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Eliezer M. Piano
Talvez seja este o local perfeito para se usar o termo entre a cruz e a espada. Explico:
de 1979 a 2003 imperou um estado praticamente absolutista pelo tirano Saddam Hussein, a
ideologia do pas era controlada, a educao voltada para uma adorao a sua imagem na qual
crianas deveriam escrever-lhe cartes de aniversrio e aprender msicas educativas com a sua
figura como temtica. Existiam regras para tudo e se obedecia por meio do medo. Com a
interveno americana no pas um povo acorrentado foi liberto. Literalmente. Bandidos foram
soltos e jogados na rua ao passo que Hussein fugia do exrcito americano.
Gostaria de dissertar mais sobre o filme, sobre cenas especficas que marcaram alguns
momentos e vidas - aqui no tratadas como personagens, mas sim vidas reais - marcam nosso
interior e nos fazem refletir, sobre a histria ou as ideologias tratadas, poderia at criticar um
pouco do sensacionalismo usado em algumas partes, mas creio que perderia um dos focos do
filme passado to sutilmente pelo diretor. A vida.
Andamos, indo e vindo, tratando a vida como mais um relgio, s esperando que o
tempo passe. No incio deste texto fiz um comentrio sobre o ritmo do filme, lento. Algumas
cenas que pareciam desnecessrias no longa que dura quase trs horas. Entretanto em um
apego a vida, em uma homenagem a cada segundo que pode se ver crianas por minutos
brincando na gua de noite, que pode se ver um irmo tomando um refrigerante com sua irm
por incansveis tempos de tela pois, em um segundo, naquele ou em qualquer outro cenrio,
tudo pode mudar. De uma hora para outra a vida pode acabar e o relgio parar de rodar, ento
Fahdel demonstra que as mais simples coisas, em um cenrio como aquele, merecem ser
vistas.
Uso o termo, aqui, no como sinnimo de escolha pois o povo iraniano no a tinha, mas sim como o
demonstrativo de uma situao, tal qual na Idade Mdia, onde se escolhia a converso pela cruz ou a morte pela
espada.