Com o desenvolvimento da economia, aumentam as complexidades regionais e a dificuldade de simplificar comportamentos de consumo. Artigo de Luiz Goes, sócio-sênior e diretor da GS&MD - Gouvêa de Souza
Com o desenvolvimento da economia, aumentam as complexidades regionais e a dificuldade de simplificar comportamentos de consumo. Artigo de Luiz Goes, sócio-sênior e diretor da GS&MD - Gouvêa de Souza
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Com o desenvolvimento da economia, aumentam as complexidades regionais e a dificuldade de simplificar comportamentos de consumo. Artigo de Luiz Goes, sócio-sênior e diretor da GS&MD - Gouvêa de Souza
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* Por Luiz Goes (lgoes@gsmd.com.br), sócio-sênior e diretor da GS&MD –
Gouvêa de Souza
Cada vez mais conhecer as peculiaridades e as formas como o consumidor se
comporta no Brasil torna-se fundamental para as estratégias empresariais que pretendem aproveitar o bom momento da economia nacional.
Além de conhecer a forma como as pessoas se relacionam com produtos,
marcas, formatos e canais, é fundamental saber o tamanho do bolso desses consumidores em cada região geográfica brasileira. O país, com dimensões continentais, mostra profundas diferenças quando as famílias são analisadas em função da forma como gastam e em que produtos e serviços gastam. Muito em breve o IBGE deverá divulgar dados mais aprofundados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que esmiúça a forma como ocorrem os dispêndios médios das famílias. Enquanto esses dados não chegam, é possível buscar outras referências interessantes. Uma delas é a Pesquisa Nacional de Cesta Básica, divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que avaliou o número de horas de trabalho que um trabalhador que recebe um salário mínimo no valor de R$ 510,00 gasta para comprar diversos produtos da cesta básica em diferentes regiões. No Rio de Janeiro, por exemplo, a compra de 6 kg de carne por mês equivale a 27h42min, enquanto em São Paulo passa a 34h01min. Por outro lado, a compra de 3 kg de arroz por mês consome 3h11min no Rio e apenas 2h39min em São Paulo. As variações entre as duas praças são significativas, se analisadas produto a produto, ora com vantagens para uma, ora com vantagens para outra, mas no final o que se verifica é que a cesta básica no Rio é comprada em 91h56min, enquanto em São Paulo são necessárias 103h16min. Diferenças como essa, além de outras mais gritantes envolvendo outras capitais brasileiras, apenas reforçam a necessidade de se conhecer amiúde a forma de consumir e gastar nas diferentes regiões brasileiras. Um erro comum praticado por empresas de atuação multirregional, que imaginam estar economizando ao concentrar suas pesquisas de mercado apenas em praças mais significativas, é extrapolar realidades locais para todo o país. Hoje, mais do que nunca, as oportunidades estão em Estados e cidades distantes dos centros tradicionais de consumo do sul e do sudeste, onde também ocorre uma migração mais intensa de classes sociais. Isso leva à necessidade de detalhar e mapear as diferenças existentes, uma situação que só deve crescer no futuro próximo. As oportunidades só afloram se forem balizadas por informações geradas a partir de dados confiáveis e abrangentes. E só assim é possível tomar decisões de expansão, crescimento, estruturação de novos canais de distribuição, ampliação de portfólio de marcas e produtos de maneira planejada e sem apoiar-se exclusivamente no afã da boa situação econômica do país.