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Perguntas ao Governo

Assunto: Contratos de Patrocínio com estabelecimentos de ensino especializado da


música da rede de ensino particular e cooperativo para o ano 2010/2010.
Destinatário: Ministra da Educação

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República

O Despacho nº 12 522/2010, publicado no passado dia 3 de Agosto, determina a


aplicação de condicionamentos na atribuição pelo Ministério da Educação dos apoios
financeiros regulados pelo Despacho nº 17 932/2008 de 3 de Julho, na redacção dada
pelo Despacho nº 15 897/2009, de 13 de Julho — que estabelece o apoio financeiro à
frequência dos cursos básico e secundário de música, em regime articulado, integrado e
supletivo, ministrados por estabelecimentos de ensino especializado da música da rede
de ensino particular e cooperativo.
Contra todas as expectativas, o Ministério da Educação, ao invés de reduzir despesa
inútil, impõe condicionamentos na atribuição pelo Ministério da Educação dos apoios
financeiros através de contratos de Patrocínio com as entidades proprietárias de
estabelecimentos de ensino especializado da música, justificando os mesmos com “as
medidas recentemente aprovadas no Programa de Estabilidade e Crescimento”.
A opção do Ministério da Educação ao comprometer, de forma gravosa, o acesso à
frequência dos Cursos Básicos de Música, por parte das nossas crianças numa rubrica
que na sua totalidade, representa 0,6% da despesa do Ministério da Educação, é de todo,
questionável.
Com efeito, de acordo com o referido Despacho, o valor da comparticipação financeira
a conceder a cada entidade proprietária, em 2010/2011, não poderá exceder o valor
efectivamente financiado ao abrigo do contrato de patrocínio celebrado em 2009/2010,
situação que levará a que as escolas tenham que afectar esse montante, na sua quase
totalidade, ao financiamento dos alunos que se encontram já a frequentar os
Cursos Básicos de Música.
O Grupo Parlamentar do PSD receia que a inesperada e intempestiva medida decretada,
sem qualquer negociação prévia, pelo Ministério da Educação introduza um quadro de
instabilidade geral que afecte a organização pedagógica, laboral e financeira das
escolas, e defraude as expectativas de milhares de alunos e famílias.
Os estabelecimentos de ensino especializado de música da rede do ensino particular e
cooperativo asseguram, desde há muitos anos, a cobertura de grande parte do território
nacional, suprindo assim as necessidades de formação e de oferta pública nesta área,
tendo sabido corresponder, com resultados de reconhecido mérito, às opções de
planeamento que o Ministério da Educação visou implementar.
No entanto, apesar de cumprirem um serviço de inegável interesse público, anulando as
insuficiências da rede pública e assegurando, na medida do possível, condições de
universalidade de acesso dos alunos aos estudos musicais, o que resultará desta medida,
com a iminência de ser vedada a matrícula a milhares de alunos, é o ressurgimento de
um fosso, em termos de igualdade de acesso, entre os alunos que beneficiam da
possibilidade de frequentar uma escola pública de ensino especializado da música e
aqueles que, por razões de natureza diversa, nomeadamente geográfica, não o
podem fazer.
Outro facto causador de perplexidade ao Grupo Parlamentar do PSD é o facto de o
Despacho nº 12 522/2010, de 3 de Agosto não acautelar qualquer efeito decorrente das
medidas tomadas, assumindo a sua condição de “corte cego”, numa rubrica
“confortável”, já que não afecta a gestão de qualquer serviço interno das estruturas
centrais do Ministério da Educação da Av. 5 de Outubro ou da Av. 24 de Julho, em
Lisboa.
Acresce que o Despacho foi publicado depois de 31 de Julho de 2010, data limite para
apresentação de candidaturas de financiamento para celebração do contrato de
patrocínio, momento posterior à recepção, pelas escolas das matrículas nos prazos legais
e à realização das provas de admissão de novos alunos. A inoportuna publicação da
medida surge depois de as Escolas terem iniciado a preparação do próximo ano lectivo
em função do número de alunos e turmas, terem iniciado ou formalizado a contratação
de novos docentes, ou mesmo depois de terem organizado, com as escolas do “ensino
regular” as novas turmas em regime articulado.
A organização atempada, que levou as escolas a assumir compromissos com alunos,
famílias, encarregados de educação, docentes, outras escolas e funcionários, não se
coaduna com a súbita alteração de regras, a um mês do reinício do ano lectivo.
A descontinuidade pedagógica susceptível de afectar o equilíbrio no funcionamento das
escolas e o descrédito relativamente a esta oferta formativa, são questões que
estranhamos não estarem na esfera das preocupações do Ministério da Educação.

Face ao exposto, os Deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PSD vêm


requerer, ao abrigo do disposto na alíneas d) e e) do artigo 156.º da Constituição da
Republica Portuguesa e da alínea e) do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia
da República, que a senhora Ministra da Educação informe sobre as seguintes questões:

1. Que outras medidas de contenção para o ano lectivo de 2010/2011 tem o


Ministério da Educação previstas ao abrigo das “medidas recentemente
aprovadas no Programa de Estabilidade e Crescimento”, conforme referido
no Despacho 12522/2010, de 3 de Agosto, designadamente relativas a
despesas dos serviços do Ministério da Educação?

2. Que diligências ou negociações prévias à publicação do referido


Despacho tomou o Ministério da Educação junto de famílias, alunos ou das
próprias escolas?

3. Tenciona o Ministério da Educação alcançar, dentro do quadro legal


vigente, alguma solução de natureza transitória que satisfaça os objectivos
inerentes ao Despacho nº 12 522, de 3 de Agosto, sem que, de forma
abrupta, sejam postas em causa, como é o caso, as opções a que os alunos
têm direito e as condições de funcionamento dos estabelecimentos de ensino
destinatários desta medida?

4. Na origem destes “condicionamentos” está alguma avaliação feita ao


despacho anterior (Despacho n.º 15897/2009, de 13 de Julho) referente à
matéria em apreço e que agora é revisto?
O Deputado do PSD,
Pedro Duarte

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