1. O poema descreve as recordações da infância do poeta e como ele sente que a glória e o esplendor de sua juventude se foram.
2. Apesar disso, o poeta encontra consolo na natureza, na fé e na sabedoria que adquiriu ao longo da vida.
3. Ele acredita que embora a glória do passado não retorne, eles não devem chorar, mas sim encontrar forças no amor e afeto da infância.
1. O poema descreve as recordações da infância do poeta e como ele sente que a glória e o esplendor de sua juventude se foram.
2. Apesar disso, o poeta encontra consolo na natureza, na fé e na sabedoria que adquiriu ao longo da vida.
3. Ele acredita que embora a glória do passado não retorne, eles não devem chorar, mas sim encontrar forças no amor e afeto da infância.
1. O poema descreve as recordações da infância do poeta e como ele sente que a glória e o esplendor de sua juventude se foram.
2. Apesar disso, o poeta encontra consolo na natureza, na fé e na sabedoria que adquiriu ao longo da vida.
3. Ele acredita que embora a glória do passado não retorne, eles não devem chorar, mas sim encontrar forças no amor e afeto da infância.
TENRA INFNCIA. I Houve um tempo em que a relva, a fonte, o rio, a mata E o horizonte se vestiam De uma luz grata, Visto que assim me pareciam , E da opulncia que nos sonhos inata. Hoje est sendo tal como foi outrora; Seja o que for, eu, Na luz ou breu, Eu no verei jamais o que se foi embora. II O arco-ris vai, vem, E a rosa nos faz bem; Alegre, a lua nota Que o cu est completamente nu; luz De estrelas, a gua brota E belo o que ela reproduz; A aurora sempre um nascimento; E contudo, eu sei muito bem Que a glria passou por ns em algum momento. III Agora, enquanto as aves cantam de contento E enquanto o cordeirinho salta Ao som do que o exalta, A mim apenas veio uma ideia de dor: Enunciei-o e de repente ela passou, E me encho de alento: Trombeteiam cascatas frente ao precipcio; Minha dor no mais matar o clima opulento; Ouo o Eco que vem das grutas e ouo o Vento Que encerra em si o sono tal como um resqucio, E alegre a terra; Todo o mar Vem a se ufanar E a Fera se aferra Ao sono na serra; Voc, Criana, Menino pastor, grite at onde, Criana, o grito alcana! IV E vocs, Criaturas, eu escuto afinal O que dizem entre vocs E vejo o cu que frui tambm vossa altivez; Meu ser em vosso festival, Coroado, o total De vossa ddiva ah!, eu sinto mal!, Fosse eu soturno enquanto A Terra se adornasse, Manh de Maio face A qual a infncia nasce No Mundo, No vale remoto e fecundo; Enquanto o sol nos acalora E o Beb sobe aos braos da Me: ouo agora! Com alegria eu ouo, eu ouo! Mas uma, uma rvore existe, Uma Plancie que em minhalma inda persiste, Lembrando o que se foi e hoje e me deixa triste: E o Amor-Perfeito Diz: Que foi feito Do vislumbre visionrio? Dos sonhos? Do esplendor vrio? V Nosso nascer no passa de sono e de oblvio: A Alma que nasce com ns, nosso Astro Vital, Vive longe de onde vive o Trajeto de seu fanal; No no esquecimento inteiro Nem na nudez por inteiro, Mas, arrastando nuvens de glria, viemos De Deus nele vivemos : o Cu que a ns circunda e a nossa meninice! As sombras da priso comeam a cobrir O Menino que cresce; Mas ele v a luz, sabe aonde ela vai ir E sabe que ela o acresce; A Juventude, em sacerdcio Natureza, Viaja ao Leste numa empresa Guiada pela Viso mais bela; E ao largo o Homem v que sua vida acaba E que na luz do hbito ela enfim desaba. VI A Terra enche o colo com prazeres seus; A Terra possui nsias que ela mesma mantm, E, possuindo um algo maternal tambm, E honesta em seu intuito, A Terra, ama-de-leite, empenha-se Pra que o filho adotivo, a Humanidade, abstenha-se De todos seus apogeus E do que nele for trajetria e for muito. VII Aprecie a Criana e a pliade de encantos, Tesouro de seis anos menor que um pigmeu! Contemple a paz com que ele enfim adormeceu, Preocupado coos beijos de sua me, tantos!, E as tantas bnos que seu pai lhe concedeu! Veja, a seus ps, alguma tabela infantil, Algum fragmento de seu sonho de ser humano, Moldado graas a uma arte ainda pueril; Um casamento ou um festival, Um lamento ou um funeral; E a isto ele servil, E nisto ele forma seu canto: Assim afinar-se- enquanto Dialoga sobre o amor, o sucesso ou o dano; No demorar tanto At que largue isto E de novo, e imprevisto, Com alegria o Ator mirim faa outro ardil; Enchendo pouco a pouco sua prpria farsa De Personagens, t que a Vida fique esparsa E, colocando-o na barca, a Vida o ressara; Como se imitar fosse Tudo o que ele fosse. VIII Voc, cujo semblante exterior desmente Teu valor inerente; Voc, grande Filsofo, que mantm ainda A herana; voc, que a Viso entre a cegueira, Que, surdo e mudo, l a profundeza infinda Sempre assombrada pela mente altaneira, Vidente!, Profeta! Que a verdade afeta E a quem ns procuramos de qualquer maneira, Por toda a vida, presos no escuro da cova; Voc, sobre quem flui a Fonte da Existncia Que escraviza ao mesmo tempo que renova, Algo impossvel de se ignorar a presena; A quem a cova cama solitria sem sentido ou luz Do que l fora luz, Um lugar onde se descansa e onde se pensa; Voc, Criana, ainda ilustre na amplitude Da area liberdade de tua atitude, Pra qu, com dores to solenes, provocar Os anos a te darem o que eles vo te dar, Assim to cega e santa imersa na batalha? No tarda e teu esprito cai no retardo De uma rotina que impor a ti um fardo Que pese e quase como a vida se equivalha! IX Alegria!, que em ns Inda palpita E repercute a voz E nos evita! Pensar no meu passado faz com que em mim nasa Uma bno perptua: no aquela graa Que glorifica aquele a quem ela agracia Prazer e liberdade, o credo que perpassa A Infncia inteira, na labuta ou calmaria, Pleno do tatalar da f que se atavia: Nem por estes elevo Canes de louvor e enlevo; Mas pelas questes obstinadas De senso e coisas externadas Distantes de ns, sublimadas; Vagos temores da Criatura Que vaga em meio a mundos no realizados, Altos instintos onde a efmera Figura Treme tal como tremem os Sentenciados: Por tais afetos prvios E recordaes breves, o Que vierem a ser, sejam, Pois so fontes de luz e nos clarejam, Pois so pontos de luz de nosso olhar; Guarde a estima por ns, guardando o seu poder De que a turba dos anos se encurte no Ser Da Calmaria imorredoura: o despertar Pra vida eterna: O que a surdez e a insnia que s vezes governa, O Pai, o Filho E o que v na alegria um odioso empecilho, No podero matar nem retirar o brilho! Assim, sendo o clima propcio, Por distantes que estejamos, Sentimos sempre aquele mar sem fim ou incio Que nos trouxe aonde estamos, E vemos sempre a Infncia que brinca na areia, E ouvimos sempre o som do mar que assenhoreia. X Pois cantem, Aves, cantem canes de contento! E que o Cordeiro salte, Alegre, ao som que o exalte! Nossas vozes sero uma s em pensamento, Voc que brinca ou flauteia E que tem na sua veia O agrado que Maio alardeia! Pois muito embora a glria, que antes cintilara, Tenha tornado-se distante e coisa rara, E embora nada traga novamente a hora Do esplendor no relvado, ou da flor que vigora; Ns no vamos chorar; iremos Achar foras no que tivemos Um dia; no afeto primeiro Que ainda se mantm inteiro; No pensamento que consola E medra quando a dor desola; Na f que enxerga alm da morte E na sabedoria do que ns vivemos. XI E vocs, Bosques, Fontes, Picos, Matagais, No previram que o amor j no seria mais! E entanto, o corao de meu corao sente O poder de vocs; eu abandonei somente Um prazer pra viver vosso ciclo usual. Amo o rio que em seu canal se convulsiona, Mais do que quando, assim como ele, eu fui frugal; A luz da Aurora pura e, como habitual, Emociona; As nuvens que rodeiam o pr-do-sol ganham O tom-de-cor daquele olhar que mantivera Viglia sobre nossa tnue Primavera; Outras raas tm sido, e outras glrias se apanham. Graas ao corao, que fizemos morada, Graas a todo o seu temor, carinho e encanto, Sei que da flor mais simples pode ser gerada Meditao profunda demais para o pranto.