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a Capitulo VI Vigéncia e Aplicagao da Legislagao Tributaria Sumario: 1. Vigéncia das leis. 2, Regras gerais. 3. Vigéncia no espago. 3.1. Leis estrangeiras. 4. Vigéncia no tempo. 4.1. Vi- géncia e principio da anterioridade. 5. Aplicagao da lei tributdéria. 5.1, Aplicagio retroativa da lei tributdria. 5.2. As chamadas leis interpretativas. 5.3. A retroatividade benigna em matéria de in- fragdes. _— BIBLIOTECA SEUNE 1. VIGENCIA DAS LEIS Lei vigente, ou lei em vigor, é aquela que € suscetivel de aplicagao, des- de que se fagam presentes os fatos que correspondam a sua hipétese de inci- déncia, Essa possibilidade de aplicagdo supde que a norma tenha sido valida- mente editada, isto é, que tenha atendido ao ritual previsto para sua elaboragao ¢ obedecido aos demais limites formais e materiais que balizam 0 processo egislativo. O Judicidrio nao participa do processo de aprovagao da lei, mas pode, quando provocado, decretar a invalidade de diploma normativo que tenha ofendido preceito material de norma superior, ou que haja descum- prido requisito formal necessdrio para sua elaboragdo. Se e enquanto 0 Poder Judicidrio nao se manifestar em contrdrio, a lei goza de presun¢do de validade'. pws | Publicada a lei, é preciso identificar em que momento ela passa a ter Vigéncia e até quando vigorard, bem como 0 espago em que ird viger; a =, legint Et StUdo sobre a dedutibilidade de tributos sob discussio judi {itimidade da dedugio com base na presungio de validade da lei (Dedutit ‘em discussao judicial ou administrativa. CEFIR, n. 297). sustentamos a 219 awe i ch idemtficagto desses aspectos depende do exame das normas qe do direito, no tempo e no espago. *Plicags cia da lei condiciona sua efcdcia, isto €, a produ a © eta, Sa hing? Avigi {que se traduz em sua aplicagio concreta aos fatos que espethem tese de incidéncia. 2. REGRAS GERAIS A. vigéncia das leis tributéias, no tempo € no espaco,& rei regra, pelas mesmas normas que diseiplinam a vigéncia das demic, isso que proclama o art. 101 do Codigo Tributario Nacional, com a = E das disposigdes contidas no capitulo que 0 diploma dedica ao tema, Desse modo, os preceitos do Decreto-Lei n. 4.657/42 ~ a Le de iy dugdo as Normas do Direito Brasileiro (LINDB) ~ aplicam-se também campo do direto tibutério, O mesmo ocorre com a Lei Complementay. 95/98, que, ao dispor sobre a elaboragao das leis, contém norma sobre, géncia, como veremos adiante. Na medida em que as normas da LINDB tém caréter supletivo, igo é, admitem disposigdo em contrario, a vigéncia das leis tributarias regy. la-se, em regra, segundo o que elas préprias estabelecerem ou, no silén- cio, pelas normas da LINDB (com ressalva, sempre, das singelas dispo- sigdes alinhavadas pelo CTN), observada, ainda, a Lei Complementarn, 95/98. 3. VIGENCIA NO ESPACO A lei tributdria vigora no territério do ente politico que a edita; ot rit6rio € 0 limite espacial da soberania, no caso do Estado nacional, ¢ ds autonomia, no caso dos Estados-membros, Distrito Federal e Municipios. Assim, a lei federal abrange todo o territério nacional; a lei dos demais entes politicos aplica-se, por igual, nos respectivos territ6rios. O Cédigo Tributério Nacional prevé a extraterritorialidade da gislagdo dos Estados, Distrito Federal e Municipios, nos termos convénios que entre si realizem ou de normas gerais de direito tribute (art. 102), dispositivo que tem escassa drea de atuagao. Gaetano Pec lo refere como hipotese mais significativa de aplicagdo do disposi"? 0s convénios celebrados entre os entes politicos, com vistas 4 execus 220 —— a de suas Teis, Servigos ou decisdes, bem como os relativos & outorga de isengoes” : 0 problema da territorialidade das leis, em especial no que respeita gostributos nacionais, envolve a questo da eficdcia das normas, vale dizer, se Unio editasse lei para valer fora do territ6rio nacional, por exemplo, brigando cidadiios brasileiros domiciliados no exterior, a lei seria vdlida (ge nio ferisse nenhum preceito de hierarquia superior), mas sua eficdcia seria comprometida pela reduzida possibilidade de efetiva aplicagdo, que upie coercibilidade (possibilidade de execugio forgada), em caso de des- ‘cumprimento’. Dependendo do elemento de conexdo com 0 territ6rio nacional esco- jo pela lei, pode-se cobrar tributo em razdo de um fato ocorrido no ex- terior (se, por exemplo, © contribuinte estiver domiciliado no Pais) ou cobri-lo em raziio de um fato ocorrido no Pafs, ainda que a pessoa (que a lei brasileira elege como contribuinte) esteja no exterior (por meio, por exemplo, de retengdo na fonte). Nessas hipéteses, porém, nao ha aplicagao extraterritorial da lei brasileira; aplica-se a lei patria no territério nacional, dado o elemento de conexdo escolhido em cada hipétese (domicilio do contribuinte, no primeiro caso; local da produgo do fato, no segundo). Justamente porque a legislagdo dos varios paises costuma combinar esses critérios de conexiio, surge o problema da dupla tributacao internacio- nal’, que tem sido eliminado ou reduzido nos termos de tratados internacio- tais; outro modo de solugo utilizado € 0 da edicdo de leis internas que asseguram a compensaciio de tributos pagos a pafses estrangeiros, vincula- 4a 4 demonstragio de que a legislagao do outro pais dé igualdade de trata- Mento em situagdes andlogas (cldusula legal de reciprocidade). Alberto Xavier expde os varios fingulos sob os quais pode ser exami- nado o problema da territorialidade: a distingdo entre o sentido positivo € 0 Negativo do principio (significando, respectivamente, que a lei estrangeira nio se aplica no Pafs, e que a lei interna se aplica no territério nacional, Sendo irrelevante a nacionalidade do contribuinte); a distingdo entre a ter- pee 2. Vigéncia e aplicagao da legis Nacional ¥.5.p. 115. Jago tributéria, in Comentérios ao Cédigo Tributério 3. Nessa linha, Heleno Torres afirma a “inexisténcia de limites gerais (externos) a0 .6h4)” “2 M¥idade legislativa dos Estados em matéria tributéria™ (Pluritribwacdo, cit, 4 Heleno Torres, na mono} sfere falar em pluritributagao sna fia que dedicou ao tema, prefere "wrtrtntagdo,citep 2218) en 221 er ECA SEUNE eww’ a . Wtortatialade om xeutige teal © a tevtitortalidude em sentigg Metra atinonte aor ele Me Peso wont ao olernentas materials do» falos tributdvers enol (a a atPh reason Mase to peonsoats, come donnietlio ou a sede, gg S88, atadlo ent sentite material & em acutide formal Caquela ter el . expacial dla aplicagae da ted, e eat, ao Ambito de possivel EXECUGIO go, bio a myonttna), © subline as ditieudades para uma sistematizagio desing do Vista do tate ce que an tributow xe extdo desvinculando de aspectos 8 mater (hens, consume ete.) ¢ personalizando-se (Wributagao da renda ‘exemplo), diticultando sua eonexdo com um dado territério’ 8 a Blobil, pop Jd. Leis estrangeiray Ricardo Lobo Torres lembra que a lei estrangeira ndo Vigora not ‘rio nacional, reconhecendo, nie obstante, a aplicagdo, no Brasil, de tudos internacionais’, que, obviamente, no poderiam ser qualificadoy lois “estrangeiras” : Porem, na medida em que os tratados regulam efeitos juridicos triby. Latins de situagdex de fay a que se liguem os residentes de cada um do, paises contratantes, a tei interna de um deles pode interferir no modo og intensidade de aplicagdo da lei interna do outro; & 0 que se dé com os ore. ditos fiscais, decorrentes de tributo devido a um dos pafses, que afetam ¢ quantum devido 10 outro. Mesmo em situagdes nio sujeitas a tratado (ou em que inexista tratado) a lei estrangeira pode integrar a hipdtese de aplicagao da lei brasileira. Ta se di, por exemplo, quando nossa lei do imposto de renda admite que, ao se apurar 0 imposto devido por contribuinte aqui domiciliado, seja deduzi do © imposto retido no exterior, se a lei do pats de origem da renda der igual tratamento ao imposto retido no Brasil. Assim, para aplicagao do comand da lei brasileira (que regula a dedugao do imposto retido no exte rior) € preciso perquirir esse dado, integrante da situagdo de fato que seré objeto de subsungiio 2 norma interna. ‘O mesmo se di nas situagdes em que pessoas juridicas séo obrigadas a computar, na base de ciilculo do imposto de renda, o luero auferido em raziio de sua participagdo em empresas no exterior, admitindo-se a dedugao do imposto que for devido por essas empresas, segundo a lei local 5. Alberto Xavier, Direito, Comentarios, cit, p. Hes 6, Curso, cit, p. 114 .p. 20-8, V, também, Gaetano Paciello, igen ® 222 Reciprocamente, © mesmo pode ocorrer no exterior, em relagao a lei passilei 4 VIGENCIA NO TEMPO A vigéncia da lei tributdria no tempo segue, como jé assinalamos, as nas disposigdes aplicaveis as normas juridicas em geral (previstas na LINDB ena LC n. 95/98), com as excegdes estabelecidas pelo Cédigo Jributario Nacional. Conforme a LINDB, a lei vigora quarenta e cinco dias depois de ofi- : te publicada, salvo se dispuser em contrério (0 que, geralmente, ) (art. 1°). Se, publicada a lei, sua vigéncia s6 tiver inicio em data a vista de evento futuro, dé-se a vacatio legis (no perfodo que data da publicagao oficial da lei e sua entrada em vigor). BIBLIOTECA SEUNE futura, OU medeia entre & Se, na vacatio legis, ocorrer nova publicagao destinada a corregéo, 0 conta-se dessa nova publicagdo. As corregées de lei j em vigor con- sideram-se lei nova (LINDB, art. 12, §§ 3%e 4°). Nao se destinando a vigén- cia temporaria, a lei vigora até que seja revogada; a revogagao pode ser expressa (quando declarada em lei posterior) ou implicita (se nova lei tratar inteiramente da matéria ou se houver incompatibilidade com lei posterior); eis de caréter geral no se revogam por leis especiais, nem estas se revogam por aquelas: ndo ha repristinagao, salvo se expressa (ou seja, a lei revogada nao se restaura se perder vigéncia a lei que a revogara — LINDB, art. 2*). A ki em vigor tem efeito geral e imediato (LINDB, art. 6°). Diz o art. 8° da Lei Complementar n. 95/98 que a vigéncia da lei deve set indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razodvel para que dela se tenha amplo conhecimento; sé leis de “pequena repercussao” € que podem conter a cléusula de vigéncia na propria data de sua publicagao. Entendemos que, se uma lei for omissa sobre a data de sua entrada em vigor, continua aplicavel a LINDB, que, alids, define um prazo que, em regra, € razodvel. Poder-se-ia alegar que 0 art. 8° da Lei Complementar n. 95/98, ao dizer que a vigéncia deve ser expressa, teria revogado 0 art. 1° da LINDB (que regula hipstese de omissao). Isso, porém, criaria um vacuo que preci- ‘ana de algum modo ser preenchido; parece-nos, pois, que a solugao (para 4 hipoteses em que o legislador eventualmente se omita sobre a vigéncia forma) € continuar aplicando o art. 1° da LINDB. Atal Complementar n. 95/98 determina que a alteragdo das leis se Por novo texto quando se tratar de altera¢do considerdvel, b) me- ewer 223 ewe Ae 4... pf diame revozasio parcial ©) por substtuigdo do disposi g por acréscimo de dispositive novo (art. 12), requerendo, ade Heady oy cliusula de revogagio expresse as disposigdes revogaday i ‘Mais, ‘te! redagio da LC n, 107/2001) Nao obstante parece-nos que fe Sons flo entre uma ki nova eoutra lei, anterior, esta cede o pasgo ye 0 ons ainda que nio haja mengio expressa& revopacio da lei yam in sentido sustentar a prevaléncia da lei velha. a Regras espectficas sio ditadas pelo Cédigo Tributiio Nae 103) sobre a entrada em vigor das chamadas “normas complem ( aque se refere o at. 100. Com a ressalva de disposigdo em contra normativos expedidos pelas autoridades vigem a partir de wag ns os efeitos normativos de decisdes administrativas (a que efeitos) passam a vigorar trinta dias apés a publicagao, Quanto a0s convénios celebrados entre os entes politicos, Tributirio Nacional determina sua vigéncia a partir da data nel 0 que nio se harmoniza com a ressalva do caput: se as normas sio supletivas, pois admitem que se disponha em contrario, fat tese, exatamente dizer qual seria a norma supletiva aplicével n convénio omitir-se sobre sua vigéncia. a \atio ei atibua ty, © Cédigg Prev, 40 Cécigs na hing. 1 C280 dey 4.1. Vigéncia e principio da anterioridade Ao tratar dos principios constitucionais, vimos que, com algunas cexcegies, as leis que criem ou majorem tributos no podem aplicarse durante o proprio exercicio em que sejam editadas; ademais, também com algumas excegdes, deve ser observado o perfodo de noventa dias entre a data da publicagao e a data de vigéncia da lei que cria ou aumenta tributo, Nas hipéteses excepcionadas, bem como nos casos de reducao de tributes, € ainda nas demais situagdes em que ndo se cuide de criacdo ou aumento de tributo, a lei entra em vigor de acordo com as regras que estudamas acima Regra especifica, recorde-se, é ditada para as contribuigdes socias 8 que se refere 0 art. 195 da Constituigdo, que, embora possam vigorar n0 proprio exercicio de sua edigdo, ficam sujeitas @ vacatio legis de noventa dias. Esse prazo pode ser excedido, mas ndo encurtado pela lei. Vale dizet nao € 0 legislador impedido de fixar a data em que a lei passari a ser ap cada apés os noventa dias previstos na Constituigdo, Se a lei nada disser esse respeito, vale 0 prazo de noventa dias. E se fixar um prazo men” prevalece, obviamente, o preceito constitucional. 204 — soci das sti, OCT artic 0 Tet Nacional et mn bh mm eat rinse Ps ia stigma inc tO Sec ona im li io 2 ua enna Ne tam poe te Secon ore Cos ee re at come ens ‘ vent coiicads deve je se refeido miso alice screscenta pela ‘ars rOreca SEM 0 DA LEI TRIBUTARIA Fae pn oso sma 108, 8 ee a tle ears in ede ean tna mo man MO notes ces cu 0 7 toa 116 Se ee ea el dediament sos fares “ a lei criadora arLicn ois ices ns majoradora de wibuto plea para ofturo aa) Oa. 108 do Caigo Tribu eto, Caio arma a vigenca pra © or or di mas 0 a e igénca para Se geo i I rte as poucis excegdes 3 882 FET am cn to): veremos ali gsm et 0 at 18, eerie 2% ancora teri cio mas ind se No pss, pte anos do serpin bre ino gear peri (em a SO pera elas to inal 6 pron ars ee ur ee fomando desde 0 prime dia do perio. Berea mendido endossar esse entendimento, Essa eplicas3o, citacme o-operante da fei, aunea teve respaldo constitucional tse ato pendente for gerador de trib € sua acorn tributria posterior a essa data que amy Iter io, em cert dat, Peni fat ser retoatva. Meso absraindoo principio dt ns Pe | anterioridade, a lei editada ap6s ter tido inicio 0 perfodo de fo renda, se aplicada para gravé-la, lancaria efeitos sobre o Passa te trata (como é 0 caso do imposto de renda) de tributo sujeito ao pring; anterioridade, com maior razio a lei s6 poderd entender-se com Piha apenas fiuturos, mas, além disso, ocorridos em exerctcios futuros? lig 5.1, Aplicagdo retroativa da lei tributdria Lei retroativa, ja sabemos, € aquela voltada para a disciplina de ambém para esses fatos. Tal ocorre quando a pr, ‘jo para fatos passados (hiptese em que tem0s de examinar a validade dessa retroagao) Pode dar-se, ainda, que a lei, emborg omissa quanto a fatos pas: dos, seja invocada pelo seu intérprete ou ap}. cador para a regulagao de fatos pretéritos (0 que, em algumas situagdes, ¢ legitimo). Vale dizer, nesta situagdo, diante de uma lei dirigida ao futuro, objetiva-se aplicd-la a fatos pretéritos. . J4 vimos que as leis retroativas encontram seus limites delineados pela Constituigao. E evidente que, nas situagdes em que se veda ao le. gislador ditar regras para 0 pa sado, resulta vedado também ao aplica- | dor da lei estender os efeitos desta para atingir os fatos anteriores a sua passados, ou voltada ta lei expressa sua apli vigéncia. Mesmo no campo em que 0 legislador pode ditar leis retroativas,o aplicador estard, em regra, proibido de aplicar retroativamente a lei nova. Por exemplo, a lei pode extinguir certo tributo € determinar a aplicacao retroativa de seus preceitos desde certa data no passado, estendendo, pois, tos pretéritos. Porém, sem disposi¢do legal expres- aeficdcia da norma a fa sa, a0 aplicador da lei nao cabe fazer incidir sobre fatos passados a regra de revogacao do tributo, que hd de se entender dirigida ao futuro. HA algumas situagdes excepcionais, em que € possivel a aplicagao da lei tributdria nova a fatos passados, mesmo que ela nada diga nesse senti- do. Isso se dé particularmente no campo da retroatividade benigna, em matéria de infragdes, que mais adiante estudaremos. O Cédigo Tribu- trio Nacional pretende, ainda, que as leis ditas interpretativas também tenham aplicagao retroativa; veremos, em seguida, a faldcia de tais “leis interpretativas”. ‘mais ample > 7 vi 7. V,, no capitulo das limitagdes do poder de tributar, uma abordage™ ‘* A posto sobre os principios da irretroatividade ¢ da anterioridade ¢ sua aplicagio 20 im ; chamadas leis interpretativas 2. AS & gro N. g0 Tributirio Nacional imaginow ser pos i a ago das leis ditas imterpretativay gre sn 2 a possi. ia éntica™ ‘ ‘to de que. tratan. ida interpretacSo auténtica (ditada pelo prone . os pjetivaria “aclarar”o sentido de anterio ee oe “were plicars¢0 preceilo interpretativo retroativamente. desde omomen, ai ue principiou a vigorar a lei interpretada, Nessa linha, di © Cédigo Co a lei se aplica a ato ou fato pretérito, em qualquer caso, quando ve ve sssamente interpretativa, excluida a aplicacio de Penalidade 4 infragio . positivos interpretados (art. 106, 1). Porconseguinte, uma lei imterpretativa retroagi diz. 0 CTN), exceto para ensejar puni eae interpretado (ressalva.o mesmo dispositivo). Sepundo ¢ equivo- cado preceito do Cédigo, mesmo a incidéncia de tributo “aclarado” pela le nova retroagiria & data de vigéncia da lei velha. A lei nova, ut qual 0 parecer do jurist, ou a sentenga do uiz voltaria no tempo pare dines eligi a fato passado, qual 0 dieito aplicével (ou como se aplicar tito da época). inclusive para dispor, por exemplo, que ofato "aa Jen, entender compreendido na regra de tributagdo da ei"X”,estando, oi ceoménciaconcreta desse fato, desde a vigéncia dessa lei sujeitaw wit to por ela criado. na sempre (“em qualquer io pelo descumprimento do A doutrina tem-se dedicado a tarefa impossivel de conciliar a te- troagdo da lei interpretativa com 0 vidade, afirmando que a lei intet ° contetido da lei interpretada, seria inconstitucional’ Principio constitucional da irretroati- tpretativa deve limitar-se a “esclarecer” Sem criar obrigagdes novas, pois isso enna Feira Jardim ressalva tea i$ 08 Vagos ou mes 1 interpretativa serve ‘omen t Sie cauela com a¢ fa somegggS®8 aceita a retro Seadoo ° ance da let ue a lei interpretativa “uo somente explicita manda- mo obscuros” (Manual, cit. p. 158). Zelmo Denar diz a precisar 0 “sentido e o alcance” da li interpretada,re- sas leis interpretativas (Curso, cit, p. 140). Adilson Ro- io da “lei com Fungo interpretativa, que, sem alterar 0 cit ot Sue interpreta, visa a esclarecer pontos ndo claramente espe- anual. cit. p. 37) nT BIBLIOTECA SEUNE eee ‘Segundo ja afirmamos noutra ocasido, a lei as limitagdes aplicaveis as leis retroativas, e, portanto, é inti Com efeito,a dita “lei interpretativa” ndo consegue escapar do dilen, ou ela inova 0 direito anterior (e, por isso, & retroativa, com as consequia, cias dat decorrentes), ou ela se limita a repetir 0 que j& dizia a lei anterigg (e, nesse caso, nenhum fundamento légico haveria nem para a retroaca dy lei nem, em rigor, para sua edigio). Nao se use o sofisma de que a lei interpretativa “apenas” diz como deve ser aplicada (inclusive pelo juiz) a lei anterior; nem se argumente que o je. sgislador “somente” elucida o que ele teria pretendido dizer coma lei anterio, Ocorre que, de um lado, o legislador, nas matérias que se contém no campo da irretroatividade, s6 legisla para 0 futuro. De outro lado, dar ao le. gislador fungdes interpretativas, vinculantes para o Judiciario na apreciagao de fatos concretos anteriormente ocorridos, implicaria conceder aquele a atribui- gdo de dizer 0 direito aplicdvel aos casos concretos, tarefa precipuamente conferida pela Constituigdo ao Poder Judiciério, Mais uma vez, nao se escapa a0 dilema: ou a lei nova dé ao preceito interpretado 0 mesmo sentido que 0 juiz infere desse preceito, ou nao; no primeiro caso, a lei € inécua; no segundo, 6 inoperante, porque retroativa (ou porque usurpa fungao jurisdicional). Por isso, quer se olhe a lei interpretativa como uma substituigdo re- troativa do preceito “obscuro” da lei velha pelo preceito “aclarado” da lei nova, quer seja ela encarada como uma determinagao ao juiz ou ao aplica- dor da lei para que julgue ou aplique a lei velha em tal ou qual sentido, estaremos sempre diante de uma lei nova que pretende regrar 0 passado, sendo, pois, aplicaveis todas as restrigGes opontveis as leis retroativas. Em suma, somente nos casos em que possa agir lei retroativa ¢ poss vel a atuaco de lei interpretativa, o que evidencia a inutilidade desta". 9, Luciano Amaro, As chamadas leis interpretativas, RDT, n. 45, Pontes de Minds ‘anatematiza as leis interpretativas (Comentdrios, cit. 5, p. 103). Roque Carrazza tab no as admite (Vigéncia e aplicago das leis tributérias, in Curso de diretotribuério,¥. 1.P 130-1), no que é apoiado por Carlos Mario Velloso (A iretroatividade..., RDT, n.45,9.854. ; 10, A Lei Complementar n, 118/2005 contém norma “expressamente interpreta do disposto no inciso I do art, 168 do Cédigo Tributério Nacional. O art. 38 dessa iat! si proprio o efeito de interpretaro referido inciso; o art. 4, por seu turmo, manda obser quanto 20 ar. 3,0 disposto no art 106, I, do Cédigo. Parece dbvio que (sem examin PE rao conteddo da disposigio, que serd objeto de comentario no Capftulo XIV, quando we darmos a questio dos prazos exinivos na restituigo do indebito) o Juiciso spe aplicar “retroativamente” essa norma “interpretativa” se entendesse que, antes da L#? plementarn, 118/2005, a melhor interpretagdo jd era a que veio a ser dad por es 228 la _— 53.4 retroatividade benigna em matéria de infragoes Ja vimos que 0 aplicador da lei nao pode, em regra, estender ao pas- sado os efeitos da lei nova, ainda que fora do campo em que é constitucio- nalmente vedada a retroatividade da lei tributaria. Assim, caso a lei nova ido a alfquota de certo tributo, a diminuicao vale para 0. futuro, tenha reduzi al sendo vedado aplicd-la ao passado, salvo expressa disposi¢ao legal nesse sentido. Jéem matéria de sangdo as infragdes tributarias (recorde-se que sangdo de ato ilicito nao se confunde com tributo, nem é compreendida no concei- to deste), 0 Codigo Tributdrio Nacional, inspirado no direito penal, manda aplicar retroativamente a lei nova, quando mais favordvel ao acusado do que a lei vigente 2 época da ocorréncia do fato. Prevalece, pois, a lei mais branda (lex mitior). Diz 0 Cédigo Tributario Nacional que a lei se aplica a ato ou fato pretérito, “tratando-se de ato nao definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infragao; b) quando deixe de traté-lo como contrario a qualquer exigéncia de agdo ou omissao, desde que nao tenha sido fraudu- lento e nao tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando Ihe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prdtica” (art. 106, II). Nas alineas a e c temos a clara aplicagdo da retroatividade benigna: s alei nova ndo mais pune certo ato, que deixou de ser considerado infragao (ou se o sanciona com penalidade mais branda), ela retroage em beneficio do acusado, eximindo-o de pena (ou sujeitando-o 2 penalidade menos se- Vera que tenha criado). E 6bvio que, se a lei nova agravar a punicdo, ela ndo retroage. _ Jéaalinea 6 do dispositivo conflita com © previsto na alfnea a. Com efeito, cuida a alinea b da hipétese em que certo ato, que era contrério a uma exigéncia legal (de aco ou de omissao), deixou de ser tratado como i ae lei nova. Vale dizer: 0 ato configurava uma infragdo & lei da época cae valet mas a lei nova deixa de considerd-lo como infragao. Ora, ‘atamente a hipdtese da alinea a. a Mae’ alinea b apenas reproduz, ociosamente, 0 preceito da alinea hipsteses ‘enniive vai além, excluindo a aplicagao da lex mitior nas Samento det raude e nas em que a infragao tenha implicado falta de pa- ributo (o que levaria ao exagerado rigor de s6 se admitir a Fettoativi i . . i i s fo ce benigna em casos de inocente descumprimento de obriga- : US) BIBLIOTECA SEUNE proey 229 a wa ge Essa exegese, porém. tornaria letra morta 0 disposto na alinea a aplicagao igualmente faz da alinea b letra morta. eta A contradigéo entre as duasalineas nio escapou a Fabio Fanuc ge anotou tratar a primeira de uma retroatividade incondicional, ca separa de uma aplicago condicional da lei nova mais benigna’'. Ao propor ung solugao, refutando a de Eros Grau (para quem a alinea a seria atinene obrigagdes principais e a b, a obrigagdes acess6rias), Fabio Fanucchi aven. ta a aplicagao do principio in dubio pro reo (que faria a letra a prevalecer sobre a b), mas conclui pela fusiio dos dois preceitos (0 que, na pritca, significou prestigiar a letra b)'". Hugo de Brito Machado também anotoy que nao via nenhuma diferenga entre as alineas em cotejo" ‘Na diivida quanto & aplicagao de uma ou outra das alineas, preferimos ficar com o art. 112 do Cédigo Tributario Nacional, que, nessa matéria, man- da aplicar o principio in dubio pro reo. Deve prevalecer, pois, a alineaa M1. Curso, cit, p. 189. 12, Curso, cit. p. 191-2. 13. Curso, cit, p. 70.

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