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Espage & Debates 4? AS Rest anturogar Agee O pés-fordismo e seu espa¢o Alain Lipietz e Danidle Leborgne ‘Tradugéo de Regina Silvia Pacheco Quis serdo as conseqUtncias das novas eno Togias sobre a geografia humana e econémica? ‘Aessa questo tao direta colocada pelos goo- ‘gralos aos economistas, lende-se @ responder om prudéncia metodoldgica. Em primeiro ty (ar, ndo é a ecnolagia nem as rlagdes profs: Sonais que modelam dretamente 0 espaco, mas sim um codjunto bem mais complexo * 0 Mimodelo ce deservolwmento”. Em sequica, indo podemos simplesmente deduzr 0 modelo {de desenvolvimento das novas tecnologia. E, fo entanlo,tentarnos. Teams imaginar © ou 0s modelos de desenvolvimento que modeta ‘0 nosso futuro, em particular 0 espago. Nao’ fem todos 05 seus aspectos, mas a0’ menos fos tragos mais pertinentes quanto a seu des- obramiento espacial Para ser um eéio candiato "saida da eft S55" todo novo madelo de desenvolvimento do- Ser ser no mnwmo covets. can iowa re Io de desenvolvimento, até meso © que esta Sivalmente em erse 0 fordsmo" - ele dove: ‘dso apresentar como a conn de tbs as postos Compativeis: uma forma de orgarizec&o 8p rabalho (um paracigma industria, uma es tara macroeconémce (regime de acu lagdo). um conunte de normas implctas © rograsinttocionais (um modo de regulagad), mo que foc & relagao sla, & concoréncia envio copia oe, A esses 88s aspoctos serd ravessbrioacSciona una coniguregao iter Gna pause, As novas tecnologia tém seu papal a desemperar, mas ro determina {ual modelo sara vencedor. els s80 compat ‘fas com toda uma gama de novos modelos {de desonvelvmerto! Neste texto, no temos a ambigao de tracar (08 diferentes modelos possiveis om toda sua Complexddade, Enive outros ime, nfo tratere- fos aqui da forma do Estado, da moede, do (Crédto, das relagdes internacionais (sobre es- ‘Ses pontos ver Lipietz, 1985a, 1987, 1988). De- 2 ‘idimos concentrar nossa atengo sobre os se ‘uintes ponies: ‘quanto & orgarizagao do trabalho: "engaje mento responsavel contra “polarizaglo das qualificagdes" - quanto a0 elo salar: "estabiidade dos contra: tos" contra ""exibiidade”; {quanto & relagto entre 0s capita industri “Tquase-integraco vertical (QV) tertorialmen- teintegrada” contra "OW terioiaimente de sinlegrada’ Na primeia parte, resuriremos as andises da ‘assim chamada “escola trancesa da regula: (G20" @ propésto do forcismo e de sua crise (A Giena, 1976; Boyer, Mistral 1978; Coriat, 1979; Fipetz, 1979, 1983a, 1985t). A segunda trata. Fé'do impacto das novas tecnoiogis sobre a brgarizagao do rabalho e as relagbes salaiis, Sruanin a troaira gard decicada 3s relacSes ‘nite as firmas. A parte final examinard a3 i plicagbes espacias dos derentes modelos de Geservolvimento esbocados nas duas rece. Genles. & necessaro lembrar, no entanto, ave fs fuluras contigurages espaciais no podem tampouco ser deduzidas apenas das caracters- ticas de um modelo de desenvolvimento, qua ‘quer que seja le, As realidades terorais, ‘tuais, naclonas e regionais, constivem oterre- rho onde se do 0s conttos dos novos mode- foe de desenvoNmento, Tala-se, portato, ‘apenas de “processos plausiveis de reestutura: ‘20 espacial”. 0 fordismo e sua crise ‘Ao longo da historia, as principais contradigbes resuitantes do caréler mercantl do capitalism, as relagbes salarais, das relacdes internacio- fais. permaneceram inalteradas. No entanto, ha historia, clerentes sougtes se estabiizaram {como modelos de desenvalvmento. © perio- 0 pestoxdimo 0 su espace fan ane ena eee eee do de hegemonia de uma ou varias nagbes ‘que adotaram variantes do mesmo modelo po- ‘de ser considerado como 0 perlodo de hege- monia desse modelo. Um mesmo modelo de Geservolvimerto pode e deve ser analisado fs0b tr8s aspecios diferentes. Primero, 0 que ‘as vezes 6 chamado do paradigma tecnotigi: (0 ou modelo de industiaizarac: 08 principios ‘ereis que governam a evolueto da organiza- (80 do trabalho (principios que, evidentemen- fe, ndo esto recnlos & industria e no depen- ‘dem apenas da tecnologia). Em segundo, 0 r- ‘gime de acumularao: 08 principios macroeco- ‘némmicos que, por um periodo prolongado, des- ‘reve a compatibildade entre as transforma- ‘goes nas normas de produgSo e as transforma: {$5es ‘nas normas 6 Us0 do produto social Em tercaito, 0 modo de regular. a combina: ‘Go das formas de ajustamento das antecipe- ‘Gbes © dos coinportamentos contradi6rios dos Sgentes individuals aos principios coletives do regime de acumulacao. Essas formas de ajusta- mento podem incur tanto habtos cuturas quar {o formas inettucionais, como leis, acordos et. © regime de acumulagSo aparece portanto co- ‘mo 0 resultado macrooconémico do funciona: ‘mento de um modo de regulagao, tendo por bbase um modelo de industiaizagdo. Essa com patiblldade 6, no entanto, apenas um “acha 60", © produto involuntrio de confitos ideoi6- ‘cos e socials. O modelo de desenvolvimento {So pbs-quera nos paises capiasas avanca {uma ilusracdo perteta dessas diferentes carac- terisieas, A simutaneidade do rapido desen- vvolvimerto de certo nimero de paises segur- do este mesmo modelo engendrou uma conf- (Quragdo mundél, Reciprocamente, som essa ‘configuragao, 6 provaval que a impiementanio {e tal modelo om cada pals osse muito mais Gif, No entarto, prvlegiaremos aqui apenas © tratamento dos aspectosintemnos, @ mais par tioularmente 0 paracigma ecnckigico e sua cise. © modelo de industrializagao: a erosdo do taylorismo ‘Como modelo de industiaizagzo, 0 forcismo ‘marca a conclusio da revolucao taylorsta do ‘comago deste siculo. Seus principios so co- ‘hecidos: uma padronizagao rigorosa dos ges- tos operatives e corelaivamente uma rigoro- sa separagao entre OeM ¢,a fébrica, entre a ‘concepead @ a execugéo manual. Esse racionaizagdo através da soparapto tem 08 objetivos. O primeiro 6 0 de generalizar 0 ‘als rapidamente possivel o méiodo aparente- enie mais eicaz (the one best way} ¢ ei har 28 hestagbes sobre a distibuiggo das ot \ersas segoes e suas disungtes. Visa assim a ‘bter ganhos de produtvidade” no sentido es: tnto (na eicdcia de cada operagao) pela socia- Taagdo, organizada desde o topo, do proces: 0 de aprendizagem coletiva. O segundo obje- tivo, menos expictamente reivindicado, ¢ 0 e obler, através do conhecmento preciso do tempo requetido para lavar a cabo cada opera- (920, um controle rigoraso sobre a inlensidade 60 trabalho dos opetadores (nimero de opera: (9828 por hora de trabalho), de modo a bimitar &" ociosidade"” dos trabalhadores. Esse contro- le € exercido por procedimentos padronizados, ‘comunicados aos operadores pelo setor de OoM © ordismo se dstingue aqui do taylorismo ‘uma vez que as prOpras normas sao incorpora- {gas no dispostivo automatica das maquinas. FE portanto 0 movimento das maquinas (0 ca 0 da linha de montagom 6 tipico) quo dita a ‘operagio requerida e.0 tempo necessétio pa: a sua realzacéo. CO fordisme come modelo de industriaizarto te- ye um sucesso tal que engendrou gantios de produtividade aparente (combinag30 dos 93 ‘thos de produthidade no senso estilo © dos ‘ganhos de intensidade) sem precedente na his- teria mundial, Tis ganhos foram a base (mas ‘lo a condiggo sufciente) do crescimento na “dade de oro” do fordismo. No entanto, no fim dos anos 60, essa base comecou a erodir (Gpletz, 1988; Glyn et a, 1987). A produtvda ‘de comegou @ diminuir 6 0 capital fxo per ca- pita a crescer. loco acarretou uma queda da Wu ratividade, de onde dacorreu (apés certo pra 20) ura queda da taxa de acumulagao. Posto ‘Que examinamos aqui 2s possbiidades de ‘Uma “saida tecnoldgica” para a cise, deve- ‘mos inferpretar com cuidado as razbes dessa cerosio. A taylotizagio, a0 generalzar 0 one best way. ‘9 "malhor gesto”, eumentava automaticamen te a produtvidade média no sentido estito 20 Jonge de uma curva de aprendizagem, e impe- ia qualquer compensacio do crescimento ‘da produtvdade por uma ciminuigdo da iter ‘sidade, Além disso, a expenéncia de trabalho trazia cada dia a descoberta de novos one best way, deslocando assim para o alo a cut va de aprendzagem. O movimento ao longo 3 spaca & Debates nf 25-1988 dessa curva necessariamente diminui_ a0 fim ‘de um certo tempo, O desiocamento da curva fara’ allo depende da capacidade coletva ‘os tabalhadores (de col leu ou de col blanc") de inventar novas técnicas. Ora, 0s principios tavlorisias, ao polarizar esta capacidade cole \vaenlre uma massa de rabahhadores desqual- Tieados e pouco mativados, de um lado, € 08 fengenhsiros e técnicos da engenharia © da ‘aM, de out imitam gradualmente @ esse se- ‘undo setor a luta pela produtvidade e pola Rovagae. tal sator apenas pode contrbuir ‘0 cresemento da produtividade geral pelo de ‘Senvolvimento de maquinas cada vez mais com ploxas, a serem colacadas & Gsposigdo dos re- Bahadores no qualiicados. Assim, 08 r6pie pncios lavorslas exp Cams Smo don gatos de proce Gove a ata do Conciente do capt. Com ol dinaeria do colina detrabao se encoita ‘Sicuida por pepo da taaha ple root Mesde epela qvaieade € 8 pao eto doses Mfeames pencbes tates que a pescusa Tdeconclvmerto (PAO) aparece coro Una feaica puraont especie, e ques. flrtageo nana (emo anton 0 ter. fee cadavers na ager) 50 pode et Fvecuoda douse o topo, Oal @ testo ce ae ‘itdonea enc 6 om smples “inp cu fo peyo se exprne, do um lado, ro custo ces ‘hte'da 0, © cto, por sua ncopore Gloo capt ino, Mas 0 & pone a conta Fades, suo maging sao excuides do roves de modanga tecnica. Este prmeito comentario deve ser nuangado. Be Tato, 0 operador mais tayiorizado ndo se contenta em obedecer as instrugbes do setor {de OeM ou em seguir 0 movimento de sue ma: ‘quina.Ele utliza permanertemente suaimagina ho e sua inteigencla para garanir a reguiar- Sade do processo produtvo, a despetto dos in Ccontaveis bloqueios causados polos produtos Semracabados, as panes, as Gstuncbes das maguinas etc. Assen fazendo, ele expreme $a autonom'a como ser hurano, Em outos te ‘os, ele esta sempre om oposiglo secreta, até inconsciente, vis2-vis do mado formal de ope ragdo ditado por OeM. Esse engajamento para ‘doxal, contiadiro (0.e R. Linhar, 1985) do trabalhador manual é de fato pressuposto pe la OeM e pelos cheles de oficna. Sem esse en- ‘siamenio, uma Sra de montage, uma se- 2b automatzada, por menor caculades que foam, oper ccna, Mas oe on yamonto nao 6 recarhosto na organzacao Binal'Ge empresa tayorsta. elo representa tuna acumulapto de savor fare que ro po: Se ser socialzada nem goneraizada. Alm s- Sot depends do cma social dentro da se- Gore a zmeaga da reninea a esse engaia ‘ento (@ “oreve do zoo") pode oe tornar uma ‘ama nas mos dos tabahedores. A macrocon- {ityakdade do fin dos anos 60 pode er enten- {ida como roautago a tvagao de plono er prego da epoca: é a parcela Ge vercade Jen- fro da interpretagio da ese como um “ostan- {ulamento dos lcros™ pala dminuicBo da pro- Stividads devido 20 pleno emprego (Lpet2, {02 al argumerto, enero, no pode & picar a permanéncia da cise da procuivda- [Son ta dos anos 70. Nessa época, a amea- {Ga mais presente da perda co emprego tna ‘erodo as condgbes do ergazamentoparedo- sar mas-o problema era. qe esse enga ‘menio continuava paredoxal! Regime de acumulagao @ modo de regulagso ‘Seremos mais breves quanto a0s outros aspec- tos do fordismo, As conseqoéacas incials do modelo de industializacdo io bem conheci- (as: uma evevagao rapiua e pr uinyava Ua ice Gutividade aparente, uma elevagao répidae ge- fal do volume de captal xo per capita. € es Se duplo caréter que se designa por acumula: (fo intensiva. Em certa medida, © segundo os Balees, 0 creacimento da produtividade no se for produtor dos modos de produgo absorveu {quase totalmente 0 crescimento do volume de Capt fixo per capia. Mas a inovagao maior {G0 pos-querra consisiu em contrabalangar 0 Crescimento. da produtvidade nos ramos. de bens de consumo por um crescimento quase igual do poder aquisivo. Um crescimento est ‘el universalmente previsvele antecipado, es- Tendido 8 todos 08 selores da populagio, mas antes @ principalmerte aos assalariados. Fo! 0 Testitado de um crescmento do poder de cor pra de cada assalariado e do crescimento dos fssalariades nao produlvos ov nao dietamer te produlivos: pessoal da educagao e saide “fe ewvessos design, esecivamete os tabahaces dreamer Sgados & prado fperiroseseciras Os 145 ce peal adteraran, Gv enpeara ¢ Go st de xpancraa ¢ metodo. “4 do setor pico, teritrio comercial e financei- odo setor privado (Aglitia e Brender, 1984) formas de regulagao implantadas ou desen- \volvidas desde 1845, contrastam com as do ca filalismo clssico do fim do século XIX, no sen {ido om que reduzem a importancia dos ajus- las concorrenciais. Em resumo, tratou-se de ‘ermitir 20s agentes econémicos intriorizar a logica do regime de acumulagéo, no ao san- onar seus fracass0s, mas a0 antecipar o su: ‘sso de suas inciatvas, em particular a esco- Tha de amplar a produgdo. Sob 0 fordismo, portanto, ai geal da estrutv: ‘a de evolugdo do salar direlo 6: crescimen- {odo ealaio = crescimento dos prevos + cres:

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