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Quinhentismo
José de Anchieta foi o maior representante da literatura de formação no Brasil.

O Quinhentismo corresponde ao estilo literário que abrange todas as manifestações


literárias produzidas no Brasil à época de seu descobrimento, durante o século XVI. É
um movimento paralelo ao Classicismo português e possui idéias relacionadas ao
Renascimento, que vivia o seu auge na Europa. A literatura do Quinhentismo tem como
tema central os próprios objetivos da expansão marítima: a conquista material, na forma
da literatura informativa das Grandes Navegações, e a conquista espiritual, resultante da
política portuguesa da Contra-Reforma e representada pela literatura jesuítica da
Companhia de Jesus.[1]

Literatura informativa
A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas,
consiste em relatórios, documentos e cartas que empenham-se em levantar a fauna, flora
e habitantes da nova terra, com o objetivo principal de encontrar riquezas, daí o fato de
ser uma literatura meramente descritiva e de pouco valor literário. A exaltação da terra
exótica e exuberante seria sua principal característica, marcada pelos adjetivos, quase
sempre empregados no superlativo. Esse ufanismo e exaltação do Brasil seria a
principal semente do sentimento nativista, que ganharia força no século XVII, durante
as primeiras manifestações contra a Metrópole[1]

Com o crescente interesse dos europeus pelas terras recém-descobertas, expedições


formadas por comerciantes e militares eram organizadas no intuito de descrever e
noticiar a respeito das novas terras. Entre estes, estaria Pero Vaz de Caminha, escrivão
que acompanhou a armada de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Sua Carta a El-Rei Dom
Manuel sobre o achamento do Brasil é um dos exemplos mais importantes da literatura
Informativa, de inestimável valor histórico.[1]

É possível notar claramente o duplo objetivo do texto contido na Carta de Caminha, isto
é, a conquista dos bens materias e a propagação da fé cristã, como demonstram os
seguintes trechos:[1]

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro;
nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares [...] Contudo, o melhor fruto
que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.

– Carta a El-Rei D. Manuel

Literatura jesuítica
Foi conseqüência da Contra-Reforma. A principal preocupação dos jesuítas era o
trabalho de catequese, objetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na
poesia como no teatro. Mesmo assim, do ponto de vista estético, foi a melhor produção
literária do Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, os jesuítas cultivaram
o teatro de caráter pedagógico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam
aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos na Colônia. José de Anchieta se
propôs ao estudo da língua tupi-guarani e é considerado o precursor do teatro no Brasil.
Sua obra já apresenta traços barrocos.

Literatura classicista
Em Portugal, o Quinhentismo (Classicismo) teve início em 1527 , quando do retorno do
poeta Sá de Miranda da Itália, onde viveu vários anos para estudos . Na bagagem, trazia
novas técnicas versificatórias , o "dolce stil nuovo" ("doce estilo novo"). Além de
introduzir no país o verso decassílabo (medida nova) em oposição à redondilha
medieval (5 ou 7 sílabas), que passou a ser chamada de medida velha, trouxe uma nova
conceituação artística. Devemos entender, portanto, que Sá de Miranda não trouxe para
Portugal apenas um verso de medida diferente, mas um gosto poético mais refinado.

Juntamente com o decassílabo, passaram a ser cultivadas novas formas fixas de poesia,
como o soneto (dois quartetos e tercetos, com metrificação em decassílabos e rimas em
esquemas rigorosos), a ode (poesia de exaltação), a écloga (que tematiza o amor
pastoril), a elegia (revelação de sentimentos tristes) , a epístola (carta em versos). É
preciso lembrar que a substituição do verso redondilha (medida velha), característico da
Idade Média, pelo decassílabo (medida nova) não se deu de forma imediata, pois ambas
as medidas conviveram por grande parte do século XVI.

Neoclassicismo
Movimento cultural do fim do século XVIII, o Neoclassicismo está identificado com a
retomada da cultura clássica por parte da Europa Ocidental em reação ao estilo Barroco.
No entanto, o Neoclassicismo propõe a discussão dos valores clássicos, em
contraposição ao Classicismo renascentista, que apenas replicava os princípios antigos
sem críticas aprofundadas. A concepção de um ideal de beleza eterno e imutável não se
sustenta mais. Para os neoclassicistas, os princípios da era clássica deveriam ser
adaptados à realidade moderna.Movimento cultural do fim do século XVIII, o
Neoclassicismo está identificado com a retomada da cultura clássica por parte da
Europa Ocidental, em oposição ao estilo barroco. No entanto, o Neoclassicismo propõe
a discussão dos valores clássicos, em contraposição ao Classicismo Renascentista, que
apenas replicava os princípios antigos, sem críticas aprofundadas. A concepção de um
ideal de [...]

Literatura
Os textos empregam linguagem clara, sintética, gramaticalmente correta e nobre. A
forma liberta-se um pouco do rigor do Classicismo anterior. A principal expressão do
movimento na literatura é o Arcadismo, manifestado na Itália, em Portugal e no Brasil.

Na França, os novos ideais iluministas são a base dos textos. Os principais autores são
Montesquieu (1689-1755) e Voltaire. O primeiro é autor, entre outras, da obra Do
Espírito das Leis. Voltaire experimenta vários gêneros: tragédia (A Morte de César),
poesia (Discurso sobre o Homem), contos fantásticos (Zadig) e romance de fundo moral
(Cândido). No final do século, uma visão crítica da aristocracia é dada por Choderlos de
Laclos (1741-1803), em As Relações Perigosas, e pelos romances eróticos do Marquês
de Sade (1740-1814) e de Restif de la Bretonne (1734-1806). Na Inglaterra destacam-se
Robinson Crusoe, de Daniel Defoe (1660-1731), e As Viagens de Gulliver, de Jonathan
Swift (1667-1731).

A sua principal expressão na literatura , o Arcadismo foi um movimento literário que


buscava basicamente a simplicidade, oposto a confusão e do retrocedimento Barroco.
Retrata a vida pastoril e harmônica do campo. As referências clássicas voltam, e as
obras são recheadas de seres da mitologia grega. Porém se observa que a mitologia, que
era um acervo cultural concreto de Grécia, Roma e mesmo do Renascimento, agora se
converte apenas num recurso poético de valor duvidoso. Também se destaca Éclogas de
Virgílio e dos Idílios de Teócrito, obras clássicas que retratam a natureza harmônica, e
por isso são os dois autores mais imitados pelos árcades.

Os árcades, ao contrario do Barroco, preferiam uma visão equilibrada do mundo. Sem


exageros, sem conflitos, apenas a simplicidade.

Artes plásticas
A arte neoclássica busca inspiração no equilíbrio e na simplicidade, bases da criação na
Antiguidade. As características marcantes são o caráter ilustrativo e literário, marcados
pelo formalismo e pela linearidade, poses escultóricas, com anatomia correta e exatidão
nos contornos, temas "dignos" e clareza. A arte neoclassica nasceu na Europa, nas
ultimas décadas do século XVIII e nas três primeiras décadas do século XIX, foi uma
reação ao barroco e ao rococó.Não foi apenas um movimento artístico mas também
cultural que refletiu as mudanças que ocorriam na época marcadas pela ascensão da
burguesia. Este estilo procurou expressar e interpretar os interesses, a mentalidade e os
habitos da burguesia manufatureira e mercantil da época da revolução francesa e do
Império Napoleonico.

Principais Características do neoclassicismo

• formalismo e racionalismo
• exatidão nos contornos
• harmonia do colorido
• retorno ao estilo greco-romano
• academicismo e técnicas apuradas
• culto a teoria de Aristóteles
• ideal da época:democracia
• pinceladas que não mascavam a superfície

Pintura

Uma amostra de pintura neoclássica nesse período é O Juramento dos Horácios, do


francês Jacques-Louis David (1748-1825). A pintura neoclássica de David dominou o
panorama artístico francês durante quase meio século, fazendo com que ele, acima das
contingências políticas, fosse o pintor oficial da revolução francesa e, depois, do regime
de Napoleão Bonaparte. Outro pintor de destaque é Dominique Ingres (1780-1867), de
A Banhista de Valpinçon. Entre os italianos, sobressai Tiepolo (1696-1770).

Principais pintores

• Jacques Louis David (francês, 1748-1825): foi o mais característico


representante do Neoclassicismo. Durante alguns anos controlou a atividade
artística francesa, sendo o pintor oficial da corte imperial, pintando fatos
históricos ligados à vida do imperador Napoleão. Pintou também temas solenes,
personagens e motivos inspirados na antigüidade clássica, através de cores
sóbrias. Sua luminosidade lembra Caravaggio, mas é em Rafael Sânzio (mestre
inegável do equilíbrio da composição e da harmonia das cores) que reside sua
maior influência. Figuras sólidas e imóveis. Excelente retratista. Obras mais
importantes: A Morte de Marat (1793); A Morte de Sócrates (1787); As Sabinas;
A Coroação de Napoleão em Notre Dame.

• Dominique Ingres (francês, 1780-1867): Formado na oficina de David,


permaneceu fiel aos postulados neoclássicos do seu mestre ao longo de toda a
vida. Passou muitos anos em Roma, onde assimilou aspectos formais de Rafael e
do maneirismo. Ingres sobreviveu largamente à época de predomínio do seu
estilo, dado que morreu em 1867. A partir de 1830 opôs-se com veemência, da
sua posição de académico, ao triunfo do romantismo pictórico representado por
Delacroix. Ingres preferia os retratos e os nus às cenas mitológicas e históricas.
Entre os seus melhores retratos contam-se Bonaparte Primeiro Cônsul, A Bela
Célia, O Pintor Granet e A Condessa de Hassonville. Nos nus que pintou (A
Grande Odalisca, Banho Turco e, sobretudo, A Banhista) é patente o domínio e
a graça com que se serve do traço. A sua obra mais conhecida é Apoteose de
Homero, de desenho nítido e equilibrada composição.

Principais pintores

• Gérard; Chasseriau, Cabanel; Henner e Bouguereau (França); Alma-Tadema


(Grã-Bretanha); Allston (Estados Unidos). Destacam-se também: Tiepolo;
Canaletto; Guardi (Itália); os artistas rococó Jean Honoré Fragonard; Antoine
Watteau e Jean Baptiste Siméon Chardin; além de Boulle e Jean Baptiste Greuze
(França); Hogarth; Reynolds e Gainsborough (Inglaterra); Benjamin West (A
Morte do General, 1770); John Singleton Copley (Watson e o Tubarão, 1782)
(Estados Unidos).

Escultura

Multimédia
Escultura, o movimento buscava inspiração no passado. A estatuária grega foi o modelo
favorito pela harmonia das proporções, regularidade das formas e serenidade da
expressão. Apesar disso, não atingiram a amplitude nem o espírito da escultura grega.
Também foi menos ousada que a pintura e arquitetura de seu tempo. Entre os principais
escultores destaca-se o italiano Antonio Canova (1757-1822), que retrata personagens
contemporâneos como divindades mitológicas como Pauline Bonaparte Borghese como
Vênus (2010); .

Música

O período normalmente designado como neoclássico é, em música, reconhecido como


classicismo, ou período clássico. Grosso modo, a segunda metade do século XVIII,
período marcado pela simplificação das estruturas Barrocas, tornando a música mais
simples através da mudança de um estilo contrapontístico para outro homofônico. São
considerados o auge deste estilo os compositores Mozart e Haydn, pelo modo como
sintetizaram os trabalhos de seus antecessores, dando forma definida à Sonata, à música
de câmara, ao concerto e à Sinfonia. Beethoven é considerado o compositor responsável
pela transição do estilo clássico para o romântico.

A denominação "Neoclássica" em música geralmente se refere a um movimento


musical um tanto difuso, ocorrido aproximadamente entre 1920 e 1950. A principal
figura deste movimento foi Stravinski, que após um período identificado como
primitivismo, ou "fase russa", passou a evocar a estética do século XVIII. Isso ocorreu
principalmente a partir de seu balé Pulcinella (1920). Outros compositores podem ser
reputados como neo-clássicos no século XX, em geral uma característica atribuída
àqueles que não buscaram uma estética atonal ou o exacerbado uso da dissonância e do
ruído, mas continuaram compondo segundo os parâmetros tonais dos séculos anteriores,
de alguma forma renovados.

Arquitetura neoclássica
A Arquitetura neoclássica foi produto da reacção antibarroco e anti-rococó, levada a
cabo pelos novos artistas-intelectuais do século XVIII. Os Arquitectos formados no
clima cultural do racionalismo iluminista e educados no entusiasmo crescente pela
Civilização Clássica, cada vez mais conhecida e estudada devido aos progressos da
Arqueologia e da História.

Algumas características deste movimento artístico na arquitectura são

• Materiais nobres (pedra, mármore, granito, madeiras)


• Processos técnicos avançados
• Sistemas construtivos simples
• Esquemas mais complexos, a par das linhas ortogonais
• Formas regulares, geométricas e simétricas
• Volumes corpóreos, maciços, bem definidos por planos murais lisos
• Uso de abóbada de berço ou de aresta
• Uso de cúpulas, com frequência marcadas pela monumentalidade
• Espaços interiores organizados segundo critérios geométricos e formais de
grande racionalidade
• Pórticos colunados
• Entablamentos direitos
• Frontões triangulares
• A decoração recorreu a elementos estruturais com formas clássicas, à pintura
rural e ao relevo em estuque
• Valorizou a intimidade e o conforto nas mansões familiares
• Decoração de carácter estrutural

Interiores e mobiliário
Teatro
No teatro neoclássico a racionalidade predomina, revalorizam-se o texto e a linguagem
poética. A tragédia mantém o padrão solene da Antiguidade. Entre os principais autores
está Voltaire. A comédia revitaliza-se com o francês Pierre Marivaux (1688-1763),
autor de O Jogo do Amor e do Acaso. Os italianos Carlo Goldoni (1707-1793), de A
Viúva Astuciosa, e Carlo Gozzi (1720-1806), de O Amor de Três Laranjas, estão entre
os principais dramaturgos do gênero. Outro importante autor de comédias é o francês
Caron de Beaumarchais (1732-1799), de O Barbeiro de Sevilha e de As Bodas de
Fígaro, retratos da decadência do Antigo Regime e uma inspiração para as óperas de
Mozart (1756-1791) e Rossini (1792-1868).

Numa linha que prenuncia o romantismo, trabalha o dramaturgo e filósofo francês


Denis Diderot (1713-1784), um dos organizadores da Enciclopédia. Entre suas peças se
destaca O Filho Natural. O italiano Metastasio (1698-1782) aproxima o teatro da
música, como no melodrama .

Neoclassicismo no Brasil
Em 1816, desembarca no Brasil a Missão Artística Francesa, contratada para fundar e
dirigir no Rio de Janeiro uma Escola de Artes e Ofícios. Nela está, entre outros, o pintor
Jean-Baptiste Debret, que retrata com charme e humor costumes e personagens da
época. Em 1826 é fundada a Academia Imperial de Belas-Artes, futura Academia
Nacional, que adota o gosto neoclássico europeu e atrai outros pintores estrangeiros de
porte, como Auguste Marie Taunay e Johann Moritz Rugendas. Pintores brasileiros
desse período são Manuel de Araújo Porto-Alegre e Rafael Mendes Carvalho, entre
outros.
No país, a tendência torna-se visível na arquitetura. Seu expoente é Grandjean de
Montigny (1776-1850), que chega com a Missão Francesa. Suas obras, como a sede da
reitoria da Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro, adaptam a estética
neoclássica ao clima tropical. Mesmo que sua fundamentação fosse de uma sociedade
agrário-escravocrata e com um comércio relativamente atrasado, tendo um governo
monárquico.

Na pintura, a influência neoclássica está submetida ao romantismo. A composição e o


desenho seguem os padrões de sobriedade e equilíbrio, mas o colorido reflete a
dramaticidade romântica. Um exemplo é Flagelação de Cristo, de Vítor Meirelles
(1832-1903).

Na literatura, a principal expressão é o arcadismo, caracterizado por um estilo mais


simples e objetivo e pela temática voltada para a natureza. Os seus principais poetas
encontram-se em Vila Rica, centro cultural do Brasil na época. A vida no campo é
também abordada , mas os pastores europeus são substituídos pelos vaqueiros
brasileiros. Cláudio Manuel Costa (1729 - 1789), Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)
e Silva Alvarenga (1749-1814) são os principais poetas do movimento no Brasil.

Romantismo no Brasil
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O Romantismo no Brasil teve como marco fundador a publicação do livro "Suspiros


poéticos e saudades", de Gonçalves de Magalhães, em 1836, e durou 45 anos
terminando em 1881 com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por
Machado de Assis. O Romantismo foi sucedido pelo Realismo.

Índice
[esconder]

• 1 Período Histórico: 1836 - 1881


• 2 Características
• 3 A Poesia Romântica
o 3.1 Primeira geração - Indianista ou Nacionalista
o 3.2 Segunda geração - Ultrarromantismo ou Mal do Século
o 3.3 Terceira geração - Condoreira
• 4 A Prosa Romântica
o 4.1 Joaquim Manuel de Macedo
o 4.2 José de Alencar
 4.2.1 Romances Urbanos
 4.2.2 Romances Regionalistas
 4.2.3 Romances Históricos e Indianistas
 4.2.4 A Importância da Obra de José de Alencar
o 4.3 Bernardo Guimarães
o 4.4 Franklin Távora
o 4.5 Visconde de Taunay
o 4.6 Manuel Antônio de Almeida

• 5 Ver também

[editar] Período Histórico: 1836 - 1881


No Brasil, o momento histórico em que ocorre o Romantismo tem que ser visto a partir
das últimas produções árcades, caracterizadas pela satírica política de Gonzaga e Silva
Alvarenga, bem como as idéias de autonomia comuns naquela época. Em 1808, com a
chegada da corte portuguesa ao Brasil fugindo de Napoleão Bonaparte, a cidade do Rio
de Janeiro passa por um processo de urbanização, tornando-se um campo propício à
divulgação das novas influências européias; a então colônia brasileira caminhava no
rumo da independência.

Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o


passado histórico, exalta-se a natureza da pátria; na realidade, características já
cultivadas na Europa e que se encaixavam perfeitamente à necessidade brasileira de
ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas. De 1823 a 1831, o Brasil
viveu um período conturbado como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução
da Assembléia Constituinte ; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a
luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado
assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a
maioridade prematura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o
Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de nacionalismo.

Contexto Histórico

Com o incremento da industrialização e do comércio , notadamente a partir da


Revolução Industrial do século XVIII , a burguesia , na Europa , vai ocupando espaço
político e ideológico maior . As idéias do emergente Liberalismo incentivam a busca da
realização individual , por parte do cidadão comum . Nas últimas décadas do século ,
esse processo levou ao surgimento , na Inglaterra e na Alemanha , de autores que
caminhavam num sentido contrário ao da racionalidade clássica e da valorização do
campo , conforme normas da arte vigente até então . Esses autores tendiam a enfatizar o
nacionalismo e identificavam-se com a sentimentalidade popular . Essas idéias foram o
germe do que se denominou ROMANTISMO .

Tais atitudes e outras consequentes delas foram se consolidando e, ao chegarem à


França , receberam um vigoroso impulso graças à Revolução Francesa de 1789 .
Afinal , essas tendências literárias individualistas identificavam-se amplamente com os
princípios revolucionários franceses de derrubada do Absolutismo e ascensão da
burguesia ao poder , através de uma aliança com camadas populares . A partir daí , o
ideário romântico espalhou-se por todo o mundo ocidental , levando consigo o caráter
de agitação e transgressão que acompanhava os ideais revolucionários franceses que
atemorizavam as aristocracias européias . A desilusão com esses ideais lançaria muitos
românticos em uma situação de marginalidade em relação à própria burguesia . Mesmo
assim , devemos associar a ascensão burguesa à ascensão do Romantismo na Europa .

Em Portugal , os ideais desse novo estilo encontram , a exemplo do que ocorrera na


França , um ambiente adequado ao seu teor revolucionário . Opunham-se naquele país
duas forças políticas : os monarquistas , que pretendiam a manutenção do regime
vigente , depois da expulsão das tropas napoleônicas que tinham invadido o país em
1806 , e os liberais , que pretendiam sepultar de vez a Monarquia . A Revolução
Constitucionalista do Porto ( 1820 ) representou um marco na luta liberal , mas os
monarquistas conseguiram manter o poder durante todo o período , marcando com
perseguições as biografias de muitos escritores daquele país , quase sempre adeptos do
Liberalismo .

No Brasil , o Romantismo encontrou um processo revolucionário em curso : a


Independência de 1822 lançou ao país um novo desafio - afirmar-se como nação . Isto
queria dizer construir uma identidade própria . Esta foi a principal tarefa dos nossos
românticos .

Características

Três fundamentos do estilo romântico : o egocentrismo , o nacionalismo e liberdade de


expressão .

O egocentrismo : também chamado de subjetivismo , ou individualismo . Evidencia a


tendência romântica à pessoalidade e ao desligamento da sociedade . O artista volta-se
para dentro de si mesmo , colocando-se como centro do universo poético . A primeira
pessoa ("eu") ganha relevância nos poemas .

O nacionalismo : corresponde à valorização das particularidades locais . Opondo-se ao


registro de ambiente árcade , que se pautava pela mesmice , vendo pastoralismo em
todos os lugares , o Romantismo propõe um destaque da chamada "cor local", isto é , o
conjunto de aspectos particulares de cada região . Esses aspectos envolvem
componentes geográficos , históricos e culturais . Assim , a cultura popular ganha
considerável espaço nas discussões intelectuais de elite .

A liberdade de expressão : é um dos pontos mais importantes da escola romântica .


"Nem regra , nem modelos "- afirma Victor Hugo , um dos mais destacados românticos
franceses . Pretendendo explorar as dimensões variadas de seu próprio "eu", o artista se
recusa a adaptar a expressão de suas emoções a um conjunto de regras pré-estabelecido .
Da mesma forma , afasta-se de modelos artísticos consagrados , optando por uma busca
incessante da originalidade .

Como decorrência da supremacia do sujeito na estética romântica , o sentimentalismo


ganha destaque especial . A emoção supera a razão na determinação das ações das
personagens românticas . O amor , o ódio , a amizade o respeito e a honra são valores
sempre presentes .

Na sua luta contra a racionalidade , o artista romântico valoriza todo e qualquer estado
onírico , isto é , dominado pelo sonho , pela fantasia e pela imaginação . São momentos
de suspensão passageira ou definitiva da razão que definem o ser humano passional ,
dentro do Romantismo . Toda loucura é válida .

E se o mundo não corresponde aos anseios românticos , o artista parte para a idealização
criando um universo independente , particular , original . Nesse universo ele deposita
suas aspirações de liberdade e à perfeição física. A figura da mulher amada , por
exemplo , será associada à sempre um exemplo moral a ser seguido pelos leitores, por
sua inteireza de caráter e sua moralidade irrepreensível .

Se de um lado temos sempre a figura do herói associada ao Bem , de outro é quase


obrigatória nos romances a presença de um vilão , que encarna o Mal . Essa concepção
moral de oposição absoluta entre Bem e Mal recebe o nome de maniqueísmo . No
romantismo , o maniqueísmo constituiu mesmo a espinha dorsal das narrativas .

Normalmente , associamos o Romantismo a imagens de inocência e lirismo . Mas ele


tem sua face escura e tétrica e trágica. O pessimismo romântico aparece nas referências
à morte e no arrebatamento passional , que às vezes conduz à loucura ou aos finais
infelizes .

A Natureza , tão fundamental no Neoclassicismo , ganhará contornos particulares no


Romantismo . No primeiro estilo , servia sempre como pano de fundo harmoniosos para
o cenário bucólico e pastoril . No segundo , acompanha os estados de espírito do poeta
ou das personagens dos romances . Assim , momentos de tristeza ou desilusão
corresponderão a paisagens lúgubres ; bem como instantes de alegria aparecerão sempre
associados a imagens luminosas .

O romântico , ao desenvolver um mundo particular , pode transformá-lo em seu espaço


de fuga : é o escapismo . As saídas , para o artista , são aquelas apontadas
anteriormente : o sonho , a morte , a Natureza exótica . Ainda dentro do escapismo ,
destaque-se um espaço particular de fuga : o passado . Ele pode aparecer de forma
pessoal , associado à felicidade inocente da infância , ou de maneira mais social , nas
freqüentes alusões à Idade Média .

[editar] Características
• Subjetivismo - A pessoalidade do autor está em destaque. A poesia e a prosa
romântica apresentam uma visão particular da sociedade, de seus costumes e da
vida como um todo.

• Sentimentalismo - Os sentimentos dos personagens entram em foco. O autor


passa a usar a literatura como forma de explorar sentimentos comuns à
sociedade, como: o amor, a cólera, a paixão etc. O sentimentalismo geralmente
implica na exploração da temática amorosa e nos dramas de amor.

• Nacionalismo, ufanismo - Surge a necessidade de criar uma cultura


genuinamente brasileira. Como uma forma de publicidade do Brasil, os autores
brasileiros procuravam expressar uma opinião, um gosto, uma cultura e um jeito
autênticos, livres de traços europeus.

• Maior liberdade formal - As produções literárias estavam livres para assumir a


forma que quisessem, ou seja, entrava em evidência a expressão em detrimento
da estrutura formal (versificação, rima etc).

• Vocabulário mais brasileiro - Como um meio de criar uma cultura brasileira


original os artistas buscavam inspiração nas raízes pré-coloniais utilizando-se de
vocábulos indígenas e regionalismos brasileiros para criar uma língua que
tivesse a cara do Brasil.

• Religiosidade - A produção literária romântica, utiliza-se não só da fé católica


como um meio de mostrar recato e austeridade, mas utiliza-se também da
espiritualidade, expressando uma presença divina no ambiente natural.

• Mal do Século - Essa geração, também conhecida como Byroniana e


Ultrarromantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua
característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a
escuridão.

• Evasão
• Indianismo - O autor romântico utilizava-se da figura do índio como inspiração
para seu trabalho, depositando em sua imagem a confiança num símbolo de
patriotismo e brasilidade, adotando o indígena como a figura do herói nacional
(bom selvagem).

• A idealização da realidade - A análise dos fatos, das aparências, dos costumes


etc era muito superficial e pessoal, por isso era idealizada, imaginada, assim o
sonho e o desejo invadiam o mundo real criando uma descrição romântica e
mascarada dos fatos.

• Escapismo - Os artistas românticos procuravam fugir da opressão capitalista


gerada pela revolução burguesa (revolução industrial). Apesar de criticarem a
burguesia, os artistas tinham que ser sutis pois os burgueses eram os mecenas de
sua literatura e por isso procuravam escapar da realidade através da idealização.

As formas de escape seriam as seguinte: Fuga no tempo, Fuga no sonho e na


imaginação, Fuga na loucura , Fuga no espaço e Fuga na morte.

• O culto à natureza - Com a busca de um passado indígena e de uma cultura


naturalmente brasileira surge o culto ao natural, aos elementos da natureza, tão
cultuados pelos índios. Passava-se a observar o ambiente natural como algo
divino e puro.

• A idealização da Mulher (figura feminina)- a mulher era a fonte de toda a


inspiração. Era intocável, vista como um anjo em que jamais poderiam desfrutar
de suas caracteristicas puras e angelicais.

[editar] A Poesia Romântica


No Brasil, a poesia romântica é marcada, num primeiro momento, pelo teor patriótico,
de afirmação nacional, de compreensão do que era ser brasileiro, ou pela expressão do
eu, isto é, pela expressão dos sentimentos mais íntimos, dos desejos mais pessoais,
diferente do ideal de imitação da natureza presente na poesia árcade. Isto tudo seguido
de uma revolução na linguagem poética, que passou a buscar uma proximidade com o
cotidiano das pessoas, com a linguagem do dia-a-dia. No poema "Invocação do Anjo da
Poesia", Gonçalves de Magalhães diz que vai abandonar as convenções clássicas
(cultura grega) em favor do sentimento pessoal e do sentimento patriótico.

A poesia romântica surge em meio aos fervores independentistas da primeira metade do


século XIX, tendo como marco inicial a obra de Gonçalves de Magalhães, "Suspiros
Poéticos e Saudades". Apesar de servir como marco de início do romantismo no Brasil,
a obra "Suspiros Poéticos e Saudades" não apresenta grande notoriedade ou importância
no cenário artístico poético do romantismo brasileiro assim como as outras obras de
Gonçalves de Magalhães. De acordo com as características e vertentes assumidas por
cada poeta romântico, a poesia romântica pode ser dividida em:

[editar] Primeira geração - Indianista ou Nacionalista

• Influência direta da Independência do Brasil (1822)


• Nacionalismo, ufanismo
• Exaltação à natureza e à pátria
• O Índio como grande herói nacional
• Sentimentalismo

Principais poetas
• Gonçalves de Magalhães
• Gonçalves Dias

[editar] Segunda geração - Ultrarromantismo ou Mal do Século

• Egocentrismo
• Ultrassentimentalismo - Há uma ênfase nos traços românticos. O
sentimentalismo é ainda mais exagerado.
• Byronismo - Atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração
romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar
um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida
boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do
sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada
e, por vezes, satânica.
• Spleen - Termo francês que traduz o tédio, o desencanto, a insatisfação e a
melancolia diante da vida.
• Fuga da realidade, evasão - Através da morte, do sonho, da loucura, do vinho,
etc.
• Satanismo - A referência ao demônio, as cerimônias demoníacas proibidas e
obscuras. O inferno é visto como prolongamento das dores e das orgias da Terra.
• A noite, o mistério - Preferência por ambientes fúnebres, noturnos, misteriosos,
apropriados aos rituais satânicos e à reflexão sobre a morte, depressão e solidão.
• Mulher idealizada, distante - A figura feminina é freqüentemente um sonho, um
anjo, inacessível. O amor não se concretiza e em alguns momentos o poeta
assume o medo de amar.

Principais poetas

• Álvares de Azevedo
• Casimiro de Abreu
• Junqueira Freire
• Fagundes Varela

[editar] Terceira geração - Condoreira

• 1888 - Abolição da Escravatura


• 1889 - Proclamação da República

• Influenciada pelos acontecimentos sociais, discursa sobre liberdade, questões


sociais, o abolicionismo.
• Uso de exclamações, exageros, apóstrofes.
• Mulher presente, carnal.
• Volta-se para o futuro, progresso.
• Luta pela liberdade, temáticas sociais.
• Ainda fala sobre o amor.
• O condor simboliza a liberdade, por isso geração condoreira.

Principais poetas

• Castro Alves - "O Poeta dos Escravos"


• Sousândrade"o Poeta da transição" considerado o poeta "divisor de águas" entre
o Romantismo e a nova escola o Realismo.

[editar] A Prosa Romântica


A prosa romântica inicia-se com a publicação do primeiro romance brasileiro "O filho
do Pescador", de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa em 1843. O primeiro romance
brasileiro em folhetim foi "A Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, publicado
em 1844. O romance brasileiro caracteriza-se por ser uma "adaptação" do romance
europeu, conservando a estrutura folhetinesca européia, com início, meio e fim
seguindo a ordem cronológica dos fatos.

O Romance brasileiro poderia ser dividido em duas fases: Antes de José de Alencar e
Pós-José de Alencar, pois antes desse importante autor as narrativas eram basicamente
urbanas, ambientadas no Rio de Janeiro, e apresentavam uma visão muito superficial
dos hábitos e comportamentos da sociedade burguesa.

E com José de Alencar surgiram novos estilos de prosa romântica como os romances
regionalistas, históricos e indianistas e o romance passou a ser mais crítico e realista. Os
romances brasileiros fizeram muito sucesso em sua época já que uniam o útil ao
agradável: A estrutura típica do romance europeu, ambientada nos cenários facilmente
identificáveis pelo leitor brasileiro(cafés, teatros, ruas de cidades como o Rio de
Janeiro).

O sucesso também se deve ao fato de que os romances eram feitos para a classe
burguesa, ressaltando o luxo e a pompa da vida social burguesa e ocultando a hipocrisia
dos costumes burgueses. Por isso pode-se dizer que, no geral, o romance brasileiro era
urbano, superficial, folhetinesco e burguês. Dentre os vários romancistas românticos
brasileiros, merecem destaque:

[editar] Joaquim Manuel de Macedo

Ver artigo principal: Joaquim Manuel de Macedo

Célebre por dar início à produção prosaica do romantismo brasileiro, Joaquim Manuel
de Macedo ou Dr. Macedinho, como era conhecido pelo povo, escreveu um dos mais
populares romances da literatura romântica do Brasil. O romance "A moreninha" fez um
enorme sucesso dentre a classe burguesa brasileira que se sentia extremamente agradada
por um novo projeto de literatura: A literatura original do Brasil. Uma literatura que
continuava a seguir os padrões das histórias de amor européias tão populares entre a
classe burguesa, mas que ao mesmo tempo inovava ao trazer tais histórias tão clássicas
para ambientes legitimamente brasileiros que faziam os leitores identificarem os
ambientes mencionados. Trata-se de um escritor que estava voltado para as narrativas
urbanas e tinha como foco a cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, e a
alta sociedade carioca em seus saraus e festas sociais. Seus romances em forma de
folhetim, eram como as atuais telenovelas, só que escritos em episódios num jornal. As
obras de Joaquim Manuel de Macedo apresentam uma visão superficial dos hábitos e
comportamentos dos jovens da época, buscando ilustrar a pompa e o luxo da alta classe
capitalista, e com isso, escondendo a hipocrisia e a dissimulação da burguesia. A grande
importância de sua obra é em despertar no público brasileiro, o gosto pela produção
literária nacional, ambientada em cenários facilmente identificáveis. Seus romances
posteriores a "A moreninha" seguem sua mesma "fórmula". Dentre as principais obras
de Joaquim Manuel de Macedo estão:

• A Moreninha - É a história de um rapaz burguês que vai estudar medicina no


Rio de Janeiro. Morando em uma república estudantil, Augusto, faz vários
amigos, dentre eles Filipe que o convida para veranear na Ilha de Paquetá.
Augusto aceita o convite, e ele e seus amigos apostam que ele não se
apaixonaria por nenhuma moça, caso o fizesse, teria de escrever romances de
amor revelando sua paixão. Augusto, contra a aposta com seus amigos,
inevitavelmente se apaixona por Dona Carolina, irmã de Filipe, que recusa
enamorar-se com Augusto pois em sua infância havia jurado amor eterno a um
certo menino e Augusto, curiosamente, também havia jurado amor eterno e
casamento a uma certa menina. Por fim, ao descobrirem que um era a paixão
infantil do outro, entregam-se a esse sentimento. A pureza e discrição dos
personagens, assim como a beleza de um amor pudico, conquistaram os leitores
burgueses tornando esse romance um dos maiores sucessos do romantismo
brasileiro.

• O Moço Loiro

• As vítimas-algozes

[editar] José de Alencar

Ver artigo principal: José de Alencar

José de Alencar, o Patriarca do Romantismo brasileiro

José de Alencar é considerado o patriarca da literatura brasileira. Inaugurou novos


estilos românticos e consolidou o romantismo no Brasil desenhando o retrato cultural
brasileiro de forma completa e abrangente. E devido a essa visão ampla do cenário
brasileiro, sua obra iniciaria um período de transição entre Romantismo e Realismo.
Suas narrativas apresentam um desenvolvimento dos conflitos femininos da mulher
burguesa do século XIX, já que seus romances a tinha como público alvo. Sua obra
pode ser fragmentada em três categorias:

[editar] Romances Urbanos

Romances ambientados no Rio de Janeiro, protagonizados por personagens femininos,


mostravam o luxo e a pompa das atividades sociais burguesas, no entanto apresentavam
uma critica sutil aos hábitos hipócritas da burguesia e seu caráter capitalista. São
exemplos de romances urbanos de José de Alencar:

• Senhora - Faz crítica ao casamento por interesse, à hipocrisia, à cobiça e à


soberba burguesa.
• Lucíola - Critica o fato de a burguesia, que financia a prostituição durante a
noite, ter aversão às mesmas durante o dia.
• Diva - Ressalta a beleza das jovens e ricas burguesas, o virtuosismo e a pureza e,
em contrapartida, critica o casamento por interesse financeiro.

[editar] Romances Regionalistas

Narrativas que se sucedem em centros afastados da capital imperial, ou seja, histórias


que acontecem em lugares tipicamente brasileiros, mais pitorescos, menos influenciados
pela cultura européia. Apesar de José de Alencar narrar seus romances regionalistas
com uma incrível fluência e suavidade, as histórias narradas são superficiais devido ao
fato de que o autor não viajara para as regiões que descreveu, mas pesquisara a fundo
sobre elas. Basicamente, são romances que procuram ser mais fiéis ao projeto de
brasilidade e propaganda do Brasil independente, o objetivo é fazer propaganda aos
próprios brasileiros, expondo a diversidade do país. São Exemplos de romances
regionalistas de José de Alencar:

• O Gaúcho
• O Sertanejo
• O Tronco do Ipê

[editar] Romances Históricos e Indianistas

Romances que revelam a preocupação de José de Alencar em exibir o índio como herói
nacional. Enquanto os autores românticos da europa retratavam o saudosismo através de
menções à época medieval, no Brasil, Alencar procurou buscar na cultura indígena
brasileira o passado fiel da história brasileira. Seus romances trazem uma linguagem
mais original, com vocábulos do tupi, retratam o índio como símbolo de bravura, de
pureza e de amor ao ambiente natural. Pode-se dizer que suas narrativas tendiam ao
estilo poético por entrelaçar o caráter básico da prosa com o lirismo do gênero poético.
Em resumo, suas obras utilizam o indianismo como forma de revelar um conceito mais
original de brasilidade e criar um projeto de língua brasileira. Dentre as obras mais
importantes de José de Alencar nesse ramo do romantismo, estão:

• O Guarani
• Ubirajara
• As Minas de Prata
• Iracema

[editar] A Importância da Obra de José de Alencar

Considerado o mais importante escritor do Romantismo brasileiro, é ele quem consegue


expressar o perfeito retrato da cultura brasileira, explorando novas vertentes da
produção literária, criando e abrindo caminhos para a criação de uma literatura
brasileira original, ampla e de boa qualidade. E por isso foi o autor que mais se
aproximou do objetivo da escola romântica, mesclando a idealização e o sonho com um
realismo sutil, valorizando os elementos naturais da cultura brasileira e o índio como
figura-mãe da original cultura brasileira. Suas obras foram capazes de inspirar nos
burgueses o gosto pela leitura nacional e também, de inspirar diversos autores a seguir
caminhos por ele traçados, concretizando assim seu projeto nacionalista de revelar o
Brasil num todo.

[editar] Bernardo Guimarães

Ver artigo principal: Bernardo Guimarães

Bernardo Guimarães, o escritor da famosa obra "A Escrava Isaura"


Considerado um dos mais importantes regionalistas românticos brasileiros, opta por
seguir um dos caminhos traçados por José de Alencar ambientando suas tramas nos
estados de Minas Gerais e Goiás. Suas obras conservam o caráter linear romântico,
apresentando a estrutura folhetinesca típica de sua época; prezam pela valorização do
pitoresco e do regional, resgatando os hábitos típicos da sociedade imperial.
Caracteriza-se por usar, por vezes, a linguagem oral em sua obra e fazer críticas sutis
aos sistemas patriarcal, clerical e escravocrata do Brasil Império. Entres suas principais
obras, destacam-se:

• A Escrava Isaura - Fez grande sucesso enquanto livro, tão notável que foi
adaptado como novela da Rede Globo e da Rede Record. Bernardo Guimarães
tentou criticar a escravatura no Brasil, patrocinando, através de sua obra, o
abolicionismo, no entanto sua crítica se mostrou um tanto malsucedida pois a
personagem principal, Isaura, era uma escrava branca, e a antagonista, uma
mucama negra, o que incitou nos leitores uma raiva da personagem negra e um
sentimento de pena e compaixão da escrava branca Isaura. Pode-se dizer que não
atingiu seu objetivo realista devido a sua crítica equivocada, mas conquistou
enorme admiração e já nos permite identificar traços de uma literatura brasileira
mais realista. Apresenta o caráter sentimentalista romântico das histórias de
amor terminando com seu devido final feliz.

• O Seminarista - Não tão notório quanto a obra acima, mas não por isso perdeu
seu valor literário. Critica o sistema patriarcal da época e principalmente o
sistema clerical, mencionando a inadequação do jovem à vida religiosa imposta
pela família. Assim como "A escrava Isaura", é uma história de amor, que
permite-nos observar sentimentos em conflito com uma realidade imposta pela
sociedade (o jovem que não pode amar pois fora forçado a ser padre por sua
família). Ao contrário da primeira obra, apresenta um final trágico no qual o
protagonista enlouquece ao saber da morte de sua amada.

[editar] Franklin Távora

Ver artigo principal: Franklin Távora

Franklin Távora, inovador e arrojado, é o primeiro escritor brasileiro a retratar o


cangaço nordestino.

Um dos mais importantes escritores do romance regionalista brasileiro, Franklin Távora


foi o primeiro autor romântico a escrever sobre o cangaço nordestino e um dos mais
assíduos críticos do romantismo de José de Alencar pois acreditava num romantismo
mais realista, menos idealizado, tanto que suas obras oscilam entre o romântico e o
realista. Sua literatura era baseada no "Projeto de uma Literatura do Norte", o que ele
fez foi explorar as regiões Norte e Nordeste do Brasil, apoiado em sua teoria de que
essas eram as regiões mais brasileiras por serem as menos exploradas pelos brancos
europeus, conservando assim um caráter mais típico e mais real da cultura do Brasil.
Suas obras valorizavam bastante a questão regional, prezando pelo pitoresco e peculiar
das regiões que se preocupou em retratar, assim ele pode expressar os costumes, as
características e a realidade, até então pouco explorados, da população do interior do
Brasil de forma detalhada e realista. Os romances de Franklin Távora são marcados por
sua objetividade, característica do realismo, e por uma análise justa do ambiente que
procurava descrever, e devido a esses fatores sua produção literária, pode-se dizer, que
oscila entre o romantismo e o realismo. Apesar de um grande envolvimento com a causa
realista, a obra de Franklin Távora é considerada romântica devido ao fato de conservar
o caráter linear e a temática amorosa que marcam a escola romântica brasileira. Dentre
seus principais romances estão:

• O Cabeleira - Trata-se de seu romance mais importante. Sua história se


desenrola sobre a temática do cangaço nordestino, tendo como protagonista o
Cabeleira, o chefe de um bando de cangaceiros assaltantes. O Cabeleira termina
por largar o banditismo em favor de seu amor por Luizinha. Apresenta fortes
traços de realismo por ser justo e fiel aos fatos e ao ambiente, no entanto
permanece idealizador na questão sentimental, cuja idéia principal é que o amor
quebra qualquer barreira.

• O Matuto

• Lourenço

[editar] Visconde de Taunay

Ver artigo principal: Visconde de Taunay

Visconde de Taunay, o autor de "Inocência"

Outro importante autor da vertente regionalista do romantismo brasileiro, que tomou


por cenário de suas narrativas a província de Mato Grosso. Sua obra caracteriza-se pela
precisão de detalhes e pela descrição minuciosa da paisagem mato-grossense, abusando
de detalhes sobre a flora, a fauna e o relevo do cerrado central do Brasil. Seus romances
apresentam a habitual estrutura romântica linear e acessórios realistas. Caracterizados
por estarem integrados à vertente sertanista, preocupando-se em retratar de forma rica e
real o ambiente particular da região centro-oeste brasileira. Dentre as principais de obras
de Visconde de Taunay estão:

• Inocência - O romance tem como protagonistas a pura e ingênua Inocência, que


é vendida pelo pai ao fazendeiro Manecão, e Cirino, um curandeiro que se finge
de médico para ganhar a vida e que numa de suas "consultas" cura Inocência e
entrega uma carta ao pai da moça, Seu Pereira. Inocência e Cirino se apaixonam,
e a frágil moça se torna forte em nome de seu real amor, num de seus encontros
amorosos o casal é descoberto o que leva Seu Pereira e Manecão a planejarem
uma emboscada para Cirino. Cirino e Inocência terminam mortos. Visconde de
Taunay inova por apresentar um desfecho infeliz com a morte dos dois
protagonistas.

• A Retirada da Laguna
[editar] Manuel Antônio de Almeida

Ver artigo principal: Manuel Antônio de Almeida

O que melhor descreve a sua importância no romantismo brasileiro é o seu


envolvimento com o romance de costumes. Sua obra procurou retratar os hábitos, a
moda, o folclore e a religiosidade das classes populares do início do século XIX,
desmascarando violentamente a baixa sociedade brasileira colonial, o que a torna
singular dentre as obras românticas que procuraram tratar dos costume e dos valores da
alta sociedade imperial. Seu romance de costumes ironizava os padrões e normas
românticos, criticava a desequilibrada baixa classe brasileira sarcasticamente e pôs em
crise a idealização romântica devido ao fato de seus personagens serem malandros,
cafajestes e praticamente marginais. Um dos principais traços da obra de Manuel
Antônio de Almeida é o predomínio do humor sobre o dramático, suas personagens
eram caricaturizadas, com ênfase aos seu defeitos, os acontecimentos da trama
desmentiam as aparências das personagens (o quebra mais um padrão romântico cujas
obras apresentavam acontecimentos que validavam as aparências das personagens). Seu
romance era Picaresco, relativo a picadeiro, ou seja, eram romances cômicos e tendiam
ao patético, substituindo o dramático habitual do romantismo por um humor crítico e
sagaz. Sua produção apresenta uma ausência da tragédia humana em função de quebrar
mais um cacoete romântico. Caracteriza-se como autor precursor do realismo por sua
objetividade e sua descrença nos valores sociais, destruindo assim, o caráter subjetivo e
bajulador do romantismo. Apesar de toda essa quebra de valores, não só a sua
localização temporal, mas também a presença da linearidade e a proteção dos valores
burgueses, encaixam a sua obra dentro do romantismo brasileiro. Dentre as obras de
Manuel Antônio de Almeida destaca-se:

• Memórias de um Sargento de Milícias - Conta a história de Leonardo, um


homem que conta as memórias de sua vida desgraçada. Filho de Leonardo
Pataca e Maria das Hortaliças, Leonardo foi abandonado ainda criança por sua
mãe, que fugiu com um marinheiro, e por seu pai que não o queria. Passou a
viver com o padrinho que não tinha filhos e o criara com muita dedicação,
encobrindo todas as suas travessuras. Era um menino insuportável. Mais tarde
torna-se um boêmio arruaceiro, que quase sempre era preso e logo depois solto
teve por um bom tempo o sargento Vidigal em sua cola. Devido a essa
freqüência na cadeia, Leonardo cria amizades no meio militar e logo, por
apadrinhamento, ganha a patente de sargento de milícias. Após ganhar tal cargo,
decide-se casar para fazer jus à sua patente casa-se com Luisinha que estava
recém viúva e foi o primeiro amor na sua adolescência. "Memórias de um
Sargento de milícias" causou um grande impacto no público burguês, sendo lido
principalmente por intelectuais da literatura da época e alcançando o ápice de
sucesso após a morte de Manuel Antônio de Almeida em um naufrágio. A
narrativa é linear, apesar de "começar pelo final", é farta de humor, e o núcleo
principal caracteriza-se pela falta de classe e de valores.

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