You are on page 1of 148
O Segundo Advento... Rom. 12:1. Veja Fairbairn, Zypology Appendix, Vol. 1. Lb D BYIUR.- 13. Quem ser o juiz do mundo? Jesus Cristo, em Seu carater oficial como Mediador, em Suas duas naturezas, como o Deus-homem. Isso é evidente — 1° porque, em Mat. 25:31,32 0 Juiz é chamado “Filho do homem”, e em Atos 17:31, “o varao que (Deus) destinou” 2°, Porque as Escrituras declaram que Deus “deu ao Filho todo 0 juizo” e “o poder de exercer 0 juizo” — Joao 5:22,27. 3°. Porque, como Mediador, cabe-Lhe aperfeicgoar, completar e manifestar publicamente a salvacao do Seu povo ea destruicao dos Seus inimigos, junto com a gloriosa justica da Sua obra a respeito de uns e outros, 2 Tess. 1:7-10; Apoc. 1:7; e efetuar, assim, “a restauragdo de tudo” — Atos 3:21. E isso Ele fara pessoalmente, para que se torne mais manifesta a Sua gléria, seja maior a humilhacdo dos seus inimigos vencidos, e sejam mais completas as esperancas e 0 regozijo dos Seus remidos. 14. Quem sera julgado? 1°. A raga inteira de Adao, sem nenhuma excecao, de todas as geracées, condigées e caracteres, devendo comparecer cada individuo na inteireza da sua pessoa, “corpo, alma e espirito”. Os mortos serao ressuscitados e os vivos seraéo transformados simultaneamente — Mat. 25:31-46; 1 Cor. 15:51,52; 2 Cor. 5:10; 1 Tess. 4:17; 2 Tess. 1:6-10; Apoc. 20:11-15. 2°, Todos os anjos maus — 2 Ped. 2:4; Jud., vers. 6. Os anjos bons estaréo presentes como assistentes e ministros — Mat. 13:41,42. 15. Em que sentido se diz que os santos julgardo 0 mundo? Veja Mat. 19:28; Luc. 22:29,30; 1 Cor. 6:2,3; Apoc. 20:4. Em virtude da uniao dos crentes com Cristo, a vitéria eo dominio dEle séo deles. Sao co-herdeiros com Ele, e, se sofrerem com Ele também reinaréo com Ele — Rom. 8:17; 801 Capitulo 39 2 Tim. 2:12. Ele julgara e condenaré os Seus inimigos como Cabega e Campedo da Sua Igreja, e todos os Seus membros darao assentimento ao Seu juizo e se gloriarao em seu triunfo ~ Apoc. 19:1-5. Hodge, Comm. on First Corinthians. (Comentario de 1 Corintios). 16. Mediante qual principio sera exercido 0 Seu juizo? a Em Apocalipse (20:12) 0 Juiz é representado figurada- mente como, segundo a analogia dos tribunais humanos, abrindo “os livros” (conforme as coisas escritas neles os mortos deverdo ser julgados), e também “outro livro”, que € 0 “da vida”. Os livros mencionados primeiro sem dtvida repre- sentam em figura a Lei ou o padrao segundo o qual cada um devera ser julgado e os fatos que Ihe dizem respeito, ou “as suas obras”. O “livro da vida” (veja também Fil. 4:3; Apoc. 3:5; 13:8; 20:15) € 0 livro do eterno amor de Deus, que O levou a escolher os Seus. Aqueles cujos nomes se acharem escritos no “livro da vida” sero declarados justos por terem parte na justiga de Cristo. A respeito de suas boas obras, porém, e do seu carater santo, sera declarado que sao as provas da sua eleicao, da sua relacg4o com Cristo, e da gloriosa obra efetuada neles por Cristo — Mat. 13:43; 25:34-40. : Aqueles cujos nomes nao se acharem escritos no “livro da vida” serao condenados por motivo das mas obras que praticaram estando no corpo, julgadas segundo a lei de Deus, nao como aprouve a cada um imaginar essa Lei, e sim como foi mais ou menos claramente revelada a cada um pelo Juiz.O gentio que pecou sem a Lei escrita, sem a Lei sera julgado, isto é, sera julgado pela “obra da lei escrita em seu coracao” fazendo-se ele mesmo lei para si — Luc. 12:47,48; Rom. 2:12- 15, O judeu que pecou, tendo a Lei, “com a lei sera julgado” — Rom. 2:12. Cada individuo que vive sob a luz da revelagao crista sera julgado em estrita conformidade com toda a vontade de Deus, como esta lhe foi revelada, sendo também modificada a responsabilidade individual de cada um por todas as 802 O Segundo Advento... vantagens especiais de qualquer género que cada qual gozou — Mat. 11:20-24; Joao 3:19. Os segredos de todos os coragées, 0 estado interno de cada um e os mais bem ocultos motivos de suas agdes, bem como estas mesmas, tudo isso sera apresentado como matéria de julgamento, Ecl. 12:14; 1 Cor. 4:5, e sera declarado publica- mente para vindicar a justiga do Juiz e tornar manifesta a vergonha a qual seré levado 0 pecador — Luc. 8:17; 12:2,3; Mar. 4:22. Se os pecados dos santos serao ou nao apresentados no Juizo é ponto nao decidido pelas Escrituras, embora seja muito discutido por certos tedlogos. Se forem apresentados, temos a certeza de que sera feito isso unicamente com a finalidade de aumentar a gloria do Salvador e a consolagao dos salvos. 17. Que revelam as Escrituras a respeito da futura conflagragdo da nossa terra? As principais passagens que dizem respeito a esse ponto so: Sal. 102:26,27; Is. 51:6; Rom. 8:19-23; Heb. 13:26,27; 1 Ped. 3:10-13; Apoc., capitulos 20 e 21. Muitos dos tedlogos antigos foram de opiniao que essas passagens indicam que devia ser destruido inteiramente o universo fisico que agora existe. Mas essa idéia foi abandonada universalmente. Houve também quem afirmasse que esta terra haveria de ser aniquilada. A opiniao mais comum e provavel é que na “restauragao de tudo”, Atos 3:21, a terra e sua atmosfera serao expostos a um calor intenso, que mudaré radicalmente sua atual condigao fisica, produzindo em lugar da presente ordem de coisas uma ordem superior, que apareceré como “novos céus e nova terra”, nos quais “a mesma criatura sera libertada da servidao da corrupcao, para a liberdade da gloria dos filhos de Deus”, Rom. 8:19-23, e nos quais a constituigao do novo mundo estara adaptada aos corpos “espirituais” dos santos, 1 Cor. 15:44, para ser o teatro da sociedade celeste, e sobretudo 0 templo e palacio 803 Capitulo 39 do Deus-homem para sempre —Ef. 1:14; Apoc. 5:9,10; 21:1-5. Veja também Fairbairn, Typology, Vol. 1, Parte 2, Cap. 2, Segio 7. 18. Qual deve ser 0 efeito moral da doutrina biblica do segundo advento de Cristo? 4 Deve ser um consolo para os cristéos em suas tristezas e um estimulo para que cumpram seus deveres — Fil. 3:20; Col. 3:4,5; Tia. 5:7; 1 Joao 3:2,3, E também seu deveramar, vigiar e esperar pela vinda do seu Senhor e apressar-se para ela - Luc. 12:35,373; 1 Cor. 1:7,8; Fil. 3:20; 1 Tess. 1:9,10; 2 Tim. 4:8; 2 Ped. 3:12; Apoc. 22:20. Quanto aos incrédulos, esta doutrina deve enché-los de apreensao e terror e leva-los ao arrependimento imediato — Mar. 3:35,37; 2 Ped. 3:9,10; Jud., vers. 14,15. Brown, Second Advent. a EXPOSIGOES ECLESIASTICAS AUTORIZADAS Agostinho (De Civitate Dei, 20, 7) informa que jé sustentara a doutrina de um sdbado milendrio, mas que depois a rejeitou, e defende a doutrina exposta neste capitulo, que dai por diante tem sido a da igreja catélica romana. Conf. De Augsburgo, Parte 1, Art. 17: “Ensinam também que Cristo aparecera no fim do mundo para executar juizo, € que ressuscitard os mortos e dard vida e felicidade eternas aos justos eleitos, mas condenaré os homens maus e os deménios para serem atormentados para sempre. Con- denam os anabatistas que créem que tera fim o castigo futuro dos homens e dos deménios perdidos. E condenam outros que espalham opinides judaicas, ensinando que antes da ressurreicao dos mortos os justos ocuparao o governo do mundo e os maus estarao em sujeigéo em toda parte”. A Confisséo Inglesa de Eduardo VI: “Os que procuram ressuscitar a fabula dos milenaristas opdem-se as Sagradas Escrituras e se precipitam em loucuras judaicas.” 804 O Segundo Advento... Conf. Bélgica, Art. 37: “Em tltimo lugar, cremos, segundo a Palavra de Deus, que 0 nosso Senhor Jesus Cristo voltara corporal e visivelmente do céu, na maior gléria, quando chegar o tempo predeterminado por Deus, porém nao conhecido por nenhuma criatura, quando estiver completo o nimero dos eleitos... Naquele tempo todos os que terao morrido no mundo ressurgirao”. Conf. de Westminster, Cap. 32 e 33; Cat. Maior, Pergs. 87- 89. Estes (simbolos de fé) ensinam — 1. No Gltimo dia haverd uma ressurreicao geral, tanto dos justos como dos injustos. 2. Todos os que estiverem vivos sero trans- formados imediatamente. 3. Logo depois da ressurreigdo acontecerd o julgamento geral e final dos homens e dos anjos bons e maus. 4. A data desse dia e hora Deus de propésito mantém em segredo. Nas Perguntas 53-56 ainda nos € ensinado que a segunda vinda de Cristo sé ocorrera “altimo dia”, no “fim do mundo”, e que Ele vira entao “para julgar o mundo com justiga”. 805 40 O Céu ec o Inferno 1. Qual o sentido em que os .termos ouranés, “céu”, e ta epourania, “lugares celestiais”, séo empregados no Novo Testamento? Ouranés € termo empregado principalmente em trés sentidos — 1°. A atmosfera em que voam os passaros — Mat. 8:20; 24:30. 2°. A regiao em que revolvem as estrelas. — Atos 7:42; Heb. 11:12. 3°, A morada da natureza humana de Cristo, o teatro da manifestacao especial da gloria divina e da bem-aventuranga eterna dos santos — Heb. 9:24; 1 Ped. 3:22. Este 6 chamado as vezes “terceiro céu” — 2 Cor. 12:2. As frases “novos céus” e “nova terra”, em contraste com o “primeiro céu” ea “primeira terra”, 2 Ped. 3:7,13; Apoc. 21:1, referem-se a alguma mudanga nao explicada, que dar-se-4 na catdstrofe final, quando Deus vai revolucionar a nossa parte do universo fisico, limpa-la da mancha do pecado e prepard-la para ser morada dos bem- -aventurados. Quanto ao uso da frase “reino dos céus”, veja acima, Cap.27, Perg. 5. Afrase td epourdnia é traduzida “coisas celestiais” em Joao 3:12, onde significa os mistérios do mundo invisivel. Em Ef. 1:3; 2:6 e 6:12 é traduzida “lugares celestiais”, e significa o estado em que o crente é introduzido pela regeneragao; veja 806 O Céue o Inferno também Ef. 1:20, onde a tradugao é “nos céus”. A referéncia é sempre ao universo extraterreno. 2. Quais as expressées principais, tanto figuradas como literais, empregadas nas Escrituras para designar a bem-aventuranca futura dos santos? Express6es literais: a vida, a vida eterna — Mat. 7:14; 19:16,29; 25:46. A gloria, a gloria de Deus, um peso eterno de gloria — Rom. 2:7,10; 5:2; 2 Cor. 4:17. A paz— Rom. 2:10. A salvacéo, a salvacao eterna — Heb. 5:9”. Veja Hitto, Bibl. Eneyel. Express6es figuradas: “O Paraiso — Luc. 23:43; 2 Cor. 12:4; Apoc. 2:7. A Jerusalém Celestial — Gal. 4:26; Apoc. 3:12. Reino dos céus, reino celestial, reino eterno, reino preparado desde o principio do mundo — Mat. 25:34; 2 Tim. 4:18; 2 Ped. 1:11. Heranca eterna— 1 Ped. 1:4; Heb. 9:15. E-nos dito que os bem- -aventurados assentam-se com Abraao, Isaque e Jacd, e que estao no seio de Abraao, Luc. 16:22; Mat. 8:11; que reinam com Cristo, 2 Tim. 2:11,12; que gozam um descanso sabatico, Heb. 4:11,12” - Kitto, ibid. 3. O que nos é revelado a respeito do céu como um lugar? Todas as representagdes biblicas envolvem a idéia de um lugar definido, bem como a de um estado de bem-aventurang¢a. A respeito daquele lugar, porém, nada mais nos é revelado, sen4o somente que é definido pela presenga local da alma e do corpo finitos de Cristo, e que é 0 teatro da manifestacéo proeminente da gléria de Deus — Joao 17:24; 2 Cor. 5:9; Apoc. 5:6. Segundo Rom, 8:19-23; 2 Ped. 3:5-13; Apoc. 21:1, parece provavel que, depois da destruigao geral da forma atual do mundo, por meio do fogo, que acompanhar4 o Juizo, este mundo sera reconstituido e adaptado gloriosamente para ser a morada permanente de Cristo e Sua Igreja. Assim como ha- vera um “corpo espiritual”, talvez haja, no mesmo sentido, 807 Capitulo 40 um mundo espiritual, isto é, um mundo adaptado para ser 0 teatro dos espiritos glorificados dos santos aperfeigoados. Assim como a natureza foi amaldigoada por causa do homem, e a criatura esta, por culpa dele, “sujeita a vaidade”, pode ser que elas também tenham parte com ele em sua redengao ¢ exaltacao. Veja Typology, Parte 2, Cap. 2, Sec. 7, de Fairbairn. 4. Em que consiste a bem-aventuranca do céu, até onde nos é revelada? 1°. Negativamente: no livramento perfeito do pecado e de todas as suas conseqiiéncias, fisicas, morais e sociais — Apoc. 7:16,17; 21:4,27. 2°. Positivamente: (1) Na perfeigéo da nossa natureza, material bem como espiritual; no pleno desenvolvimento e exercicio harmonioso de todas as nossas faculdades morais e intelectuais, e no progresso desimpedido, durante toda a eternidade—1 Cor. 13:9-12; 15:45-49; 1 Jodo 3:2. (2) Em vermos © nosso bendito Redentor, em desfrutarmos de comunhao com a Sua Pessoa, de participagéo em toda a Sua gloria e bem-aventuranga e, por intermédio dEle, de comunhao com todos os santos e anjos — Joao 17:24; 1 Joao 1:3; Apoc. 3:21; 21:3-5. (3) Naquela “visao beatifica de Deus” que, consistindo em descobrirmos cada vez mais claramente a exceléncia divina apreendida com amor, transformara 4 alma 4 mesma imagem, de gléria em gloria — Mat. 5:8; 2 Cor. 3:18. Quando meditarmos naquilo que as Escrituras revelam das condicées da exceléncia celestial, devemos evitar dois erros: (1) O extremo de considerar 0 modo de existéncia que desfrutam os santos no céu como muito semelhante ao da nossa vida terrena; (2) O extremo oposto de considerar as condigdes da vida celestial como inteiramente diversas das pertencentes & nossa vida presente. O primeiro desses extremos produzira naturalmente o mau efeito de rebaixar, mediante associacdes indignas, as nossas idéias sobre 0 céu; e 0 outro extremo produzira o mau efeito de destruir em grande parte o poder 808 O Céue o Inferno moral que a esperanca do céu deveria ter sobre o nosso coracgao ea nossa vida, tornando vagas as idéias que formarmos sobre ele e, por conseguinte, distante e fraca a nossa simpatia por suas caracteristicas. Para evitarmos tanto um como 0 outro extremo, é necessario que fixemos os limites dentro dos quais devem conter-se as nossas idéias sobre a existéncia futura dos santos, distinguindo entre aqueles elementos da natureza do homem e das suas relagdes com Deus e com 0s outros homens, que sdo essenciais e imutaveis, e aqueles que teraéo que ser modificados para que se torne perfeita a sua natureza em suas relagées. 1 CONSIDEREMOS: Loa eee 1°. Ocorrerao necessariamente as seguintes mudangas: (1) Todo o pecado e suas conseqiiéncias terao que ser tirados; (2) “Corpos espirituais” terao que substituir nossa carne e nosso sangue; (3) Os novos céus ea nova terra terao que substituir os céus ea terra atuais como teatro da vida do homem; (4) As leis da organizagao social terao que ser mudadas radicalmente, porque no céu nao havera casamentos, porém sera introduzida uma ordem social andloga 4 dos anjos de Deus. 2°. Os seguintes elementos sfo essenciais, e por isso imutaveis: (1) O homem continuaré a existir sempre como composto de duas naturezas, espiritual e material. (2) Ele é essencialmente intelectual, e necessariamente vive pelo conhe- cimento. (3) E também essencialmente ativo, e é necessdrio que tenha alguma coisa para fazer. (4) O homem, como criatura que é, s6 pode conhecer a Deus indiretamente, isto 6, por meio de Suas obras de criagao e providéncia, da experiéncia da Sua obra de graga em nossos coragdes, e por meio de Seu Filho encarnado, que € a imagem da Sua Pessoa e a plenitude da Deidade, corporalmente. Segue-se que no céu Deus continuara a ensinar os homens por meio de Suas obras, e a operar neles por meio de motivos dirigidos & sua vontade mediante a sua inteligéncia. (5) A meméria do homem nunca perde para sempre nem a mais leve impressao, e ser4 parte da perfeigao 809 Capitulo 40 celestial o fato de que toda a experiéncia adquirida estara sempre perfeitamente a servico da vontade. (6) O homem é essencialmente um ser social. Isso, tomado em conexao com o ponto anterior, indica que as associagées, bem como a expe- riéncia da nossa vida terrena, levarao consigo para o novo modo de existéncia todas as suas conseqtiéncias, exceto onde forem necessariamente modificadas (nao perdidas) pela mudanga. (7) A vida do homem € essencialmente um progresso eterno paraa perfeicao infinita. (8) Todas as conhecidas analogias das obras de Deus na criacdo, na Sua providéncia, nos mundos material e espiritual, e na Sua dispensagao da graga (1 Cor. 12:5,28), indicam que entre os santos no céu havera diferengas quanto as suas capacidades e qualidades inerentes e também quanto a sua ordem relativa e aos seus oficios. Essas diferengas serao, sem dtvida, determinadas (a) por diferencas consti- tucionais de capacidade natural; (b) por recompensas providas pela graca de Deus no céu correspondendo em grau e género a fidelidade, sob a graca, do individuo na terra, e (c) pela soberania absoluta do Criador — Mat. 16:27; Rom. 2:6; 1 Cor. 1234-28. 5. Quais sao as principais expressées literais e figuradas, aplicadas nas Escrituras 4 condigdo futura dos réprobos? Como lugar, é 4s vezes designada literalmente por ades, hades, e 4s vezes por géena; ambas as palavras sao traduzidas por inferno — Mat. 5:22,29,30; Luc. 16:23 (VA). Também pela frase “lugar de tormentos” — Luc. 16:28. Como condigdo de sofrimento, é designada pelas frases “ira de Deus”, Rom. 2:5, € “segunda morte”, Apoc. 21:8. Expressées figuradas: Fogo eterno, preparado para o diabo e€ seus anjos — Mat. 25:41. “Para o inferno, para 0 fogo que nunca se apaga; onde o seu bicho nao morre, e o fogo nunca se apaga” — Mar. 9:44. O lago que arde com fogo e enxofre — Apoc. 21:8. O abismo — Apoc. 9:2. A natureza terrivel dessa morada dos maus é revelada por expressdes como “trevas 810 O Céu eo Inferno exteriores”, o lugar onde ha “choro e ranger de dentes”, Mat. 8:12; “estou atormentado nesta chama”, Luc. 16:24; “fogo que nunca se apaga”, Luc. 3:17; “fornalha de fogo”, Mat. 13:42; “a negrura das trevas”, Judas, vers. 13; “atormentado com fogo e enxofre”, Apoc. 14:10; “o fumo do seu tormento sobe para todo o sempre; e nao tém repouso nem de dianem de noite”, Apoc. 14:11 —Bib. Ency., de Kitto. 6. Que nos ensinam as Escrituras quanto a natureza da punicdo futura? E evidente que sao figurados os termos empregados nas Escrituras para descrever esses sofrimentos; todavia, esta- belecem com certeza 0s seguintes pontos: esses sofrimentos consistirao — 1°. Na perda de todo o bem, quer natural, concedido por intermédio de Adao, quer resultante da graga, oferecido por Cristo. 2°. Em todas as conseqiiéncias naturais do pecado des- enfreado, no abandono judicial, no édio total a Deus e na terrivel sociedade dos homens perdidos e dos espiritos malignos —2 Tess. 1:9. 3°. Na inflicdo positiva de tormentos, na ira e na maldi¢ao de Deus executadas tanto na natureza moral como na natureza fisica dos seus objetos. As Escrituras estabelecem também o fato de que esses sofrimentos serao — (1) Mais terriveis do que nos é dado imaginar. (2) Sem fim, interminaveis. (3) De diversos graus, proporcional ao demérito de cada pessoa (em fungéo da menor ou maior gravidade dos pecados de cada pessoa) ~ Mat. 10:15; Luc. 12:48. 7. Qual o uso das palavras aidn, eternidade, e aidnios, eterno, no Novo Testamento, e qual o argumento que, baseado nelas, estabelece a duracdo sem fim da punicdo futura? 1°. A lingua grega nao possui termos mais enfaticos que esses para exprimir a idéia de duracao sem fim. 811 Capitulo 40 2°. Posto que sejam empregados as vezes no Novo Testamento para designar uma duracdo limitada, todavia, na maioria imensa dos casos, evidentemente designam duracao ilimitada. 3° Sao empregados para exprimir a duracdo sem fim de Deus. (1) A palavraaién é assim empregada em | Tim. 1:17, éaplicada a Cristo em Apoc.1:18. (2) A palavraaiénios é assim empregada em Rom. 16:26, e aplicada ao Espirito Santo — Heb. 9:14. 4°. Ambos os termos sao empregados para exprimir a duragdo sem fim da felicidade futura dos santos. (1) O vocdbulo aién & assim empregado em Joao 6:57,58; 2 Cor. 9:9. (2) O vocabulo aiénios é assim empregado em Mat. 19:29; Mar. 10:30; Joao 3:15; Rom. 2:7. 5°. Em Mat. 25:46 a mesmissima palavra é empregada numa s6 clausula para definir tanto a duracao da felicidade futura dos santos como da miséria dos perdidos. Assim, pois, as Escrituras declaram explicitamente que a duracdo da miséria futura sera sem fim, no mesmo sentido em que sao sem fim a vida de Deus e a bem-aventuranga dos santos. Veja o exame erudito, independente, critico e conclusivo que do uso dessas palavras no Novo Testamento fez o falecido professor Moses Stuart, na obra Stuart’s Essays on Future Punishment (Ensaios de Stuart sobre o Castigo Futuro — ou, sobre as penas eternas). 8. Qual a prova que a favor da verdade sobre este assunto é fornecida pelo uso da palavra aidios no Novo Testamento? Essa palavra, em cuja formacao entra 0 vocdbuloaei, sempre, para sempre, significa no grego classico, eterno. Encontra-se duas vezes no Novo Testamento: em Romanos 1:20, “tanto 0 seu eterno poder, como a sua divindade”; e em Judas, vers. 6, “E aos anjos que nao guardaram o seu principado, mas deixaram a sua propria habitacdo, reservou na escuridao, e em prisdes eternas...”. Mas os homens que se perdem compartilham do destino dos anjos que se perderam — Mat. 25:41; Apoc. 20:10. 812 O Céu eo Inferno Assim, a mesma palavra exprime a duracao da Deidade e a duragao dos sofrimentos dos perdidos. 9. Que outras provas mais fornecem as Escrituras sobre este assunto? 1*, Nao ha nada nas Escrituras que, mesmo de longe, su- gira a idéia de que os sofrimentos dos perdidos terao fim. 2%. A constante aplicacgéo a este assunto da linguagem figurada, expressa em termos como “o fogo que nunca se apaga”, “o seu bicho nao morre”, “abismo”, a necessidade de se pagar até o “altimo ceitil”, “e o fumo do seu tormento sobe para todo o sempre” — Luc. 3:17; Mar. 9:45,46; Apoc. 14:11, s6 é compativel com a conviccao de que Deus quer que nds creiamos, baseados na Sua autoridade, que a punicao futura é literalmente sem fim. Dos que cometerem o pecado irremissivel se diz que nunca lhes sera perdoado, “nem neste mundo nem no porvir” — Mat. 12:32 (ARA). Tem-se argumentado que a linguagem é€ figurada, e cita- -se 0 dito: “Theologia symbolica non est demonstrativa”. E verdade. Mas o que representam essas figuras? Que é que Deus quer ensinar por meio desses simbolos? E inquestionavel que cada um deles, tomando-se um por um, pode ser feito em pedacos e tornar duvidoso o seu sentido. Mas devemos lembrar - (1) Que essa linguagem é caracteristica de todas as revelacdes divinas que temos do porvir daqueles que morrem impe- nitentes. Descrigdes como essas colorem uniformemente a representagao inteira. (2) A Biblia foi destinada a instrugao publica; por isso, o sentido dbvio deve ser o que o seu Autor queria comunicar e, por conseguinte, é 0 sentido garantido pela veracidade divina. Esta é uma consideracdo de peso especial no caso desta doutrina, porque — (a) E doutrina pratica, e diz respeito a cada pessoa, individualmente. (b) A linguagem encontra-se freqiientemente e capta a atencao de todos os leitores. (c) A Igreja historica, toda ela (com algumas excecdes individuais), tem, como matéria de fato, interpretado essa 813 Capitulo 40 linguagem no sentido de sofrimento intermin4vel, e isso ape- sar da press4o constante e tremenda dos desejos humanos a favor de uma conclusao contréria. 10. Qual a suposigdo provdvel que sobre este assunto oferecem a razGo e a experiéncia? As Escrituras nos ensinam — (1) Que o homem est4 morto no pecado e que é moralmente impotente. (2) Que o arre- pendimento e a fé sdo operados na alma pelo Espirito Santo. A experiéncia nos ensina que, como deveres, o arrependimento e a fé sao coisas muito dificeis, mesmo nas condigdes mais favoraveis. A razao e a experiéncia juntas nos ensinam que, quanto mais tempo uma pessoa vive, tanto mais dificeis e raros se tornam o arrependimento ea fé, e tanto mais definidamente fixos se tornam o seu carater moral e os seus costumes. Dai: 1°. As condiges mais favoraveis possiveis séo aquelas em que estamos nesta vida, isto é, juventude, carater ainda imaturo, a Palavra, o Espirito Santo, a providéncia de Deus e a Igreja Crista. Demonstragoes sobrenaturais e penas purgatoriais nao teriam efeito moral igual ao das condigdes que acabamos de mencionar. “Se nao ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarfo, ainda que algum dos mortos ressuscite” — Luc. 16:31. 2°. A lei dos habitos e do carater moral fixo conduz a conclusao de que a esperanga de uma mudanga favoravel nao pode deixar de diminuir rapidamente, a medida que se adie 0 arrependimento. eG Ee 2 11. Quais as duas teorias que sobre esta questéo tém sido sustentadas por diversas pessoas, em oposicao a fé proclamada por toda a Igreja Crista e ao claro ensino da Palavra de Deus? 1°, A da extingao total da existéncia dos réprobos, como a sentenca da “segunda morte”, depois do juizo final. Essa doutrina, popularmente descrita em termos de “aniquilagao dos maus”, e por seus defensores, “imortalidade condicional”, 814 O Céue o Inferno é€ defendida habilmente por C. EF Hudson em seu livro Debt and Grace as Related to the Doctrine of a Future Life (O Débito e a Graca em Relacaéo 4 Doutrina de uma Vida Futura), por Henry Constable em The Duration and Nature of Future Punishment (Duragéo e Natureza da Punic&éo Futura), pelo arcebispo Whately em View of Scripture Revelation Concerning a Future State (O Conceito da Revelagéo das Escrituras Concernente a um Estado Futuro) e por Edward White em Life of Christ (A Vida de Cristo). Eles argumentam que a palavra “morte” significa sempre “cessacdo de existéncia”, e que “destruicao eterna” significa sempre “pér fora da existéncia”. RESPONDEMOS — (1) Eles nao conseguem, de modo algum, demonstrar que as palavras e frases supracitadas tem em qualquer caso, e menos ainda que tém sempre, o sentido que eles thes atribuem. (2) Sua doutrina esta em aberta contradigao com a apresentacaéo uniforme das Escrituras quanto ao estado final dos impenitentes, como foi ilustrado acima, Perg. 9. (3) A doutrina deles esta em contradicdo com o instinto natural e universal de imortalidade, de que dao testemunho as religides ea literatura de todas as nagées, quer pagas, quer judaicas, quer cristas. 2°. A opiniao dos que em geral concordam em ensinar a futura restauracao dos pecadores, apds um periodo indefinido de disciplina purificadora depois da morte, quer no estado intermediério, quer depois do Juizo (veja acima, Cap.37, Perg. 21). Essa opiniao baseia-se (1) numa classe de passagens biblicas que, segundo se diz, ensinam a restauracao de todas as coisas, como sejam Atos 3:21; Ef. 1:10; Col. 1:19,20, etc. (2) Naquilo que eles chamam intui¢4o moral de que um castigo eterno seria indigno de Deus. nsPEde RESPONDEMOS -~ (1) As passagens das Escrituras em que se baseia o argumento sé seriam compativeis com essa teoria de final salvagao universal se n4o existissem nas Escrituras declaragdes explicitas no sentido contrario. E necessario que 815 Capitulo 40 se interprete cada classe de textos biblicos com referéncia a outros, e é evidente que 0 explicito e definido é a regra para o que € geral e indefinido. E axiomatico que as palavras “tudo” e “todas as coisas” abrangem mais elementos ou menos, segundo o assunto de que se trata. Admitimos com prazer — (a) que TODOS os que estao em Cristo serao vivificados, e (b) que Ele Se tornard o Cabega de TODAS AS COISAS, absolutamente sem excecao, no sentido de que o universo inteiro, incluindo os amigos e os inimigos do Senhor, se tornarao sujeitos 4 Sua supremacia real, que toda revolta sera vencida, e que a cada classe sera atribuida a sua propria esfera. Veja abaixo, Perg. 14. (2) Quanto a “intuigao” ou as “intuigdes” em que se funda a doutrina em apreco, abaixo se mostrara que nfo merecem confianca (Pergs. 12 e 13). (3) Assim como a esperangca de uma reforma moral, numa outra vida, nao esta de acordo com as apresentacoes das Escrituras, assim tampouco é confirmada pelo que ensinam a razao e a experiéncia. Veja acima, Perg. 10. 12. Quais as objecées que, derivadas da justica de Deus, se fazem contra esta doutrina? A justiga de Deus exige — (1) Que ninguém padega por aquilo pelo que nao é responsavel. (2) Que o castigo esteja em todos os casos 4 medida exata da culpa de quem o sofre. Existe quatro objecdes — 1°. Ha multidées nos paises pagaos, e até nos cristaos, que ndo tém nenhuma responsabilidade por serem impenitentes, porque nunca, em toda a sua vida, tiveram a oportunidade de conhecer ou receber a Cristo. RESPONDEMOS — As declaragées diretas da Biblia, a analogia inteira do sistema cristao, e a experiéncia de todos os crist4os, sao unanimes em declarar que toda a raga humana é culpada e merece a ira e a maldigao procedentes de Deus ja antes da dadiva de Cristo e de ser Ele rejeitado. Se nao fosse assim, nao seria necessdrio que Cristo viesse paraexpiar a culpa. E, se nao fosse assim, Cristo teria morrido em vao, e a salvagao 816 O Céu eo Inferno seria uma divida paga, e nao uma GRACA concedida. 2°. Nenhum pecado de uma criatura finita pode merecer uma pena infinita; mas um castigo sem fim é uma pena infinita. RESPONDEMOS - A palavra infinito nesta conexao induz ao erro. E claro que pecado sem fim merece castigo sem fim, € isso é tudo 0 que as Escrituras e a Igreja ensinam. Um s6 pecado merece a ira e a maldicao procedentes de Deus. Ele nao tem, em justia, a obrigacao de prover redencéo. No momento em que uma alma peca, ela é cortada da comunhao e da vida de Deus. Enquanto permanecer nesse estado, continuara a pecar. Enquanto continuar a pecar, continuaré a merecer a ira e a maldicéo que procedem de Deus. E evidente que as mas disposigdes nutridas e os maus atos praticados no inferno merecerdo e receber4o tao estritamente 0 devido castigo como o mereceram e receberam os praticados e nutridos nesta vida. Se nao fosse assim, seria verdadeiro o principio monstruoso de que quanto pior se tornar um pecador, tanto menos merecera ele censura e castigo. 3°. O infinito nao admite graus, todavia a culpa dos diversos pecadores é maior ou menor. ut : RESPONDEMOS - Esta é uma cavilagao sumamente desleal. E evidente que penas igualmente eternas podem variar indefinidamente em grau. 4°. A diferenca moral entre 0 pior santo salvo e o melhor pecador perdido pode ser imperceptivel, e, no entanto, a diferenca dos seus destinos é infinita. : RESPONDEMOS - E verdade, mas o tratamento ; do mais indigno crente tem por fundamento a justica de Cristo, ¢ 0 tratamento do menos indigno incrédulo tem por fundamento seu proprio carater e conduta. 13. Qual a objecdo que, extraida da benevoléncia de Deus, se faz contra esta doutrina? Ha duas reivindicacées — 1°. Que a benevoléncia de Deus O levara a fazer tudo 817 Capitulo 40 quanto esta em Seu poder para promover a felicidade de Suas criaturas; e que, como n4o temos nenhum direito de limitar esse poder, temos o direito de esperar que Ele afinal pro- porcionaré a felicidade de todos. RESPONDEMOS - (1) A benevoléncia de Deus O leva a proporcionar a felicidade de todas as Suas criaturas até onde isso é compativel com estes Seus outros atributos — sabedoria, santidade e justica. (2) Sabemos pela experiéncia de todos que Ele inflige sobre Suas criaturas males que no tém nenhuma tendéncia nem influéncia alguma para promover finalmente a felicidade dos individuos que os sofrem. (3) A benevoléncia do supremo Governador Moral, interessado que é na paz e na pureza do universo, esta de acordo com Sua justica em exigira execucdo da pena total da lei sobre todos os que quebrantam a lei, e especialmente sobre todos os que aumentam a sua culpa rejeitando o Filho de Deus que morreu na cruz. 2°. Que as apuradas intuigdes dos cristaos lhes asseguram. que é incompativel com as perfeicdes morais de Deus, primeiro trazer a existéncia seres imortais sob as condicdes comuns 4 maioria dos homens, edepois condend-los a uma vida posterior de miséria eterna. RESPONDEMOS - (1) A permissao para que 0 pecado entrasse no mundo € um grande mistério. Que os seres humanos, ja antes de nascerem, perdessem sua inocéncia em Adao é um grande mistério. Todavia, todo ser humano esclarecido sabe que esta sem desculpa e que merece a ira de Deus. (2) Deus, por meio da pena que executou em Seu proprio Filho, quando Ele sofreu em nosso lugar, mostrou em que conta Ele tinha a terrivel culpa dos homens. (3) E um absurdo dizer que as nossas intuigdes sao adequadas para determinar o que sera justo que o Governador Moral de todo o universo faca com os pecadores que permanecem impenitentes até ao fim. Sem divida, a justica nEle é exatamente a mesma que a justiga num homem perfeitamente justo. Mas nds nao sabemos todas as condigées do caso, e as nossas “intuigdes” acham-se 818 O Céu e 0 Inferno obscurecidas pelo pecado — Heb. 3:13. Por conseguinte, a nica fonte de conhecimento seguro que temos é a Palavra de Deus, e ela, como ja vimos, nao nos da fundamento algum para a esperanga de que haja arrependimento no além-timulo. (4) E uma grande crueldade seguir 0 exemplo do diabo quando enganou Eva, e persuadir o povo de que afinal de contas pode ser que Deus seja mais benévolo do que a linguagem da Sua Palavra da a entender — Gén. 3:3,4. 14. Qual 0 argumento a favor da futura restauracdo de todas as criaturas racionais @ santidade e a felicidade, que se fundamenta em Romanos 5:18,19; 1 Corintios 15:22-28; Efésios 1:10; Colossenses 1:19,20? foe COPE ea Com base em Rom. 5:18,19, argumenta-se que a frase “todos os homens” tem exata e necessariamente aplicacao tao ampla numa das clausulas como na outra. RESPONDEMOS — 1°. Que a frase “todos os homens” é muitas vezes utilizada nas Escrituras em passagens em que o contexto lhe limita necessariamente o sentido. — Joao 3:26; 12:32. 2°. No presente caso, a frase “todos os homens” é evidente- mente definida pela frase qualificadora ou restritiva do versiculo 17, “os que recebem a abundancia da graca, e do dom da justiga”. 3°. Este contraste entre “todos os homens” que estiveram em Adao e “todos os homens” que estéo em Cristo esta em harmonia com a analogia de todo 0 evangelho. A respeito de 1 Cor. 15:22-28, 0 argumento é 0 mesmo que o tirado de Rom. 5:18,19. Com base nos versiculos 25-28, argumenta-se que o grande fim do reino mediatario de Cristo deve ser a restauragdo de todas as criaturas 4 santidade e a bem- -aventuranga. RESPONDEMOS - Lo WS AD, POSH 1°. Que essa é uma interpretacao forcada dessas palavras, que nao é sua interpretacao necessdria ou obrigatéria, e que é 819 Capitulo 40 refutada pelos muitos testemunhos que temos citado ante- riormente das Escrituras. : 2°. Que ela é incompativel com 0 escopo do assunto de que o apostolo trata nessa passagem. Ele declara que desde a eternidade até a ascenséo Deus reinou absolutamente. Da ascensao até a restauracao de todas as coisas, Deus reina na Pessoa do Deus-homem como Mediador. Da restauracao até a eternidade, Deus tornara a reinar como Deus absoluto. Também de Efésios 1:10 e Colossenses 1:19,20 tira-se um argumento a favor da salvacio final de todas as criaturas. Respondemos que em ambas as passagens a expressdo “todas as coisas” significa toda a companhia dos anjos e dos homens remidos e reunidos sob o dominio de Cristo. Porque, 1°. Em ambas as passagens 0 assunto do discurso nao é 0 universo, mas sim a Igreja; 2°. Em ambas as passagens as palavras “todas as coisas” sao limitadas pelas frases qualificativas “os predes- tinados”, “nos fez agradaveis a si no Amado”, “nds, os que primeiro esperamos em Cristo”, “se, na verdade, permane- cerdes fundados e firmes na fé”, etc. (nos respectivos contextos). Veja os coment4rios sobre Romanos, 1 Corintios e Efésios, por Dr. Hodge. 15. Quais as opinides que sobre este assunto tém prevalecido entre os arminianos extremistas? Os seus principios fundamentais a respeito da relagao da capacidade com a responsabilidade os obrigam a sustentar que n4o pode perecer ninguém que nao tenha tido, sob uma ou outra forma, e num ou noutro grau, alguma ocasiao para valer- -se da salvacéo mediante Cristo. Para evitarem as inferéncias Obvias que se poderia tirar dos fatos evidentes do caso, alguns tém suposto que Deus talvez estenda o tempo da prova de alguns para além da vida Presente —Scot., Christian Life. Limborch (Lib. 4, Cap. 11) julga provavel que se salvem todos os que neste mundo fazem bom uso da luz que tém; mas 820 O Céu eo Inferno que, se rejeitarmos esta idéia, dando preferéncia a crer que a bondade divina condenaria estes (os ignorantes) ao fogo do inferno, parece que seria melhor sustentar que, assim como ha trés estados para os homens neste mundo — 0 dos crentes, 0 dos incrédulos e o dos ignorantes — assim também ha de haver trés estados no mundo futuro: o da vida eterna para os fiéis, o das penas do inferno para os incrédulos, e, além desses, 0 status ignorantium (0 estado dos ignorantes). osh @ tiie 821 41 Os Sacramentos 1. Qual é a etimologia, e quais os usos classico e patristico da palavra sacramentum? . 1°. E derivada desacro, sacrare, tornar sagrado, dedicar aos deuses, ou a usos sagrados. 2°, Em seu uso classico significava — (1) Aquilo pelo qual uma pessoa se obrigava a fazer alguma coisa por outra. (2) Uma soma depositada em juizo como penhor, e que, no caso do nao cumprimento das palavras estipulados no contrato, era dedicada a usos sagrados. (3) Também um juramento, especialmente 0 do soldado, de dedicar-se fielmente ao servico da patria — Dictionary (Diciondrio) de Ainsworth. 3°. Os “pais” da Igreja empregavam essa palavra num sentido convencional, como equivalente 4 palavra grega mystérion, mistério, isto é, alguma coisa desconhecida antes de ser revelada, e assim um emblema, um rito, um tipo, tendo alguma significacdo espiritual latente, s6 conhecida dos iniciados ou instruidos. Os “pais” gregos aplicavam o termomystérion as ordenangas cristas do Batismo e da Ceia do Senhor, por terem esses ritos uma significagdo espiritual e serem assim uma certa forma de revelacao de verdades divinas. Os “pais” latinos empregavam a palavrasacramentum como palavra latina no seu sentido préprio, como designagao de qualquer coisa sagrada em si mesma, ou que tivesse o poder de obrigar ou consagrar os homens; e, além disso, empregavam- -na como o equivalente da palavra grega mystérion, isto é, no 822 Os Sacramentos sentido inteiramente diverso de uma verdade revelada, ou de um sinal ou simbolo que revela uma verdade que de outro modo permaneceria oculta. Este fato deu ao uso da palavra sacramentum, na teologia escoladstica, uma danosa latitude de significag&o e a tornou muito indefinida. Assim, em Ef. 3:3,9; 5:32; 1 Tim. 3:16; Apoc. 1:20, a palavra mystérion tem verda-~ deiramente 0 sentido de “revelacao de uma verdade que a razao nao poderia descobrir, e é traduzida por mystery na versio inglesa e sacramentum na Vulgata Latina (em Almeida, por mistério). Assim é que a igreja catélica romana emprega a mesma palavra em dois sentidos inteiramente diversos, pois a aplica indiferentemente ao Batismo e 4 Ceia do Senhor como “ordenancgas que obrigam”, e a unido dos fiéis com Cristo como uma verdade revelada — Ef. 5:32. Dessa forma tiram a absurda inferéncia de que o matriménio é um sacramento. 2. Como definem o sacramento os “pais”, os escoldsticos, a igreja catélica romana, a Igreja da Inglaterra e os nossos préprios simbolos? Veja as seguintes definigdes: 1*. De Agostinho: “Signum rei sacre”, ou: “Sacramentum est invisibilis gratie visibile signum, ad nostram justificationem institutum”,; “accedit verbum ad elementum, et fit sacramentum”. 2°, De Victor de S. Hugo: “Sacramentum est visibilis forma invisibilis gratie in eo collate”. 3*, Do Concilio de Trento: “Um sacramento é alguma coisa apresentada aos sentidos que, por instituigao divina, nao so tem o poder de significar, mas também o de transmitir graca eficazmente” — Cat. Rom., Parte 2, Cap. 1, Perg. 6. 4°, Da Igreja Anglicana (Igreja da Inglaterra), conforme 0 seu 25°. artigo da religiao: “Os sacramentos (ordenangas) institufdos por Cristo nao séo somente designagées ou indi- cios da profissio dos cristaéos, mas antes uns testemunhos firmes e certos, e uns sinais eficazes da graca e da boa vontade de Deus para conosco, pelos quais Ele opera invisivelmente em n6s, e nao somente vivifica, mas também fortalece e 823 Capitulo 41 confirma a nossa fé nele”. 5*. Do Catecismo Maior da Assembléia de Westminster, Pergs. 162 e 163: “O sacramento é uma santa ordenanga instituida por Cristo na Sua Igreja, para significar, selar e conferir aos que estao dentro da alianga da graca, os beneficios da Sua mediagao; para os fortalecer e aumentar a sua fé e todas as suas outras gracas; para obrigd-los 4 obediéncia, para testificar e nutrir sua comunhao uns com os outros, e para distingui-los dos que estao fora”; “As partes de um sacramento s4o duas: uma 0 sinal exterior sensivel utilizado segundo a instituicéo de Cristo, e a outra uma graca interior e espiritual por ele representada”. 3. Segundo quais principios se deve formular tal definigdo? ILE preciso lembrar que a palavra sacramento nao se encontra na Biblia. 2°. A extrema largueza com que este termo tem sido empregado, tanto em sentido préprio como palavra latina, como no sentido que se lhe tem atribuido como 0 equivalente convencional da palavra grega mystérion, torna evidente que, nem por meio da etimologia da palavra sacramentum, nem por meio do seu uso eclesidstico, € possivel chegar a uma definicao acertada de uma ordenanga evangélica. 3°. O Gnico modo proprio de formular uma definigao acertada de uma classe de ordenancas evangélicas é fazer uma comparacao de tudo quanto as Escrituras ensinam a respeito da origem, natureza € propésito das ordenangas universalmente reconhecidas como pertencentes a essa classe, determinando assim os elementos essenciais que s4o comuns a todos os membros da referida classe, e que os distinguem como classe de todas as demais ordenancas divinas. 4°. As ordenancas “universalmente reconhecidas” como sacramentos sao 0 Batismo e a Ceia do Senhor. “Tomas de Aquino concordou com outros tedlogos em ter o Batismo e a Ceia do Senhor como potissima sacramenta” — Summa, P. 3, 824 Os Sacramentos Quaes. 62, Art. 5, apud Hagenbach. A verdadeira questao é, pois: haveria outras ordenancas divinas que tenham as caracte- risticas essenciais que sdo comuns ao Batismo e & Ceia do Senhor? 4. Quantos sacramentos os romanistas criaram, e como se poderé decidir a controvérsia entre eles ¢ os protestantes? A igreja catélica romana ensina que ha sete sacramentos, a saber, o batismo, a confirmacao ou crisma, a Ceia do Senhor, a peniténcia, a extrema uncdo, as ordens e 0 matriménio. Nos, porém, sustentamos que somente 0 Batismo e a Ceia do Senhor podem propriamente ser chamados sacramentos (isto é, ordenangas), quer se aceite a definicao protestante deste termo, quer se aceite a dos romanistas, como a damos acima, Perg. 2. Veja por qué: 1°. A crisma, a peniténcia e a extrema ungio nao séo de instituigao divina, nao se fundamentando de modo algum nas Escrituras. 2°. O matriménio, institufdo por Deus no paraiso, e a ordenacao ao ministério do evangelho, instituida por Cristo, embora tanto aquele como esta sejam instituigdes divinas, evidentemente nao séo ordenangas do mesmo género que 0 Batismo e a Ceia do Senhor e nao cabem nas condigoes de nenhuma das definicdes de um sacramento, porque nem signi- ficam nem comunicam nenhuma graga interior. ‘ lepin eagiys ort 5. Quais os dois componentes de todo sacramento? 1°. “Um sinal exterior sensivel utilizado segundo a insti- tuigéo de Cristo; 2°. Uma graca interior e espiritual por ele representada”— Cat. Maior, Perg. 163. Veja abaixo, Apol. Conf: De Augsb. (Hase), pag. 267. Os romanistas, na linguagem dos escolasticos, distinguem entre a matéria e a forma de um sacramento. Amatéria é aquela parte do sacramento que esté ao alcance dos sentidos e que é significativa da graca, e.g., a 4gua e o ato de aplica-la no Batis- mo,e 0 pao € 0 vinho, ¢ os atos de partir 0 pao e de derramar o 825 Capitulo 41 vinho na Ceia do Senhor. A forma é a palavra divina pro- nunciada pelo ministro quando administra os elementos, dedicando-os assim ao oficio de significar uma graga. 6. Segundo os catélicos romanos, qual é a relacdo entre o sinal ea graca que ele significa? Eles sustentam que, em conseqiiéncia da instituicao divina, e em virtude do “poder do Todo-poderoso que neles existe”, a graca significada acha-se contida na propria natureza dos sacramentos, de modo que ela é conferida sempre, ex opere operato (isto é, ex vi ipsius actionis sacramentalis — pelo poder do proprio ato sacramental), a todo aquele que o recebe e nao lhe oponha um obstaculo positivo. Entendem, pois, que a “uniao sacramental”, ou a relacao existente entre o sinal e a graca que ele significa, é fisica, ou como a que subsiste entre uma substancia e suas propriedades, isto é, o poder de conferir graca estd nos sacramentos assim como o poder de queimar est4 no fogo — Conc. de Trento, Sess. 7, Cans. 6 e 8; Cat. Rom. Parte 2, Cap. 1, Perg. 18; Belarmino, De Sacram., 2,1. 7. Qual é a doutrina zwingliana sobre assunto? Zwinglio, o reformador da Suica, ensinou uma doutrina que era o extremo contrario a da igreja catélica romana, a saber, que o sinal simplesmente representa por simbolos apropriados e por acdes simbélicas a graca a qual ele esta relacionado. Assim, os sacramentos sao unicamente meios eficazes para a apresentacao objetiva da verdade simbolizada. 8. Em que sentido acha-se empregada a palavra “exibir” * em nossos livros simbélicos, em referéncia a este assunto? * Termo empregado nos textos em inglés. Na Perg. 162 do Car. Maior,e.g., temos em portugués 0 verbo “conferir” em lugar de “exibir”. Nota de Odayr Olivetti. fe Te al oo 826 Os Sacramentos Cf. Conf. De Fé, Cap.27, Séc. 3, e Cap. 28, Séc.. 6, e Cat. Maior, Perg. 162. Essa palavra vem do verbo latino exhibeo, que tinha os dois sentidos, de comunicar e de descobrir ou revelar. E evidente que o termo exibir tem em nossos simbolos o primeiro desses sentidos: o de comunicar, conferir. 9. Qual a doutrina comum das igrejas reformadas quanto a relacdo do sinal com a graca significada? As confissées reformadas concordam em ensinar que essa relagao é-— 1°. Simplesmente moral, isto é, € estabelecida somente em virtude da instituic&o e da promessa de Cristo, e depende da devida administracao da ordenanga e da fé e conhecimento do participante. 2.E real, isto 6, quando é devidamente administrado, e 0 participante o recebe com conhecimento e fé, o sacramento, em conseqiiéncia da promessa de Cristo, realmente sela ao participante a graca significada e lha comunica; isto é, ele recebe a graca junto com 0 sinal dela. Esta doutrina inclui, pois — vont 1°. A teoria zwingliana, de que o sinal externo e visivel verdadciramente significa ou simboliza a graca. 2°. Que os sacramentos, como ordenangas instituidas por Deus, s4o selos afixados 4 promessa para autentica-la, como 0 fenémeno natural do arco-iris, em virtude da instituicao divina, tornou-se o selo da promessa feita por Deus a Noé. 3°, Que, como selos que assim acompanham por autoridade divina uma promessa divina, eles realmente comunicam a graca que significam aqueles a quem essa graca é destinada e que se acham em estado espiritual proprio para recebé-la, “como uma chave transmite o direito de entrada, uma escritura publica transmite uma propriedade, ou a ceriménia de casamento confere direitos maritais”. Veja Turretino, Loc.19, Ques. 4; Conf. de Fé, Cap.27; Cat. Maior, Pergs. 162 e 163; Cat. 827 Capitulo 41 de Gen., Seg. 5*. De Sacramentis; Conf. da Igr. Francesa, Art. 34; Antiga Conf. Escocesa, Seg. 21. 10. Qual é a finalidade dos sacramentos? 1°. Para que signifiquem (ou simbolizem, ou representem), selem e confiram aos que estado dentro da alianga da graca os beneficios da redengdo realizada por Cristo e assim sejam um dos principais meios de edificar a Igreja — Mat. 3:11; Gén. 17:11,133 1 Cor. 10:2-21; 11:23-26; 12:13; Rom. 2:28,29; 4:11; 6:3,4; Gal. 3:27; 1 Ped. 3:21. 2°. Que sejam insignias visiveis dos que pertencem a Igreja, e estabelecam uma diferenca visivel entre 0 mundo e os que professam seguir a Cristo — Gén. 34:14; Ex. 12:48; Ef. 2:19 - Conf. de Fé, Cap.27, Seg. 1. A DOUTRINA CATOLICO-ROMANA A RESPEITO DA EFICACIA DOS SACRAMENTOS 11. Qual é a doutrina catélico-romana a respeito da eficdcia dos sacramentos? 1°. Como mostramos acima, Perg. 6, os catélicos romanos sustentam que os sacramentos contém a graca que significam; que esse poder de conferir graga é insepardvel de um sacramento verdadeiro; e que, como fato objetivo, eles a contém sempre e a apresentam do mesmo modo a todos os partici- pantes, seja qual for o cardter deles. 2°, Em todos os casos da sua aplicagéo, a nao ser que se facga oposigao positiva e assim se anule a sua eficacia, eles efetuam a graca que significam, como um opus operatum, isto e, pelo simples poder inerente a Propria acao sacramental. 12, Da parte do administrador de que condigées depende a eficdcia do sacramento, segundo a doutrina catélico-romana? Segundo os romanistas, a validade de um sacramento, quanto ao que diz respeito ao administrador, depende — 828 Os Sacramentos 1°. De ser ele autorizado canonicamente. No caso dos sacramentos de ordem e confirmagéo, € necessdrio que ele seja um bispo em comunhao com 0 papa. No caso dos outros sacra- mentos, que seja um sacerdote papal devidamente ordenado. O carater pessoal do bispo ou sacerdote, ainda que esteja em pecado mortal, nao impede a realizacao do efeito — Conc. de Trento, Sess. 7, De Sacr., Can. 12. 2°. E necessdrio que o administrador tenha, no ato de administrar o sacramento, a intengao positiva de fazer 0 que a igreja tem a intencao de fazer quando celebra cada sacramento. O teélogo catélico-romano Pedro Dens (Vol. 5, pag. 127) diz: “Para que a celebracio do sacramento seja valida, é necessario que o ministro celebrante tenha a intengao de fazer 0 que a igreja faz. A intengao necessdria no ministro consiste num ato da sua vontade, pelo qual ele se determina a realizar 0 ato externo com a intengao de fazer o que faz a igreja”; isto é, celebrar um sacramento valido. A nao ser assim, 0 ato é nulo, mesmo quando se realizam regularmente todos os atos externos. Veja Conc. De Trento, Sess. 7, Can. 11. Isso deixa o participante inteiramente a mercé do ministro, por depender a validade do ato inteiro da sua intencdo secreta, vindo a ser isto uma das muitas invengdes daquela igreja anticrista para tornar 0 povo dependente do sacerdote. 13. Em que sentido os protestantes admitem que “intencao” é necessdria? Eles admitem que, para tornar 0 servico externo em sacra- mento, € necessdrio que seja feito com 0 propésito ostensivo e professo de cumprir o mandamento de Cristo e de fazer o que Ele exige que fagam os que aceitam a alianca evangélica. 14. Qual a condigaéo que os catélicos romanos afirmam ser essencial a eficdcia do sacramento, da parte do participante? 1°. No caso do batismo de criangas nao é necessaria nenhuma condicao da parte delas. 829 Capitulo 41 2°, Da parte dos adultos, a tinica condicgao é que eles nao se lhe oponham com incredulidade absoluta ou com resistén- cia da vontade (non ponentibus obicem). Sendo a fé e 0 arrependimento possiveis 4 alma nao regenerada, eles sao também exigidos como necess4rios para produzir o efeito do batismo (Cat. Rom., Parte 2, Cap. 2, Perg. 39). Belarmino, De Sacram., 2, 1, diz que a vontade de ser batizado, a fé e o arrepen- dimento s4o disposig6es necessdrias para tornar 0 sacramento capaz de produzir seus efeitos, exatamente como estar seca a lenha é a condicao para o fogo poder queimé-la, mas nunca éa causa do fogo. 15. Quais séo, segundo a igreja papal, os efeitos dos sacramentos? : a) 1°. Graga justificadora (santificadora). 2°. Trés dos sacramentos, a saber, o batismo, a confirmagao ea ordem, imprimem também no participante um “carater” (da palavra grega charactér, um sinal ou divisa, gravado ou impresso como um selo — como com um sinete). Este “carater sacramental” é uma impresso distintiva e indelével estampada na alma, “cujo duplo efeito é que nos prepara para receber ou fazer alguma coisa sagrada, e distingue uns dos outros”. E por isso que nunca se repete o batismo ou a confirmacado, e que um sacerdote nunca pode desfazer-se da autoridade e dos privilégios do sacerdécio — Cat. Rom., Parte 2, Cap.1, Pergs. 21-25; Conc. de Trento, Sess. 7, Can. 9. 16. Como se pode refutar essa doutrina? Que os sacramentos nao tém o poder de comunicar graga a todos, quer estejam, quer nao estejam incluidos na alianca da graca, e quer possuam, quer nao possuam fé, é certo, porque — 1°. S4o selos da alianga evangélica (veja abaixo, Perg. 20). Mas um selo s6 ratifica uma alianga como alianga. Pode comunicar a graca prometida somente na suposicao de se 830 Os Sacramentos haverem cumprido as condigées da alianga. No entanto, essa alianga declara que a salvacdéo e toda béncdo espiritual dependem da fé como sua condigao. 2°. Conhecimento e fé sio exigidos como as condigdes prévias, e é necessario que se achem em todos os que desejam participar dos sacramentos, como as qualificagdes essenciais para recebé-los — Atos 2:41; 8:37; 10:47; Rom. 4:11. 3°. A fé é essencial para tornar eficazes os sacramentos — Rom. 2:25-29; 1 Cor. 11:27-29; 1 Ped. 3:21. 4°. Muitos que recebem os sacramentos estado notoriamente sem a graca que eles significam. Atente-se para 0 caso de Simao, o mago, Atos 8:9-21, e para os de muitos dos corintios e dos galatas, e para a maioria dos cristaéos nominais do tempo atual. 5°. Muitos tém tido a graca sem os sacramentos. Disso dao testemunho os casos de Abraio, do ladrao na cruz, de Cornélio, o centuriao, e de uma multidao de cristaéos proemi- nentes entre os quacres. 6°. Essa doutrina amarra blasfemamente a graca do Deus soberano e sempre vivo, e a coloca completamente a disposiga4o das maos de homens faliveis e muitas vezes maus. 7°. Essa doutrina é um elemento essencial daquele sistema cerimonial e sacerdotal que prevalecia entre os fariseus, e contra o qual todo o Novo Testamento é um protesto. 8°. O efeito uniforme desse sistema tem sido o de aumentar o poder dos sacerdotes e de confundir todo o conhecimento a respeito da natureza da religiao verdadeira. Como os batizados nem sempre e geralmente nao produzem de fato os frutos do Espirito, todos os ritualistas concordam em nao considerar esses frutos como essenciais para a salvacéo. Onde prevalece esse sistema, morre a piedade. BIBMOTECA AUBREY ClaRK 831

You might also like