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A literatura se escreve certamente numa relao com o mundo, mas tambm apresenta-
se numa relao consigo mesmo, com sua histria, a histria de suas produes, a longa
caminhada de suas origens. Se cada texto constri sua prpria origem (sua
originalidade), inscreve-se ao mesmo tempo numa genealogia que ele pode mais ou
menos explicitar. (SAMOYAULT, 2008, p. 9).
A intertextualidade deve ser compreendida antes de tudo como uma prtica do sistema e
da multiplicidade dos textos. (SAMOYAULT, 2008, p. 43).
O texto faz ouvir vrias vozes sem que nenhum intertexto seja explicitamente
localizvel. Neste caso, parece prefervel falar de dialogismo e de polifonia em vez de
intertextualidade. Como bem mostrou Bakhtin, o entrelaamento dos discursos e a
autonomia das vozes so funo da prpria natureza do romance, colocando assim em
funcionamento uma relao com a multiplicidade dos textos e das linguagens, porque
a sua maneira de falar do mundo. (SAMOYAULT, 2008, p. 43).
O texto joga com a tradio, com a biblioteca, mas em vrios nveis, implcitos e
explcitos. (SAMOYAULT, 2008, p. 45)
O texto inteiramente construdo a partir de outros textos, o intertexto parece seu dado
dominante. (SAMOYAULT, 2008, p. 45).
Como todas as artes, a literatura se elabora com uma parte artesanal de bricolagem; e se
seu material a linguagem, mas frequentemente a linguagem j colocada em forma na
literatura existente (o que vai contra a ideia da literatura como trabalho sobre a
linguagem abstrata, no sentido jakobsoniano dos estruturalistas). A citao, a re-
escritura, a transformao e a alterao, qualquer que seja a relao do autor
melanclica, ldica ou desenvolta com o j dito, s destacam o trabalho comum e
contnuo dos textos, sua memria, seu movimento. (SAMOYAULT, 2008, p. 145).