ao se tornar
adulto, deve ter admirado os homens corajosos que
havia ao seu redor, pois ele também se tornou um
homem de cartáter forte, como vemos pelo primeiro
incidente de sua vida que foi registrado.
O NOME DE SIMÃO É MUDADO
Logo após ter Simão se tornado adulto, veio um
homem do deserto do Jordão, vestido somente com pêlo
de camelo e uma túnica de couro em seus quadris,
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mas pregando com tal poder que o povo da "Judéia e
de todas as regiões ao redor" vieram ouvi-lo. Este gran -
de pregador era João Batista, o precursor de Cristo.
Entre aqueles que vieram ouvi-lo encontrava-se Simão
que, sem dúvida alegrou-se ao ouvir este pregador do
Arrependimento declarar que o Filho do Homem de -
veria em breve se manifestar na terra. Simão, André e
alguns de seus amigos, creram no que João Batista
pregava.
Um dia, quando juntamente com alguns de seus
seguidores, João se encontrava perto de Betabara
(uma palavra que significa encruzilhada) vendo Jesus
que se dirigia para ele, disse: "Eis aqui o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele do
qual eu disse: Após inim vem um varão que já foi
antes de mim; porque já era primeiro do que eu".
No dia seguinte, 'italvez pelas proximidades das
dez da manhã, João estava falando com dois discípu -
los, eram eles André, irmão de Simão, e João. Cami -
nhando a curta distância deles se achava o mesmo ho -
mem a quem João havia apontado no dia anterior, co -
mo o Cordeiro de Deus. "E vendo por ali andar a Je -
sus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois dis -
cípulos ouviram-no dizer isto e seguiram a Jesus".
O Irmão de Simão crê em Jesus — Aceitando o
convite de Jesus para acompanhá-lo até onde estava
morando, estes dois homens permaneceram com Ele,
ouvindo Suas palavras durante o resto do dia. Ao par -
tirem, acreditavam que Jesus fosse o Rei de Israel, o
Salvador do mundo. Assim foram eles naquele dia, os
primeiros, dois, além de João Batista, a crer em Jesus.
Sempre que temos algo que é muito bom, quere -
mos partilhar com os que amamos. Assim aconteceu
com estes dois irmãos. Logo que sentiram a influência
divina irradiar do Salvador, encheram-se de grande
vontade de fazer com que os que amavam ficassem sob
a mesma influência. André saiu a procurar seu
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irmão Simão e João seu irmão Tiago. André
encontrou Simão primeiro e disse: "Já achamos o
Messias (que, traduzido, é o Cristo)".
Simão é chamado Cefas — E ele o trouxe a Jesus
quando Este o viu, disse: "Tu és Simão, filho de
Jonas; lu -serás chamado Cefas (que quer dizer
Pedro)". Na queles dias os judeus falavam a língua
hebraica, mas o Novo Testamento foi escrito em
grego. Em hebraico, Cefas significa "pedra", mas em
grego a palavra pe dra é "Petras" ou Pedro. Assim,
daquele momento em diante, Simão foi conhecido
como Simão Pedro, ou Si mão a Rocha.
Quando pensamentos neste mundo maravilhoso no
qual vivemos, em suas grandes divisões de terra cha -
madas continentes, que no continente ocidental se en -
contram os países da Europa, Ásia, África; que num
cantinho da Ásia, há uma faixa de terra quase só duas
vezes maior do que o Lago Salgado; que naquela fai xa
de terra havia uma divisão como um de nossos es-tados,
chamada Galiléia; que nesta província havia mais de
duzentas cidades e que em cada cidade habita vam
vários milhares de pessoas, entre as quais um dia
nasceu um menino cujos pais eram desconhecidos, e
que este menino cresceu para se tornar um homem de
tal caróter que Jesus o chamou "A Rocha" e que du -
rante mil e novecentos anos ele foi conhecido e honra do
por milhões e milhões de pessoas, precisamos com -
preender, mesmo em nossa mocidade, que um nasci -
mento humilde não é um impecilho para a grandeza!
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LIÇÃO 3
DESENVOLVIMENTO
"Oh, sê meu amigo e ensina-me a ser teu amigo".
SEU LAR EM CAPERNAUM
Desde o momento em que Pedro encontrou Jesus,
seus pontos de vista na vida mudaram. Até aquele
tempo, ele havia esperado a vinda do Rei dos Judeus
como um acontecimento a se realizar em futuro inde -
finido. Com os outros judeus, ele havia pensado que a
vinda do Salvador seria marcada por maravilhosas
manifestações e que, vestido em trajes púrpura e ser -
vido por muitos anjos ele viria em poder infinito e nu -
ma expressão divina de Sua ira, quebrar as cadeias ro -
manas que prendiam a cativa nação judia.
Mas agora, Pedro havia encontrado o Messias —
um homem solitário nas margens do Jordão. Somente
cerca de cinco homens sabiam então que Ele clamava
ser o Messias. Não havia legiões de hostes celestes
acompanhando-O! Ele não trazia vestes purpúreas! Não
possuía meios visíveis ao seu alcance com os quais
pudesse quebrar o jugo romano. Seria Ele realmente o
Messias que deveria vir, ou deveria Pedro esperar
outro?
A influência de Jesus sobre Pedro — Êsíes pensa-
mentos e centenas de outros sem dúvida assomavam à
mente de Pedro, ao sair ele das proximidades do Jordão
e voltar à sua pesca na Galiléia. André e João, naquela
memorável visita, pareciam ter recebido um
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testemunho da divindade da missão de Jesus e eles le -
varam aquele testemunho aos seus irmãos, ao excla -
marem com alegria: "Já achlámos o Messias". Mas
Pedro, impetuoso e que, como aprenderemos, era na -
turalmente livre para falar o que sentia, até onde sa -
bemos ainda não havia expressado tal segurança. Con -
tudo, ele havia se impressionado profundamente;
pois não havia Jesus, à primeira vista, lido seu
caráter? Não havia Ele penetrado no mais profundo
da sua nature za? Não havia Ele irradiado um espírito
que tão com-pletamente envolvia Pedro que ele não
mais queria sair de Sua influência?
O Lar de Pedro — Pedro nessa ocasião era
casado, sendo, talvez, pai de um pequeno menino. Ele
havia mudado de seu antigo lar em Betsaida, e vivia
com a mãe de sua esposa, ou ela com ele, em
Capernaum. Com ele, achavam-se também André e
seus dois fiéis companheiros e amigos, Tiago e João,
os filhos de Zebedeu.
A casa de Pedro tornou-se conhecida em Caper -
naum e, posteriormente tornou-se, um dos pontos
memoráveis do mundo. Lá, sem dúvida, Jesus ficava
sempre que se achava em Capernaum. Depois que
Jesus foi tão impdedosiamente (rejeitado por seus
próprios conterrâneos em Nazaré, fez de Capernaum
sua cida de; e supõe-se que grande parte do tempo,
coube a Pedro a honra de hospedar em seu lar o
Salvador do mundo. Cada palavra, cada ato de seu
grande hóspe de deve certamente ter aumentado a
confiança de Pe dro em Jesus como o Messias!
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da Galiléia. Pedro e André estavam ocupados nas
proximidades, lavando suas redes, após terem
passado a noite toda no lago em tentativa baldada de
apanhar alguns peixes.
"E aconteceu que, apertando-o a multidão, para
ouvir a palavra de Deus, estava Ele junto ao lago de
Genezaré. E viu estar dois barcos juntos à pram do
lago; e os pescadores, havendo descido deles, estavam
lavando suas redes. E, entrando num dos barcos, que
era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco
da terra e, assentando-se, ensinava do barco a
multidão".
Primeiro caso registrado da obediência de Pedro —
Quando Pedro satisfez o pedido de Jesus "que o
afastasse um pouco da terra", fez o primeiro ato de
obediência à voz de Cristo, que foi registrado. Agora,
contudo, seguiu-se uma obediência que era completa-
mente contrária à maneira de pensar do pescador.
Quando Jesus havia acabado de falar à multidão,
disse à Pedro: "Faze-te ao mar alto, e lançai as
vossas re des para pescar. As folhas e a sujeira
haviam sido tiradas da rede vazia; estava seca, e os
fios arrebenta dos haviam sido emendados. Pedro
estava cansado e queria descançar. Estava com fome
também, ou talvez desencorajado. Não é de se
espantar, portanto, que tenha respondido: "Mestre,
havendo trabalhado toda a noite nada apanhámos".
Era o mesmo que dizer: "Não adianta nada, pois não
há peixes nesta manhã, nesta parte do lago e também
não havia nenhum durante toda a noite". Mas
'Pedro estava aprendendo a honrar e obedecer este
Homem entre os homens; assim, rapi damente
acrescentou estas palavras: "mas sobre tua palavra
lançarei a rede". Como um pescador expe -
rimentado que era, seu bom senso lhe dizia que uma
outra tentativa seria inútil; como um seguidor
de .Jesus, sua Fé lhe ordenava que tentasse.
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(ZindocoResultado da Obediência — "E fazendo
assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e
rompia-se-lhes a rede. E fizeram sinal aos
companheiros que estavam no outro barco, para que
os fossem ajudar. E foram, encheram ambos os
barcos de maneira tal que quase iam a pique. É-nos
relatado que "o espanto se apoderara deles e de
todos que com ele estavam, por causa da pesca de
peixe que haviam feito". Pedro, o lider dos quatro e
que mais tarde se tornou o chefe dos Doze,
"prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Se nhor
ausenta-te de mim, que sou um pecador".
Teria sido simplesmente a dúvida e hesitação
expressas quando, alguns minutos antes, Jesus havia
pedido a ele que se "fizesse ao alto mar?" ou seria a
compreensão das muitas dúvidas da divindade de
Cristo que agora o abatiam, e lhe faziam sentir sua
própria inferioridade e fraqueza na presença deste
Todo Po deroso? Jesus havia manifestado seu poder, e
assim fa zendo havia ensinado a Pedro uma lição que
ele e o mundo todo, mais cedo ou mais tarde deveriam
aprender: que a obediência às palavras de Cristo traz
bênçãos, tanto materiais como espirituais.
Enquanto a compreensão desta verdade embalava
seus sentimentos cheios de respeito, Jesus lhe disse:
"Não temas: de ago ra em diante serás pescador de
homens".
UM SÁBADO MEMORÁVEL
Após ter sido rejeitado em sua própria cidade,
Nazaré, Ele "desceu a Capernaum e ali os ensinava
nos sábados".
Culto na Sinagoga — A última parte do culto na
sinagoga naqueles tempos, era a exposição das
escrituras e a sua pregação ao povo. Isto não era
feito sempre por um oficial mas por uma pessoa
distinta que esti vesse na congregação.
Naturalmente, Jesus era conhe cido em todos os
lugares naquele tempo como um gran-
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de mestre, um operador de milagres e um capaz intér -
prete da lei; "e admiravam a sua doutrina, porque a
sua palavra era com autoridade".
Cura de Um Endemoninhado — Certo slábado,
quando Jesus estava pregando, Pedro e todos os pre -
sentes firam surpresos por ver um homem levantar-se
na audiência e, repentinamente, interromper gritando
em alta voz: "Ah! que temos nós contigo, Jesus Naza -
reno? vieste a destruir-nos? Bem sei quem és; O Santo
de Deus". Ao calar-se este homem, que estava possuído
por um espírito mau, a audiência toda estava em
suspenso quando Jesus o repreendeu, dizendo: "Ca la-
te e sai dele." E o demónio, lançando-o por terra no
meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mau algum. E
veio espanto sobre todos, e falavam entre si uns e
outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espí -
ritos imundos manda com autoridade e poder e eles
saem?"
A Cura da Sogra de Pedro — Ao terminar este culto,
Jesus foi com Pedro à casa deste, acompanhado de
André, Tiago e João.
Pedro, André, Tiago e João eram companheiros de
de infância, sócios como pescadores, companheiros co -
mo discípulos de João Batista e agora estavam se tor -
nando inseparáveis e amados elos da Irmandade de
Cristo! Ao entrarem em casa souberam que a mãe da
esposa de Pedro estava muito doente, com febre. Sem
dúvida, foi Pedro que contou a Jesus as condições de
sua sogra e rogou que Ele a abençoasse. "Inclinando- se
sobre ela, repreendeu a febre e esta a deixou. E,
levantando-se logo, servia-os".
É fácil imaginar como toda Capernaum
comentava como Jesus havia repreendido o espírito
mau do ho mem aflito, na sinagoga! E que então,
alguns minutos n pós o culto, Ele havia curado uma
mulher instantân-ncnmentc, de febre! As notícias se
esparramaram de casa em casa e de grupo em grupo
até que "sua fama
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Domínio divulgou-se por todos os lugares em redor
daquela co marca" .
Muitos Curados — Durante toda a tarde a casa de
Pedro e as ruas ao seu redor estavam cheias de pes -
soas, algumas movidas por curiosidade, mas a
maioria desejando uma bênção. Homens possuídos de
demó nios eram levados através da multidão até Jesus
e eram curados; aqueles que durante muitos dias
haviam so frido de febre escaldante, aqueles que eram
afligidos por várias espécies de moléstias, eram todos
trazidos à presença deste Grande Médico que
impunha suas mãos sobre todos e os curava.
O sol desceu, veio a meia luz, e as sombras da noite
começaram a cair, mas os doentes e os sofredores
ainda buscavam aquela cura divina que somente
Cristo, o Se nhor poderia dar. "Jamais", diz
Eidersheim, "jamais, sem dúvida, foi Ele mais
verdadeiramente o Cristo do que quando, no silêncio
daquela noite passou por aquela multidão sofredora
colocando suas mãos sobre os doen tes curando todos os
expulsando muitos demónios".
Provavelmente naquele dia Jesus só pôde descan-
çar bem tarde. Depois que o povo havia partido para
os seus lares, agora mais alegres, Pedro e os de sua
casa queriam conversar com o hóspede ilustre, sobre
os grandes milagres daquele dia. Finalmente, todos se
retiraram e dormiram ao escoarem-se as últimas ho ras
daquele inesquecível sábado.
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ele estavam. E, achando-o, lhe disseram: "Todos
Te buscam".
Que gloriosa será a situação deste velho mundo
quando puder ser verdadeiramente dito de Cristo, —
"Todos Te buscam".
O egoísmo, a inveja, o ódio, a mentira, o roubo, a
desonestidade, a desobediência aos pais, a crueldade
para com as crianças e animais, a discussão entre os
vizinhos e as lutas entre as nações — tudo
desaparece rá quando se puder dizer
verdadeiramente ao Redentor da humanidade, —
"Todos Te buscam".
Parece que Jesus e Seus amigos saíram de
Carper-naum naquele dia e "pregava nas sinagogas
deles por toda Galiléia e expulsava os demónios".
Onde quer que fossem, os doentes eram curados e os
leprosos eram limpos. Alguns dias mais tarde,
voltaram a Caper-naum. Assim que o povo soube
que Jesus se encon trava "na casa" (sem dúvida, na
casa de Pedro), "Lo go que se ajuntaram tantos, que
nem ainda nos lugares junto à porta cabiam; e
anunciava-lhes a palavra".
O Paralítico de Capernaum — Foi nesta ocasião que
quatro homens trouxeram um paralítico. O pobre
infeliz jazia em sua cama que era carregada pêlos
qua tro homens. "E não podendo aproximar-se d'Êle
por causa da multidão", subiram ao telhado. Ali
fizeram uma abertura comunicando com a sala "e
baixaram o leito em que jazia o paralítico".
"E Jesus vendo a fé deles, disse ao paralítico:
Filho, estão perdoados os teus pecados. E levantou-se
e, to mando logo o leito, saiu em presença de todos, de
sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus,
dizen do: Nunca tal vimos". Todas estas gloriosas
manifes tações de poder divino e, sem dúvida muitas e
muitas mais, Jesus havia feito mesmo antes de
escolher Seus Do/c Apóstolos.
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'Pedro, como se vê, foi uma testemunha de todas
elas. Se ele tivesse tido qualquer dúvida alguns meses
antes, quando seu irmão André disse: "Já
encontramos/ o Messias", certamente elas haviam há
muito tempp sido banidas de sua mente; e podemos
entender porque, quando Jesus disse: "de agora em
diante serás pesca dor de homens", Pedro deixando
tudo, seguiu após Ele.
Mas, mesmo assim, não obstante todas as experi -
ências, a fé de Simão ainda não era a pedra em que
Jesus queria que ela se transformasse.
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LIÇÃO 4
OS DOZE
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(1) Simão Pedro, e seu irmão; (2) André; (3) Tia -
go e (4) João, os dois filhos de Zebedeu; (5)
Filipe de Betsaida e (6) Natanael, também
chamado Bar-tolomeu; (7) Tomé, também
chamado "Dídimos", nome que significa
"gémeo"; (8) Miateus, o publi-cano, ou coletor
de impostos; (9) Tiago, filho de Alfeu; (10)
Lebeu, que era também chamado Ta-deu e
também Judas, mas não o Iscariotes; (11) Simão
o "Cananita" ou Simão o "Zelador" e (12)
Judas Iscariotes, que foi o traidor.
Quem Eram os Doze — Estes doze homens eram,
em sua maioria, pescadores galileus que trabalhavam
em seu ofício nas praias da Galiléia. Mateus, contudo,
era um publicano e, portanto, desprezado petos
Judeus; e Judas era Judeu. Alguns dos líderes dos
judeus pen saram que eles fossem "homens sem letras
e indoutos", isto é, sem instrução e ignorantes.
Indoutos eles o eram; mas não ignorantes, pois pela
sua sabedoria e pregação, sobrepujaram toda a
estrutura do conheci mento humano, e conduziram o
mundo à luz e à ver dade".
Como um humilde discípulo de Jesus, Pedro
havia sido testemunha de muitas coisas maravilhosas
relacio nadas com a missão do Salvador; mas era
difícil para ele compreender o significado do plano do
Evangelho. Ao continuarmos com sua biografia,
notaremos que sua compreensão se desenvolveu
vagarosamente, apesar de ter ele estado, durante um
ano mais ou menos, na pre sença de seu Senhor. Aqui
estão algumas das coisas que ele testemunhou
imediatamente após a sua ordenação como apóstolo.
NA FESTA DE MATEUS
J oiro — Um dia Jesus e os Doze aceitaram um con -
vite para ir à casa de Mateus, o que muito ofendeu os
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fariseus, pois Jesus comeu com um publicano e os pe -
cadores. Enquanto Jesus e os Doze ainda estavam na
festa, e Jesus estava respondendo à acusação dos fari -
seus, "eis que chegou um dos principais da sinagoga,
por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés, e
rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribun -
da; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para
que sare e viva".
Jesus imediatamente abandonou os prazeres da
festa de seu amigo e irmão Mateus, e seguiu Jairo à
sua casa.
A FILHA DE JAIRO
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LIÇÃO 5
GLORIOSAS EXPERIÊNCIAS
"Os passos da fé caem no nada aparente, mas
sob eles encontram a rocha".
"Tudo o que vi me ensinou: a confiar no
Criador, pelas coisas que não vi".
—x. x. x. x—
Quanto Jesus chamou Simão "Pedro" ou "A Ro -
cha", sem dúvida expressou com aquele nome uma
das* características que Ele desejava ver na fé de Seus
discípulos, e, particularmente, em Seus Apóstolos.
Queria que eles tivessem uma fé inabalável — uma fé
que os faria firmes na verdade, a despeito de milagre
ou milagres de homens — fé no Senhor em todos os
íem-pos e sob todas as circunstâncias, fossem elas
quais fossem. Jesus sabia que os Judeus eram
facilmente in fluenciáveis, que um milagre feito hoje
poderia des pertar neles um sentimento de que Ele era o
rei pelo qual eles estavam esperando e que a verdade
ensinada amanhã poderia despertar neles um
sentimento de que Ele era um impostor. Ele queria
leviá-los a Deus e ao Seu Evangelho. Queria que
compreendessem as ver dades da vida para que as
vivessem após a sua partida do meio deles.
Imaginem então qual não foi a sua dor, quando,
após o milagre mencionado no último capítulo, o povo
se levantou e o aclamou rei e pensou que por lhe ofe-
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recer uma coroa vazia lhe estava prestando honras.
Ele não queria que eles o honrassem. Queria apenas
que vissem o poder de Deus e cressem em sua divina
verdade.
Querendo estar a sós mais uma vez com Seu Pai,
não querendo a companhia nem mesmo dos três
prin cipais apóstolos, Pedro, Tiago e João, Jesus
dispersou a multidão, disse aos Doze que
embarcassem e voltas, sem a Capernaum e Ele se
dirigiu a um local solitário para orar.
O MAR TEMPESTUOSO
Durante a noite, enquanto Jesus ainda orava, caiu
uma grande tempestade, que fazia levantar grandes
ondas no mar. Da montanha, Jesus podia ver Seus
discípulos lutando, mas incapazes de fazer muito pro -
gresso, embora eles não o vissem.
Quando o barco estava cerca de trinta estádios da
praia, Jesus decidiu ir a ele. Já passava da meia noite e
os discípulos ainda estavam lutando contra o mar
encapelado.
Jesus anda sobre o mar — Imagine seu medo quan -
do, na escuridão, viram um objeto dirigindo-se a eles
sobre as ondas! E quando alguém gritou: "É um fan -
tasma", ficaram mais amedrontados que nunca.
"Jesus, porém, lhe falou logo, dizendo: Tende
bom ânimo, sou eu, não tenhais medo".
Pedro imediatamente falou, dizendo: "Senhor, se
és tu, manda-me ir ter consigo por cima das águas".
"Vem", disse Jesus.
E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas
para ir ter com Jesus".
Pedro, firme em crença e forte em determinação
quando seus olhos vêem somente a magestade da fé e a
perfeita manifestação de seu poder: Poderoso e des-
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temido, quando vê somente a glória de Deus e sua
alma grita para ir ter com Ele:
Mas quando vê "o vento forte" fica com medo
e, começando a afundar-se, grita, dizendo:
"Senhor, sal va-me" (Mateus 14).
Assim é na vida, quando os ventos da tentação e
as ondas do desespero se abatem sobre nós, o olho
da fé se eleva mais para estes elementos de que para
a luz da vida, enfraquecendo o poder da fé, como
Pedro, começamos a afundar. Muitos, sim, muitos,
afundam-se sob as vagas; poucos gritam como ele:
"Senhor salva-me".
"E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o e
disse-lhe: Homem de pouca fé, porque duvidaste?".
OUTRA EXPERIÊNCIA
Na manhã seguinte o povo de Capernaum que
sabia que Pedro e os outros discípulos haviam
partido do lado oposto sem Jesus, muito se
admiraram por vê-lo junto com eles e disseram:
"Rabi, quando chegaste
aqui?".
"Vós me buscais, não pêlos sinais que vistes, mas
porque comestes do pão e vos saciastes".
"Trabalho, não pela comida que perece, mas
pela
comida que permanece para a vida eterna, a qual o
Filho do homem vos dará", (João 6:25-27).
Ele então proferiu o famoso sermão sobre o Pão
da Vida, parte do qual, como João dele se lembrava,
acha-se registrado no capitulo sexto do evangelho
de João. Havia tantas coisas que eram faladas e que
os Judeus não podiam compreender, por causa de
seu pre conceito, que primeiramente ficaram meio
confusos, depois enraivecidos e finalmente muito
ofendidos. Aqueles que tinham pouca fé,
influenciaram-se pêlos murmúrios da multidão e
disseram: "Não cremos que
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O TESTEMUNHO DE PEDRO
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A inesquecível confissão de Pedro — Eles haviam se
dirigido para o norte, para Cesaréia de Filipo, aos pés
do monte Hermon. Aqui, Jesus, um dia, fez aos seus
discípulos esta pergunta: "Quem dizem os ho mens ser
o filho do homem?"
"E eles disseram: "Uns João Batista, outros Elias,
e outros Jeremias ou um dos profetas".
Então Jesus disse: "Mas vós, quem dizeis que eu
sou?
Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo".
Não havia hesitação agora, nem medo, nem incer -
teza, para a expressão direta de uma alma convencida
da verdade: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".
"Bemaventurado és tu, Simão Barjonas, porque
t'o não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que
está nos céus", disse-lhe Jesus.
Finalmente Jesus descobre em Pedro a certeza que
estava há muitos meses procurando desenvolver. Ele
agora sabe que o espírito de Pedro recebeu certeza di -
vina de que todos estes milagres e poderosas manifes -
tações haviam sido feitas pelo poder de Deus através
de Seu filho unigénito. Ele sabe que o testemunho de
Pedro não tinha vindo dos homens mas de Deus, e não
importava o que os homens pudessem fazer ou pensar.
Pedro levantar-se-ia firme como uma rocha sobre este
testemunho.
"E também te digo", continuou Jesus, "que tu és
Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela".
A Igreja de Cristo edificada sobre revelação — Com
isto Jesus queria dizer que, como o nome de Simão era
"Pedro", que significa "pedra", assim também seu
testemunho que veio por revelação seria a rocha sobre
a qual a Igreja de Cristo seria construída. Porque
quando alguém recebe certeza divina em sua alma, da
vera
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cidade do evangelho, nem os homens, nem as ondas
da tentação e nem o poder do inferno poderão privá-
lo dela. Logo que Jesus encontrou Simão, Ele disse
que ele seria chamado "a Rocha". Parecia que desde
então Jesus havia estado esperando o tempo em que
o teste munho de Pedro fosse como seu caráter —
expressivo e firme. Este tempo chegou; e Pedro
estava agora pre parado para receber uma
responsabilidade maior.
Chaves do reino — "E eu te darei as chaves do
reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será
desliga do nos céus".
Uma chave era para abrir a porta do evangelho
aos gentios, mas levou algum tempo para que Pedro
soubesse como uslá-la.
Uma coisa é saber que o evangelho é
verdadeiro; mas outra coisa é compreender seu
propósito e significado .
Jesus prediz sua própria morte — Desse tempo em
diante Jesus começou a dizer aos Apóstolos que ele
sofreria e morreria e que eles precisavam continuar
a pregar o evangelho. Disse-lhes que dentro de
alguns meses Ele seria levado pêlos principais
sacerdotes, se ria morto e ressurgiria novamente no
terceiro dia.
Zelo desnecessário — Quando Pedro ouviu isto,
levou o Salvador para um lado, e ainda esperando
que Jesus um dia viesse a ser rei, disse: "Senhor,
tem compaixão de ti; de modo nenhum te aconteça
isso". Kru o mesmo que dizer, eles não O levarão se
pudermos evitá-lo.
Pedro é repreendido — Corajoso, mas incompre-
eiiHÍvel Pedro! Ele não compreendia que era
necessá rio (jue seu Senhor morresse, antes que Sua
missão de redenção fosse cumprida. Assim, em seu
amor cego, rvilnriii que o Senhor completasse Seu
trabalho! O Salvador, percebendo isto, virou-se e
disse a Pedro:
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"Arreda-te de diante de mim, Satanaz, que me serves
de escândalo; porque não compreendes as coisas que
são de Deus, mas só as que são dos homens". (Mateus
16:
16-23).
Esta era uma reprensão severa, e deve ter causado
profundo efeito em Pedro com o pensamento de que o
seu plano não era o de Deus; sem dúvida ele compre -
endeu que ainda tinha muito o que aprender antes de
poder levar a cabo a grande tarefa que o Senhor lhe
havia atribuido naquele dia. Mas em seu zelo para
salvar Jesus da morte, ele errou, em amor.
De qualquer modo, sabemos que Jesus estava sa -
tisfeito com o testemunho de Pedro e com seu amor, e
que esperaria pacientemente pela sua compreensão do
plano do evangelho.
— 40
LIÇÃO 7 UMA
SOBERBA MANIFESTAÇÃO
O Monte Santo — Na região de Cesaréia de Filipo,
onde Pedro deu seu testemunho e recebeu bênção e po -
der de seu Mestre, achava-se uma alta montanha da ca -
deia do Líbano, conhecida como Monte Hermon. Pe dro
a chamava Monte Santo. Após sabermos o que acon teceu
lá, todos concordaremos que Pedro deu-lhe um nome
adequado.
Um escritor que visitou esta região nos diz que o
"magnífico esplendor" deste pico "elevando-se como
um gigante sobre todos os outros picos da cadeia do
Líbano, com sua cabeça coberta de neve, é visível de to -
das as direções. É provavelmente o lugar mais alto na
terra sobre o qual o Senhor jamais se encontrou e do
qual Ele tinha uma vista das mais amplas. Do alto, Ele
olhava para baixo sobre a Galiléia, onde havia ensinado
c trabalhado, onde havia sido recebido por poucos e ne -
gado por muitos".
A renúncia a si mesmo é necessária — Seis dias
(Lucas diz oito) haviam se passado desde que Pedro
linvia dado seu grande testemunho — seis dias, sem dú-
vida, de importantes instruções a Pedro e aos outros
« m /c .
1'oi provavelmente durante aquele tempo que os
Do/c aprenderam que para ser um verdadeiro seguidor
ilr .lesus, é preciso negar a si mesmo muitos desejos e
npclitcs — controlar os sentimentos de raiva, ciúmes
e uuirus paixões. Disse o Salvador: "Se alguém quizer
vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a
cruz
— 41 —
e siga-Me. Porque aquele que quizer salvar a sua
vida, perde-la-á e quem perder a sua vida por amor
de Mim, acha-laJá. Pois que aproveita ao homem, se
ganhar o o mundo inteiro e perder a sua alma? ou
que dará o homem em recompensa da sua alma?"
(Mateus 16: 24-26).
Estas e muitas outras verdades gloriosas Pedro,
sem dúvida, ouviu durante aquela memorável
semana em Cesaréia de Filipo.
Mas ele ouvira coisas ainda mais gloriosas.
Ainda perplexo com alguns dos dizeres de Jesus,
ainda imaginandjo porque era necessário que o Se -
nhor sofresse muitas coisas e fosse rejeitado e mesmo
morto, Pedro, Tiago e João certamente,
acompanharam Jesus ao lado do Monte Hermon.
Parece, pelo breve re lato que temos deste incidente,
que eles gastaram vá rias horas em solene
conversação, perguntando-lhe os apóstolos muitas
coisas relacionadas com Suas pala vras.
A meia-luz transformava-se em escuridão, e as som -
bras da noite escondiam o Monte Hermon completa-
mente dos vales adormecidos abaixo.
A transfiguração — Talvez os três líderes estives -
sem sonolentos, e ao afastar-se o Senhor para orar,
eles estavam profundamente adormecidos. Mias, seja
como for, sabemos que quando seus olhos voltaram-
se para Jesus "transfigurou-se diante deles; e os seus
vestidos tornaram-se brancos como a neve, tais como
nenhum lavadeiro sobre a terra os poderia
branquear. E apareceu-lhes Elias corri Moisés e
falavam com Je sus". (Marcos 9:1-6).
Não Morte mas transformação — Estes personagens
celestes falaram, com Jesus, sobre a sua aproxi mação
da morte, e ressurreição, uma das coisas vi tais no
ministério de Cristo, que Pedro não podia com -
preender. Após esta gloriosa visão de dois seres celes-
— 42
tiais, a Morte perderia muito se não todo o terror pe -
rante Pedro, Tiago e João. Eles saberiam que mesmo
se os homens maus matassem seu Mestre, Ele viveria e
ainda seria seu Senhor e Salvador. A Morte, para eles,
depois disto, seria apenas uma separação. Eles com -
preenderam que "a morte nada tinha de terrível em si
mas o que a vida tinha a fazia assim."
"E bom que nós estejamos aqui" — Pedro, por ins -
piração, havia recebido certeza de que Jesus era real -
mente o Cristo; agora ele testemunhava um sinal vi -
sível de seu testemunho. Desejoso de ter um monu -
mento erigido a este sinal externo, alguma coisa que
outros olhos além do seu pudessem ver, ele gritou, pe la
impulsividade de seu coração: "Mestre, é bom que nós
estejamos aqui, e façamos três cabanas, uma para li,
uma para Moisés e uma para Elias". Mas repenti -
namente ao desaparecerem Moisés e Elias, uma nuvem
os cobriu e uma voz saiu da nuvem dizendo: "Este é
meu filho amado, a Ele ouvi",
Fontes de Testemunho — O testemunho de Pedro
eslava, neste tempo, fortalecido e a sua fé provada:
(Pedro 1:7).
(1) Pela confirmação de milagres; (2) pela visão
de seres celestiais; (3) por inspiração; (4) por ouvir
não somente o testemunho destes anjos mas
também o divino Testemunho do próprio Deus.
Sim, a sua fé estava construída sobre a pedra e
as portas do inferno não podiam prevalecer contra
ela!
Isto é verdade e, de agora em diante podemos con -
cluir com segurança, ao acompanhar sua carreira,
que nem uma sombra de dúvida da divindade da
missão de Cristo jamais atravessou a mente de
Pedro.
A Pureza e a sinceridade são essenciais — Quando
pensamos que Pedro esteve em contacto quase diário <-
om o Salvador dos homens, podemos concluir que seu
testemunho cresceu muito vagarosamente, mas, se as-
— 43 —
sim aconteceu, como o carvalho que também cresce
vagarosamente, tornou-se tanto mais durável.
Afinal de contas, a experiência de Pedro é a ex -
periência que virá a quase todos os meninos e meni nas
que lerem estas páginas. O conhecimento da ver dade, e o
testemunho do Evangelho podem vir gra dualmente a
quase todos eles. A grande lição a ser aprendida mesmo
na mocidade é a de pureza de pen samento e busca com
coração sincero, da orientação diária do Salvador que
conduzirá a um testemunho da veracidade do Evangelho
de Cristo, tão seguro e per manente como o que Pedro
possuía ao descer do Mon te Hermon onde presenciou a
transfiguração de Cristo e ouviu a voz de Deus testificar
da Sua divindade.
Mas, o saber que Jesus era o Salvador da Humani -
dade, não deu a Pedro uma compreensão do plano do
Evangelho. Quanto a isto ele ainda tinha muito o que
aprender. E pode ser que a sua força de caráter ou
melhor, seu julgamento, não fossem tão firmes como
deveriam ter sido num homem cuja vida toda deveria ser
firme como uma pedra.
Na força de seu testemunho e numa atitude até certo
ponto resignada ao destino que mais cedo ou mais tarde
levaria o Mestre, Pedro continuou a fazer muitas
perguntas relacionadas aos aspectos vitais da missão de
Cristo. Uma pergunta que os apóstolos fi zeram a si
mesmos ao descerem à multidão que per manecia ao pé
da colina, foi: o que o Mestre queria dizer quando falou
que o Filho do Homem se levanta ria dentre os mortos?
Enquanto o Salvador estava respondendo esta
pergunta e explicando as profecias a ela relacionadas,
chegaram ao lugar onde, na noite anterior, eles haviam
deixado os outros discípulos. Uma grande multidão se
reunia ao redor deles, e os escribas lhes faziam per -
guntas.
— 44 —
O jovem, lunático — Entre esta multidão encon trava-
se um pequeno garoto que padecia por influên cia de um
mau espírito. Quando ele estava "possuído" caia ao chão,
espumava pela boca, rangia os dentes. O pai encontrou
Jesus e implorou a Ele que aliviasse seu pobre filho, e
acrescentou que os discípulos haviam tenlado fazê-lo, sem
conseguí-lo.
"Quanto tempo faz, perguntou Jesus "que lhe su cede
isto?" "Desde a infância," disse o pai "e muitas vezes o
tem lançado no fogo, e na água para o destruir, mas, se tu
podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-
nos." E Jesus repreendeu o espírito imundo e o menino foi
curado.
Um contraste — Para Pedro, Tiago e João, quão
grande era o contraste entre a cena que eles presencia ram
na noite anterior no Monte e esta. Aqui se mani festava o
poder do mal, causando suspeita, dor, ago nia, morte; lá,
havia se manifestado o poder do Senhor, proclamando
felicidade, paz, glória, e imortalidade!
Tais têm sido os resultados destes dois grandes poderes,
influenciando as vidas dos homens em todas as idades.
Tal é o resultado hoje em dia. Uma pergun-la vital para
nós é: Permaneceremos nós ao lado do pecado onde o
mal triunfa, ou mostraremos nós pelo menos boa vontade
para subir ao monte da Santidade c deixar que Deus
transforme nossas vidas?
— 45 —
LIÇÃO 8 LIÇÕES DE
VERDADEIRA LIDERANÇA
"O cará ter é formado pelas circunstâncias.
Com os mesmos materiais, um homem .
constrói palácios enquanto outro constrói
cabanas"
—x. x. x. x—
_ 46 _
a manutenção do Templo e de seus serviços. Esta lei
havia estado em vigor desde os dias dos filhos de Is -
rael, quando o grande Moisés disse: "a metade
dum siclo é a oferta do Senhor". (Êxodo 30-13).
Maleus nos relata que "chegando eles a Caper-
niuini, nproximaram-se de Pedro os que cobravam
as didrucmas e disseram: O vosso mestre não paga
as didracmas?" "Sim", prontamente respondeu
Pedro.
Se ele soubesse quando estava falando com os co-
lotores de impostos, que não havia dinheiro disponí -
vel, teria se preocupado sobre como poderiam pagar
o meio siclo devido como tributo, naquele dia.
Os filhos são livres — Quando Pedro voltou à ca -
sa, Jesus antecipou-se ao que ele ia dizer, e pergun -
tou-lhe: "De quem cobram os reisi da terra os
tributos, ou o censo? De seus filhos ou dos alheios?"
"Dos alheios", respondeu Pedro.
"Logo, são livres os filhos", disse Jesus, querendo
dizer que desde que esse dinheiro de tributo se desti -
nava à manutenção da casa de Seu Pai, Ele, o
Filho, não teria que pagá-lo; mas acrescentou:
"Mas para que os não escandalizemos, vai ao
mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e,
abrin do-lhe a boca encontrarás um státer; toma-o
e dá-o por inim e por ti:" (Mateus 17:24-27).
Esta experiência deve ter introduzido na mente
de IPedro de que é melhor sofrer ofensa do que ofen -
der.
— 47 —
puta ou pode ser que ele tenha sido provocado duran te
o argumento que surgiu entre os discípulos, sobre quem
era o maior entre eles. Se algum deles o tivesse
insultado por ele ser o maior, é muito provável que sua
paciência se tivesse esgotado. De qualquer forma, ele
queria saber se há um limite no número de vezes que
um homem deveria perdoar seu irmão. Que grande
lição deu a este impetuoso apóstolo quando respon deu:
"Não te digo: Até sete, mas até setenta vezes se te".
(Mateus 18:22).
Então, para tornar o ensinamento mais firme, o
Senhor lhes contou a parábola do servo impiedoso.
Um certo rei quiz fazer contas com seus servos,
para ver os que lhe deviam e descobriu que um lhe de -
via dez mil talentos. O servo não podia pagar esta di -
vida, e assim o rei ordenou que fosse vendido, junta -
mente com sua esposa e filhos e tudo o que tinha. O
servo pediu misericórdia, dizendo: "Senhor sê gene roso
para comigo e tudo te pagarei."
"Então o senhor daquele sorvo, movido de íntima
compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida."
O rei não somente teve piedade do infeliz devedor,
como também o libertou da prisão, deixando que fi -
casse com sua esposa e filhos e cancelou a divida.
O Servo ingrato — Mas, aquele mesmo servo saiu e
encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem
dinheiros, milhares de vezes menos do que o primeiro
servo devia a seu mestre.
Lançando mão do seu conservo, sufocava-o, dizen -
do: "Paga o que me deves".
Então o seu conservo, prostando-se aos seus pés,
rogava-lhe misericórdia, dizendo: "Sê generoso para
comigo, e tudo te pagarei".
Mas o maldoso servo, recusando-se a ter piedade,
"foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida".
_ 48 —
Assim, quando o seu senhor ouviu como o servo a
quem ele havia perdoado, havia tratado o seu
conservo, chamou-o à sua presença e disse: "Servo
malvado, per doei-te Ioda aquela dívida, porque me
suplicaste; não devias tu igualmente ter compaixão do
teu companhei ro, como eu também tive misericórdia de
ti?
A este servo impiedoso foi ordenado que pagasse os
dez mil talentos, e foi entregue aos "atormentado res"
até que pagasse tudo o que devia.
Então concluiu o Salvador: "Assim vos fará tam -
bém meu Pai celestial se do coração não perdoardes
cada um a seu irmão as suas ofensas". (Mateus 18: 23-
35).
Será que Pedro se esqueceu da lição?
A RECOMPENSA DO SACRIFÍCIO
— 49 —
"Porém", acrescentou Ele, "muitos primeiros se -
rão derradeiros e muitos derradeiros serão primeiros".
Humildade — Esta última afirmativa deve ter con -
tido, para Pedro, o primeiro entre os Doze, uma im -
portante lição de humildade.
UMA LIÇÃO DE FÉ
Foi provavelmente na terça-feira da última sema -
na que Jesus passou com os seus apóstolos, que Pedro
chamou a sua atenção para o resultado de uma divina
maldição.
A figueira seca — Um dia ou dois antes, Jesus ha -
via se afastado de seu caminho para colher alguns fi -
gos de uma figueira que ficava a alguma distância.
Quando descobriu que a árvore não produzia figos, dis -
se que ela jamais produziria frutos novamente. Na
manhã desta têrça-feira, £|o passarem os discípulos,
"viram que a figueira se tinha secado desde as raízes".
"E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que
a figueira, que tu amaldiçoaste, secou-se".
O Poder da Fé — Jesus respondeu: "Tende fé em
Deus. Porque em verdade vos digo que qualquer que
disser a este monte: Ergue-te e lança-te ao mar; e não
duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo
que diz, tudo o que disser lhe será feito. (Marcos 11:
21-23).
Naquele mesmo dia, Pedro, sem dúvúda, estava
com os Doze no Monte das Oliveiras, quando eles per -
guntaram a Jesus, em particular, sobre a destruição do
Templo. (Marcos 13; Mateus 24; Lucas 21)
Guardar mandamentos — A Pedro e a todos, Ele
disse: "Vigiai pois em todo o tempo, orando, para que
sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas
que hão de acontecer e de estar em pé diante do Filho
do Homem".
_ 50 —
LIÇÃO 9 NA NOITE DA
TRAIÇÃO
NO CENÁCULO
_ 51 —
dono da casa. O Mestre te diz: Onde está o aposento
cm que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilia do;
aí fazei preparativos".
Os dois apóstolos procederam de acordo com as
instruções e fizeram os necessários preparativos.
Na hora determinada Jesus e os Doze se reuniram
neste cenáculo. Alguns pensam que foi em casa de
Marcos, alguns em casa de José de Arimatéia, mas nós
não sabemos e também não tem muita importância.
Estamos mais interessados no que aconteceu lá.
Uma reunião solene — Jesus presidiu a festa. De
um lado, suficientemente perto para reclinar-se sobre o
peito do Mestre, sentou-se João e do outro lado, Pe dro.
Foi talvez, a reunião mais solene que os Apósto los
tiveram, pois o Salvador disse no princípio da mes ma:
"Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes
que padeça; porque vos digo que não a comerei mais
até que ela se cumpra no reino de Deus".
Queria dizer que havia chegado a hora em que
Seus inimigos viriam para levá-lo e matá-lo.
Quase ao terminar a ceia, Jesus levantou-se de
onde estava reclinado, depoz ao lado seus vestidos ex -
teriores ,tomou uma toalha e cingiu-se como criado.
Tomou então uma bacia d'água e começou a lavar os
pés dos discípulos.
Jesus lava os pés dos discípulos — Talvez o Salvador
tenha descoberto nas mentes dos discípulos o mes mo
pensamento que havia certa vez causado uma disputa
entre eles, isto é, quem era o maior. Talvez este
pensamento tenha surgido quando eles viram Pe dro e
João ocupando os lugares de honra. De qualquer
modo, seu Senhor, o maior dentre eles, assumiu uma
atitude de servo, o menor e mais humilde dentre eles.
— 52 —
protesta — Quando Ele se aproximou de Pe -
dro, esto disse: "Senhor, tu lavas-me os pés a mim?"
1'edm serviria seu Mestre, mas seu Mestre jamais ser.
V in il n r l e !
"O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o Hiilirnis
depois", respondeu Jesus. "iNimca me lavarás os pés".
"Sc eu te não lavar, não tens parte comigo", continuou
Jesus.
Quando Pedro pensou que sua recusa a submeter-
HC a ser servido pelo Senhor, podia realmente afastá-lo
«Ir si, ele disse:
"Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos
<• :i cabeça".
Um Exemplo — "Depois que lhes lavou os pés e
tomou os seus vestidos, tornou a se assentar à mesa e
lhes disse. Entendeis o que vos tenho feito?" Vós me
chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou.
IPois se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós
<lcveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu
vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também".
Assim, esses doze homens receberam, de manei ra
clara e prática, a divina lição de utilidade ao pró ximo.
Assim eles aprenderam que aqueles que eram maiores
entre eles, eram em verdade servos de todos.
"f/m de vós me há de trair" — Imediatamente após
esta impressionante e sagrada cerimónia, cujo signifi -
cado completo apenas alguns compreendem, o Senhor
disse: — Um de vós me há de trair".
lista notícia lançou tristeza sobre todos. O dá-la,
lê/; com que perturbação viesse sobre o "espírito" de
Cristo e o ouvi-la fez todos muito tristes.
Começaram a perguntar uns aos outros qual de les
seria tão infiel; e logo cada um perguntava ao Mes tre,
"Porventura sou eu, Senhor?"
— 53 —
Judas, o último de todos disse: — "Porventura
sou eu, Rabi?"
Jesus respondeu: — "Tu o disseste". A sua respos -
ta entretanto, parece não ter sido ouvida pêlos outros,
porque Pedro pediu a João que perguntasse ao Mes tre
"quem era aquele de quem ele falava". (João 13).
Jesus respondeu com voz baixa: — "É aquele a
quem eu der o bocado molhado".
Judas Iscariotes — E molhando o bocado, deu-o a
Judas Iscariotes. Pedro e João, então souberam quem
era o traidor; mas os outros provavelmente não o sa -
biam; pois não compreenderam Jesus quando disse a
Judas: "O que fazes fá-lo depressa".
LEALDADE COMO PEDRO A SENTIA
Após ter desaparecido na noite o traidor — oh! que
noite para ele! — Jesus continuou a ensinar e a consolar
os Onze.
Amai-vos uns aos outros — "Um novo mandamen to
vos dou: Que vos ameis uns aos outros, como eu vos
amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis".
Entre outras coisas, Ele disse, referindo-se à apro -
ximação da morte: "Para onde eu vou não podes ago ra
seguir-me".
Isto aumentou o amor de Pedro e ele perguntou:
"Porque não posso seguir-te agora? Por ti darei a mi -
nha vida". (João 13: 34-37).
Pedro seria experimentado — "Simão, Simão, eis que
Satanaz vos pediu para vos cirandar como trigo; mas
eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu,
quando te converteres, (isto é, voltar a ser discí pulo
penitente) conforta a teus irmãos". (Lucas 22: 31-32).
Isto aborreceu Pedro grandemente. Pensar que
seu Mestre levemente suspeitaria que ele, Pedro, enfra-
— 54 —-
queceria em sua firmeza no Senhor (é significativo qu«
o Senhor o tivesse chamado pelo seu antigo nome, Si-
mão) !
Pedro, protestando, disse "Senhor, estou pronto ;»
ir contigo até a prisão e à morte" (Lucas 22:33).
Uma Profecia — Digo-vos Pedro", continuou Je sus
"que não cantará hoje o galo antes que três vezes
negues que me conheces".
Mas ele falou com grande veemência: "Ainda que
me seja mister morrer contigo, não te negarei. E o mes -
mo todos os discípulos disseram" (Mateus 26:35).
Pedro foi sincero em todas as palavras que disse c
sentiu-se profundamente a verdade do que disse; mas
sua força real ainda não tinha vindo a ele e seu Mes tre
o sabia. Viria, mas nasceria do profundo silêncio de um
coração sofredor.
— 56 —
tros. Nem podia ele concluir que seria melhor ir com
Jesus. Assim, ele não fez nem um e nem outro, mas "o
seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote".
A princípio, ele permaneceu no exterior, mas mais
tarde aventurouse no palácio, onde estavam os cria dos.
— 57 —
LIÇÃO 10 DA
ESCURIDÃO PARA A LUZ
"A força nasce do profundo silêncio e dos
corações sofredores e não da alegria".
—x. x. x. x—
Força oriunda da fraqueza — Diz-se que quando
Pedro se afastou, sem fala, da face de todos e, cheio de
silêncio, chorou amargamente, sua dor era tão gran de
que ele permaneceu sozinho durante a Sexta-feira e o
Sábado, após a crucificação do Salvador. Se assim foi,
sua dor pelo que havia feito, tornou-se muito mais
profunda ao lembrar-sc das muitas palavras bondosas
que o Salvador lhe havia dito e dos muitos e muitos
momentos fcli/es que ele havia passado em companhia
do Salvador, dada palavra, alo e olhar associados com
seu Mestre surdia c-in sua mrnlc com uni novo signifi -
cado. Talvez pela primeira vê/ em sua vida compreen -
dia porque o Senhor linha querido que sua natureza
e fé fossem como uma "pedra". Através de amargas
lágrimas, ele viu todos os verdadeiros atributos da hu -
manidade, personificados em .k sus. Reverência, Fra -
ternidade, Paciência, Sinceridade, Coragem. Estas
e muitas outras qualidades nobres faziam Jesus parecer
a ele grandioso e, mais claramente compreendia sua
pequenez e miséria. Esta última manifestação de sua
fraqueza, que o levou a negar o seu Senhor, fez com que
ele se visse a si mesmo sob nova luz, e isto teve um efeito
decisivo sobre ele. Do profundo silêncio de
— 58 —
seu sofrimento, naqueles dois dias, nasceu aquela for-
ça que Cristo lhe tentava dar desde que o chamara
"Pedro".
Uma triste reunião — Deve ter sido uma triste reu -
nião quando João e Pedro reuniram-se pela
primeira vez após a crucificação. Quando foi, ou
onde, não nos é dito; mas estamos certos de que João
deve ter reco nhecido uma grande mudança em seus
companheiros apóstolos. Do olhar macilento e das
profundas linhas de dor, deve ter brilhado uma
humildade que João ja mais havia visto antes na face
de 'Pedro. Podemos so mente imaginar quais eram
os sentimentos de Pedro ao ouvir João contar tudo o
que havia acontecido ante Herodes e Pilatos e na
Cruz. Misturando-se com a dor de Pedro estava o
profundo desapontamento de saber que o Messias,
seu Rei, não ia libertar os judeus e go verná-los como
ele havia esperado. Em dúvida sobre o que fazer,
eles provavelmente decidiram visitar o lu gar onde seu
Mestre havia sido posto e então voltar à sua antiga
profissão de pescadores.
No Sepulcro — Mas havia uma cujo amor e devo -
ção a conduziram ao túmulo mesmo antes dos após -
tolos. Maria Madalena, quando ainda estava escuro,
aproximou-se do lugar onde pensava que Jesus
dormia na morte. Mas em vez de ver o corpo de seu
Senhor no sepulcro frio e escuro, ao redor do qual
nada mais ha via além de tristeza e dor, ela
encontrou um túmulo vazio. Alarmada, correu a
Pedro e João e, sem fôlego, gritou: "Levaram o
Senhor do sepulcro". "Então Pe dro saiu com o
outro discípulo e foram ao sepulcro". A princípio
eles correram juntos, mas Pedro, já can sado do
sofrimento, logo se distanciou do Apóstolo João que
era mais jovem, e que alcançou o local pri meiro. "E
abaixando-se, viu postos os lençóis; todavia não
entrou".
—59 —
Olhar para dentro, contudo, não satisfez Pedro;
pois assim que chegou, "entrou no sepulcro". João o
seguiu. Notaram que o lenço que tinha sido posto so bre
a cabeça de Jesus não estava com os lençóis enro lado
num lugar à parte; os lençóis de linho também,
estavam bom dobrados c colocados ao lado, com cui -
dado, files concluíram que ladrões não teriam feito
isto o assim desfizeram a teoria de Maria pela qual o
corpo do Senhor havia sido roubado. Mas, "ainda não
sabiam a Escritura: que era necessário que ressuscitas -
se dos mortos".
Maria vê o Redentor Ressuscitado — Perplexos e
cheios de admiração, os dois discípulos "tornaram pa -
ra casa" mas Maria permaneceu perto do túmulo, e
como recompensa por sua fidelidade e devoção,
tornou-se a primeira pessoa no mundo a ver o
Redentor res suscitado.
Pedro vê seu Senhor — Outras mulheres que ti -
nham vindo ao túmulo naquela manhã para render,
como pensavam, o último serviço ao Senhor, também
puderam vê-lo. Mais tarde, no mesmo dia, Ele deve ter
aparecido a Pedro; mas onde, ou sob quais circuns -
tâncias, ou o que foi dito, não sabemos. Podemos ter
certeza, contudo, que a alma arrependida de Pedro en -
cheu-se de eterna alegria ao receber o perdão divino
de Seu Senhor.
Os discípulos de Emaús — Naquela noite, ao se
reunirem os Onze no cenáculo, discutindo os aconte -
cimentos do dia e particularmente a aparição do Se -
nhor a Pedro, entraram dois discípulos de Emaús. Lo -
go ao entrarem na presença dos Onze, ouviram a ma -
ravilhosa mensagem "Ressuscitou verdadeiramente o
Senhor e já apareceu a Simão". Eles podiam crer pron -
tamente nisto pois contaram que quando voltaram de
Jerusalém, naquele dia, tendo ouvido dos anjos e do
— 60 —
sepulcro vazio, Jesus em pessoa aproximou-se e foi com
eles.
Jesus apareceu aos onze — Enquanto estavam assim
reunidos, Jesus apareceu a eles novamente e disse-lhes:
Paz seja convosco". Cenas como estas não podem ser
descritas e os evangelistas que nos contam a res peito
dela simplesmente mencionam o fato e nos dei xam
imaginar o que eles pensaram e sentiram naquela
gloriosa ocasião.
— 61 —
João cujos olhos cheios de amor foram feitos mais
agudos por um coração cheio de amor, correu ao lado
de Pedro e murmurou: — "É o Senhor".
No mesmo momento, Pedro sabia que João havia
falado a verdade e, homem de ação que era, colocou
seu paletó de pescador, mergulhou no mar e correu aos
pés do seu Mestre. Os outros vieram no pequeno
barco, arrastando uma rede de peixes.
Jesus já havia começado a acender fogo, e estava
cosinhando algo para comer. Após as saudações, Ele
disse: "Trazei dos peixes que agora apanhastes".
Pedro foi à rede fez com que fosse puxada para a
terra. Enquanto os peixes estavam cosinhando, os dis -
cípulos contaram o número apanhado e verificaram
que duma vez haviam cento e cincoenta e três e, "sen -
do tantos, não se rompeu a rede".
Pedro, um Pastor do rebanho de Cristo — Jesus havia
lhes mostrado onde apanhar os peixes, havia acendido
o fogo sobre o qual cozinhá-los e agora "to mou o pão c
deu-lhes e, semelhantemente, o peixe". Certamente
estes pequenos incjidentes serviam para salientar a eles
a verdade de que se eles 'buscassem pri meiramente o
Heino de Deus o a sua justiça tudo o mais lhes seria
acrescentado. De qualquer modo, esta foi a lição
ensinada na grande ocasião: Os apóstolos não
deveriam agora passar suas vidas buscando as coi sas
que perecem, mas procurando almas que durariam
através de toda a eternidade. Muitos estariam então
reunidos no redil de Crislo, e o pastor foi dele afasta -
do. Daquele momento em diante Pedro e seus compa -
nheiros deveriam ser os guardadores deste rebanho.
Quando eles quebraram seu jejum, Jesus disse a
Simão Pedro, "Simão, filho de Jonas, amas-me mais
do que estes?"
— "Sim, Senhor; tu sabes que te amo", respondeu
Pedro.
— 62 —
— "Apascenta os meus cordeiros". Isto é, lomr ton -
ta dos pequeninos da minha Igreja. Não deixe que se
afastem por veredas que os levarão ao pecado e ú mi -
séria.
Disse-lhe ele novamente, pela segunda vez:
— "Simão, filho de Jonas, amas-me?"
— "Sim, Senhor: Tu sabes que te amo".
— "Apascenta as minhas ovelhas". Mantenha os
mais velhos juntos e dê-lhes as palavras de vida como
as tens recebido de mini.
Unxa terceira vez. Jesus disse:
— "Simão, filho de Jonas, amas-me?" E Pedro,
entristecido, respondeu: — "Senhor, tu sabes tudo;
tu sabes que te amo".
— "Apascenta as minhas ovelhas".
O Dever Primeiro — Então o Salvador admoestou
Pedro a não seguir sempre as suas próprias
inclinações e a sua natureza impulsiva, mas sempre
fazer o seu dever como Pastor do Rebanho. Quando
Pedro era jo vem, e não possuia o conhecimento e
responsabilida de de agora, podia ir pescar, ganhar
dinheiro, ou estu dar, ou fazer qualquer outra coisa
que queria, mas ago ra precisava realizar seus deveres
no Reino de Deus, não importando o que pudesse
suceder ia ele pessoal mente ao fazer isto. Apesar dos
deveres de Pedro o le varem à cruz, o Salvador disse:
— "Siga-me".
Enquanto esta conversação se desenvolvia, Jesus e
Pedro estavam conversando a sós um pouco adiante
dos outros.
— Senhor, disse Pedro, o que seria de João?
— "Se eu quizer que ele fique até que eu venha,
que te importa a ti? Segue-me tu". Era o mesmo que
dizer. Limite-se aos seus deveres, Pedro, ensine os ou -
tros a fazerem o mesmo e tudo estará bem.
— 63 —
Esta é a última palavra registrada de Cristo a
Pedro, mas ele estava presente, naturalmente,
quando o Sal vador deu suas últimas instruções aos
Doze (Veja Mar cos 16:16).
Deste tempo em diante, o zelo de Pedro no traba -
lho do seu Ministério foi constante e sua ousadia insu-
perada.
— 64 —
LIÇÃO 11 UM VERDADEIRO
LÍDER E VALOROSO DEFENSOR
"A recompensa de alguém pelo cumpri -
mento do seu dever é a capacidade de po der
cumprir outros deveres". —x. x. x. x—
— 65 —
gar do traidor, Judas, no Quorum dos Doze Apóstolos.
Dois nomes foram sugeridos: José, chamado Barsabás
e Matias. Sabendo que o Senhor é que deveria escolher
os homens que deveriam ser suas testemunhas espe -
ciais, eles oraram, dizendo: "Tu, Senhor, conhecedor
dos corações de todos mostra qual destes dois tens es -
colhido". Então lançaram sortes e caiu a sorte sobre
Matias; e "foi contado com os onze apóstolos".
O DIA DE PENTECOSTES
— 66 —
lutlflinem o seu espanto quando ouviram o evangelho
pregado em sua própria língua!
— "Pois que não são galileus todos estes homens
(|iic estuo falando?" perguntaram. — "Sim",, foi a
resposta.
— "Como pois os ouvimos, cada um, na nossa pró-
priti lingua em que somos nascidos?"
Ao contarem os apóstolos, um após outro, da sal -
vação dos homens através do evangelho de Jesus
Cristo, algumas das pessoas se admiraram, outras se
diverti ram, mas todos estavam perplexos.
— "Que quer isto dizer?" perguntaram alguns.
— "Estão cheios de mosto (isto é: bêbados)".
O discurso de Pedro — Então Pedro se levantou e,
com grande poder, dirigiu-se à multidão. "Varões ju -
deus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto
notório e escutai as minhas palavras. Estes homens
não estão embriagados como vós pensais, sendo a
terceira hora do dia.
Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: (Leia
tudo o que foi dito, como se acha registrado em Atos
2:14-37).
Sem dúvida, somente uma pequena parte de discur -
so de Pedro nos é dada, mas ao lermos suas palavras
inspiradas, e ao partilharmos do destemor com o
qual disse aos judeus que eles haviam crucificado o
Cristo, lornamo-nos prontamente convencidos que a
fraqueza que ele manifestou cerca de um mês e meio
antes, foi .substituída pela força de um homem de
Deus. Naque la ocasião ele havia gaguejado e dito:
"Não o conhe ço", mas agora, ele declarava: "Deus
ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos
testemunhas".
Seu destemor — Com toda a coragem de sua con -
vicção, e como o poder do Espirito Santo, ele acrescen -
tou: "Sabia pois com certeza toda a casa d'Israel
que
— 67 —
a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Se nhor
e Cristo".
Ao ouvirem da iniquidade da crucificação de Cristo e
de muitos outros pecados, desejaram obter perdão pelo
que haviam feito, e gritaram a Pedro e aos outros
apóstolos:
— "Que faremos, varões irmãos?"
Na resposta de Pedro, vemos a porta aberta atra vés
da qual todos precisam passar para serem salvos no
Reino de Deus:
"Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados: e
recebereis o dom do Espírito Santo".
Então aqueles que acreditaram no que Pedro ha via
dito, foram batizados; e o pequeno grupo de cento e
vinte pessoas cresceu para três mil cento e vinte. E todos
os dias, dali em diante, muitos outros foram con vertidos e
juntaram-se à Igreja.
— 68 —
em sua vida. Os amigos o carregavam lá pela numlul 6 o
levavam de volta à noite. Em resposta ao sen pedido de
dinheiro, Pedro disse: — "Olha para nós".
A Resposta. — Enquanto o homem tentava adivi -
nhar quanto dinheiro os apóstolos lhe dariam, Pedro
acrescentou: — "Não tenho prata nem ouro, mas o que
tenho isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Naza reno,
levanta-se e anda".
Tomando-o pela mão direita, Pedro levantou-o, e
imediatamente os ossos de seus pés e tornozelos rece -
beram energia.
O homem ficou tão contente que entrou no tempo
saltando e louvando a Deus pelo grande milagre que
tinha vindo à sua vida.
Novamente o povo ficou "cheio de pasmo e assom -
bro" e reuniram-se em grande número no alpendre de
Salomão ,olhando para Pedro e João e tentando adivi nhar
que espécie de homens eram.
Outro impressionunte discurso. — Aqui Pedro fez outro
grande discurso no qual ele disse que este homem havia
sido curado através da fé no nome de Jesus Cristo, a quem
Deus glorificou e a "quem vós entregastes e, perante a face
de Pilatos negastes, tendo este determi nado que fosse solto.
Mas vós negastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos
desse um homem homicida. E matastes o Prín cipe da vida
ao qual Deus ressuscitou dos mortos, do que nós somos
testemunhas. (Atos 3:12-26).
— 69 —
LIÇÃO 12 PEDRO E
JOÃO APRISIONADOS
"Pois nenhum bem é feito, ou dito, ou ima -
ginado pelo homem, sem o auxílio de
Deus... portanto nenhum mal é feito, ou
dito, ou imaginado, sem o auxílio do
Demónio".
—x.x.x.x—
— 70 —
NIIIIKI Hiiccrdote e Caifás, e João c Alexandre, c parcn li
••, i In Mimo-sacerdote. Estes homens haviam condena do
JCMIS , talvez naquela sala, e haviam determinado que
a pregação em nome de Jesus de Nazaré deveria
terminar.
Outros estavam presentes naquela manhã, e entre
t'11 es, verdadeiros amigos dos apóstolos. Um deles era
o aleijado que havia sido curado.
Curiosidade e Espanto. — Como ele havia sido a
causa inocente da reunião da multidão na noite ante -
rior, todos pareciam estar ainda mais interessados
nele do que nos prisioneiros. Ele havia sido carregado,
sabiam todos, somente há vinte e quatro horas atrás
para o portão do templo e agora estava andando
firmemente através da multidão para aproximar-se
dos apóstolos.
"Com que poder ou em nome de quem fizestes
isto?" perguntou um dos Juizes.
Então Pedro cheio do Espírito Santo lhe disse: —
"Principais do povo, e vós, anciãos d'Israel.
Visto que hoje somos interrogados acerca do bene -
fício feito a um homem enfermo, e do modo como foi
curado".
Pedro testifica de Cristo — "Seja conhecido de vós
todos, e de todo o povo dlsrael, que em nome de Jesus
Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a
quem Deus ressuscitou dos mortos em nome desse é
que este está são diante de vós".
Como aqueles homens pecadores devem ter fra -
quejado ao ver a dignididade de Pedro, sentir sua sin -
ceridade e ouvir as agudas palavras que penetravam
suas almas culpadas!
Disse-lhes mais que não poderiam obter salvação a
menos que também eles tomassem sobre si mesmos o
nome de Cristo: "porque também debaixo do céu ne
nhum outro nome há, dado entre os homens, pelo q mi
l devemos ser salvos".
— 71 —
O que poderiam dizer os sacerdotes? O que pode -
riam fazer? Nada.
Os Inimigos ficam confusos. — Lá estava um ho -
mem curado e são, que havia estado inutilizado por
quarenta anos!
Lá estava Pedro, ousadamente proclamando que o
milagre fora operado em nome de Jesus de Nazaré, a
quem haviam condenado à morte.
Eles consideravam Pedro como sem instrução, mas
ele os havia aturdido a todos.
Conselho. — Após mandar que os prisioneiros fos -
sem levados para outra sala, disseram entre eles: "Que
havemos de fazer a estes homens porque a todos que
habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi fei -
to um sinal notório, e não o podemos negar".
Assim, para que a doutrina que os apóstolos esta -
vam pregando não se esparramasse mais, eles combi -
naram de ameaçar Pedro e João e mandar que eles
não falassem "nesse nome" a homem algum.
Chamando os prisioneiros novamente à sua pre -
sença, disseram-lhes que "absolutamente não
falassem, nem ensinassem no nome de Jesus".
Disseram os Apóstolos: "Julgais vós se é justo di -
ante de Deus, ouvirmos antes a vós do que a Deus?"
É melhor obedecer a Deus que aos homens". —
"Porque não podemos deixar de falar do que temos vis -
to e ouvido".
Sem dúvida estes sacerdotes teriam punido os após -
tolos naquele momento se não tivessem medo do povo,
"porque todos glorificavam a Deus pelo que acon -
tecera" .
Quando foram postos em liberdade, (Pedro e João
foram "para os seus" e contaram aos seus amigos
tudo o que havia acontecido. Quando ouviram estas
coisas, os santos uniram-se em oração de graças a Deus
por to das as Suas bênçãos. (Atos 4:23-31).
— 72 —
Nesta reunião verificou-sc nova e poderosa
manifestação do Espírito Santo "e anunciavam com
ousadia a palavra de Deus".
— 73 —
— 74 —
LIÇÃO 13
PERSEGUIDOS MAS INCANSÁVEIS
"Eu não amaldiçoarei Senhor, pois ouvi
dizer que uma maldição é como uma pedra
atirada para os céus e cai sobre a ca beça
de quem atirou".
—x. x. x. x—
l
— 75 —
o interesse e a fé de tantos milhares, na mensagem de
Cristo. Que alegria, também, nos corações de todos
aqueles inválidos que, curados, pulavam de suas camas
e também louvavam o Redentor! Como os Doze devem
ter se amado mutuamente e as batidas de seus cora -
ções devem ter sido como uma, pois, dia a dia, eles le -
vavam seu testemunho da morte e ressurreição de seu
Senhor e recebiam certeza divina de que Ele ainda esta -
va se manifestando a eles através do Espírito Santo!
Como este Espírito permeava aqueles que se
juntavam à Igreja, não é de se admirar que a
multidão dos que acreditavam tivessem um só
coração e uma só alma!
Ódio. — Mas haviam alguns homens em Jerusa -
lém que tinham muitos ciúmes dos Apóstolos, e cujos
corações estavam cheios, não de alegria, mas de inve -
ja. Esses homens tinham sido os líderes na crucifica -
ção de Jesus. Diz-se que: "Logo que se levanta um
templo a Deus, o demónio levanta uma capela ao la -
do". Assim, enquanto o Senhor derramava o espírito
de amor sobre aqueles que se ligavam à Igreja, o de -
mónio derramava ódio no coração dos que eram
maus e não queriam se arrepender.
Pedro é aprisionado. — Assim, "levantando-se o
sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, enche -
ram-se de inveja, e lançaram mãos dos apóstodos e os
puzeram na prisão pública". Estes governadores igno -
rantes e cheios de preconceitos estavam determinados
a fazer com que os Doze cessassem de pregar Crist*
porque se o que os Doze diziam fosse verdade, estes
magistrados seriam culpados da morte do Rei dos Ju -
deus. Mas o homem fraco e pusilânime não pode inter -
romper o trabalho do Senhor.
Uma libertação milagrosa. — Durante a noite, en -
quanto os prisioneiros estavam reunidos na prisão —
talvez cantando e orando — um anjo do Senhor lhes
— 76 —
apareceu. Abriu as portas da prisão, trouxe-os para
fora e disse:
"Ide, e apresentai-vos no templo e dizei ao povo
todas as palavras desta vida".
A respeito desta ordem, George L. Weed escreve:
"Ide" — apesar das ameaças e comando, ferrolhos e
barras e guardas da prisão. Em nome Dele que lhes
ordenou "Ide e pregai meu Evangelho", "apresentai-
vos no templo" — exatamente o mesmo lugar de onde
haviam sido expulsos — "dizei ao povo" todos os que
ouvirem, pois seu Mestre que é também o meu, é o Sal -
vador de todos eles. Dizei todas as palavras desta vi da
— "a prometida vida futura da qual a ressurreição de
Jesus é a primeira realização".
Obedientes à ordem do anjo, os Doze entraram no
tempo bem cedinho e ensinavam. Como sua mensa -
gem deve ter emocionado os ansiosos ouvintes que ha -
viam se reunião tão cedo para ouvir a palavra de
Deus!
Os judeus ficam perplexos. — Na mesma hora da
manhã um outro grupo se reuniu. O surno sacerdote
chamou seu conselho e "todos os anciãos dos filhos de
Israel". Quando o conselho estava reunido, o sumo
sacerdote mandou buscar Pedro e seus irmãos na pri -
são. Logo os oficiais voltaram dizendo:
"Achamos realmente o cárcere fechado, com toda
segurança e os guardas que estavam fora, diante das
portas; mas quando abrimos, ninguém achamos
dentro".
Perplexos por este inesperado acontecimento, o su -
mo sacerdote e o conselho pareciam ser incapazes de
decidir exatamente o que fazer. Enquanto ainda bus -
cavam uma explicação satisfatória ou decidiam qual o
próximo passo a dar, entraram alguns dizendo:
"Eis que homens que encerrastes na prisão, estão
no Templo e ensinam ao povo".
Ao ouvir isto o capitão do templo com seus oficiais
foram buscar os Apóstolos para colocá-los ante o con-
— 77 —
selho. Então os oficiais trouxeram-nos sem violência,
isto é sem feri-los e sem brutalidade, "porque temiam
ser apedrejados pelo povo".
Perante o conselho. — Assim que os Doze apare -
ceram, o sumo sacerdote perguntou: "Não vos admoes -
tamos nós expressamente que não ensinásseis nesse no -
me? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa dou -
trina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse ho -
mem".
Seu coração cheio de preconceito o induzia a fa lar
de Jesus sem nem siquer mencionar o seu nome. Mas
mesmo em sua rudeza, ele nos dá um grande tes -
temunho do sucesso da pregação dos Apóstolos. "En -
chestes Jerusalém dessa vossa doutrina" disse ele, "e
quereis lançar sobre nós o sangue desse homem". Te -
ria o sumo sacerdote se esquecido então que os Judeus
gritaram no julgamento de Jesus "O seu sangue caia
sobre nós e sobre nossos filhos?" Se assim era, devem
ter se sentido temerosos de que se cumprisse a impre -
cação.
Então disse Pedro e os outros apóstolos:
"Mais importa obedecer a Deus que aos homens".
Mostrando tanta ansiedade quanto o sumo sacerdote
havia manifestado relutância ao nome de Jesus, Pedro
acrescentou:
Um discurso ousado — "O Deus de nossos pais res -
suscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o
no madeiro. Deus com a sua dextra o elevou a Prínci pe
e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e
remissão dos pecados. E nós somos testemunhas acer -
ca destas palavras, nós e também o Espírito Santo".
Esse ousado discurso foi como uma agulhada no
coração dos juizes iníquos. Enfureceu-os tanto que eles
falaram em matar os Doze, da mesma forma como
haviam matado o Salvador.
— 78 —
A Defesa 'de GamtílieJ,. — Mas havia x hábil ad-
vogado entre eles, que tinha justiça em seu coração.
Seu nome era Gamaliel. Levantou-se entre eles e disse
que levassem os Apóstolos para fora por um pouco de
tempo.
Quando isto foi feito, ele continuou: "Varões israelitas,
acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes
homens, porque antes destes dias levantou-se Teudas,
dizendo ser alguém, a este se ajuntou o número de uns
quatrocentos homens, o qual foi morto e todos os que
lhe deram ouvidos foram dis persos e reduzidos a
nada; e depois deste, levantou-se Judas, o galileu, nos
dias do alistamento e todos os que lhe deram ouvidos
foram dispersos". Agora vos digo: deixai estes
homens; porque se esta obra é dos homens, perecerá;
mas se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que
não aconteça porventura, serdes achados com batendo
contra Deus". (Atos 5:33-39).
Espancados e libertos. — Prevaleceu a influência
de Gamaliel; e a vida dos apóstolos foi poupada; mas
não foram soltos antes de serem espancados e ordena -
dos a não falarem no nome de Jesus. Cada um foi
amarrado pela cintura com os braços amarrados
numa coluna baixa, para que se pudessem inclinar a
fim de que as batidas os atingissem mais facilmente e
recebe ram trinta e nove chicotadas.
Ao deixarem a câmara do conselho, com suas fe -
ridas sangrando, seus corações encheram-se, não de
amargura e sofrimento, mas de alegria "regozijando-
se de terem sido julgados dignos de padecer afronta
pelo nome de Jesus".
— 79
LIÇÃO 14 UMA VISITA
ESPECIAL A SAMARIA
Diáconos. — Ao aumentar o número de membros
na Igreja, os homens foram chamados e ordenados aos
v.ários cargos no trabalho do ministério. Além dos
Apóstolos, havia Evangelistas, Pastores, Mestres, Diá -
conos, etc. Entre os primeiros a ser escolhidos e orde -
nados para um cargo determinado na Igreja, encontra -
vam-se "sete varões de boa reputação, cheios do Espi -
rito Santo e de sabedoria". Seus nomes eras Estêvão,
Filipe, Prócoro, Nicanor, Timon, Parmenas e Nicolau.
Foram chamados diáconos e um de seus deveres era o
de observar a distribuição de alimentos entre os
pobres.
O martírio de Estêvão. — Logo após a sua indica ção,
uma perseguição amarga c cruel levantou-se con tra a
Igreja em Jerusalém, durante a qual os Santos se
esparramaram para fora, pelas regiões da Judéia e
Samaria. Estêvão, um homem cheio de fé e do Espiri to
Santo, foi apedrejado até à morte. Filipe desceu para a
cidade de Samaria e lá continuou a pregar Cris to aos
Samaritanos.
Filipe. — Parece que maior poder acompanhava o
ministério de Filipe, pois "muitos espíritos imundos
saiam de muitos que os tinham, clamarido em alta
voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E
havia grande alegria naquela cidade". O povo ouvia a
men sagem de Filipe e se batisava na Igreja.
Autoridade Limitada. — Mas o batismo pela água
não é suficiente. Deve ser seguido pelo batismo do Es -
pirito Santo. Parece, contudo, que Filipe, apesar de ter
— 80 —
autoridade para batisar, não tinha o direito de
conferir o Espírito Santo. Ele, portanto, tinha o cargo
de sacerdote.
O Espírito Santo. — Quando a notícia de que Sá.
maria havia recebido o Evangelho chegou a Jerusalém,
"enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo desci -
do, oraram por eles para que recebessem o Espírito
Santo". Sobre as cabeças destes crentes batisados, Pe -
dro e João punham suas mãos e lhes conferiam o Espi -
rito Santo.
Pretendentes. — O Senhor não aceita na Igreja to -
dos os que são batisados. Sòmentes aqueles que since -
ramente acreditam em Jesus Cristo como o Redentor
do Mundo e que se arrependem de seus pecados e
recebem o Espírito Santo. Aqueles que são batizados
sem fé e arrependimento, são meros pretendentes.
Uma pessoa nessas condições juntou-se à Igreja da
Inglaterra há alguns anos atrás. Um dia um membro,
vendo que o jovem não tinha fé, perguntou-lhe porque
havia se juntado 'à Igreja. "Oh, só para sair da Améri -
ca", respondeu ele.
Um pouco mais tarde, em conversação, confessou
ter se afiliado à Igreja Católica uma certa vez, para
conseguir um rosário, e mais tarde juntou-se à Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, para vir a
Utá. Naturalmente, não demorou muito para que fosse
excomungado e um pouco mais larde caiu nas profun -
dezas do pecado e da miséria.
Simão, o Feiticeiro. — Na ocasião em que Filipe foi
a Samaria, havia um homem chamado Simão na ci -
dade, que era um grande pretendente. Ele clamava ser
um feiticeiro, e ganhava muito dinheiro enfeitiçando as
pessoas com as suas mandingas. Contudo, quando o
povo ouviu o verdadeiro Evangelho e viu os milagres
feitos pelo poder de Deus, perderam interesse nas feiti -
çarias de Simão e foram batisados por Filipe.
— 81 —
"E creu o próprio Simão; e sendo batisado ficou
de contínuo com Filipe; e vendo os sinais e as grandes
maravilhas que se faziam, estava atónito". Mas ele
não se converteu. Seu único propósito em reunir-se à
Igre ja era descobrir como esses milagres eram feitos,
pen sando que poderia usá-los para ganhar dinheiro.
Sua ambição. — Quando Simão viu que através
da imposição das mãos dos Apóstolos o Espirito Santo
era concedido, ofereceu-lhes dinheiro, dizendo "Dai-me
também a mim esse poder, para que aquele sobre
quem eu puzer as mãos receba o Espirito Santo".
Pobre ho mem ambicioso! Sua sede de dinheiro levou-
o ao sa crifício de sua própria honra.
Simão é Repreendido. — Se ele pensou que o co -
ração de Pedro era tão avarento como o seu próprio,
logo se convenceu de que estava errado, pois o apósto -
lo indignado, olhando diretamente para a alma
sórdida deste mercenário hipócrita, respondeu:
— "O teu dinheiro seja contigo para perdição,
pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por
dinheiro.
"Tu não tens parte nem sorte nesta palavra
porque o teu coração não é relo diante de Deus".
"A aparência exterior e as pretenções hipócritas
não podiam influenciar Pedro mais do que poderiam
conseguir o favor de Deus. Somente era aceitável um
coração sincero. Vendo que o coração de Simão
estava em conseguir dinheiro, com o sacrifício de sua
honra e da contaminação da palavra de Deus, Pedro
lhe disse que se arrependesse de sua iniquidade e
que orasse a Deus por perdão, "pois", terminou ele,
"Vejo que estás em fel de amargura e em laço de
iniquidade".
Tal repreensão encheu o feiticeiro de temor e ele
pediu a Pedro que orasse a Deus "para que nada do
que disseste venha sobre mim". Pedro continuou a
pregar por algum tempo em outras cidades em
Samaria e então voltou a Jerusalém.
— 82 —
LIÇÃO 15 EM
LIDA E JOPE
— 83 —
E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona
os quais se converteram ao Senhor".
Tábua. — Não muito distante de Lida havia outra
cidade chamada Jope. Um dos motivos pêlos quais há
escritos sobre Jope é porque era a cidade de uma mu -
lher muito boa a quem todos amavam. Seu nome em
hebreu era Tabita e em grego Dorcas — Ambos estes
nomes significam "Gazela", o nome de um belo animal,
parecido com o veado. Tabita parece ter sido tão bela
como boa, e todo o seu tempo evidentemente era gasto
em dar conforto e felicidade a outros. Fazia benefício
aos pobres, dando-lhes agasalhos e roupas que ela mes -
ma fazia. Mas um dia ficou doente e todos os seus inú -
meros amigos ficaram muito preocupados. Quando
sua doença piorou e ela morreu, os seus corações
enche ram-se de tristeza. Entre os que choravam,
haviam al gumas viúvas a quem Tabita havia
confortado. Esta vam mesmo muito tristes, como toda
a Igreja em Jope. Após terem lavado cuidadosamente
o corpo, foi este le vado a um quarto a]to.
Não fizeram nenhuma cerimónia fúnebre, pois al -
guns dos discípulos ouviram dizer que Pedro estava
ern Lida, e "lhe mandaram dois varões, rogando-lhe
que não se demorasse em vir ler com eles".
Pedro consentiu em atender seu pedido e foi ime -
diatamente a Jope. "... e quando chegou, levaram-no
ao quarto alto e todas as viuvas o rodearam chorando
e mostrando as túnicas e vestidos que Dorcas fizera
quando estava com elas" e, sem dúvida, entre seus so -
luços, louvando as virtudes da irmã que partira.
Seguindo o exemplo de seu Mestre quando a pe -
quena filha de Jairo voltou à vida, Pedro pediu a
todos que estavam no quarto que saissem. Ele então
ajoe lhou-se e orou. ^ 7irando-se para o corpo, disse:
"Tabi ta, levanta-te".
— 84 —
— 86 —
— 87 —
LIÇÃO 16 O TERCEIRO
APRISIONAMENTO
"Aqueles que procuraram a Deus, jamais
o fizeram em vão".
"Não faça aquilo sobre o que não puder
orar pela benção de Deus. Um segredo que
não dirias a Deus é um segredo que
deveria ser afastado de teu próprio co -
ração".
—x. x. x. x—
Após haver completado seu trabalho em Lida, Jope
e nas cidades adjacentes, Pedro voltou a Jerusalém e
continuou em seu trabalho sincero no ministério.
f/m Rei iníquo. — Mas havia um rei iníquo que
governava a Judéia naquela ocasião, chamado Herodes
Agripa, que "estendeu as mãos sobre alguns da igreja,
para os maltratar". Era o neto de Herodes o Grande,
que, como nos lembramos, matou todas as criancinhas
em Belém em seus esforços para matar o pequeno me -
nino Jesus. Era também sobrinho de Herodes Anlipas,
o rei iníquo que mandou cortar a cabeça de João Ba-
tista. Herodes Agripa, tinha as mesmas paixões iníquos
de seu avô e de seu tio; assim, naturalmente, odiava e
desprezava os homens direitos que, ao pregar o Evan
gelho, condenavam o pecado e a iniquidade.
Pedro é joç/ado na prisão. — O primeiro apóstolo a
sofrer pela iniquidade do rei Agripa, foi Tiago, irmão
de João, a quem ele matou "à espada". Quando v i u
que Isso agradara aos judeus orgulhosos, pensou nu
— 89 —
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— 93 —
LIÇÃO 17 CENAS FINAIS DE UM
GRANDE MINISTÉRIO
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Segunda Parte
TIAGO
— 99 —
LIÇÃO TIAGO -O FILHO DE ZEBEDEU
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TERCEIRA PARTE
JOÃO
LIÇÃO 19 COM O
REDENTOR
— x. x .x. x —
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LIÇÃO 20
—x. x. x. x—
No mar da Galiléia — João foi um dos que, após a
morte e ressurreição de Jesus, quando Simão Pedro
disse: "Vou pescar", responderam: "Também nós va -
mos contigo". Labutaram toda a noite e nada apanha -
ram, mas quando a manhã veio, um homem que se
achava na praia lhes disse: "Lançai a rede para a ban -
da direita do barco". Isto eles fizeram imediatamente e
apanharam uma enorme quantidade de peixes. Quasi
imediatamente João reconheceu Jesus e disse a Pedro:
"É o Senhor".
Apascenta as minhas ovelhas — Um pouco mais tarde,
na praia, ele ouviu a admoestação a Pedro, para
apascentar ovelhas e cordeiros no rebanho de Cristo e
sem dúvida João partilhava do sentimento de respon -
sabilidade que então foi atirado sobre os Doze.
Foi nesta ocasião que Pedro perguntou a Jesus o
que aconteceria a João a que Jesus deu a significativa
resposta: "Se eu quero que ele fique até que eu venha,
que te importa a ti?" "Segue-me tu".
Uma profecia — Divulgou-se pois entre os irmãos
este dito, que aquele discípulo não havia de morrer,
Jesus, porém, não lhes disse que não morreria, mas: Se
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LI C ÃO 21
ULTIMAS CENAS DO
MINISTÉRIO
"O amor era para a sua alma não sòmen-
le uma parte de sua existência, mas o to -
do, o verdadeiro alento de seu coração.
—x. x. x. x—
Passam-se 18 anos — O importante conselho men -
cionado no último capítulo, foi realizado cerca de 50
anos depois do nascimento de Cristo (50 D.C.). Duran -
te os próximos 18 anos, João parece ter estado fora de
vista. Nada se sabe sobre o que ele fez ou onde esteve.
Presume-se que tenha deixado Jerusalém e raramente,
voltado, se é que o fez. Se assim foi, podemos concluir
que Maria, a mãe de Jesus também tenha saído de Je -
rusalém deixando-a e a todos os seus queridos paren -
tes e amigos na terra, para um feliz, e glorioso encon -
tro com o seu Filho, em seu lar celestial nas alturas. O
amor e a atenção que João dedicou a Maria podiam
ser dedicados inteiramente à Igreja que agora levava o
nome de seu Filho.
Sem dúvida ele visitou todos ou quasi todos os
lugares importantes onde os cristãos habitavam; mas
a maioria de seus últimos anos parecem ter sido pas -
sados na Ásia Menor.
Em Éfeso — A tradição nos informa que ele fez
seu lar em Éfeso, uma cidade grande e populosa de
lona, cerca de 40 milhas de Smirna. Era notória prin -
cipalmente por sua iniquidade e por seu belo templo
dedicado a Diana. Alguns dizem que Maria mãe de Je -
sus e Maria Madalena, foram a Éfeso com João, e lá
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QUARTA PARTE
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de. Sem dúvida, uma boa mãe ele tinha, pois todos os
grandes homens foram abençoados com mães nobres.
Não sabemos, entretanto, se tinha algum irmão; mas
sabemos que tinha pelo menos uma irmã, a quem ele
sempre amou e para quem foi um irmão verdadeiro e
nobre toda a sua vida.
Um bom estudante — Saulo era um bom estudan-
Ic, e frequentou escola provtàvelmente desde os seis
anos de idade, até se tornar um homem. Mas naqueles
dias. os meninos não tinham livros. Limitavam-se a
ouvir o que lhes era dito pelo professor, lembrá-lo, e
tentar repeti-lo quando lhes pedissem que o fizessem.
O principal estudo na sala de aula, naquele tempo, era
o das santas escrituras. Naturalmente, eles não tinham
a Bíblia como a temos agora, mas tinham o Velho Tes -
tamento e podiam aprender tudo sobre Abrão, Isaque,
e Jacó, os filhos de Israel. Rei Saul. o Rei Davi. o Rei
Salomão e os profetas. Assim, ele aprendeu desde cedo
e aguardar a vinda do Messias que seria Rei dos Ju -
deus.
Fariseus e Saduceus — Entre os judeus encontra -
vam-se diferentes seitas ou religiões, sendo as princi -
pais a dos Fariseus e Saduceus. Nos dias de Saulo, a
geita dos fariseus era a mais popular de todas elas, e
tinham eles os mais altos postos no governo do Estado
e na igreja. Acreditavam na lei oral dada por Deus a
Moisés, bem como na lei escrita. Acreditavam tam bém
na ressurreição do corpo. Mas oravam longa c
frequentemente, não somente nas sinagogas e no tem -
plo, mas nas ruas, para que pudessem ser ouvidos pê -
los homens. Também em outras coisas eram muito hi -
pócritas.
Os saduceus não aceitavam a ressurreição do cor -
po. Veremos, mais tarde, como Saulo usou com vanta -
gem a diferença de crença destas duas seitas.
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LIÇÃO 23 A
CONVERSÃO DE SAULO
"Melhor é estar errado com sinceridade do
que certo com falsidade".
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LIÇÃO 2A EM
OUTRA ESCOLA
"Todo o cabedal de conhecimento cai co -
mo um medifício ante uma única palavra
— Pé".
—x. x. x. x—
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FUGA DE DAMASCO
Assim que ele volou à cidade em que havia sido
convertido, começou a pregar novamente nas sinago -
gas. Novamente os Judeus começaram a disputar com
ele, e novamente ele os confundiu. Dia após dia, e se -
mana após semana a controvérsia religiosa
prosseguiu até que os judeus não puderam mais
aguentar e "to maram conselho entre si para o
matar".
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LIÇÃO 25 MENSAGEIROS
ESPECIAIS A JERUSALÉM
"Deus ordenou aos homens, necessitando
estes uns dos outros, a se amarem mutua -
mente, e a carregaem as cargas do pró -
ximo".
"Lamentar os infortúnios, é somente hu -
mano; aliviá-los é divino".
—x.x.x.x—
Ágabo — Enquanto Saulo e Barnabé estavam na
Antióquia, vieram profetas de Jerusalém, um dos quais
era chamado Ágabo. Acredita-se que ele tenha sido um
dos setenta escolhidos pelo Salvador; mas exatamen-te
que grau do sacerdócio ou que posição na Igreja ele
ocupava, não sabemos ao certo. Mas ele deve ter sido
um homem direito, e cheio do Espírito Santo, pois
podia prever através de inspiração do Espirito, coisas
que outras pessoas, por sua própria inteligência, não
podiam ver. No tempo do qual falamos, ele profetizou
que "haveria uma grande fome em todo o mundo".
Ofertas aos pobres -— Os discípulos tinham fé em
Ágabo e acreditavam ser verdadeiro o que ele dizia.
Conheciam alguns santos na Judéia, que não poderiam
suportar a fome; muitos deles haviam dado tudo o que
possuíam à Igreja; assim "os discípulos determinaram
mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos
irmãos que habitavam na "Judéia". Saulo e Harnabó
foram escolhidos como mensageiros de socorro.
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LIÇÃO 26 PRIMEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA
—x. x. x. x—
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K M >PAFOS
ELIMAS, O ENCANTADOR
Um encantador rejeita o evangelho. — Vivendo em
casa do preconsul, na ocasião, havia um homem que
não era sincero e que dizia ser um encantador. Ele
rejeitou a mensagem de Saulo e opoz-se aos seus ensi -
namentos. Barjesus era o seu verdadeiro nome e era
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EM PAMFÍLIA
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NA PISÍDIA
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LIÇÃO 27
—x. x. x. x—
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LIÇÃO 28 UMA
GRANDE CONTROVÉSIA
Textos: Atos 15 1-35.
"A união dos cristãos em Cristo, sua ca -
beça comum, por meio da influência que
dele emana, pode ser ilustrada por um
imã. Não somente junta as partículas de
ferro a si mesmo por sua virtude magné -
tica, mas também por esta virtude as une
umas às outras".
—x.x.x.x—
Os judeus espalhados pelo império — Ao seguirmos
Paulo e Barnabé em sua primeira viagem missio nária,
notamos que em quase todas as cidades que visi taram
Judeus e que judeus estavam espalhados por quase
todo o império romano. Estavam nas costas e Ühas da
Ásia ocidental, no litoral do Mar Cáspio, e alguns se
encontravam até mesmo na China.
Os judeus mantinham-se em sua religião — Mas não
importa onde o judeus vivesse, ele sempre manti nha
sua religião e estudava cuidadosamente a Lei de
Moisés. Foi isto que Tiago quiz dizer quando disse
"Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade
quem o segue, e cada sábado é lido nas sinagogas". Sua
religião os ensinava a não se misturarem com os gen tios
em casamento ou intercurso social.
Os gentios, por outro lado, olhavam com desprezo
para os judeus, enquanto as festividades alegres e li -
cenciosas da adoração grega e romana fazia com que
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A QUESTÃO É AGITADA
A Igreja é agitada — Mas havia muitos judeus na
Igreja que não criam nisto e a única condição sob a
qual aceitariam um gentio, era que estes deveriam
também obedecer à religião mosaica. Quando esta
classe de Cristãos ouviu que Paulo e Barnabé haviam
batizado centenas de gentios .ficaram muito agitados
em seus sentimentos, e alguns deles foram a Antióquia
e começaram a pregar, primeiro particularmente e de -
pois publicamente, que a menos que os gentios obede -
cessem um certo rito judeu, não poderiam ser salvos.
Paulo e Barnabé haviam dito aos Santos que a obediên -
cia ao Evangelho de Cristo salvaria os Gentios da mes -
ma forma que os judeus e que os gentios não tinham
que se tornar judeus. Estes homens do principal ramo
da Igreja declararam que Paulo e Barnabé estavam
errados. Sem dúvida aqueles que dentre os gentios se
voltaram para Deus estavam perturbados e perplexos.
A controvérsia se tornou tão aguda que ameaçou de
afastar alguns da Igreja.
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LIÇÃO 29
PAULO INICIA SUA SEGUNDA VIAGEM
MISSIONÁRIA
"O homem deveria confiar em Deus, co mo
se Deus cuidasse de tudo, e não obs tante,
trabalhar tanto como se ele mesmo fizesse
tudo".
—x. x. x. x—
Paulo deseja visitar os ramos — Depois que Silas e
Judas Barsabás permaneceram na Anüóquia por al -
gum tempo "ensinando e pregando a palavra do
Senhor" com Paulo e Barnabé e "muitos outros",
Judas prova velmente retornou a Jerusalém, e "pareceu
bem a Si Ias ficar ali". Dois anos se passaram desde
que Paulo e Barnabé haviam voltado de sua primeira
missão e Paulo quiz visitar novamente as igrejas que
eles ha viam estabelecido naquela memorável viagem.
Assim, um dia ele disse a Barnabé: "Tornemos a
visitar nos sos irmãos por todas as cidades em que j/á
anuncia mos a palavra do Senhor, para ver como
estão".
Desacordo — Barnabé logo consentiu, mas disse
"Vamos levar meu primo João Marcos conosco".
"Não", respondeu Paulo, "não adianta levar Marcos
conosco pois ele se afastou de nós em Pamfilia e não foi
trabalhar conosco".
Separação — Mas Barnabé sabia porque Marcos
havia feito aquilo e tinha certeza de que ele não de -
sistiria desta vez. Paulo contudo não consentiu e assim
estes dois grandes missionários concordaram em se se -
parar e cada um tomar seu próprio companheiro. Bar-
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LIÇÃO 30
EM FILIPOS
—x. x. x. x—
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LÍDIA
A PITONISA
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AÇOITADOS E APRISIONADOS
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SUA CONVERSÃO
Umai pergunta muito importante — Talvez ele tivesse
ouvido a pitonisa dizer, "estes homens são servos do
Deus Altíssimo", pode ser que os tivesse ouvido
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LIÇÃO 31 NA
MACEDÔNIA
—x.x.x.x—
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ARMA-SE A TEMPESTADE
Quando os judeus descrentes viram grande
núme ro de pessoas aceitarem este novo Evangelho,
ficaram enciumados e zangados. Dirigiram-se a uma
classe bai-
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EM BERÉIA
Muitos aceitam o evangelho — A perseguição e o
sofrimento não mais podiam deter estes inspiradores
Élderes em sua pregação; assim, logo que chegaram a
Beréia "foram à sinagoga dos judeus". Os judeus da qui
eram mais nobres do que os da Tessalônica, e dis-
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A TEMPESTADE OS SEGUE
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LIÇÃO 32EM
ATENAS E CORINTO
"Algumas vezes um nobre fracasso serve
ao mundo tão fielmente como um grande
sucesso".
"Na vida não há maior bênção do que a
de ter-se um amigo prudente".
—x. x. x. x—
Solidão. — Talvez poucos dos que leram este livro
tenham tido a oportunidade de ficar sozinhos, mesmo
por pouco tempo, numa cidade estranha; mas pode ser
que alguns de seus parentes o tenham feito. Se assim é,
poderão saber como se pode sentir sozinho, mesmo
quando se está entre uma grande multidão, numa cida -
de extranha, e sem a amizade das pessoas que o ro -
deiam. Esta deve ter sido a condição de Paulo depois
que se despediu de seus irmãos e caminhava pelas ruas
de Atenas, sozinho.
Esta solidão o impressionou tanto que posterior-te
escreveu aos Tessalonicenses dizendo que fora dei xado
só em Atenas. Ele enviou uma ordem a Beréia, para que
"Silas e Timóteo fossem ter com ele o mais depressa
possível" mas até que eles chegaram, ele era o único
cristão na grande cidade pagã.
Estátuas e divindade. — Ao caminhar através das
ruas de Atenas, Paulo viu muitas estátuas e monumen -
tos erigidos em homenagem a homens e a deuses mís -
ticos. Algumas destas eram as estátuas de grandes ho-
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LIÇÃO 33
—x. x. x. x—
Uma Promessa. — Quando Paulo se deteve em
Éfeso a caminho de Jerusalém, como mencionamos na
lição anterior, os Judeus a quem ele pregou pediram-
lhe que permanecesse um pouco mais entre eles. Não
sendo possível atendê-los, prometeu voltar novamente,
se Deus quizesse. Esta promessa, como veremos, Pau lo
cumpriu literalmente.
Saudações à Igreja. — Não sabemos se ele chegou a
Antióquia em tempo de estar presente à Páscoa. So mos
levados a crer que não o fez, pois tudo o que sabe mos
de sua visita é que ele saudou a Igreja e continuou para
Antióquia.
Início da Terceira Viagem. — Após ter ficado algum
tempo com a importante Igreja da Antióquia, Paulo
iniciou sua terceira viagem missionária. É difí cil
determinar exatamente o curso que ele seguiu, mas
desde que Lucas nos conta que ele esteve "cm todo ò
país da Galácia e Frigia", podemos concluir com segu -
rança que ele visitou sua cidade natal, Tarso, bem como
as cidades de Derbe, Listra, Icônio e possivelmen te
Antióquia na Pisídia. O bom povo da Galácia tam-
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LIÇÃO 34
— 185 —
Paulo, Timóteo e Silas pregaram pela primeira vez às
mulheres que se achavam às margens do rio. Lídia e o
carcereiro e um enorme grupo de outros membros
fiéis / estavam todos lá para relembrarem a sua prisão,
seu açoitamento, o tronco, os hinos cantados à meia
noite, o terremoto, o temor das autoridades e todas as
mara vilhosas experiências daquela primeira visita a
Filipos.
.A depressão de Paulo — Não obstante, apesar da
boa acolhida, Paulo diz: "a nossa carne não teve re -
pouso algum, antes em tudo fomos atribulados: por
fora combates, temores por dentro. Mas Deus, que
con sola os abatidos, nos consolou com a vinda de Ti
to". (II Cor. 7:6).
Segunda epístola aos Coríntios — Tito contou-lhes
que os membros da Igreja em Corinto que não
estavam agindo direito foram excomungados e que
muitos dos santos haviam melhorado. Ao ouvir isto,
Paulo escre veu outra carta a eles (a segunda epístola
aos corin-tios) e mandou Tito de volta com ela.
Ofertas — Tito parece ter sido um dos principais
em arrecadar contribuições para o socorro dos pobres
na Judéia. Quando voltou a Corinto continuou a fazer
arrecadações para Paulo levar a Jerusalém em futuro
próximo. (II Cor. 8)
A próxima vez que ouvimos de Paulo, ele se en -
contrava em Corinto. Aí ele ouve que os Gaiatas esta -
vam dizendo que ele não era um apóstolo porque Je -
sus não o havia escolhido como um dos Doze. Assim,
ele escreveu uma carta aos Gaiatas, na qual ele diz:
Os Gaiatas são reprovados — "Maravilho-me que
tão depressa passásseis daquele que vos chamou à
graça de Cristo para outro evangelho". (Gal. 1:6)
Então ele admoesta a não aceitarem qualquer
outro Evangelho, pois qualquer que pregar outro
Evan gelho, "seja anátema" (amaldiçoado).
Aqui ele também escreveu sua espístola aos ro -
manos.
— 186
Paulo preparou-se para ir à Palestina,
dirclnmm- te de Corinto, mas soube que estava sendo
tramado um plano para tirar sua vida. Para frustá-lo,
ele volln polo mesmo caminho até a Macedônia.
Quando o grupo chegou novamente a Filipos, Timóteo
e vários ou lios seguiram na frente para Troas. Paulo e
Lucas permii- neceram por algum tempo e depois
juntaram-se novii-mente ao grupo em Troas.
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Em Assos ele embarcou e navegou até Mitilene,
daí a Chios e depois para Samos, e permaneceram em
Tro-gilio cerca de uma milha de lá.
Em Mileto — No dia seguinte, Paulo passou de na -
vio por Éfeso, julgando que não teria tempo para visi -
tar os Santos, pois queria estar em Jerusalém no dia de
Pentecostes. Mas quando chegou a Mileto, a algu mas
milhas de Éfeso, enviou uma mensagem para que os
Élderes da Igreja viessem ter com ele. Isto eles fi zeram
com toda a satisfação e ouviram com intenso interesse
suas palavras, (veja Aios 20:17-35)
"E havendo dito isto pôs-se de joelhos e orou com
todos eles".
Aquele pequeno grupo de cristãos reunidos num
lugar obscuro na praia, apresenta às nossas mentes
uma das mais belas figuras do mundo, e sua saudação
de despedida uma ds mais impresionantes e patéticas.
Uma triste despedida — Quando o querido após tolo
estava para de(ixtá-los, "Levantou-se um grande
pranto entre todos e, lançando-se ao pescoço de Paulo,
o beijavam, entristecendo-se muito, principalmente pe -
la palavra que dissera, que não viriam mais o seu ros -
to". Parecia que eles não podiam suportar a dor de vê-
lo partir. Agarraram-se a ele até mesmo quando
embarcou e foi com dificuldade que seus companhei ros
conseguiram afastá-lo.
Uma cena semelhante verificou-se em Tiro, onde o
grupo permaneceu sete dias. Enquanto Paulo visita va e
confortava os Santos ali, eles o aconselhavam a não ir a
Jerusalém onde sua vida estaria em perigo. Mas Paulo
não se deixou convencer.
Quando chegou a hora da despedida, os homens,
mulheres e crianlças, todos foram com Paulo e seu
grupo até a praia. Ali se ajoelharam, oraram e fizeram
as despedidas. Paulo e seus companherios embarca-
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ram e os Santos tristemente regressaram para seus
lares.
EM CESARÉIA
Em Cesaréia os missionários foram hospedados
por Filipe, o evangelista, um dos sete diáconos esco -
lhidos.
Uma profecia — Enquanto lá estavam, Ágabo, um
profeta, desceu de Jerusalém e após cumprimentar a
todos, tomou a "cinta de Paulo e ligando-se os seus
próprios pés e mãos, disse: Assim ligarão os judeus, em
Jerusalém, o varão de quem é esta cinta, e o en -
tregarão nas mãos dos gentios".
Ouvindo esta profecia, Lucas e o grupo de Pau lo
rogavam para que ele não fosse a Jerusalém. Mas
Paulo respondeu:
"Que fazeis vós, chorando e magoando-me o co -
ração? Porque eu estou pronto, não só a ser ligado,
mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Se -
nhor" ao que seus amigos responderam: "Faça-se a
vontade do Senhor".
De Cesaréia viajaram de carruagem até Jerusalém
onde foram recebidos festivamente pêlos irmãos
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LIÇÃO 35 EXCITANTES
EXPERIÊNCIAS EM JERUSALÉM
— 190 —
fosse a providencial interferência de um oficial
roma no.
Postada num castelo ao norte do templo havia
uma guarda de soldados, sob o comando de um
oficial chamado o "tribuno da corte".
Salvo da Morte — Quando alguém disse ao capi -
tão, cujo nome era Cláudio Lisias que havia
confusão na parte exterior do templo apressaram-se
os soldados para o local, chegando lá exatamente
quando a multi dão começava a bater e a pisar em
Paulo para que mor resse. Os soldados salvaram
'Paulo, mas o capitão, pen sando que era um
desordeiro, mandou que fosse acor rentado.
"Quem é e o que tem feito?" perguntou
Cláudio aos enraivecidos judeus.
Alguns gritaram uma coisa, outros outra, em tal
confusão que o tribuno nada poude compreender.
Assim, disse aos soldados: "conduzam-no à fortaleza".
Nos degraus do castelo — Ao levarem Paulo, a
multidão, agindo como lobos atrás da presa,
acompa nhou-os, gritando: "Mata-o". Ao subirem os
degraus da fortaleza, Paulo, faiando em grego, disse
ao tri buno :
— É-me permitido dizer-te alguma coisa?"
— "Sabes o grego", respondeu o capitão, "Não
és porventura aquele egípcio que antes destes dias fez
uma sedição e levou ao deserto quatro mil salteado -
res?"
— "Sou um homem judeu, cidadão de Tarso, ci -
dade não pouco célebre na Sicília: rogo-te, porém
que me permitas falar ao povo".
Na esperança de saber alguma coisa a respeito
do motim, o tribuno deu seu consentimento. Paulo
vol tou-se à multidão e pediu-lhes que fizessem
silêncio. Cessaram de gritar, especialmente quando
ouviram que Paulo falava em hebreu, sua própria
língua (Leia todo o discurso, como se acha registrado
em Atos 22:1-21)
— 191 —
A palavra "gentios" — Os judeus ouviram em si -
lêncio até que ele mencionou a palavra "gentios". En -
tão eles gritaram: "Tira da terra um tal homem, por -
que não convém que viva". Em seu rancor, arranca -
ram suas vestes e jogavam pó no ar para mostrar o
quanto o odiavam.
Paulo é açoitado — Estando ainda em dúvida
quanto ao que Paulo havia feito, o tribuno mandou
que ele fosse levado para dentro da fortaleza e o açoi -
taram até que Paulo dissesse porque os judeus grita -
vam tanto contra ele. Ao prenderem-no para açoitá-
lo. Paulo disse ao centurião que estava ao seu lado:
"É-vos lícito açoitar um romano, sem ser
condenado?"
Ouvindo isto o centurião correu ao tribuno dizen -
do: "Vê o que vais fazer, porque este homem é ro -
mano". Então o tribuno veio e disse a Paulo:
— "Dize-me, és tu romano?"
— "Sim", respondeu Paulo.
— "Eu com grande soma de dinheiro alcancei es -
te direito de cidadão", respondeu Cláudio.
— "Mas eu sou-o de nascimento", respondeu or
gulhosamente Paulo.
Quando eles ouviram isto, aqueles que iam tortu -
rá-lo afastaram-se dele e o tribuno também se pertur -
bou, pois que não tinha o direito de acorrentar um ci -
dadão romano que não tenha tido um julgamento jus -
to.
— 192 —
Ao ouvir isto, Ananias enfureceu-se e disse aos que
estavam ao lado de Paulo:
— "Firam-no na boca".
— "Deus te ferirá, parede branqueada", respon -
deu Paulo com repentina fúria, "tu estás aqui
assenta do para julgar-me conforme a lei, e contra a
lei me mandas ferir?"
Aqueles que estavam sentados ao lado de Paulo,
disseram: "Injuriais o sumo-sacerdote de Deus?"
Então, Paulo, controlando seus sentimentos, disse:
— "Não sabia, irmãos, que era o sumo-sacerdote:
porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu
povo.
Duas Seitas — Paulo então notou que no conse lho
haviam dois grupos, alguns fariseus e outros sadu-
ceus; assim, falando sabiamente sobre a ressurreição,
conquistou os fariseus para o seu lado, que disseram:
"Nenhum mal achamos neste homem, e, se algum espí -
rito ou anjo lhe falou, não resistamos a Deus". Isto
enfureceu os fariseus e as duas seitas começaram a
discutir e tanto se enfureceram que o tribuno, temen -
do que eles esfacelassem Paulo, mandou que seus sol -
dados Q levassem de volta à fortaleza.
Na noite seguinte, quando Paulo ainda estava no
castelo, o Senhor surgiu ao seu lado e disse:
Conforto Divino — "Paulo, tem ânimo: porque,
como de mim testificaste em Jerusalém, assim
importa que testifiques também em Roma".
Conjuração assassina — Na manhã seguinte, cer -
ca de quarenta desses judeus enraivecidos, ligaram-
se por um juramento, de que não comeriam e nem
bebe riam enquanto não matassem Paulo. Para isto
real i/a r, disseram ao sumo-sacerdote: "conjuramo-
nos, sol) poiui de maldição, e nada provaremos até que
matemos ;i 1'an Io. Agora, pois, vós, como conselho,
rogai no Irilmno que v<Ho traga amanhã, como que
querendo snlx-r
— 193 —
mais alguma coisa de seus negócios e, antes que che -
gue, estaremos prontos para o matar".
Mas o filho da irmã de Paulo soube da conjura -
ção e indo à fortaleza, contou, a seu tio tudo o que sa -
bia. Após ouvir a história de seu sobrinho, Paulo cha -
mou um dos centuriões e disse: "Leve este mancebo
ao tribuno, porque tem alguma coisa que lhe comuni -
car". O centurião fez como lhe havia sido dito e
disse ao tribuno:
— "O preso Paulo, chamando-me a si rogou-me
que te trouxesse este mancebo, que tem alguma
coisa que te dizer".
— "Que tens a me contar?" perguntou o
tribuno.
"Os judeus combinaram rogar-te que amanhã
leves Paulo ao conselho, como que tendo de inquirir
dele mais alguma coisa, mas tu não creias porque
mais de quarenta homens dentre eles lhe andam
armando ciladas: os quais se obrigaram, sob pena de
maldição, a não comerem nem beberem até que o
tenham morto.
O tribuno acreditou no que lhe dizia o jovem e
disse:
— "Não contes a ninguém que me mostrastes es -
tas coisas".
E chamando dois centuriões, disse:
— "Aprontai para as três horas da noite,
duzentos soldados, setenta cavaleiros e duzentos
arqueiros para irem até Cesaréia. Aparelhai as
cavalgaduras, para que pondo nelas a Paulo, o levem
a salvo ao presidente Félix".
Cláudio escreveu então uma carta ao
Governador Pélix, explicando brevemente porque
Paulo lhe estava sendo enviado (Atos 23:25-30).
Mandou também um recado aos acusadores de
Paulo, dizendo que fossem ao governador fazerem
suas queixas.
— 194 —
Quando Paulo, são e salvo, apareceu diante de Fé-
lix, o governador, este lhe perguntou:
— "De que província sois?"
— "Da Silícia", respondeu Paulo.
"Ouvir-te-ei, disse, quando também aqui vieram
os teus acusadores".
Paulo foi então colocado na sala de julgamento de
Herodes, até o seu julgamento cinco dias mais tarde.
Preso — Assim, a vida de Paulo, dentro do curto
espaço de alguns dias, havia sido salva por duas vezes
daqueles que queriam matálo. Deus lhe havia fa lado
dizendo: "Paulo, tem ânimo" e apesar de ainda ser um
prisioneiro, havia paz em sua alma pois ele sabia que
somente havia feito o que era certo e que Deus
aprovava suas ações.
— 1 95 —
LIÇÃO 36 DOIS ANOS
EM PRISÃO
—x. x. x. x —
PERANTE FÉLIX
196 —
— "Porque sei que já vai para muitos anos que
desta nação és juiz, com tanto melhor ânimo respondo
por mini. Pois bem podes saber que não há mais de
doze dias que subi a Jerusalém a adorar, mas nego que
tenha disputado com qualquer homem ou que tenha
amotinado o povo, nas sinagogas nem na cidade. Nem
tão pouco podem provar as coisas de que agora me
acusam. Mas confesso-te isto: que, conforme aquele
caminho que chamam seita, assim sirvo ao Deus de
nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos
profetas, e na ressurreição dos mortos, tanto para os
justos como para os injustos. E por isso procuro
sempre ter uma consciência sem ofensa tanto para com
Deus como para com os homens".
Inocente, mas prisioneiro. — íPaulo falou com tan to
entusiasmo e sinceridade que Félix se convenceu de
que falava a verdade. Quando ele concluiu, Félix sabia
que era inocente, mas, com medo de desagradar os
judeus, que como ele via, odiavam a Paulo, disse aos
oficiais que mantivessem Paulo prisioneiro, mas que
lhe dessem alguma liberdade, e que permitissem que
seus amigos viessem vê-lo. Assim Ananias e Tér tulo
tiveram que voltar a Jerusalém sem ter visto Paulo
punido. Eles ainda esperavam, contudo, fazer com que
fosse açoitado ou morto.
Perante Félix e Druscila. — Vários dias mais tarde,
Félix e sua esposa Druscila, uma judia, chamaram
Paulo perante eles para ouvirem a respeito de sua
dou trina cristã. Infelizmente o presidente e sua
cxpòsn não tinham vivido corretamente. E assim,
quando Paulo falou da "justiça e da temperança, e do
jui/ o vindouro, Félix, espavorido, respondeu:
— "Por agora vai-te e em tendo oporlunidiidc
Ic chamarei".
Félix não era um juiz justo, mas ijucrin
livrnrl Paulo. Queria porém dinheiro paru fa/.ê-lo.
<',liiiinnil|
— 197 —
o prisioneiro perante si muitas vezes e sugeriu que se
Paulo lhe desse dinheiro ele o libertaria; mas Paulo
desprezava a intimação de suborno.
Assim, durante dois anos Paulo permaneceu na
pri-ceu mas, durante aquele tempo ele pregou o
Evangelho a muitos de seus amigos e talvez a muitos
estranhos também. Quando Félix foi sucedido, "que -
rendo comprazer aos judeus, deixou a Paulo preso".
PERANTE FESTO
Outra conspiração perversa. — Félix foi sucedido por
Festo, que era uni presidente mais justo e honrado.
Festo permaneceu em Cesaréia cerca de três dias, e su -
biu para visitar Jerusalém. Então os sacerdotes prin -
cipais e outros tentaram envenenar sua mente contra
Paulo e perguntaram se podiam trazê-lo de Cesaréia
a Jerusalém para julgá-lo. O seu plano perverso era
matá-lo no caminho.
Mas Festo respondeu: "Este prisioneiro será man -
tido em Cesaréia e eu mesmo irei para lá. Quem den -
tre vós tem poder, desça comigo e prove que este ho -
mem é tão mau como dizem".
Paulo nega as acusações. — Dez dias mais tarde, em
Cesaréia, Festo assentou-se na cadeira do julgamen to e
mandou que trouxessem Paulo perante ele. No -
vamente acusaram Paulo de muitas coisas más, mas
não podiam provar nenhuma delas. Paulo
novamente respondeu por si mesmo, dizendo:
— "Eu não pequei em coisa alguma contra a lei
dos judeus, nem contra o Templo, nem contra
César".
Festo, desejoso de agradar os judeus e não
saben do que eles queriam matar Paulo, disse:
— "Queres tu subir a Jerusalém e ser lá perante
mim julgado acerca destas coisas?"
— "Estou perante o tribunal de César, onde
convém que seja julgado; não fiz agravo algum aos
judeus
— 198 —
como tu bem o sabes; ninguém me pode entregar a
eles, apelo para César.
Apelo a César. — Paulo, como já vimos, era um
cidadão romano, e portanto a lei lhe facultava o
direito de ser julgado em Roma, perante César, o
impe rador.
Então Festo, tendo falado com o conselho, disse a
Paulo:
—"Apelaste para César? Para César irás!" Assim
Paulo voltou <à prisão à espera de uma oca sião
favorável para ser enviado a Roma.
PERANTE O REI A GRIPA
Quando Paulo esteve cego logo após a sua visão, o
Senhor disse: "... este é para mim um vaso escolhi do,
para levar o meu nome diante dos gentios, e dos fi lhos
d'Israel".
Entre as pessoas a quem Paulo pregou o Evange -
lho, estava o rei Agripa e sua irmã Berenice. Agripa,
que reinava sobre parte da terra no lado este do rio
Jordão, fez uma visita a Festo; e o presidente aprovei -
tou a ocasião para falar com o rei a respeito de Paulo,
a maneira como tinha sido feito prisioneiro por Félix,
como os Judeus o acusavam, sem conseguirem provar
suas acusações; como ele se recusou a ir a Jerusalém e
como finalmente havia apelado para César. (Atos
25:13-22).
Disse Agripa: — "Festo, eu mesmo gostaria de
ouvir este homem".
— "Está bem", disse Festo, "amanhã o ouvirás".
Uma Assembleia Real. — Pela manhã, Agripa r
Berenice vieram com grande pompa", o que signifini,
sem dúvida, que ele estava vestido com sons mimlns de
púrpura e ela com suas jóias brilhantes c servidos por
escravos vestidos com cores berrantes. lira u n i u
— 199 —
assembleia real e a ocasião era solene, mas o persona -
gem mais real entre eles era o humilde prisioneiro que
apareceu em correntes para defender sua inocência e
buscar a justiça de sua causa.
O rei, olhando Paulo com mais curiosidade do que
desprezo, disse:
— "Permite-se que te defendas". Então Paulo,
dirigindo-se principalmente a Agri-pa, disse um
impressionante discurso, como se segue:
— "Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que
perante ti me haja hoje de defender de todas as coisas
de que sou acusado pêlos judeus; mormente sabendo
eu que tens conhecimentos de todos os costumes e ques -
tões que há entre os judeus; pelo que te rogo que me
ouças com paciência.
A minha vida, pois,desde a mocidade, qual haja
sido, desde o principio em Jerusalém, entre os de mi -
nha nação todos os judeus o sabem.
Sabendo mais de mim, desde o princípio (se o qui-
zerem testificar) que, conforme a mais severa seita da
nossa religião, vivi fariseu.
E agora pela esperança da promessa que por Deus
foi feita a nossos pais estou aqui e sou julgado, á qual
as nossas doze tribos esperam alcançar, servindo a
Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó
Rei Agripa, eu sou acusado pêlos judeus.
Pois que? julga-se coisa incrível entre vos que Deus
ressucite os mortos? Bem tinha eu imaginado que con -
tra o nome de Jesus nazareno devia eu praticar muitos
atos. O que também fiz em Jerusalém. E, havendo
recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei
muitos dos santos nas prisões e quando os matavam eu
dava o meu voto contra eles. "E, castigando-os muitas
vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar.
E, enfurecido demasidamente contra eles, até nas cida -
des estranhas os persegui. Sobre o que, indo então a
— 200 —
Damasco, com poder e comissão dos principais dos sa -
cerdotes, ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do
céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me
envolveu a mim e aos que vinham comigo. E, caindo
nós todos por terra, ouvi uma voz que falava, e em
língua hebraica dizia: Saulo, porque me persegues?
Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões. E disse
eu: Quem és, Senhor? E ele respondeu: Eu sou Jesus, a
quem tu persegues: Mias levanta-te e põe-te sobre teus
pés, porque te apareci por isto, para te pôr por
ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto
como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livran -
do-te do povo e dos gentios, para os quais agora te en -
vio. Para lhes abrires os olhos, e das trevas os conver -
teres à luz, do poder de Satanaz a Deus; afim de que
recebam a remissão dos pecados, e sorte entre os san -
tificados pela fé em mim.
"Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à vi -
são celestial. Antes anunciei primeiramente aos que
está em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da
Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se con -
vertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependi -
mento. Por causa disto os judeus lançaram mão de
mim no templo, e procuraram matar-me. Mas alcan
çando socorros de Deus, ainda até ao dia de hoje per -
maneço, dando testemunho tanto a pequenos como a
grandes, não dizendo nada mais do que o que os pro -
fetas a Moisés disseram que devia acontecer.
"Isto é, que o Cristo devia padecer, e, sendo o pri -
meiro da ressureição dos mortos, devia anunciar ;i l u/,
a este povo e aos gentios. E, dizendo ele islo cm sim
defesa, disse Festo em alta voz: — Estás louco, 1'imlo;
as muitas letras te fazem delirar. Mas ele disse 1: Nn<>
deliro, ó potentíssimo Festo; antes digo palnvrn.s «Ir
verdade e de um são juizo. Porque o rei, ilianu- de
quem falo com ousadia, sabe estas coisas, pois mm rn-iii
— 201 —
que nada disto lhe é culto; porque isto não se fez em
qualquer canto". (Atos 26:11-26).
— "Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Bem sei
que crês.
Então disse Agripa: — "iPor pouco me queres
persuadir a que me faça cristão".
— "Prouvera a Deus" disse Paulo, "que, ou por
pouco ou por muito, não somente tu, mas também to-
dos quantos, hoje me estão ouvindo se tornassem tais e
quais eu sou, exceto estas cadeias".
Após ouvir o grande discurso de Paulo, o rei e
sua irmã e o presidente retiraram-se para um lado e
disse ram que não havia motivo para manter Paulo
prisio neiro, pois ele nada tinha feito que merecesse
morte ou cadeias.
Bem se podia soltar este homem", disse Agripa a
Festo, "se não houvesse apelado para César".
— 202
Lição 37
A VIAGEM A ROMA
—x.x.x.x—•
Júlio, o Capitão Romano. — Em virtude do apelo de
Paulo a César, tornou-se necessário que ele fosse a
Roma, na Itália, onde vivia o imperador Romano. As -
sim, quando tudo estava pronto, e a passagem no na vio
garantida, Paulo e alguns outros prisioneiros em -
barcaram para Roma. Foi posto a cargo de um capitão
romano, chamado Júlio, um homem gentil, honrado, e
verdadeiro amigo de íPaulo. Ele reconheceu que o
apóstolo seu prisioneiro, era um homem grande e bom,
e possuia sabedoria superior ia dos mais sábios. Emo -
cionantes experiências se verificaram em sua viagem
que provaram a Júlio que Paulo não somente era sá bio,
mas também inspirado pelo Senhor. Não imporia onde
Paulo estivesse, em cuja companhia fosse coloon-do,
em paz, ou em perseguição, tendo diante de si a vida ou
ameaçado pela morte, ele sempre era o mesmo
esforçado pregador do Evangelho — um verdmlciro
servo de Seu Senhor e Mestre, Jesus Cristo. (•: por i^lo
que mesmo seus inimigos o respeitavam e o trmiimi «<
porque Júlio e outros homens honestos o ml mi r nv mn
e o amavam.
— 203 —
Companheiros. — Dois dos verdadeiros amigos de
Paulo estavam com eles, Lucas o douto historiador, e
Aristarco de Tessalônica. Navegando ao norte de Ce-
saréia, eles pararam um dia em Sidon, onde, por cor -
tesia de Júlio, Paulo desembarcou para ver seus ami -
gos que lá viviam. Que alegre e ao mesmo tempo tris te
reunião deve ter sido esta. De Sidon eles navega ram
para o norte, além da ilha de Chipre, daí para oeste,
além das praias da Ásia Menor. Em Mira, uma cidade
da Lícia, Júlio, o Centurião encontrou um na vio
navegando de Alexandria para a Itália e assim
transferiu seus prisioneiros do navio de Adranitum
para o de Alexandria. Este último navio estava carre -
gado de trigo destinado à Itália, vindo do Egito.
Bons Portos. — Durante muitos dias o navio mo -
veu-se vagarosamente em virtude de uma forte venta -
nia, mas finalmente chegou a uma ilha chamada Cre ta.
Seguiram a sua praia até que encontraram um an -
coradouro chamado "Bons Portos", perto da cidade de
Lasea. Como não era um bom lugar para passar o in -
verno, o proprietário decidiu navegar para outro
porto.
PAULO ADVERTE
— 204 —
grande mastro, em cuja cabeça passavam enormes cor.
das e uma grande vela. Era dirigido por dois limões.
Estando facilmente sujeito a fazer água, corria o peri -
go de adernar, apesar das cordas para amarrar o cas-
co, quando este se enfraquecia pelas tempestades. Na
proa estava pintado um olho, como que para procurar
a direção e vigiar contra perigos. Seus ornamentos
eram figuras de divindades pagãs, a quem os
marinhei ros idólatras e supersticiosos procuravam
para pedir proteção".
Na opinião de Paulo, seria perigoso tentar cruzar
o Mediterrâneo em tal barco, e ele sabia por
inspiração do Senhor que, se os marinheiros tentassem
fazê-lo. encontrariam o desastre.
Havia duzentas e setenta e seis pessoas a bordo
quando levantaram âncoras em Bons Portos e, conti -
nuaram sua viagem. O bom tempo e o vento favorá vel
prometiam uma viagem bem sucedida e segura; e sem
dúvida os marinheiros riam-se de Paulo por seus
temores.
Inicia-se a Tempestade. — Mas, de repente, tudo se
modificou. Um forte vento descendo das montanhas
pela praia, abateu-se sobre o navio e o fazia andar à
roda. Os marinheiros eram incapazes de controlá-lo e o
leme se desgovernou. Atraz do navio havia um pe queno
barco, que eles agora puxavam a bordo para que
quando o navio estivesse ameaçado de se despedaçar,
eles o amarrassem com cordas para que, não se esfa -
celasse e não fizesse água.
Mas, não obstante todos os seus esforços, o barco
começou a vazar e a ser levado para alto mar. Foi en -
tão que começaram a aliviar o barco. Mas ainda o veiu
to tempestuoso açoitava o navio e a chuva aliali»-sc
contra ele e o perigo de afundamento era imiiicnlo
aumentava sempre. As horas se prolongai ain pnn dias
e os passageiros e marinheiros esfomeados cniiii
nhavam aterrorizados dia e noite. No loivoiro din. n-
— 205 —
lata Lucas, "lançamos ao mar a armação do navio,
com as nossas próprias mãos", donde concluimos que
o na vio estava fazendo tanta água, que mesmo os
passagei ros auxiliavam a jogar para fora tudo o que
podia ser dispensado.
"E não aparecendo, havia muitos dias, nem sol
nem estrelas, e caindo sobre nós uma não pequena
tempestade, fugiu-nos toda a esperança de nos
salvarmos". Mesmo Lucas, parece, perdeu a coragem,
e estava a ponto de desistir.
Ttodos em desespero, com exceção de um. — Sem
alimentação regular, pois o que tinham estava prova -
velmente estragado, ensopados e gelados, o desespero
se apossou de todo o grupo. Mas havia uma exceção •
— (Paulo. Enquanto os outros estavam perdendo a es -
perança, empenhou-se em oração. Nem a falta de con -
forto e nem o perigo, nem a oposição aos seus conse -
lhos, nem tudo isto junto poderia perturbar sua
calma que tanto diferia do temor e da angústia que
havia ao seu lado. Havia um grande contraste entre o
inseguro navio e a sua firmeza; estava na escuridão
mas a luz divina subsistia nele. Ele distinguia entre a
fraqueza física e a força espiritual, entre os gritos
desesperados ao seu redor e a paz interior, entre os
olhos pintados na proa do navio e o olho que tudo via
e que estava com ele, entre as imagens ornamentais
de deuses fal sos e impotentes e o governador de todas
as coisas.
Em meio a este desespero e escuridão, Paulo le -
vantou-se e disse: "Fora na verdade razoável, varões,
ter-me ouvido a mim e não partir de Creta, e assim
evi tariam este incómodo e esta perdição. Mas agora
vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não
se per derá a vida de nenhum de vós, mas somente o
navio. Porque esta mesma noite o anjo de Deus, de
quem eu sou, e a quem sirvo, esteve comigo, dizendo:
"Paulo, não temas: importa que sejas apresentado a
César e eis que Deus te deu todos quantos navegam
contigo.
— 206 —
Portanto, ó varões, tende bom ânimo, porque creio
cm Deus que há de acontecer assim como a mini me
foi dito. É contudo necessário irmos dar numa ilhn".
A tempestade durou catorze dias; e então 11111:1 m>i
te os marinheiros pensaram estar se aproximando d:i
terra. Sondaram a profundida e viram que a íigim es -
tava a vinte braças. Dentro de algum tempo, mediram
novamente e verificaram que estava somente a 15 bra -
ças de profundidade e portanto sabiam que a terra uno
estava distante.
Os marinheiros tentam escapar. — Ancoraram na vio
e esperaram anciosamente pelo dia. Então alguns
marinheiros começaram a abaixar um pequeno barco,
fingindo estar lançando mais âncoras mas na verdade
tentando abandonar o navio e deixar tudo no navio
entregue à destruição. Quando Paulo descobriu seus
intentos, disse ao centurião":
Paulo os previne. — "Se estes não ficarem no na -
vio não podereis salvar-vos". Ao ouvir isto uns mari -
nheiros cortaram a corda e deixaram o barco cair c
deste modo aqueles não puderam fugir.
Conforto e Alimentos. — Quando estava amanhe -
cendo, 'Paulo dirigiu-se novamente à tripulação, man -
dando que comessem. "É já hoje o décimo quarto dia
que esperais e permaneceis sem comer, não havendo
provado nada. Portanto, exorto-vos a que comais al -
guma coisa, pois é para a vossa saúde; porque nem um
cabelo cairá da cabeça de qualquer de vós".
Ele então tomou pão e deu graças na presença de
todos e quando o partiu, começou a comer. Enconijn-
dos pela fé e segurança de Paulo, todos quebraram
seu jejum e então aliviaram o navio atirando o trigo
puni fora do navio.
Assim que veio a luz do dia, puderam ver lerni.
mas não sabiam que lugar era. Contudo, virnm um
regato que desembocava no mar, e concluirnin que po-
deriam levar seu navio em segurança paru n bnin. A1*-
— 207—
sim eles cortaram a âncora levantaram velas e
dirigi ram-se para a praia.
Como uni clímax de todos os desastres, o navio
ficou preso na areia. A proa enterrou-se fundo na
areia e a popa começou a se despedaçar.
O Navio afunda. — Havia uma lei romana que
dizia que um soldado devia tomar o lugar do
prisioneiro se permitisse que este escapasse; assim os
soldados te mendo que os prisioneiros pudessem
nadar para a praia e escapar, pediram ao centurião
para matar to dos os prisioneiros enquanto ainda
estavam a bordo. Mas Júlio, querendo salvar a vida
de Paulo se recusou a permitir que os prisioneiros
fossem mortos.
Alguns deles nadaram para a praia e,
auxiliando os outros, conseguiram salvar a todos —
nem uma só vida se perdeu, exceto o navio,
exatamente como Pau lo havia previsto.
A ilha era Malta, logo ao sul da Sicília. É
— 208 —
ram-se ao ver que nenhum dano veio a ele. Então mu -
daram de ideia e disseram que era um deus.
É pregado o evangelho. — Sem dúvida Paulo lhes
disse quem ele era, e pregou o Evangelho de Jesus
Cria-to a eles. Ficaram em casa de Públio, o chefe da
ilha, que também ouviu o evangelho e viu o poder do
Sacer dócio manifestado. Seu pai estava doente com
febre c muito mal. Paulo administrou-lhe virtude pela
impo sição das mãos e ele curou-se imediatamente. As
notícias destes milagres logo se esparramaram e o
resul tado foi que muitos que estavam doentes "vieram
também ter com ele e sararam".
"Os quais nos distinguiram também com muitas
honras", diz o historiador Lucas, "e havendo de nave -
gar, nos prouveram das coisas necessárias".
Semeadas as sementes da verdade. — Que bênção para
este povo foram os três meses que Paulo e seus
companheiros passaram lá, e que grande tristeza eles
devem ter experimentado ao se despedirem quando o
"Castri e Polux", o navio de Alexandria, levou Paulo
para sempre. Levou a ele, mas não às verdades que ele
ensinara. Estas permaneceriam com eles e, se fossem
aceitas, os abençoariam eternamente.
— 209 —
LIÇÃO 38
O MUNDO ENRIQUECIDO POR UM PRISIONEIRO
ACORRENTADO
"O Sangue dos mártires é a semente da
Igreja."
/
—x. x. x. x—
Antecipação versas Realização. — Alguns meninos da
escola reuniram-se um dia para discutir a ques tão: A
Antecipação dá mais prazer que a realização". Um do
lado dos que tentavam provar que a Antecipa ção dá
mais prazer, referiu-se a todas as experiências de um
menino no Natal, dizendo que o dia antes do Na tal que
é a véspera de Natal, sempre dá maior satisfa ção que o
próprio Natal — "Assim que o menino rece be seus
presentes, começa a lamentar-se que o Natal não seja
amanhã".
O menino expressou em seus modos simples, mais
ou menos o mesmo pensamento contido nesta sentença
de Emerson: "O homem olha para a frente com sorri -
sos, mas para traz com suspiros" ou, como outro autor
o descreve "O que esperamos é sempre melhor do que
o que gozamos".
Nem sempre é assim na vida; mas certamente de ve
ter sido isto o que aconteceu com Paulo e sua espe -
rada visita a Roma. Durante muitos anos ele havia
aguardado com prazer a ocasião em que pregaria o
Evangelho na famosa capital do grande Império Ro -
mano. Mas agora, ao aproximar-se da realização de
210 —
suas esperanças, é um homem velho, gasto pelo
traba lho e pela prisão, e um prisioneiro.
Contudo, não devemos concluir que ele não
tivesse conforto, ou que tivesse menos desejo de levar
seu tes temunho ao mundo, sua mensagem da divina
missão do seu Salvador. Ao contrário, ele
continuava a apro veitar toda oportunidade que
tinha para pregar o evan gelho eterno.
Siracusa. — Assim ele fez quando o Castri e Po-
lux ou "Os Gémeos" pararam a oitenta milhas ao
norto. de Malta, num lugar chamado Siracusa, a
antiga capi tal da Sicilia. É bem provável que Paulo
tenha pedido permissão para desembarcar e pregar
o Evangelho aos judeus e gentios que se achavam
naquela celebrada ci dade. Se isto aconteceu,
estamos certos de que Júlio acedeu ao seu pedido. De
qualquer modo, os Sicilianos posteriormente
clamaram que Paulo fundou uma Igre ja naquela
cidade.
Puteoli. — Sua próxima parada importante foi
na parte norte da bela baía de Nápoles, onde estava
situa da uma cidade chamada Puteoli; agora
conhecida como Pozzuoli. Ao entrar no porto, o
navio que levava Pau lo e seus amigos foi saudado por
uma multidão. Entre estes havia irmãos que
tinham vindo apresentar boas vindas e confortar o
missionário prisioneiro. Talve/ por um desejo de
Júlio de permanecer naquele local tempo suficiente
para se comunicar com Roma ou lal vez em
consideração a Paulo, o grupo permaneceu cm
Puteoli por sete dias, dando assim aos Éldcrcs
uma oportunidade de passar o domingo com os
sanlos na quele local. Como deve ter sido
refrescante para o es pírito de Paulo adorar mais uma
vez com aqueles «pie tinham o mesmo testemunho
do Evangelho «pie ele
tinha.
Tendo sido enviada uma mensagem tia f r e n t e , «pie
Paulo estava em seu caminho de 1 ' n t e o l i p a r a Kmmi.
muitos dos irmãos naquela c i d a d e p a r t i r a m p a i a en
— 211 —
contrar o amado e famoso missionário. Sem dúvida OF
Santos de Roma compreenderam que o espírito de Pau -
lo bem como o seu corpo deveriam estar gastos e can -
sados, e, como verdadeiros amigos, preparam-se para
recebê-lo. A verdadeira adversidade sempre encoraja
uma pessoa a ir a um amigo na adversidade mais do
que em prosperidade. Pode ser que eles tivessem que -
rido somente dar a ele uma acolhida real na sua cida -
de, pois ele era de fato um personagem real, apesar de
estar a ferros. Seja qual for o motivo, alguns dos ir -
mãos viajaram quarenta milhas e encontraram seu
amado apóstolo na praça d'Apio. Outro grupo o encon -
trou nas "Três Vendas", a trinta milhas de Roma. O
coração de Paulo estava tocado por esta manifestação
de amizade e verdadeira irmandade, e ele "deu graças
a Deus e tomou ânimo".
Sob guarda. — Quando o grupo alcançou a famo sa
capital do mundo antigo esta deve ter parecido a
Paulo como uma grande prisão; e quando seus
amigos dele se separaram para ir para suas casas e
ele para o seu lugar guardado, seu coração deve ter se
sentido bas tante pesado. Contudo, Júlio gentilmente
entregou seu prisioneiro ao capitão da guarda
pretoriana, a mais alta autoridade na cidade o
guarda encarregado de to dos os que deveriam ir à
presença do Imperador para julgamento. Felizmente,
Paulo não foi posto em pri são mas permitiram-lhe,
que morasse sozinho numa casa, sob a guarda
constante de um soldado. Ali ele gozou de toda a
liberdade possível a um prisioneiro; assim, fiel ao seu
espírito enérgico, ele descobriu mui tas oportunidades
para continuar sua pregação. Isto ele fez
primeiramente aos soldados a quem estava li gado
diariamente. Como eles se revezavam constante-
mente, teve ampla oportunidade para pregar a
verda de a muitos guardas e assim pregou
indiretamente ao próprio Imperador.
— 212 —
Apelo aos judeus. — Ele teve ocasião de também
pregar aos judeus. Chamou os chefes desta nação e
lhes contou porque ele era então um prisioneiro. "Na -
da havendo eu feito contra o povo ou contra os ritos
paternos", disse ele, "vim contudo preso desde Jerusa -
lém, entregue nas mãos dos romanos, os quais, haven -
do-me examinado, queriam soltar-me por não haver
em mim crime algum de morte. Mas opondo-se os
judeus, foi-me forçoso apelar para César",
"Por esta causa vos chamei, para vos ver e falar;
porque pela esperança d'Israel estou com esta cadeia".
Os judeus negam a mensagem. — Os judeus dis -
seram que nada tinham ouvido contra ele, mas "quan to
a esta seita (referindo-se aos Cristãos) notório nos é que
em toda a parte se fala contra ela". De fato, em Roma
como em todos os outros lugares, os judeus re cusaram
a mensagem do evangelho e obrigaram Paulo a
regressar aos gentios.
O Evangelho se divulga. — Durante cerca de oito -
centos dias, Paulo permaneceu prisioneiro aguardando
seu julgamento perante o Imperador. Durante este
tempo, ele pregou o Evangelho a centenas de soldados
que tinham um após outro lhe servido de guardas. Es -
tes, quando convertidos, convertiam outros e quando
enviados para as províncias romanas, espalhavam o
evangelho por novas terras, aumentando assim a área
sobre a qual a luz da verdade podia brilhar.
Mas esta não era a única maneira como ele irra diava
da habitação humilde do missionário prisionei ro.
Durante aqueles dois anos de reclusão, ele se man teve
em comunicação com as Igrejas da Europa e da Ásia.
Como não havia estradas de ferro, nem navios e nem
telégrafo, todas as cartas que recebia ou que en viava
eram levadas por um correio que viajava muito
vagarosamente por terra e mar, algumas vexes por
centenas de milhas. Mas ele tinha ólimos c dedicados
ami gos que o serviam e que estavam sempre prontos
para
— 213 —
levar suas mensagens. Alguns destes nós já conhece -
mos. Lucas, o fiel médico; Timóteo, seu filho no Evan -
gelho; João Marcos o que partiu com Paulo e Barnabé
em sua primeira missão; Aristarco de Tessalônica;
Epafrodito, um amigo da Macedônia; Onésimo, um es -
cravo pertencente ao amigo de Paulo, Filemon, e ou -
tros. Com estes servos fiéis como mensageiros, Paulo
escreveu cartas que são chamadas epistolas, que fize -
ram o mundo todo melhor e mais rico em conhecimen -
to da verdade. Estas cartas estão agora no Novo Tes -
tamento e são chamadas Epístolas aos Filipenses, a
Filemon, aos Colossenses, aos Efésios, etc.
Assim se tornaram as epístolas escritas por Paulo
na prisão romana, mensageiras aladas que podem voar
do este ao oeste em missão de amor.
Livre. — A certeza do que Paulo fez após ter sido
prisioneiro em Roma por dois anos, termina com a
afir mativa de Lucas de que ele "recebia todos quantos
vinham vê-lo, pregando o reino de Deus e ensinando
com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor
Jesus Cristo sem impedimento algum". Acredita-se,
contudo, que ele tenha finalmente recebido sua
liberdade e pregado em muitas terras, dizendo a
tradição que ele chegou mesmo a ir à Inglaterra.
Acredita-se que tenha sido durante esta viagem
missionária que ele escreveu sua primeira carta a
Timóteo, que havia sido indicado para tomar conta da
Igreja em Éfeso e também a carta a Tito que estava
com as Igrejas na ilha de Creta.
Preso novamente. — Cerca do ano de 64 A.D., con -
tudo, ele foi novamente preso em Roma. Somente um
ano antes os santos haviam sido perseguidos até à mor -
te pelo perverso Nero. Eles haviam sido atirados na
arena, devorados por animais selvagens, queimados
como tochas humanas e martirizados de outras formas
cruéis.
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Degolado. — Foi logo depois do incêndio de Ro ma
por este perverso imperador, que Paulo, o mais
enérgico de todos os missionários, após 30 anos de cons -
tante serviço no ministério, foi degolado. Um pouco
antes de sobrevir a morte, ele escreveu a Timóteo estas
belas e patéticas palavras: "Porque eu já estou sendo
oferecido por aspersão de sacrifício e o tempo da mi -
nha partida está próximo. Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da
justiça me está guardada a qual o Senhor, justo juiz,
me dará naquele dia; e não somente a mini. mas tam -
bém a todos os que amarem a sua vinda".
Ao inclinar sua cabeça para receber o golpe fatal,
sabemos que poderia ter dito em toda verdade:
"Sinto minha imortalidade sobrepujar todas as dores,
todas as lágrimas, todo o tempo, todos os temores e
penetrar, como os eternos trovões das profundezas,
nos meus ou vidos esta verdade — tu vives para
sempre!"
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