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Segundo LEOPOLDO E SILVA (1998: 20), "uma das distinções que se costuma fazer para separar conhecimento e moral é
considerar que os juízos que a ciência emite estão na ordem do ser e os juízos propriamente morais na ordem do dever ser.
Com isto, se quer dizer que a ciência trata da realidade como ela é, e a moral da realidade como ela deve ser. A ciência
elaboraria juízos de realidade e a moral juízos dependentes de normatividade". De acordo com o autor, a ciência atinge
justamente os graus mais elevados de conhecimento quando apreende as regras de conexão responsáveis pela produção dos
fenômenos. O próprio Aristóteles já reconhecia que o saber acerca das coisas inclui necessariamente o conhecimento das
causas de seu aparecimento e de seu modo de ser. E as epistemologias modernas enfatizam a constância das relações causais
como um dos mais importantes requisitos de conhecimento."
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Neste sentido, a filosofia prática de Kant tem por objetivo central a busca e
a determinação de um princípio último da moralidade, isto é, da mesma forma que os juízos
acerca dos fatos, os juízos de valor também se remetem à generalidade. Assim, a questão
crucial que se coloca para a Ética é explicitar a que espécie de generalidade se pode vincular
o particular quando se formula juízos morais. É neste aspecto que ressaltam as noções
centrais da Ética: vontade e autonomia. Na Crítica da Razão Pura, Kant apresenta uma clara
delimitação do uso teórico e do uso prático da razão. Segundo Thadeu WEBER, o problema é
"investigar como pode uma razão pura ser teórica e ser prática, ou seja, como pode a razão
determinar, não só as condições de conhecimento, mas também, e imediatamente, a
vontade". Em vista disso, o intuito primeiro de Kant é mostrar como se distinguem os usos
teórico e prática de uma mesma razão (WEBER, 1999: 13).
REFERENCIAS
BERNSTEIN, Richard J. Habermas y la Modernidad. 2.ª ed. Madrid: Cátedra, 1991.
DUTRA, Delamar Volpato. Kant e Habermas: A reformulação discursiva da moral kantiana. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2002.
FREITAG, Barbara. Itinerários de Antígona: a questão da moralidade. Campinas: Papirus, 1992.
GARCIA, Bianco Z. A reconceituação habermasiana dos fundamentos da relação teoria e prática. In:
A construção do projeto político-pedagógica da escola pública na perspectiva da teoria da
ação comunicativa de Jürgen Habermas, Dissertação de Mestrado. São Paulo: Faculdade de
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