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A chegada do forasteiro
Foi justamente a Renault que indicou Carlos Ghosn, um brasileiro radicado em
Paris, para o cargo de interventor e salvador da Nissan. Aps a compra da sua
participao na empresa japonesa, a Renault convidou Ghosn (ento seu vice-
presidente de operaes) para assumir a empreitada. Ghosn aceitou e foi para Japo em maio de 1999. Recebeu todos
os poderes e toda a ajuda necessria, mas sabia que a sua era uma misso sem volta. Ou vencer, ou morrer. A Nissan
no teria outra chance e a sua carreira estaria comprometida para sempre.
Consenso
A mdia gerncia, apoiada no nemawashi (regra do consenso) dominava a situao. Era uma espcie de time do
Corinthians no tempo de Scrates, sem liderana. As decises s eram tomadas por consenso geral. Certa vez, para
fechar uma fbrica, levaram 26 meses. A casta mais poderosa era a dos engenheiros, que desenvolviam modelos que
nunca eram produzidos.
Os carros efetivamente lanados copiavam (mal) a Toyota, enquanto a Honda explodia. H anos a Nissan perdia
participao, mesmo com modelos mais baratos. O curioso que as fbricas da Nissan estavam entre as mais
produtivas do mundo. Ganhavam prmios de qualidade. Mas... faltava comando e agilidade.
Tratamento de choque
Diante dessa situao, Ghosn no tinha escolha. Optou por um tratamento de choque, simplesmente porque no havia
outro caminho a tomar. No entanto, de uma forma sutil, ele respeitou (e utilizou em seu proveito) algumas caractersticas
essenciais da cultura empresarial japonesa. Por exemplo, ele deu nfase aos grupos matriciais (por ele criados) para
discutir e implementar as mudanas necessrias.
Da mesma forma, estimulou todos os funcionrios a dar sugestes diretoria, coisa tambm tradicional no Japo. Mas
no resta dvidas de que o problema essencial estava longe de ser resolvido. A Nissan era (e ainda ) uma empresa
fechada s inovaes e s mudanas. As solues adotadas por Ghosn foram as mais indicadas para esses casos,
mas o risco do fracasso era muito alto, principalmente quando havia muitos executivos fazendo resistncia passiva,
como parecia ser o caso da Nissan.