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Publicagdo do Comité Gestor da Internet no Brasil [Revista] Com jogadores brasileiros, “the STIe NT pee DE ain E Nf REDE oMellleliemecmecyrNcroReline eRe desafio para os jogadores on-line Beer fore) fee: (Rel) orord Cultura tecnolégica a ea eee eo ae ee ae eee eT Cee ere : Ce Vocé uso VoIP e techos da converse demoram a chegor na outre ponte ou chegam cartados? Arquivos demoram a ser baixados ou 8 velocidade de download oscilaP Enquento vocé esté jogando pels Internet, os personagens demoram a se mover ou alguns trechos do jogo “somem'? / \ \ = SAIBA A REAL QUALIDADE DA SUA CONEXAO A INTERNET! CASIMET www.simet.nic.br hiebr egibr Editorial Acamalednica Internet exibe, para cada um de nés, @ faoeta que buscamos € que mais nos agrade, Para 0s que se interessam por informacao ou “informagao”. nd em penca e para todos os gastos. Os que preferem agregar-se em redes socials € ouwir falar Ou Vooiferar, podem escolner a mais populosa, ou a mals discrete. Ou a que parecer mais acequada, Assim também se passa com os jogadores na rede. "Nola hid todos 0s tipos de jogos: dos mais intraspectivos e contidos aos dinamicos, nos quais @ rapidez de resposta faz a diferenga entre a vit6ria possivel eo inevitavel massacre. Para imbuir-se de cada uma de suas personagens, a Internet precisa pos- ‘suiras caracteristicas nevessérias: velocidade, participacao fécil de muitos, interagao e resiliéncia para ndo cair no meio da melhor partida e qualidade gréfica que permita chiar a atmosfera adequada. Jogos na Intemet é um dos assuntos deste niimero 9. Outro tema revisitado e que continua em intensa e necesséria discussao € 0 Marco Ci da internet. E importante que se tomem muito claras tanto sua intencao quanto sua forma de aplicagao, para todos. evitando interpretaodes obliquas dessa let. que consideraca um modelo internacional de protegao a Internet. Quanto as novidades tecnolégicas, a Internet das coisas esta em nosso horizonte préximo € promete causar bastante impacto. E a importéncia da nova versao do HTTP também seré tema, Finalmente, enriquecem este ntimero 0s professores Jo8o AntOnio Zuffo e Geraldo Lino de Campos, ambos da Escola Politécnica da USP. Pioneiro em desenvolvimento de circuitos digitais e autor de diversos livros, 0 professor Zuffo nos conta parte de sua interessante trajet6ria € nos dé sua visdo do futuro na interface entre homem maquina, em tempos de inteligéncia artifical. J6 0 professor Geraldo alerta-nos para isco, as vezes menosprezado, da “amnésia” que a digitalizacdo dos contetidos. pode causar. Com tantos formatos fluidos ¢ equipamentos que obsolescem em oucd tempo, € facil toparmas com situagbes em que aquilo que estava cuidadosa- mente guarcado em formato digital nao & mais legivel em versdes mais novas de equipamentos e sistemas. F ld se vai a memérial Boa leitural DEMI GETSCHKO Editor chefe nitro ca inca Cnet Nacnal de ‘Seto empresaal uso: “ecnlgia inoraracx Oesemabimete Geni WALDO cLETO| WRSHOALGISTOF- NES [UZALBERTO DEF. 8 H. BARBOSA REpESEanes do tere seer asa Ci da Presidia PEROWAL HENRIQUES DE SOUZA NETO sa rep Const Nacional de Secetios TO TAVARES RUNES DE OLVERA RENATODASLVEIRAMARTNN ——_BAASHUUS de Gena, ‘CARLOS ALE A-ONSO “Tecnologia e ova FAVA LEFEVRE GuIMARAES Iino das FRANCILENE PROCOMO GAROAA panel Represents da comunidade Saar Represent de ctriosaber entice tecnica MsaMLANDS MARTINO femesunio de eet AMO RECA Wash instr ca Deter De ceTscHKO Lisann0 7 GAME rf - MARCOS ANTS LOUREIRO Luz aNTOWODES. CoRDEIRO teacemoe Ministério do Desemokimento, cata diner Secreto Fectno Indira Comix Exterior DIARDO FUMES PAO HARTI ACHARO GLASER MARODS UNIS DE SOUZA Frovedores de inacstruta insti do Planjamenta, ‘tetcomunicagies game e Geta: EDUARDO LEW MOREIRS CRISTANO ROCHA HECKER Indisia de bons do infomtia, Agia Nacional de bee de telecomms ‘elecomunicactes de software: FROORGO ZERSONE LOURERO ——_ HENRIQUE FALLHAGER Dr Expediente EDITOR CHEFE Demi Getschko CONSELHO EDITORIAL Carlos Afonso Eguardo Parajo LUsandro Grarwille Hartmut Glaser COMUNICAGEO NIC BR Getente de Comunicago Caroline D'Av0 CCoorcenador de Comunicagdo Everton Teles Rodriges Assistente de Comunicacao: Sorata Marino REDAGAO Editor Renato Cruz Editora de Arte Maricy Rabelo Designer Klezer Uehara Colaboradores Geraldo Lino de Campos, Joao Casto, Ligia Cruz, Niton Tuna Mateus, Mauricio Moraes, Roberta Prescott, Roberto Rockmann, Carolina Siva br é.uma puiblicagso do Comite Gostor da Intemet no Brasil JORNALISTA RESPONSAVEL Renato Cruz MTB 025.958 ‘CREATIVE COMMONS. Atribuigdo Uso Nao Comercial Nao a Obras Derivactas (oynend) OOS Conversa com o Leitor Para falar com a Revista -br, escreva para @comuNICbr Imprensae@nic br wlan eel ARCRAPTIIIII eC aAS IA wane eS 12 Lets 42_Correios 58_Enuevista [sumério ] Momento Mais uma Falta cultura de ouvir cobranga tecnologica ‘Governo faz consulta Taxa imposta pelos Joo Antonio Zuo avalia sobre regulamentaga0 Correios torna mais 1 rumos da internet. do Marco Civile protegz0 caro comprar em sites televiséo inteligente de dados pessoais, estrangeiros, realdade virtua 03_Editorial 17_ Intemet das Coisas 47_Artigo : Num mundo Preservar a 03_Expediente conectado, memoria digital 5, todo cuidado Reflexdo de Geraldo 23 Panorama Setorial — pouco Lino de Campos ‘Avango da Internet sobre a importancia de 24. Notas.br to ease reeser norman reforgo na protegdo em midias perenes. 25_Notas Mundo das informagdes nessoais, 22_0 que eu acho de... 53_HTIP/2, ‘ 37_Impressora 34 Com 0 pé no 26_CreativeCommons — Fagavocémesmo _acelerador | Com a revolucdo das Nowa versao do 27_Livros e agenda impressoras 3D, fica protocol HTTP permite mais facil criar objetos 0 carregamento mais 62_Personagem ¢ fabricos em casa, rapido de péwinas da Web, (14 revere 26 sj rf a i 5: ae, re DR eR On ee er kee ee Cer Re cece Cee eee oe cae Pe Re aan Cee tc eee Cer ee Cur See ee ure See ne eee ced exageto? Cail of Duty € apenas um dos milha- De PRC em eee gee ee en eee eR See eae eae as See Ren caer} eee see OR enue kei car ere an eos CPOs c eee ec eee eae eee Ce ee ce oe CUCee mC Meee Reeo Lee ke ee Eee eee renee ey eee ee eet ett Reese eae ee ee TO eee Peer occa ea Te Re et Seg ee ees OS ae ud no mundo todo, © mercado de jogos. comecou Fae ce ce Pee eee Ce a que vé nas partidas on-line ama nova forma de eee ee Ree CeCe reer ay SoS eae aad eC eee ae CT eee cao Cee eae eed mudou: esses amigos que antes precisavam estar no mesmo lugar continuam @ disputar Pee eRe une See Races 7 eae ce Ren Cee ae Reece ccc) De eT ee Ru See nee Re ce eee au ee ee eC ee eee ous CeCe etic Re eee ees Bae es eee es oed Ore eae cs res Poca eee rates pattidas de futebol, trocar tiros ou lancar feit- ee eee eae eo to Pee cn cece eae eu ee one can acd ee eee eee Ret eed ae Reena nen ne ona jogos - que cada vez mais trocam o formato fisi- Cree cl ree R Ete nieey a eee Ce en een ee meira vez por dois meses seguidos, em estudo CO Rem aces cee eee eee eR crc) 4 é amigos que aer-IA(o8 tO 00 estar no: mesmo lugar continua a disputar partidas entre si, mas cada um no conforto do Roun eis Francisco Tupy, pesquisador Pe ae OR Se eee kt 2013 da DFC Intelligence. 0 destaque vai para See ee ee Suet ee ea) De Cc aca cen) eee See ene ae Bene ue Ree eee es DS ceed eae re eee cae oes eee ORO eR nee Reg ie Rem aed (ore eee ae Re eee rE ee eee Cees Pee eae jogador) ¢ até em celulares (Angry Birds Go et ee ea oe cece raivosos da finlandesa Rovio). - cee ce ree ad produtoras de jogos é qualidade a Internet que ee eas ji, anafista Ge pesquises do Centro Regional de Cee ate eg eee ee eg oe elena eee ee a ee oe RN et ee ee Ee Gd De ee ee ec eee ead eee ea Seen ea eee eee ee Ue unto Destiny ou The Crew por néo ter uma conexao Cee eee acne Pea ee aR te nad See eR eee 86 funcionaria quando estivesse on-line ~ algo CeCe Cea ee cee ee) Dees OC Rene tone Cee et ea ee 4 | aUiaar nen -1ag)°) (2 a é uma surpresa,.. a asse-lUaa(oial tic] diversdo.’No fim fol \se0] 1 a -(0 esta no videogame, mas numa roda de amigos." - André Pase, professor da PUCRS eee cee eRe) Pe eee coe ens See ee eae Re eee on ca ee Re RO or Cee ORR Cs ence aR Late e ae} - . eT Re Rem Bm tl Eee BOER Bc ea Load os online, a velocidade em si nao influencia Slat em Lala eC RRM) Rom) enamel xdes com pelo menos 1 megabit por segundo (Mb/s) tém capacidade suficiente para reali- - pg eRe Cee) . Ce aaa ed Sen eee aa DR Eel RUC RU eI) 0 jogo". diz Tamusiunas. acrescentando que Se ecm eo eee See ee Cee cee) Cees : cf é situacdo em que 0 jogo precisa le-Maolacoh-nU lan) - pésadelo no Brasil, porque o jogador folUmlelel-lemaa-caar-le) _ consegue.” Dea I ah eee cee SRO ete Coed Pee Cte mine ace) Pees roe eae) eee ee eee OTe ee ee eee ee Ree eee uence Pee eee te een ems TO ee Curae Pe Re ee ee SRE aCe ccm ce oe) site € do aplicativo do Sistema de Medicao de aCe AB ae aga Cee ae ec ee ae ee ca resultado desses testes para as operadoras”. - See ues Ce ue te ac na TED eee a ee Ce ee Ree Rea aCe cs eee aac ca oes Cee ean ees Se eR Re Ree eee a aa Ree ee eRe ey eek ae see Se eee ees Reet eee end eee es Be ae ecu Ee) et ee eet Wee Pere eee eee ee ees See Leet Ret Cea aproximada € de 130 milissegunds, bem acima Cor Cao AT ater ee aa Pee ga MIE oOo US$ 25 bilhdes Cee Ue eo eee ee CoE eee yam em latetae! 5a, mas queremos sempre dar a melhor expe- localizados no Brasil, riéncla para 0 jogador’, diz Roberto lervolino, x Fee ast 0 jago nao sofre com ee ee eT A A CEM Ce ee ced a _ _ laténcia-€Os jogadores. - srasieiras precisam passer por uma revisdo * a a NT POC Cen oka eae ood oa 7 HoIEKoI ke -eo' eis _(cl0|— As mE Sonne a ay a paeioeat ; jogar com qualidade.” Cee ee One Re vs “Robarto Lervolino,cerents coral da Pee ute eneieiig ecu a i. ad sail RE eee ee cok meee cue ei ate a ee eer eee rt nnn on a 7 Bee eae ae PC ae a a > Poe Eee ca encore Se OC se ee ee Race ee ee geo ee ee eee ee acy Le Cee Ie a ee ee ae ences ee em Re Le Peer eeneC rrr paar oy Pry nado oven noe Beery POT te a oan Crees ee eect hee aay 7 5 vas, em Séo Paulo. 2 a 7 ‘Ao perceber o interesse dos brasileiros por Na mao. Ree eee ee CO ec cna . Soe Se ete a ee a “ ec Be ec RS eee Cee ee ee oe ee ec eet eae a Cee ee ee ee eee ae eee Se ee to cd Peer <= = 59 Cee eee en Cre ene eee earn) eee - 4 UMP me eset a ts | ; es a , fiontenenearts | foley io)e es Bae\=N) ren [oSMNCO C= : possibilidades ecieicmiMee Such ajudando-a a en OLA AN Se lucrativa que. o cinema hoje irene Ca Francisco Tupy, pesquisador CR ee ceo De ou ecu cs CE Duc ieee ume Me ea eaeilat od ee OSes ne ee ee deen eeu PS teen ee ce aes Ce geen ere ete Mer clo eC Re et oe ee aed Dee uae eed SO Eee ke eer utilizamrno para jogos. De acordo com Wins- eee Re eee eee ee ee ad oe ee ee Tn Reed Ce Rr) que eles comecam a jogar assim que tém In- eee Pee ct ees Cree Rene oa meer ee as divulgados no fim de 2014, previam_um fa- See Ree eee ee eS ee ee et ees See eee ee Bn ee ee ee CS cea ty Sg es ee nero Seen ae Nee) Poa ee ere ey ace ee oe ee OO Oe rere eine mr ee Re) eer eerie ERR aac Cece resposta pode estar em outros mercados da eae ene eam eee ae” ee aa ees eae ia oae nC uece eee) Ree ec Reco Re pee ea cre Peeieei tee messes ete) Pee ete eee hay Peete em cet Mtn ec) Cee cmon cr Anunciada em janeiro de 2024. e lancada of - cialmente para o PlayStation 4 um ano depois, a ee tn Caen ae 80 a mais de 200 jogos feitos para o PlayStation eC aes eek ected Preteen eek) Lie Rel ec Seno eC ar ieee eet ie CS En nn Re Rn) See ee ee ec ee oe Cue oe Cue ee eR CaCI Ri leag Cee ee ee cia ¢ jitter baixos para og servidores, que es- See ee eae ret seen ee eer Cee ee ee ec Cee eC rr Mer Mega ieee cel De eg eee ee oe Uma invasao barbara a moda digital talvez seja uma boa maneira de descrever 0 que acontecett no perfil pliblioo de Mark Zucker berg no Facebook em dezembro. Entre os dias 12 e 16, uma avalanche de comentarios humoristioos, gente querendo atengao e ima- gens sem nogao encheram as postagens de Zuckerberg sobre sua vida pessoal ~ como 0 dia em que se casou ou a ocasiao em que re solveu tornarse vegetariana, Em quase todas a8 publicagies, uma lingua predominava (0 portugues), em meio a um sentimento tinico: ‘A oeira no tem limites” Tudo culpa dos BR HUE HUE, uma tribo de brasileiros que ha anos conhecida na Intemet por sua capacidade de fazer piada ‘com tudo 0 que é possivel e sempre tentando utilizar 0 jeitinno brasiteita, como Gersons a Trente de um controle ou um teclado. Apesar de terem ficado not6ri0s ao atacar o perfil do fundador do Facebook, os BR HUE HUE tém ‘como seu habitat principal os jogos on-line ~ ‘em especial os MMORPGS (Jogos on-line para uma grande quantidade de jogadores com foco em RPG, ou roleplaying game. como World of Warcraft, Tibia @ Ragnarok) © 0s MO- BAs (arenas one para batalhas entre varios jogadores. como League of Legends e Defen- se of the Ancients 2) Dentro desses ambientes, notam-se diver- ‘sos comportamentos: hi aqueles que tentam luaibriar os aaversarios com expedientes ile gals. 0S que mendigam itens e ainheiro denvo do Jogo. @ aqueles que simplesmente gostam de importunar colegas de jogo indefesos. Seja qual for 0 caso, 0s BR HUE HUE também se nem numa caracteristica: nao saber falar The zuera 7 MCCUCF CHaals ingles (lingua comum a maioria dos jogos). expressando-se num portungies claudicante. com frases como “Ataque no enemy” @ “Ploze ‘give money". 0 que invita os jogadores dos de- mais pafses. “Nao é um comportamento generalizado entre os brasileitos, mas € comum”, avisa Francisco Tupy. “Os fenomenos que a gente ve fa Internet sao reprodugdes do mundo real, € OBR HUE HUE levanta uma questo importan- te* existe uma formagao espaciica associada a cidadania do brasileiro? Os pais e professo- res dos jovens que tém essas atitudes sabem Co que eles estao fazendo?”, pergunta Tupy. ‘A propria formagao do mercado de jogos no Brasil ~ com hist6rico frequente de mer cado cinza @ de jogos pirateados - também € uma explicagao para 0 comportamento dos BR HUE HUE nos Jogos on-line. “A cuttura dos videogames no Brasil é uma cultura bastar da. 0 brasileiro sempre vai querer driblar no Jogo, como se faz no futeboI”, diz 0 professor da PUCRS, André Pase. De acordo com ele, essa atitude tem ge ado preconceito por parte dos estrangeiros dentro de comunidades on-tine. “4 vi muitos brasileiros ndo se identificando como tal na Intemet para nao softer represalias. Acabou Virando um problema de imigragao digital comenta 0 professor, que vé no “bom com. portamento” @ solugao para esse problema Nao é que a Internet precise ser cerunna, Mas hd exageros. O brasiievo precisa cane: lizar @ ofiatividede dele para vencer dentro do jogo. Ai'sim, os jogadores nacionaiss serao olhados com orgulho, © nao com preconceito Isso parte de cada jogador”, avisa. / J.C. GAME OVER D> a aa OuvIr Governo faz consulta sobre regulamentagao do Marco Civil e protecao de dados pessoais Texto Carolina Silva também devem dare, preferencialmente, num ambiente aberto & participacao Social. Seguindo os passos do Marco Gwilda Internet, que inaugurou nova forma de uso da rede como ferramenta de contribuigdes a propostas legislativas, 0 Ministério dda Justiga langou em 28 de janeiro duas consultas pulblicas: uma sobre a regulamen- tagao do préprio Marco Civil, fim de especificar alguns pontos detxados em aberto na lei, sancionada em abil do ano pasado, e outra a fim de elaborar um projeto de lei de dados pessoais. 4 S: a Internet 6 por principio uma rede aberta, as decisoes sobre seus rumos Ben phe Qualquer cidadao pode acessar as duas con- sultas ptiblicas pelo portal participacao.mj.gov.br. enviando sugestves, criticas e comentarios sobre 05 dois projetos. 0 cadastro é simples e dispensa documentos como RG e CPF: a inscrigao no site & validacla com um e-mail e nome de apresentacao, 0s produtos resultantes de cada consulta S80 dife- rentes. A consulta sobre 0 Marco Civil tem por objetivo produzir um decreto: jd aquela referente a protecao de dado pessoais levaré a elaboracio de um anteproje- to de lei, a ser enviacdo a0 Congreso Nacional As dinamicas das consultas também sao distin- tas. Na consulta sobre a regulamentagao do Marco Civil, 0 debate se dé por quatro eixos, pontos-chave na legislagaor neutralidade de rede, privacidade, re- gistros de acesso e outros temas e consideragdes, Em cada eixo, qualquer participante pode eriar um t6pico ou fazer comentarios em t6picos jé existen- tes. No anteprojeto da lei de dadas pessoas, as c0- mentérios sao realizados no proprio texto da futura lei, 0 que dé ao participante a oportunidade de co- mentar cada artigo, paragrato e inciso. “Os debates puiblicos sobre @ regulamentagao «do Marco Civil da Internet e sobre o anteprojeto de Lei de Protegdo de Dados Pessoais sao 0 que ha de mais importante para a Internet no Brasil no primeiro semestre de 2015. € a segunda fase das discusses que tivemos até agora”, diz Francisco Brito Cruz, coordenador do Nacleo de Direito, In- ternet e Sociedade da Universidade de Sao Paulo (USP) @ vice-presidente do Internet Lab, que tem Publicado boletins semanais sobre 0 andamento das duas consultas. Para Flavia Lefevre, conselheira da Proteste As- sociagéo de Consumidores @ representante do ter- ‘ceiro setor no Comite Gestor da Internet (C&L.bn, aS caiscussoes Sao muito importantes por mexerem com, ‘questOes coUdianas da vida dos cidadaos: “Os temas que passarao por regulamentacao sao questoes que geram muitas controvérsias, como neutralidade de rede, privacidade, guarda e uso de dads. abertura de acesso de dados pelos provedores para autorida- des administrativas. Sao temas bastante sensivets, M4 if x que implicam interesses importantes ¢ legftimos. Por 1550, devern ser amplamente debatidos por todos 03 sotores da sociedad” Privacidade Nocaso da consulta puiblica sobre dados pessoas. © objetivo € muni 0 cidado de dispositive egas que Ihe deem controle sobre 0 uso de suas informagoes, sejam dados de cadasiro sejam regisiros de acesso e@ alividades omfine. 0 projeto também estabeleceré repras e diretrizes sobre como entidades dos setores, pblico @ privado podem coletar, provessar e utilizar esses dados, bem como defnir as penas a empresas ¢ instituigdes que usarem essas informagdes de for- ‘ma indevida ou sem consentimento do cidadao. A iniciativa de regulamentar essa rea nao é re- cente. A primeira consulta publica do Ministério da Justiga sobre dacos pessoais fol langada no fim de 2010. “0 texto posto em consulta nao é 0 mesmo. daquela época. Fol necessario discutira lei a exaus 80 com varios 6rgaos e instancias do governo”, diz Danilo Doneda, assessor colaborador da Secretaria, é é uestéo dos dados pessoais é muito sensivel. A vigilancia arbitraria tem reflexos muito pesados para a liberdade de expressdo, para a protecdo da privacidade.” Flavia Lefevre, conselbeira do CGLbr a & é Go vvacisade entrou Le para o centro do debate publico sobre Internet, tanto por conta dos modelos de negdcio baseados em publicidade comportamental quanto por grandes revelacdes sobre espionagem em massa.” Francisco Brito Crus, ‘vice-presidente do Internet Lab Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiga, que vem conduzindo 0 projeto. "Demorou. mas foi 0 tempo necessatio para que muitas instan- cias do governo se convencessem de que era chega- do 0 momento de ter uma regulamentagéo que ajU- dasse 0 proprio setor ptiblico a tratar dados sem ter mado de expor 0 cidadao @ algum risoo e de ser res- onsabilizado por mau uso e vazamentos'”. explica Além disso, nos tiltimos anos, temas como priva- cidade, uso e manipulagao de dados, sobretudo para fins comerciais © polticos, ganharam enorme visibi- lidade com episddios como as dentincias do ativista Julian Assange, do Wikileaks, € mais recentemente de Edward Snowden, ex técnico da Agencia de Segu- renga Nacional dos Estados Unidos (NSA) que vazou informagdes sobre o esquema de vigjlancia em mas- a de Seu pais. “A privacidade entrou para 0 centro do debate piblico sobre Internet, tanto por conta dos modelos de negécio baseados em publicidade com- portamental quanto por conta de grandes revelagdes B sobre espionagem em massa”. diz Brito Cruz. Para Flavia Lefevre. a visibilidade que esses te- mas adquiriram devido a casos de violagao de privact dade fez mais pessoas se interessarem pelo assunto. “A questo dos dados pessoais € muito sensivel. A vigiancia arbitrdria tem reflexos muito pesados para a liberdade de expressao, para a proteeao da privacr dade”, afirma, “Entao. as pessoas vao percebendo a importancia desses temas e participando mais. 0 que € muito positive” Para Doneda, vatios pontos do projeto de lei si nalizam que serdo objeto de debates intensos e inte- ressantes. “A propria discusséo sobre 0 que & dado pessoal jé chamou muito a atengao e, dentro disso, ‘0 que S40 dados andnimos, quais as diferencas en- tre um e outro e se os dads andnimos também tem de ser protegidos pela lei em alguma medida.” No texto da consulta ptilica, coloca-se em debate, por exemplo, a forma como deve ser feito 0 consenti- mento dos usuarios para 0 uso de seus dados, sobre- tudo em casos especiais, como de menores de idtade. Bxstem murtas questdes sobre a forma pela qual os Usuairios de Internet poderao oferecer seul oonsenti- mento a coleta € ao tratamento de seus dados pes- soais” diz Cruz. Outro ponto bastante controverso € 0 consentimento para a interconexio de dados, ou seja, a transferéncia de dados entre diferentes empresas. colocando em discusséo se é vélido que informagdes da atividade on-tine de um usuario sejam repassadas ‘a outra empresa para fins comerciats, A la detorminaré como os dados pessoats seréo ‘atmazenados © por quanto tempo, além de quem po- derd ter acesso @ eles. Também esté em discusséo a ‘riagao de um Oreo, com autonomia orgamenténia & ‘administrativa, para fiscalizar e regulamentar @ nova lel. “A questao esta em aberto. O texto menolone 34 vezes 0 termo ‘6reo competent’. que pode ser tanto lum novo quanto um jé existente. Vai depender do de- bate”. explica Doneda. Neutralidade A consulta publica sobre a regulamentagao do Marco Civil da Internet. Lei 12.965, que estabelece principios, direitos e deveres no uso e na gestao da or } z. i et } rede, visa a fechar alguns pontos que estavam em aberto no texto sancionado em abril do ano passaddo. aps trés anos de discusstio no Congreso. “No de- bate sobre a regulamentagao, 0 momento é de tradu: ir 0s principios mais gerais que estao no Marco Civil num decreto especitico, de explicar como a lei deve ser aplicada, inclusive tendo em vista os detalhes téc- nicos da rede”, explica Cruz, do Internet Lab. Um des pontos mais delicados ¢ a neutralidade, prinefpio Segundo o qual pravedores devem tratar de forma igualitéria o tréfego de dados na rede, inde- pendentemente do contetido ou protocolo. A consulta trata das excegdes previstas na lei, como casos téc- nicos ou servigos emergenciais, definincdo em quais situagdes Seré permitida a quebra de neutralidade ‘A interpretacao da regra da neutralidade da rede j6 desponta como grande polémica”, diz 0 advogado, Outro porto importante trata das regras que esta belegam como e em quais casas registros de acesso (logs) dos usudrios devem ser guardados e em que conrligdes poderdo ser entregues a autoridades de in \estigagao ou terceiras, bem como as formas de fiscal zagao dessas medidas. Também sera debatido 0 papel do govemo na realzagao de politicas publicas para 0 desenvolvimento da intemet no pais Participagao on-line As duas consultas seguem 0 modelo inaugurado pela construgao do projeto de lei do Marco Civil da Internet, em 2009, pioneiro ndo apenas por propor um arcabougo legal de direitos e deveres relaciona- dos @ Internet, mas por usar a propria rede para a ela- boragao coletiva do texto. 0 mesmo processo aberto numa plataforma onine foi utilizado na primeira con- ‘sulta pdblica sobre um anteprojeto da lel de dados pessoais, no ano seguinte. {A proposta do Marco Civil, inspirada no Decalo g0 de Principios do CGi.br e elaborada em parceria da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério dg Justiga com 0 Centro de Tecnologia e Socieda de da Fundacao Getiilio Vargas do Rio de Janeiro {FGV-Rio), foi colocada em consulta por meio da jé existente plataforma Cultura Digital, do Ministério da Cultura. Essa nao fol a primeira iniciativa de consulta é § Ofipecre dsousse propria discussao sobre o que é dado pessoal ja chamou muito a atencdo e, dentro disso, 0 que sao dados anénimos, quais as diferencas entre um € outro e se os dados andnimos também tém de ser protegidos pela lei em alguma medida.” Danilo Doneda, assessor do Ministério da Justica publica que usoU a Intemet no pats. No entanto, até meados dos anos 2000, 0 uso da rede como terra: menta de participagio social para a avaliagéio de pro: postes legislativas era extremamente limitado. Um projeto de lei era publicado no Didrio Oficial da Unigio @ no portal da Presidéncia, sem espago para comen- tarios @ sugestoes. As alternativas para interagéo eram poucas. “0 formato de consultas piiblicas sobre projetos de lei, organizado pela Casa Civil, recebia apenas conti bulgdes por e-mail OU por carta, e NAO tornava pil bilcas as sugestOes recebidas”. lembra Guilherme de Almeida, advogado e gestor governamental que conduziu 0 processo de debate piiblico pela Se- oretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiga. “é as consultas puiblicas propostas pelas agéncias regulatérias eram muito formats. seja em suas plataformas, geralmente de dificil compreen- 0 € avesso, seja em sua abordagem. geralmente ze angi ‘ 7 * 4 fj 66.6: pensamos em organizar um debate publico para a criagéo do Marco Civil, pensamos que era necessario inovar e ir além do que vinha sendo feito.” Guilberme de Almeida, advogado ‘em linguagem muito técnica e normativa. Para gerar participagao de fato, eram necessarias novas inter- faces e novas linguagens”, observa. Assim, 0 projeto proposto pelo Marco Civil des- tacou-se pela tentativa de usar um espaco aberto a Sugestdes e comentarios numa plataforma de té- cil acesso € compreensao, para construir o texto do, projeto de lei do zero, com a voz das redes € con- tribuigbes dos diversos setores envolvidos. “Quan- do organizamos 0 debate pubblico para a criagao do Marco Civil, pensamos que era necessario inovar & iralém do que vinha sendo feito. Achévamos que ge- Ter esse debate entre os diversos participantes seria saluutar néo apenas para @ administragéo publica, mas para a propria esfera publica”, diz Almeida Consulta do CGL.br ‘fim de construir de forma aberta 0 seu posicio- namento institucional no processo de regulamenta- a0 do Marco Civil, 0 Comite Gestor da Internet no- Brasil (CGI_br) realizou uma consulta publica propria. O objetivo do procedimento, iniciado em dezembro e encerrada em 20 de fevereiro, fo coletar sugestoes de diversos usuarios e setores da sociedade para ela- borar um documento a ser encaminhado diretamente ‘a0s 6rg™os do governo responsdvels pela regulamen- tagao da nova li wa 4 , At Durante 0 processo, 0 C&I.br recebeu 139 contr. buigdes provenientes de 14 estados, de entidades da érea acadeémica, empresarial € terceiro setor, além de sugestes individuais de interessados. “0 fato de 0 Marco Civil ter sido gerado num proceso de muito debate, abertura e participacao da socie- dade acabou contaminando positivamente todos ‘08 passos que teremos de dar para chegar a uma proposta de regulamentacaio”. diz Flavia Levefre “A consulta foi uma tentativa de buscar elementos: para refletir sobre temas sensiveis e dificels, que envolvem interesses de diversos setores da socie- dade. Entendemos que valeria a pena coletar con- tribuigdes inclusive para respeitar a natureza do CGIL.br, que é um érgao muttiparticipativo. No recorte por assuntos, o tema predominante, na consulta foi a neutralidade de rede, com 32 contribuiges. 0 posicionamento do comité é es- pecialmente importante nessa érea, uma vez que a redagéo do Marco Civil prevé, no artigo nono, que 0 CGI. br seré ouvido no processo de regulamen- tagao sobre a neutralidade, assim como a Agéneia Nacional de Telecomunicagoes (Anatel) Em retagao aos outros eixos, 22 contribuigdes ver- saram sobre privacidade na rede e outras 22. sobre efinigSes técnicas. A guatda de registios, outro tema delicado, foi contemplada em 18 sugestGes. Todas 85 propostas de partieipagéo podem ser encontrades, ‘em hitp://marcocivl cgi br/contribuicoes/ Uma semana apos 0 término do prazo. no dia 27 de fevereiro, em reuniao aberta do CGI, foi apre- sentado 0 panorama das contribuigdes recebidas. © passo seguinte foi a criagao de um grupo de tre- batho multissetorial do CGl.br para acompanhar as propostas de regulamentagéo do Marco Civil e se debrugar sobre as sugestoes, a fim de construlr um documento Tinal com 0 posicionamento do comite ‘Segundo Flavia. 0 comite buscara consenso. po- rém eventuats pontos de divergéncia também serao apresentados no documento, identificando 0 setor contrario resolucao em questao. “Consideramos, importante que o texto que chegard a Presidéncia da Republica reflita esses debates”. afirma. v 51m u Num in conectado i, see €POHICO 2 Ce da Internet das coisas exige reforco na protecao ng aaa pessoais Jquando 0 assunto é Internet das coisas. O alerta fot dado, no inicio de janeiro. pela pre- sidente da Comissao de Coméroio Federal (FTC, na sigla em inglés) dos Estados Unidos, Edith Ramt- rez, durante a feira de eletronicos Consumer Elec- ‘yonies Show (CES 2015), realizada em Las Vegas. A tendencia de ter carros, geladeiras, televisores, rel6gios € roupas conectados a Internet pode re- presentar ameacas graves @ sociedade. deman- dando protecao de dados e sigilo de informagoes pessoais. “Qualquer dispositive que esteja conec- tado a Intemet corre o risco de ter Seu controle se- questrado”, disse ela. “Além disso, 05 riscos que 0 acesso néo autorizado cria tencem a intensiticar-se medida que cada vez mais dispositivos sejam in- terligados, como nossas casas, carros, aparelhos de cuiidadas médicos.” Carros conectados registram informages im- portantes sobre seus donos, como 0s locais que costumam visitar, 0s horérios de sua rotina dig- ria @ seu comportamento ao volante. Pulseiras & rel6gios inteligentes que coletam dados sobre a atividade fisica do usuario podem dizer muito so- bre sua salide. A casa conectada revela habitos & necessidades de quem mora nela AAlém dos riscos criados por criminosos. uma grande questéo apontada por Ramirez a pos- sivel assimetria no acesso a informagaio entre empresas e consumidores. Quando quem vende sabe muito sobre quem quer comprar, @ relagao comercial se torna desbalanceada. Se o varejista sabe que 0 consumidor tem muita necessidade de adquirir um produto naquele momento, pode cobrar mais caro por ele, ou oferecer condigbes comerciais menos vantajosas, Nesse contexto, ganha destaque @ necessi- dade crescente de protegao de dados e do seu armazenamento na nuvem e de regulagao para evitar que dados contidenciais possam ser nego- ‘lados ou usados de manetta indevida. Em junho, 05 Estados Unidos sancionaram uma lei chama- da Ato de Liberdade, que acabou com 0 programa da Agencia Nacionall de Seguranga dos EUA (NSA. na sigla em ingjés) de coletas em massa de infor- magdes sobre chamadas telefonicas. O servico seoreto americano interceptou milhdes de tele- O Portunidades € riscos convivern lado & tado Tonemas ¢ e-mails de diversos pafses do mundo, inclusive do Brasil, sem autorizagao dos governos e sem conhecimento das vitimas, como mastrou 0 vazamento de documentos pelo ex-colaborador da NSA, Edward Snoviden Se, de um lado, os governos devem garantir a seguranca dos seus cidadaos ¢ colbir ameagas terroristas e @ ordem, de outro, tem de respettar 0 direitos humanos, como o direto a privacida~ de. “Percebe-se que ha uma tendéncia a vigilan- cia de massa @ existem legislagdes de alguns pa 8e5, como 0 Ato Patriota dos Estados Unidos, que aumentam 0 poder do Estado sobre a coleta de informagdes, mas isso precisa ser feito com cau- tela, como ficou ciaro no documento apresentado no NETmundial, em abril do ano passado”,afirma Flavia Lefevre, conselheira do Comite Gestor da Internet no Brasil (CGI.Dr) © documento frisa que “a governanea da In- temmet deve ser construida através de processos democraticos muttissetoriais, assegurando a par- ticipagao significativa ¢ responsdvel de todos 0s é Becte-c que ha uma tendéncia a vigilancia de massa e existem legislacGes de alguns paises, como 0 Ato Patriota, nos Estados Unidos, que aumentam o poder do Estado sobre a coleta de informacées.” Fliviia Lefevre, conselbeira do CGL br Intervenientes, incluindo governos, setor privado, sociedade civil, a comunidade técnica, a comuni- dade acadiémica e usuarios’ Redes elétricas inteligentes ‘Com maior massa de informagdes dispont- vels e diversos dispositivos conectados, a ten dencia é de que a Internet das coisas seja um assunto ainda mais relevante. No Brasil, por exemplo, as redes inteligentes de energia come- am a sair do papel “A preocupacao com seguranga sera cres- cente, com foco em quatro pontos: contiabilida- de das informagdes, confidencialidade, integri- dade dos dados e disponibilidade do servico”, afirma 0 engenheiro Alberto Egon Schaeffer, professor do Instituto de Informatica da Univer- sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). que ressatta que nao apenas a seguranga dos medidores inteligentes seré importante, mas ‘também a da rede em que a Tora do padrao, que inaique que o cliente esta de férias. uma informagao que. capturada por é | com seguranga sera crescente, com foco em quatro pontos: confiabilidade das informag6es, confidencialidade, integridade dos dados e disponibilidade do servigo.” Alberto Egon Schaeffer, professor da UERGS oriminosos, poderia levar a um ataque @ residen- ia do consumidor engenheito nota que 0 avango das redes in- teligentes traz outros questionamentos. & obtengao de informagdes mais detalhadas sobre 0s consumi- dores enseja preocupagdes juridices. "Uma corte holandesa julgou que a ooleta de informagbes dos medidores inteligentes pode ser contréria & lei dos direitos humanos da Unido Europeia que protege @ privacidade, 0 que mostra @ complexidade desse novo mundo. No Brasil, jf comegam a surgir as primeiras regulagoes sobre Internet. privacidade e controle das informagbes. No ano passado, durante a rea- lizagao do NETmundial, em abril, em S80 Paulo, © governo brasileiro sancionou 0 Marco Civil da Internet, que assegurou garantias de privacidade dos dados do cidadao. Os e-mails. por exempio, 36 podem ser lidos pelos emissores e pelos des- tinatrios da mensagem, nos moldes que ja 540 previstos para correspondéncias tradicionais em papel. “O documento coloca limites a0 acesso aos dads pessoais. A obtengo das informagbes ext ge orem judicial, os fornecedores de acesso a Internet tem de guardar as informagdes de avesso por um petfodo determinado”, destaca Flévia A regulamentagao pode ganar importancia hum cenério em que cada vez mais dispositi- vos terdo conexao a rede © em que sistemas do localizagao via satélite coletam ¢ transi ‘tem informagdes pessoais dos consumidores, inclusive dados médicos. Os usuarios deverao proteger seus dados cada vez mais @, para 0 professor Gustavo Mirapaineta, da FGV, nem 0 meinor sistema de criptogratia tuncionara se os usuarios nao forem capazes de utilzé-10 de for- ma simples e eficente. “Isso lembra 0 antigo exemplo cla empresa que tinha um compiexo sistema de criptogratia e de senhas para entrada nos seus sistemas, mas 08 principals usuarios guardavam as senhas em postits que ficavam colados nos monitores”. analisa. Dessa forma, 6 necessério criar regras de utilizagéo € acesso. “Como em tudo na so- ciedade. existem regras que devem ser respet- tadas. Mais importante ainda, que sejam exem- plarmente punidos os que nao as respeitarem. Entramos numa esfera que nao é mais tecnol6- gica e sim cultural. juridica e social Cadeia de suprimentos Como fica a privacitade nesse contexto? Para Mirapalheta, na pratica, jé vivemos em uma era na qual a privacidade esté ameacada. “0 autor do livro Big Data Revolution, Viktor Mayer-Schon- berger, mostra um caso no qual uma empresa disponibilizou informactes andnimas de seus usudrios para pesquisa via Internet. A ideia era, entre outras, permitir a deteceaio de padres de consumo entre segmentos de usudrios. Pois bem, de acordo com o livro, em 48 horas uma empresa especializada em pesquisa em gran- des bases de dados publicou 0 nome de varios usudrios, eruzando as informacdes fornecidas com outras livremente aisponiveis na Web. Nos- sa navegagao pela Web detxa rastros que podem ser utilizados tanto para melhorar a qualidade dos produtos que consumimos quanto para de- terminar onde fomos jantar ontem e com quem Nao temos como girar a roda da historia para 1s. Isso significaria abandonar todas as faci lidades que tornaram @ vida no século 21 tao diferente - e por que nao dizer melhor? ~ do que no séoulo passado”, diz Para 0 professor, nao devemos iludi:nos @ char que este tipo de invaséo da privacidade seja algo novo. “Mesmo antes da Internet exis- tiam meios de descobrir fatos privados da vida das pessoas. A diferenga 6 que agora estes dados S40 acessivets @ uma quantidade muito maior de gente”, observa. Como milhares de dados transitam além das fronteiras fisicas © chegam a outros paises. 0 tema da governanga da Internet ganhard relevancia € 1830 exige um novo olhar sobre a questao. “Deve- mos pensar ofluxo de informagbes na internet como uma gigantesca cadela de suprimentos virtual. Ta é G... navegacdo pela Web deixa Fastros que podem ser utilizados tanto para melhorar a qualidade dos produtos que consumimos quanto para determinar onde fomos jantar ontem e com quem.” Gustavo Mirapalbeta, professor da FGV como nas cadaias de suprimentos no mundo real, sua gestao requer coordenagao dos diversos atores envolvidos. Sendo assim. algum nivel de coordena- 40 intergovernamental tera de exstr para que se possam implementar regras que evitem 0 manu- seio de informagGes de maneira indevida, Ele frisa que as regras nao devem restringir a liberdade de expresso das pessoas, por ser um conceito essencial em qualquer sistema que lide com ttoca de informagées. “Falo em regras que punam © que sejam exemplarmente aplicadas aos que transgredirem fronteiras bem definidas de direito & privacidade @ 4 imagem pessoal”. diz. Ele ressalta que, pela propria experiéncia da gestaéo em cadeias de suprimentos no mundo real, 6 possivel avaliar que, sem @ coordenagao entre os diferentes atores, a cadela de suprimen- tos nunca atingiré um nivel dumo de operacao. No caso da Internet, ocorre algo similar. Na visdo dele, os governos encontram-se numa en- cruzilhada. pois @ Internet tomou as fronteiras {isicas mais tenues, diminuindo sua capacidade de controle. e eles, para manter esta capacidade, precisardo abrir mao justamente de parte dela. “Para mim, 0 9 20 uso da intel so spciada ao big aata. vande 2 J escuina comega a saber come rr ponea, pode suger POPE | 00? Pesaves.© at@ MOST NGL mages ue Va0 ‘uma bola. Vooe idaae do mundo. NT damnformacso noje er Gia vie maqao que pode wansfontr am ears ese NaCkead. = Francisco TuPY, game designer Bai eftee=ro | Hivros e agenda Nomes de dominio na Internet Kelli Angelini (Novatec) Do ponio de vista tecnolégico, os nomes de dominio nada mais $0 do que formas de identiicar um computador na internet. Entretar- to, sob 0 aspecto comercial. um nome agrega outras conotagdes @ constitui uma verdadeira ferra- menta para 0 exercicio negoctal empresarial, governamental, infor macional e de mercado. Esta obra presenta um panorama sobre os nomes de dominio, tratando de ‘sua origem, conceito natureza Juridica, regras que os permeiam @ procedimentos para sua efetiva- 0, transferéncia @ cancelamen- to, além das pecullaridades sobre 0 dominios terminacos em br. Dados Abertos Conectados: Em busca da Web do conhecimento ‘Soff Isotanie Ig Ibert Bittencourt (Novatec) O que sao dadas abertos conec- tados? Qual o papel deles na construgao da Web do futuro (ie Web dos dads)? E como podem ajudar a resolver problemas eco- nomicos, sociais e de gestio? Conhega um pouco mais sobre 0 conceito de dados abertos conec- tados e as vantagens de eriar um ecossistema para estruturagao, disponibilizacao e consumo. de dados no formato aberto. Saiba como utilizar os prineipios conhe- cidos como Sistema de 5 Estrelas para classificar 0 grau de abertura dos dados disponiveis na Web e aprenda também um pouco sobre a rea de Web Semantica, onto- logias, modelagem de dados e padres de compartilhamento de informagao, entre outros t6picos. The Internet is not the answer Andrew Keen (Attantic Monthly Press) Num mundo em que a vis80 po- sitiva sobre a Internet é pratica mente unanimidade, 0 autor An: drew Keen & polémico. Também, chamado de “anticristo do Vale do Silicio”, ele é tido como um guru para quem acredita na necessi- dade de mais vozes criticas as mudancas que a rede traz para 0s negocios, para a sociedade & Para a cultura. Em seu novo livro The Internet is not the answer (A Internet nao & a resposta), Keen traga a histéria economica e tec- nolégica do desenvolvimento da Internet desde a década de 1960 até os dias de hoje. O autor afirma que 0 universo digital é dominado por monopélios de grandes em. presas e defende a regulagao do mercado. Sobre 0 uso das midias sociais, Keen faz uma reflexao a respeito de como as interagdes on-line deram espago para 0 cres: cimento da intolerancia na rede. Laboratério de IPv6: Aprenda na prética usando um emulador de redes Equipe IPV6.br (Novatec) Desenvolvido pelos membros do projeto IPv6.br, este livro apre- senta, por meio de uma aborde- gem pratica, os principais con- ceitos do protocolo IPv6. Para obter proveito. maximo desse material, aconselha-se realizar as experiéncias fomecidas no livro. Essas experiéncias foram, criadas inicialmente para o cur- So prensencial de IPVG, realizado pelo NIC.br, e foram aprimoradas ‘a0 longo dos anos. Hoje o resul: tado deste esforgo 6 apresenta do neste livia Fevereiro COE mas) Cee Coed rT er pee ey alee xe) Cr Try rertea rated Perr rreiey OE CTE MSCs Cree wwe roe Creer Peron) nat ATC aa Deere aa Te eee ae Pag 11.44 de abril Sete) PrerOr cra EY Tat Nee es) PPO ee) Peet Teo eT T= Notas.ER Gk Drones mapeiam Cristo Re- dentor /Aimagem do Cristo Redentor fo pela primeira vez mapeada em alta resolugao e trés dimensdes (2D). De- zenove voos de dranes com cameras acopladas captaram mais de 3.500 imagens do monumento, Cerca de 2 mil delas foram aproveitadas na com- posigao da imagem em 3D. Tratase de uma parceria entre a empresa ca- nnadense produtora de drones Aeryon Labs, a suiga fabricante de softwares de imagem PixaD @ 0 Ntioleo de Expe- rimentagao Tridimensional (Next) da Pontificia Universidade Catélica (PUC) do Rio de Janeiro. As fotos foram feitas, em outubro de 2014 e a imagem do Cistoem 3D foi publicada em fevereta, Facebook lidera Internet mével /Brasiiiros gastam a maior parte do pacote de dados de celular para acessar 0 Facebook. Um estudo ‘sobre mobilidade realizado pela Enics- ‘son mostra que 28% do trafego da In- ternet movel no Brasil so consumicos na rede social. Em segundo lugar esta o navegador Chrome (16%), seguido do YouTube (15%). Completam 0 ranking, dos cinco aplicativos que mais conso- mem dados no Brasil o WhatsApp (13%) 8.0 Instagram (6%). Dols tergos do té- fego da Internet mével no Brasil sao destinados a esses cincos aplicatvos. Em outros paises pesquisados, como Estados Unidos, Espanha e Coreia do Sul, 0 Facebook também tdore 0 con- ‘sumo de dados mévels. Lei das Antenas é sancionada /Emabril a presidente Dima Rousseft sancionou a Lei 13.116, também co- nhecida como Lei das Antenas. O do- ‘cumento define normas gerais para 0 processo de licenoiamento, instalagao y © compartihamento de infraestrutura de telecomunicagdes no pais. Anova lei determina, entre outros pontos, que a ligenca de instalagao de antenas deve ‘ser expedida num prazo maximo de 60 dias a partir da data do requerimento. Existem mais de 300 leis municipais ‘que tratam do tema e que precisam ser adaptadas a legistacéo federal E-commerce tem grande potencial /0 cométcto via inter- net cresce ano a ano no pais. Em 2014, foram R$ 35,8 bilhdes em vendas (alta de 24% na compara- cao com 2043), segundo a E-bit, empresa especializada em informa- bes sobre o setor. Apesar da cifra & maior parte dos brasiletros ainda nao participa do comércio eletroni- co. Uma pesquisa, encomendada pela Confederago Nacional da In- austria (CNN) a0 Ibope. informa que 74% dos consumidores no Brasil nunca compraram pela Internet. En- tre jovens esse percentual é menor: ‘cal para 65% na faixa até 24 anos. 0 ntimeros mostram que hé muito ‘espaco para 0 e-commerce crescer. 2014 FeRERO 12018, Falar, escrever e fotografar / Aimensa produgao de imagens di gitais transforma a maneira como as pessoas se comunicam. Berner: do Hernandéz, principal executivo do Flickr, plataforma de comparti- thamento de fotos, disse no Mobile World Congress deste ano que saber fotogratar ja 6 quase tao importante quanto eserever ou falar. “Aesséncia da fotografia esté sendo alterada. Ela foi.criada como um meio de capturar a memeéria. Agora usamos a fotogra- fia. como um meio de comunicagéo afirmou. Um exemplo est na popu laridade do aplicativo Snapchat, para ‘roca de mensagens de foto e video. A consultoria IDC estima que em 2015 serio tiradas 1 trilhdo de fotografias rno mundo, consequéncia do aumento do uso de smartphones e tablets. Google quer identificar mentirosos / 0s engenheiros do Google trabalham num novo al- goritmo de buscas. Atualmente, os primeiros resultados sao classifica dos em fungio do niéimero de links que fazem referéncia a eles. Assim, © Google busca uma relagao direta entre audiéncia, qualidade e relevan cia, © problema 6 que paginas com informacées falsas e boatos muitas vezes aparecom bem colocadas nos resultados. Como o novo algonitmo vai funcionar? A cada busca o sistema vai cruzar as informagdes das pagi- nas com um vasto banco de dados do préprio Google (chamado Know- ledge Vault), que contém bilhdes de verbetes sobre qualquer assunto, para checar a veracidade das infor: mmagdes. Os primeiros resultados da pesquisa foram publicados na revista ‘New Sctentist em fevereito. Para preservar, permita o acesso 0 Internet Archive (or ganizacao sem fins lucrativos que funciona como uma grande biblio teca aberta da intemet e do mundo digital) tem uma segao dedicada a jogos antigos. Como os aparelhos: aque llam 08 jogos ticaram obsole- 10s, a solugéo fol cian emuladores A galeria de videogames do site tem hoje mais de 2.500 jogos. A flosoria por tras desse esforco é a de que *acesso permite a preservaglo", se gundo o curador do internetarchive, Jason Scott, na maior conferéncia de desenvolvedores de jogos (60C), em margo. Grooveshark chega ao fim | O site de compartilhamento de mt- sicas Grooveshark encerrow suas atividedes no fim de abril Os donos do servigo entraram em acordo com a5 gravadoras americanas, Se nao tirassem o site do ar, seriam obri- gados a pagar multa de US$ 736 milhoes, Peio acordo, tera de apager todas as misicas que, por estarem no Grooveshark, destespei tavam diteitos autorais e de entregar 0 dominio e os aplicativos para as gravadoras, Crado em 2007.0 site chegou a ter mais de 15 milhoes de misicas, compartilhadas por 20 mi- Ihdes de usuarios. er aT FREEMUSICARCHIVE.ORG fae ere eee Reet een ene eT eet ee eae ek ue Nee ee Prac ee ee Sere tem er ee Fi en Reet eee eee Cee eet ne es y ie 4 j ' Y we opr ‘ y Y 7 \ Gi ‘ He ais A eee Abril | 2015 Tecnologia e Infancia Ano 7 - Numero 1 Panorama setorial da Internet Publicidade, infancia e tecnologia DiscussGo sobre a propaganda direcionada as criancas divide opinides A televisao alterou profundamente a circulagao da informagéo. assim, dissolvendo as barreiras que separavam 0 mundo ds adultos daquele das crian- as. Com sua popularizacéo, ela contribuiu pata a criago de um canal direto entre as criangas e diver 308 contetidos midisticos, entre eles, a publicidade. Nesse sentido, no Brasil da década de 1980, uma propaganda de tesouras com personagens infantis colocava uma crianga repetindo insisten- temente: “eu tenho, vooe nao tem’. Em outra, uma menina “hipnotizava” a m&e pedindo-Ihe que comprasse um determinado chocolate. Im- pensdvels nos dias de hoje, esas propagendas Tizeram sucesso © marcaram o crescimento de uma geragao de consumidores, nao sem levantar um debate: quais os limites da propaganda volta- da para 0 puiblico infantil? Jé na metade da década atual. a publicidade se faz presente na vida de adultos e criangas, que a0 bombardeados por estfmulos na televisdo, na Internet e na midia impressa, para citar alguns exemplos. Ao considerar que 98% dos domicilios brasileiros possuem televisdo e 43% estao conec tados @ Internet, € possivel imaginar o alcance da publicidade em nossa sociedade. Sea Internet 6, hoje, um dos grandes vetcu: los de sua circulagéo, com propagandas em por tals, redes soviais e jogos on-ine, a exposigao de criangas e adolescentes a tais contetidos 6 const: deravel: 75% dos individuos de 10 a 15 anos sa0 usuéirios de Internet, enquanto esse percentual 6 de 51% para 0 total da populagao” O discernimento e o senso eritico das criangas e adolescentes para lidarem com contetido publi ds da pesquisa TICDomeiios 2012, conduc analment polo Comité ester darter. nls da pesquisa TIC Damstos 2013, conduciga avalos pelo omit Gest darter. /Panorama Seto! itério consistem nos principals pontos do debate sobre publicidad. infancia & tecnologia. Alguns especialistas defendem que a crianga de até 12 anos de ida- de no possui um olhar tao critico quanto o de um adutto para tomar desisoes €. portanto. pode ser fortemente influenciada por pegas publicitatias voltadas, para 0 publico infantil “Sao intimeros impactos que vao desde o aumento do consumismo infan- til, formagao de valores materialistas. de uma primazia do ter sobre o ser. passando até por consequéncias fisiologicas como. por exemplo, a obesidade Infanti”, analisa Renato Godoy. jornalista, socidlogo e pesquisador do Instituto Alana. A instituigao, por meio do projeto Crianga e Consumo, busca salientar as consequéncias da exposigao a publicidade nai infancia, com isso fomentando 0 debate sobre o tema, A ptofessora do programa de pas-graduacao em Comunicagao e Praticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Maria Izabel Orofino, levanta outro aspecto importante a ser considerado: a perspectiva da rianga como sujeito atuante, levando em conta sua participacao social. “Nos trabalhames sob a perspectiva das competéncias culturais da crianca, enten- endo que ela tem algumas competencias cognitivas, emocionais e culturais”, coloca a docente. A influéncia no consumo, no entanto, jé pode ser sentida. Segundo 0 que foi apurado pela pesquisa TIC Kids Online Brasil 2013, 29% dos usudrios de Inter net de 9a 17 anos que assistiram a uma propaganda pediram algum produto para seus pais. Destes, 59% tiveram seu pedi atendido Resolucao © tera ganhou forga na midia com a aprovagao da Resolugaio 163 do Conselho "Nacional dos Direitos da Crianga e do Adolescente (Conanda), em margo de 2014, {ue define como abusiva toda a comunicagio mercadologica voltada para oriangas, € adolescentes que, procurando persuiaditos 80 consumo, se utlize de recursos como tilhas sonoras de mlsicas infantis, personagens. pessoas ou celebridades ‘com apelo ao publica infantil, bonecos., desenhas animados, entre outros, Em novembro do mesmo ano, 0 tema escolhido para a redagao do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi “Publicidad infantil em questao no Brasil assim, ttazendo & tona as diferentes posigées @ convidando os candidatos & refletirem sobre o tema. Pata Godoy, 0 orescimento do debate sobre o tema 6 um dos principals ganhos: "Nada melhor do que ter mais de 9 milhbes de pessoas pensando e escrevendo sobre 0 assuinto, COMO Tol 0 ¢@SO” © Alana ¢ um ator importante no debate sobre publicidade voltada para o publico infanull— tendo, inclusive, representagao no Conanda — e analise com. otimismo © primeiro ano de vigenoia da resolugao. “A gente entende que 0 primeiro ponto positivo € 0 crescimento do debate. Observamos. com atencaio. 5 empresas que incorrem em praticas abusivas esperamos que elas adotem ‘um comportamento adequado ao ordenamento juridico brasileiro. Acho que 0 momento, por enquanto. € esse, de observar e fazer com que a resolugao seja, Ccumprida’. afirma o especialista do Alana, 251 | FeereRO| a5 Publicidade, infancia e tecnologia A resolugao, no entanto, nao é unanimidade entre os profissionais da rea. Para Izabel. 0 texto se equivoca ao partir do pressuposto de que toda Publicidade € ruim. “O que precisamos saber 6 que contetidos queremos veicular com @ publicidade e como veiculé-los, mas nao abrir mao desta prética social e cultural. Todas as campanhas educativas se funcamentam a partir do mesmo formato de comunicagao. por exemplo. O que precisa é regular e regulamentar.” Produgao cultural Uma das principals criticas feitas @ Resolugéo 163 diz respeito a um possivel impacto negativo na produgao cultural voltada ao puiblico juvenil uma vez que 0s antincios so a principal fonte de financiamento desta programacao. “A produgao cultural para crianca depende do apoio cultural das empresas, portanto a publicidad viabiliza essa producao cultural. Séo coisas relacionadas. Hoje, no Brasil, quase nao ha produgao cultural para crianga, jé tivemos muito mais”, pondera Izabel Para Godoy, no entanto, 0s assuntos nao estao diretamente relacionados. “A critica & reducdo da programacao infantil na TV aberta procede. No entanto, ela n&o é fruto da resolugao do Conanda, mas de uma opeao mercadoldgica. Mesmo antes do debate sobre a regulagao, a programacao infantil diminuiu nas emissoras abertas.” Ainda assim, admite que 0 momento seja de proliferagao de iniciativas de produgao de conteudo nacional —impulsionadas pela nova let do audiovisual que exige a veiculagao de contetidos nacionais na TV fechada —. hem como de novas experiéncias. “Cabe a0 mercado. junto com a sociedade. pensar em alternativas. Ndo é um beco sem safda, muito pelo contrario, esse é 0 momento de 0 mercado mostrar que tem capacidade de se reinventar sem necessariamente ferir os direitos da crianga”, completa Percepcdes Conforme apurado pela pesquisa TIC Kids Online Brasil 2013, as percepgdes das criangas ¢ adolescentes sobre a publicidade so variadas. Com relago a algum tipo de inedmodo ou constrangimento, apenas 9% dos usuérios de Intemet de 11 a 17 anos que tweram contato com propagandas relatarain situagdes desse to. [No que diz respelto & percepgao sobre publicidade, os valores pouco se alteram para propagendas veiculadlas na televiséo ou Internet. Ainda que muttos afirmem “nao gostar nem desgostar” clas propagandas (29% para as duas midias), 0 percentual de criangas que afirmam “gostar muito” e “gostar da publicidade soma 46% no caso da televisao, contra 23% que responderam “nao gostar” e “odiar”. Para a internet. 0s valores sao. respectivamente. de 37% € 29%, conforme quadro 1 /Panorama Setorial ‘QUADRO 3: PERCEPGAO SOBRE PROPAGANDAS OU PUBLICIDADE VISTAS [EM MEIOS DE COMUNICACAO (%) Percentual sobre o total de usustios de Internet de 11.2 17 anos que tiveram ‘contato com propagandas/publicidade nos uitimo ano TELEVISAO 13 33 29 49 4 2 INTERNET 12 25 29 23 6 5 Segundo a pesquisadora da ESPM, durante a condugao de estudos qualitativos, foram colhidos depoimentos que apontam para uma capacidade de identificagao da propaganda, assim como de alguns incomodos. “Verificamos uma unanimidade de identificagao do que é a publicidade, de que ela 6 muito chata porque intertompe o programa, e recolhemos também depoimentos de que a publicidade 6 mentitosa, e que ela engana a respeito dos produtos que vende, ou seja, a crianga também reproduz 0 discurso que circula na comunidade Interagao Ainda, segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2013. 85% dos usuarios de Intemet na faixa etaria entre 9 17 anos indicaram ter tido contato com publicidade veiculada pela televisao. Em segundo lugar, com 61% das mengoes, figuram as redes sociais, conforme grafico 1 ‘GRAFICO 2: PROPORCAO DE CRIANCAS OU ADOLESCENTES POR TIPODE PROPAGANDA OU 'PUBLICIDADE COM A QUAL TIVERAM CONTATO NOs ULTIMOS 22 MESES Percentual sobre o total de usuirios de Intemet de 9.227 anos a Nosite de uma rede socal [UT NS NIN 62 Emrejats jomaisou gis TTD = Emsitesde videos (TT OTTTTTT ND 48 Numstedejogarrairtemet_ [UNITE HD so Numeral (TTD 26 ‘ura mersagem deteoSMSo celular [UTNE 28 Emmersogens nstartaneas ra itemet UN) 22 ot Publicidade, infancia e tecnologia Entre os usuarios de Internet de 9 a 17 anos, 79% possuem perfil proprio em redes sociais®. Estes usuarios esto em contato com propagandas e. even- tualmente. interagem com tal conteddo: no ultimo ano. 57% curtiram € 36% compartilharam propagandas. FIQURA 1: PROPORCAO DE CRIANCAS /ADOLESCENTES, POR FORMA DE INTERAGAO COM PROPAGANDAS /PUBLICIDADE EM REDES SOCIAIS Percentual sobre o total de uetsros de Internet de 12.27 anos ‘que pocsuem préprio perf na rede cocial de malor uso curt Descurtiu Compartihou Bloqueou Fonte: Te Kids One Bras 2013 Para Godoy, a presenga de empresas nas redes sociais é um novo desafio para os pais, que devem estar cientes “com quais marcas 0s filhos esta interagindo, 0 que essas marcas pretendem quando realizam esse tipo de comunicacao direcionada”. Para Orofino, a publicidade esta presente na vida da crianga e do adolescente (e dos adultos) todo 0 tempo, nao Sendo diferente nas, redes sociais, nas quais “a crianca constréi um espaco de voz e de visibilidade, ‘num sentido muito positive Artigo Criangas, adolescentes e os apelos comerciais em rede nts Viorino Uma das caracteristicas marcantes da comunicagao comercial, em especial cla publicidade, é a ubiquitade. Como tem sido reconhecido em estudos internacionais sobre o tema, como os do Hanz-Bredow Institut, a “pervasividade” da publicidade no cotidiano infantil, presente nas suas horas de lazer, em seus deslocamentos e, até mesmo, na escola, acentua- se no contexto da convergéncia midiética. Neste novo centio, marcado pela multiplicagéo das tecnologias de informacao e comunicagao (TIC). ampliam- se e tomam-se complexos 0s problemas desafios relatives ao exercicio da protegao e da promogéo de criancas e adolescentes, ° coreierando a rede soca! de maior uso pe eanga. /Panorama Setorial No Brasil os primeitos resultados com abrangéncia nacional sobre essa nova forma de criangas e adolescentes “conviverem” com a publicidad na Internet vém a puiblico com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2013. Além de estabelecer uma continuicade importante com a série histérica que investiga a relagdo deste segmento com as TIC, essa pesquisa colabora para colocar na agenda nacional este precioso debate’ A investigagao € reveladora do alto nivel de exposigao e de interagdo de nnossas criancas e adolescentes com 0s apelos comerciais. Se 85% deles Teconhecem ter tido acesso & publicidade pela TV, ja soma 61% o nlimero de adolescentes entre 11 e 17 anos usudrios de Internet que reconhece ter sido alvo de suas mensagens publictarias nas redes sociais. Os sites de jogos como espaco de contato com esse tipo de contetido foram apontados por 30% deles. Do ponto de vista da ampliacao do acesso, além de questdes classicas que envolvem essa problematica, oui seja, relativas ao tipo de contetido publicitario que € exibido na rede, os aspectos éticos das mensagens, o incentivo a0 Consumismo, 0 risco de contato com temas/imagens inapropriadas, entie oultas, surgem novos problemas. Entre os quais, é possivel citar os decorrentes da crescente diluicao de fronteiras entre 0 que pode set designado como publicidade, ou jogo, ou site de produto/marca e que envolve criangas adolescentes em novas formas de brincar, de se divert e, até mesmo, de se promover, e o que se telaciona diretamente a interesses comerciais. Os pais também reconhecem este alto indice de exposigaio dos flhos & publicidade, mas nao o vinculam claramente a um subsequente pedido de Compra dos filhos, pois este percentual ndo ultrapassa os 30% na pesquisa Curiosamente, ao serem indagados sobre 0 que os flhos mais pedem, obteve-se Co seguinte resultado: 1oupas e sapatos (62%), equipamentos eletrOnicos (56%), Jogos e videogame (26%) e, finalmente, brinquedos com 18%. Seria, afinal, esta ‘ordem de pedidos “natural” para criangas adolescentes? Além dessas questOes associadas a0 acesso de contetidos, tornase relevante entender, com mais profundidade, os tipos de interagao com a comunicagao comercial que criangas @ adolescentes passam a ter nas tedes sociais. “Curtir” (57%), “compartilhar” (36%), “descurtir” (21°) ou “bloquear™ (20%) publicidades esta entre essas novas praticas evidenciadas na pesquisa Isso sublinha uma ago mais direta de “tesposta” deste segmento que se soma a oulras. como se tornar um personagem de uma marca na simulagao de um jogo, marcar uma loja em uma fotografia de festa, sinalizando 0 uso de sua(s) marca(s), eriar blogs ¢/ou fotoblags com o fito de promover um produto ‘ou marca, participar de concursos ou promogées com niveis acentuados de exposigao de si, entre outros. A complexidade dessas relagdes comerciais envolvendo as criangas e adolescentes torna essa pauta extremamente relevante e urgente para o Estado, ara a Sociedade, a comunidade e a famfia no Brasil. Do ponto de vista da protegao e da promopao da crianga e do adolescente, implica a urgéncia quanto & definicao de uma politica regulatéria especttica sobre a comunicagao comercial e publicidade, a qualificagao da midia e de sua literacia nas escolas e nas familias, bem como a sensibilizagao de setores empresariais € profissionais acerca da responsabilidade compartilhada da sociedade para com este segmento. “+ Tos os dae ctades no prant rtigo so esutadae da pes TC Ks Onin ral 2089 (Cb, 204. S214 FeerenO| 5 Relatério de Dominios Relatério de Dominios A dinamica do registro de dominio no Brasil e no mundo Mensalmente, 0 Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informacao (Cetic.br) monitora a quantidade de nomes de dominios registrados entre os 16 maiores ccTLDs? no mundo que totalizam 08, Tegistros sob 0 nome de paises. ‘A maior quantidade de dominios registrados esta sob a terminagao tk (Tokelau), com mais de 28,5 milhoes de registros no més de margo de 2015. Em ‘segunido lugar, esta a Alemanha ( de) com 15,8 milhdes de registios, seguida da China (cn) com 14,6 milhoes de dominios registrados. 0 Brasil ocupa a oitava posigdo com 3,5 milhdes de registros sob 0 br ¢, na décima sexta posigdo, com 1,7 milhbes de registros, esto os Estados Unidos, com registros Sob 0 us, como observado no grafico 1 CGRAFICO 3 - REGISTROS DE NOMEES DE DOMINIOS NO MUNDO - MARGO/2015 lau (44) 1° Alemanha (de) 2 Reino Unido (uk) 4 Patses Baixos (nl) 5 Rissa (ru Ue (ew rac (be) &° ND 3 560.92 Argentina (ar) 10 ne Talia (it) 12° Polénia (pd 13 Conada (ca) 14° Suiga (ch) 15 (us) 16 igo pra county Cove Tope Doman, om ng. /Panorama Setorial primeiro trimestre de 2045 inicia com mais de 3.5 milhdes de dominios sob 0 .br. No grafico 2, é possivel acompanhar o crescimento do .br desde o ano de 2012. GRAFICO 2 - TOTAL DE REGISTROS DE DOMINIOS AO ANO ~ MARCO/2015, 3.700.000 3.600.000 3.568.192 3513.27 2.500.000 3.309.240 3.300.000 3.200.000 200000 3.088.842 3.000.000 2.900.000 200.000 2012 2013, 2014 2015" aco referent a ee wimestie de 2015 Os cinco principais dominios genéricos (gTLDs*) totalizaram, no inicio de 2015, mais de 150 milhdes de registros. O dominio genérico com destaca- se com mais de 117 milhées, conforme se elenca na tabela 1 no primeiro imestie de 2015 TABELA 1 - PRINCIPAIS GTLDS - MARCO/20157 v com 117849.058 2 net 45124079 s org 10,603:192 e info 5.429.889 °° biz 2.924.133 {ig para Generic Top-Level Dora, em inglés 7 Disponel em wwe ¢/trnotatsis/_ Asso om: 06/04/2035, Tire suas dtividas Publicidade e infancia no Brasil Conheca 0s principais marcos da legislacao sobre o assunto Antecedentes ESTATUTO DA CRIANGA EDO ADOLESCENTE (EC) Llegislagao espectica que regulamenta o paradigma cent, desse modo, superando a ideia de que eles so in- da protegéo integral, preconizado na Convencao so- capazes-e, consequentemente, passiveis de tutela. A partir bre os Direitos da Crianga da Organizacao das Na- do ECA, as oriangas e adolescentes passam a ser consi- gies Unidas e no artigo 227 da Consttuigéo Federal derados cidados em fasé pecuilar de desenvolvimento e, de 1988, Inaugura nova concepgao de crianca e adoles- portanto, portadores de diretos*. CDIG0 DE DEFESA * : i CONS 10h . Art. 37 - §2° -“E abusiva, dentre . outras. a publicidade discriminaté- ria de qualquer natureza, a que in- cite @ violencia, explore o medo ou a supersticao. se aproverte da de- ficiencia de julgamento e expenén- ia da orianga, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzit 0 consumidor a se compor- tar de forma prejudicial ou perigosa sua satide ou seguranga”® CONSTITUICAO FEDERAL DE lee “ Art. 5° - inciso XXXII - “o Estado promoverd, na forma da lei, a defesa do consumidor” Art. 227 - °E dever da familia, da sociedade e do Estado assegurar a crianga, ao adolescent e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito a vida, a satide, a alimentagao, a educagao, ao lazer, & profissionalizagao, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivencia familiar e comuniténa, além de colocé-los a salvo de toda forma de negligancia, discriminagao, exploragao, violencia, crueklade e opressao” A Resolugao @ ry 183/204 DO CONSELHO NACIONAL DAS DIREITOS DA CRIANCA.E DO ADOLESCENTE (CONANDA) * A partir da publicagao dessa resolugdo, o Conselho considera abusiva toda a comunicagao mer- cadoldgica drecionada a criangas e adolescentes que. procurando persuadlos para 0 consu- mo, utlize-se de recursos, como trihas sonoras de musicas infants, personagens, pessoas ou celebridades com apeto ao publico infantil, bonecos, desenhos animados, entre outros * Adaptadad: ANDI Comunicge © Dotan, Hop Det, Depa em:

. Aes em 06/04/2085, Disponiel em. titp/mawiplanatogovDy/ec_03/cnsticen/corstticn Min>. Aces en: 08/04/2015 Depontel on. Acceso om: 08/04/2015 /Panorama Setorial RepercursGo Em nota®, as principais enticiades do setor publicitario de radiodifusao posicionaram-se contra a Resolugao 4163/2014, alegando reconhecer apenas 0 Congreso Nacional como 6rgao com legitimidade constitucional para legislar sobre o tema, apontando a regulacao exer- ida pelo Conselho Nacional de Autorregulamentacao Publicitaria (Conar) como a mais eficiente em materia de publicidade comercial © Conar é entidade responsavel pelo cumprimento do Cédigo Brasileiro de Autorregulamentacéo Publictéria e, como tal, define como preceitos da ética publictéria a honestidade, o respeito as leis do pais e ao principio. da leal concorréncia, bem como 0 respeito & atividade publicitaria, entre outros. Em andamento Projetos em tramite na Camara dos Deputados: PROJETO DE LE! S42V/2001 Autor: Luiz Carlos Hauly - PSDB/PR Profbe a publicidade ou propaganda ara a venda de produtos infantis. PROJETO DE DECRETO LE Autor Milton Monti - PR/SP Susta 0s efeitos da resolugaio que dispde sobre a abusi- vidade do direcionamento de publicidade e de comuni- ‘cago mercadolégica a erianca e ao adolescente. © Disponiel om:

Pcesso er 08/04/2015, + Disponivel em tty. conauonst)> fossa em. 06/04/2018, SLATIVO THe0/2014 © Panorama Setorial da Intemet € produzido pelo Centro Regional de Estudos CREATIVE COMMONS para 0 Desenvolvimento da Sociedade da Informagao (CETIC.br): Alexandre F, Atribuigéo Barbosa, Alessandra Almeida, Alisson Bittencourt, Camila Garroux, Fabio Senne, _Us0na0 comercial, naa Isabela Coelho, Luiza Mesquita, Manuella Ribeiro, Maira Outiveis, Marcelo Pitta, — 0bv=s derivadas ty-nc-nd) Maria Eugénia Sozio, Raphael Albino, Suzana Jaize Alves, Tatiana Jereissati, OSG) Vanessa Henriques, Winston Oyadoms na 3518 | FeerERO| 25 /Impressora 3D Fae eA rem a Texro Liga Cruz Com a revolucao das impressoras 3D, fica mais facil criar objetos e fabrica-los em casa que estamos as vésperas de uma terceira revolugéo industrial, na qual as pessoas se- 140 0 centro da mudanga. Nela, a indstria atual € a produgéio em larga escala passam a conviver com a fabricagéo em pequena escala de objetos criados por amadores. Em vez de comprar uma nova capa pata 0 celular ou um puxador de gave- ta, vocd poderé fabricd Jos em casa, com 0 mate- tial, a cor @ 0 design que escolher. Mais do que ‘sso: poderé inventar produtos novos, com pegas € acessorios inéditos, oriados especificamente para 0 projeto que voce desenvolveu E essa a revolucao anunciada pelas impresso- ras 3D, que os ulumos anos gannaram faina e es- ago pelo mundo. Versbes acessiveis de maquinas capazes de fabricar objetos com materias distin- tas como plastico, metal e até chocolate chegaram a0 mereado prometendo dar mais liberdade de criagao ao consumidor. “E um modelo com vanta- gens para a sociedade ern geral. porque favorece 0 desenvolvimento do conhecimento de forma ré- Vere deve ter escutado a0 menos uma vez ida, por meio do compartiihamento de ideias”. diz o gerente de projetos e desenvolvimento do NIC br. Antonio Moreiras. Imagine a cena: em vez de esperar meses por um modelo de ténis inédito no Brasil, vocé pode comprar do fabricante um arquivo digital, sem en- Trentar todas as barreiras log(sticas e alfandegérias, que hoje attasam o langamento de um produto por ‘aqui. No seu computador, voo8 poderé personall- Zar 0 calgado para 0 tamanho do seu pé, cores @ 0 material desejado. Depo's pode fabricar em casa ou em uma loja prOxima e ter os ten's em pouco ‘tempo nos és. OU entao poderd vooe mesmo criar 0 design ¢ fabricar uma cadeira, mesa ou qualquer ULI mOvel para a sua casa ‘A discussao tema do livio Makers: a nova re- volugao industrial do jornalista Chris Anderson. Na obra, ele diz que 0 conceito de como as coisas $0 fabricadas est mudando. “Assim como a Internet, democratizou a invengao em bits (software), uma nova classe de teonologias de répida prototipagem. de impressdo 3D e cortadoras a laser esté demo- ‘2s | FEVERSON 137 4G. modelo com vantagens para a sociedade em geral, porque favorece o desenvolvimento do conhecimento de forma rapida, por meio do compartilhamento de ideias.” Antonio Moreiras gerente de projtos desenvolvimento do NIC.br cratizando a invengao em tomos (hardware). Vos acha que as ditimas duas décadas foram inerfveis? Entaio espere s6°, afirma debate vai longe. Hé quem aposte, por exem- plo, que no futuro uma empresa como a Boeing, poder produzir asas de avido em impressoras 3D aigantes. Por enquanto, sO temos certeza de que as impressoras 30 estimutam nova forma ce consumo. "A customizagao é uma tendéneia. A impressora 30 traz a possibilidade de inverter a l6gica de con- sumo, pela qual se criavam neoessidades com 0 ‘marketing. Agora as pessoas podem criar produtos petsonalizados e de acordo com 0 seu desejo, sem precisar cumprit prazos de mercado para ter acesso, ‘um modelo”, dizo arquiteto Eduardo Lopes. cofun- dador do Garage Fab Lab. Fab labs 6 uma abveviatura em inglés pare labo- ratOrios de fabricagao. 0 Garage, aberto ha um ano, no centro de So Paulo, segue 0 conceito inventado, polo professor Nell Gershenfeld, do Massachusetts Insutute of Technology (MIT). La estao alsponivels impressoras 3D, cortadoras a laser de vinil 1re- sadora CNC (usada para cortes com preciséo mil métrica), ferramentas, computadores € softwares, proprios para fazer modelos tridimensionais. Placas microcontroladoras Arduino e minicomputadores: Raspberry Pi também esto disponivels para quem deseja embarcar tecnologia no seu projeto. ‘Qualquer pessoa pode fabricar seu objeto no lo- cal ou criar 0 que deseja com a ajuda dos designers, 08 equipamentos disponivels. A hora de uma im- pressora 3D custa R$ 25 e a ca cortadora laser, RS 50. No ambiente frequentado majoritariamente por estuidantes e profssionais de design e engenhatia, (05 méveis para casa Sao 0s itens mais populates para fabricagiio. Akém deles, 0s interessados em drones também tém recorrido a impressora 3 para criar suas aeronaves nao tripuladas. “Multa gente fabrica coisas pequenas, como a pega de um jogo ou algum projeto interessante open source que vitina Intemet. Mas sinto principalmente © interesse das pessoas de frequentarem um espia- 90 como esse para trocarem informagdes com ou tras, que gostam das mesimes coisas”, conta Lopes Recentemente, a Prefeitura de S80 Paulo lan- ou edital para implantagao de 12 fab labs na cidade. 0 edital preve investimento inicial de RS 2 milndes na compra dos equipamentos e outros. R$ 3 milhOes por ano para manutengao dos labo- Tat6rios, ineluindo os insumos necessénios para gerantir a produc nas impressoras. A previséo é ‘que 0s primeitos laborat6tios estejam prontos no segundo semestre de 2015. Made in Brazil Aimpressora 3D foi inventada na California, em 1984, por Chuck Hull, tendo como base a estereo- Iitografia. Essa tecnologia permite produzir objetos ‘sOlidos com 0 depdsito, camada por camada, de uma resina fotorreatwva, endutecida quando expos- ta. uma fonte de luz ulvevioleta Hull undou poucos anos depois a 3D Systems Corp...que patenteou a tecnologia e diverses for mas de fabricacZo - 0 que, segundo entusiastas do movimento, atrapalha a evolucao da tecnolo- gia nos tempos atuais, j4 que melhorias nas mé- quinas s6 podem ser implementadas quando as patentes das tecnologias cairem. 21 |FeerenO| 02 GG ssericaczo éuma tendéncia. A impressdo 3D traz a possibilidade de inverter a ldgica de consumo, pela qual se criavam necessidades com o marketing.” Eduardo Lopes, cofundador do Garage Fab Lab Ha hoje diversas projetos curiosos. Um de- les € 0 da RepRap, uma impressora 3D capaz de se autorreproduzir, ou seja, de imprimir ou- ‘ra impressora do mesmo modelo. 0 projeto é aberto e esté disponivel na Internet Num mercado majoritariamente ocupa- do por maquinas importadas, um grupo de estudantes brasileiros da Universidade de S80 Paulo (USP) se aventurou para langar uma versao nacional de impressora 3D, a Metamédquina, criada por Felipe Moura, Feli- pe Sanches e Rodrigo Rodrigues da Silva. 0 ‘trio buscou recursos por crowdrunding para ‘inanciar 0 projeto. Pediu R$ 23 mil, € arre- cadou R$ 30 mil Instalados em uma sala na Barta Funda. eles desenvolveram dois modelos da impresso- Fa, que custam até R$ 3.7 mil. Depois de cerca de dois anos vendendo o produto para arquite- tos e engenheitos. porém, os empreendedores decidiram mudar 0 modelo de negocio. Resolvemos aprofundar-nos mais nesse neg6cio de prototipacao, porque percedemos que muitas pessoas nos procuravam $6 para produit um objeto. Chegamos até a fazer al- uns projetos de impresoras personalizadas, mas peroebemos com o tempo que a tenden- la 6 que as pessoas no tenham impres- sofas 3D em casa, assim como muitas nao possuem mais uma impressora para papel”. explica Silva. “Nossa ideia agora é investir mais em servigo de impressao 3D. principal- mente para atender a hobbistas € profissio- nais da satide, drea que considero a mais pro- missora para aplicagao da tecnologia. X Uma impressora 3 ultrarrapida Uma nova técnica apresentada em marco pela startup Carbon3D pode mudar as pers- pectivas da impress4o 3D. A companhia de- senvolveul uma impressora ultrarrépida capaz de criar objetos em poucos minutos com acabamento superior Na nova tecnologia chamada Clip (Produ @&0 de Interface de Liquido Continuo, na sigla em inglés), os objetos se formam a partir da matéria‘prima despejada num recipiente. E como se emergissem dela, num processo sem Interrupeao. © Clip usa luz ultravioleta para endurecer parte da resina, formando o objeto, € oxigenio para manter liquido o restante dela 'Na impressao tradicional. a resina é deposita da e endurecida pela luz ultravioleta camada or camada, 0 que resulta num acabamento inferior e num tempo maior de fabricagao. Segundo a Carbon3D, sua impressora consegue produzir em minutos 0 que outras. levam horas. A tecnologia foi criada por dois pesquisadores de universidades da Caroli na do Norte @ a empresa acaba de receber US$ 41 milhOes de investidores, que ineluem © Tundo Sequoia Capital, conhecido por ter Investiao em companhias como Apple, Insta ‘gram e WhatsApp. é | como tempo que a tendéncia € que as pessoas nado tenham impressora 3D em casa, assim como muitas ndo possuem mais uma impressora de papel.” Rodrigo Rodrigues da Silva, cofundador da Metamaquina (Os fundadores da Metaméquina criaram no ano passado 0 Tangibi, um site que vai funcionar como marketplace para quem quiser encontrar impres- sora disponivel para fabricar um produto em 3D. 0 projeto faz parte hoje do programa StartUp Brasil do governo federal e esta em desenvolvimento. Educagéo Se a impressao 3D nao se tornar popular nas casas, qual 0 impacto real que essa tecnologia poderd ter na sooiedade nos proximos anos? A hardware tambem é livre aposta principal de quem faz parte do movimen- 10 hoje € que a revolugao da impressao 3D se. daré por meio das escolas. “Acho que. em cinco anos, a maloria das escolas trabainaré com a im- pressao 3D. Essa mudanga de comportamento vai empoderar criangas e adolescentes, que vao peroeber que pociem também criar e produzir cot sas". diz Lopes. do Garagem Fab Lab. Esse cenério pode gerar nova era de em- preendedores. que, mais do que produzir peque- nas pecas para 0 seu dia a dia, poderao fabricar objetos completamente novos que darao origem a negocios inovadores. “Uma coisa que a impres- ‘840 3D fez foi reduzir o custo de prototipos. Espe- cialmente na area médica, muita gente nos pro- cura para fabricar novos produtos ou criar pegas para coisas ja existentes, reduzindo 0 custo e a dependencia de outros fornecedores”, diz Lopes. O brasileiro Paulo Blikstein, professor da Unt versidade Stanford, na Califérnia, criou 0 projeto FabLab@School para levar laboratbrios de fabri- cagaio digital a escolas de todo 0 mundo. Fle acre- dita que, no perfodo de cinco a dez anos, toda escola seré equipada com um fab lab. “Criar esse tipo de espago permite que os alunos se engajem em atividades intelectuais e préticas que nao se- riam possiveis em nenhum outro lugar e experi- mentem novas formas de trabalho e colaboracao em grupo”. avalia Blikstein Uma das meiores vantagens da impresséo 3D € a producdo a baixo custo de ulna pega individual € exclusiva. Essa facilidade tem dado impulso 20 ‘chamado movimento maker. formado por entusias- tas de projetos artesanais que frequentam fab labs ‘ou compram equipamentos pelo prazer de produzir eles mesmos 0 que desejam 0 movimento ganhou forga a partir de 2005, ‘quando fol criada @ revista Make © com 0 lan- amento. no ano seguinte, da feira de ciencias Maker Faire, na Califomia, que reunia criangas © adultos para exibir projetos de ciencia, engenha- fia © outras invengdes, No Brasil, um dos entusiastas do movimento € 0 engenhelo de computagao Thalis Antunes de Souza, que sempre fo! curioso sobre 0 provesso de oun | Feereno| 25 46. esse tipo de espaco em escolas permite que os alunos se engajem em atividades intelectuais e praticas que ndo seriam possiveis em nenhum outro lugar.” Paulo Blikstein, professor da Universidade Stanford Regulacgao Apesar do répido avango e popularizagao da im- presséio 3D, uma série de questdes legais continua em aberto. Entre as principais divas esta a manei- ra como se daré a protego da propriedade intelec- ‘tual numa tecnologia que permite a c6pia ilimitaca de objetos. Para Moreitas, do NIC.br, muitos projetos, para impressoras 3D seguem a légica empregaca no software livre “O que vemos hoje sao muitas pessoas libe- Fando 0s seus projetos por meio da licenga Crea- fabricagéo de objetos. Ap6s conhecer 0 movimen- to faga vooe mesmo, ele criou uma série de visas, ‘como seu proprio convite de formatura e sua mesa de trabalho, “Nao quis pagar para uma empresa es- pesializada fazer 0 convite, entéo eu mesmo fiz 0 projeto, em que inclu placas de cirouitos impressos {funcionais). no qual eu mestrava um pouco do tre- baiho de um engenheiro de computacao’. diz. projeto de uma esorivaninna também salt do ape! mesmo sem ele ter muito conhecimento so- bre marcenatia. “Mudet para S80 Paulo no inicio do ‘ano. tive de montar um apartamento. Resolv fazer minha propria mesa e fui & Rua do Gasometro (prin- cipal ponto de venda de material para marceneir0s) ‘comprar madetras, parafusos e uma serra tico-tico. Fiz tudo sem nunca antes ter feito nada em mar- tive Commons. Muito se discute hoje sobre 0 i- Feito autoral, e crelo que a sociedade esta num momento de reflexao. Provavelmente encontre- remos pessoas que vao prererir desenvolver seu projeto num modelo fechado, assim como ocorre: hoje. apesar do software livre. mas os dois mode- los vao coexistir”. diz Moreiras. ‘A mesma discussao se dé em tomo de projetos polémicos, como 0 da arma que pode ser produzida numa impressora 3D e construica com adigao de algumas pecas disponiveis normalmente no varejo. A arma dura apenas um disparo, mas sua existén- a foi o suficiente para langar uma sombra sobre a promessa da impressao 3D. com pessoas pedindo algum tipo de regulamentacao para projetos ¢ até ‘querendo proibir a impressao 3D. “Nao € regulando a tecnologia que se vai re- solver esse problema. 0 criador do projeto da ‘arma conseguiu imprimir uma parte em impres- ora 3D, todo 0 resto foi feito com objetos en- contrados nos supermercados americanos. En- to, a falha nao est na impressao 3D”, conclut Rodrigo Silva, da Metamaquina Moreiras concorda. “Toda tecnologia tem seu lado bom e ruim. Uma faca de cozinha pode ser sa da para cortar péo ou matar alguém. Se algo pode ser feito, as pessoas vao fazer mesmo sendo proibi- do, entao seria uma bobagem fazer qualquer tipo de regulagao”. afirma. cenaria, apenas consultando sites do movimento maker’. explica A paixio por criar seus proprias objetos o levou @ criar 0 Centro de Desenvolvimento Colaborativo de Coises - CDC Minas Up. um grupo que se retine dues vezes por semsna para discutir sobre tecnolo- ‘Chegamos a ter eventos no ano pasado com 90 pessoas. Para este més estamos organizando © nosso Segundo Arduino Day. J4 temas contin: dos Sete onibus vindos de outras cidades, além de -100 pessoas inseritas do nosso prdptio municipio, com isso teremios mais de 400 participantes, o que acredito ser um dos maiores eventos de hardware live jé feto no Brasil. dz. Para ele, 0 orescimento cdo movimento no pais depende da eriagao de mais grupos como 0 CDC Minas Up. 206 | FEVEEFOL | 8 Mais “ uma _ cobranca Taxa imposta pelos Correios torna mais caro comprar €m sites estrangeiros Tero Roberta Prescott : mpulsionado por sites chineses, o comércio ele- trOnico internacional cresceu. Os brasileiros des- cobriram que fazer compra na China, em lojas como AliExpress @ DealExtreme, sai, em diversos . : casos, bem mais barato, além de garantir aces- 50 a certas mercadorias néo disponiveis no pats Com a explosao do e-commerce além das frontei- ras, houve considerdvel aumento no volume de pacotes que chegam todos os dias aos portos & que passam pela fiscalizacao da Receita Federal Esse boom levou os Correios a cobrarem. des- de 2 de junho de 2014. uma tarita de RS 12 por pacole enviado por companhias estrangeiras & Fetido pela Receita Federal para pagamento de Imposto de Importagéio. A imposigéio da cobranga causou polemica, Entidades de defesa do consumidor conside- Tam a cobranga abusive, uma vez que 0 consu- midor paga 0 Trete. Os Correios, por outro lado. Justificam que 0 montante 6 usado para arcar ‘com 0S oustos das atividades de apoio ao trata- mento administrativo para as encomendas inter- acionais, tals como digitagao e impressao da ota de tributagao simplinicada, envio do aviso de. ‘chegada para a residencia do destinatério, acon- icionamento do objeto na agencia dos Correios, recebimento do Imposto de Importacao. gestao dos valores recebidos e repasse a Receita Fede- Tal. Os pacotes que nao sao inspecionados pela Receita ou que nao precisam pagar impostos S80 enviados diretamente para a casa do comprador. sem custo adicional. 21m Feereno| 5 Bboenserc: que o consumidor ja pagou 0 frete. A taxa eleva sem justa causa O custo do produto.” Maria Inés Dolei, coordenadora institucional da Proteste Em resposta a Revista br. 0s Correios informa- ram que. anteriormente, eles arcavam com todos, 0 custos do processo de nacionalizagao de en- comendas procedentes do exterior. A estatal ex- plicou que, nos tiltimos quatro anos, o volume de importagdes aumentou 400%, sendo que o envio de encomendas do corredor asidtico represen- ‘tou a maior parte deste aumento. Esse tipo de cobranga sobre as encomendas intemacionais, apresentadas a Alfandega jé era praticada pelos Correios para as importagdes comerciais com va~ lor aduaneito acima de US$ 500. Para Maria Inés Dolei, coordenadora institu cional da Proteste, a cobranga est em desacordo com 0 Codigo de Defesa do Consumidor, na medi- da em que eleva sem Justa causa 0 custo do pro- duto. “Entencemos que 0 consumidor ja pagou © frete”. disse. A Associagio dos Consumidores Proteste enviou solicitagao aos Correios para 0 cancelamento da tarifa e também enderegou a recomendagao ao Ministério Publica Federal Mariane Guimarées de Mello, procuradora da Repaiblice do Ministério Publico Federal em Goiés. explicou que 0 MPF oficiou aos Correios, em no- vembro, para indagar sobre @ cobranga © re00- mendar o fim da tarifa. Em janeiro deste ano, uma equine da estatal reuniu-se com 0 MPF/GO para explicar 0 que levou @ empresa de logistica a ins- tituir a cobranga. “Os Correios me explicaram que nao cobravam antes porque o volume de importa- ‘940 era pequeno. mas que, com @ descoberta dos, fornecedores internacionats, 0 volume aumentou muito e sobrecarregou 0s Correios”. relatou. De acordo com informagdes passactas por ela, somen- te 0 Centro de Tratamento do Correto Internacional (CTC) de Curitiva receve 90 mil objetos por dia No Rio de Janeiro, s80 5 mil por dia e, em Sao Pau- Jo, 3 mil. “Disseram que para receber, armazenar fazer o tratamento das mercadorias estao tendo de montar uma nova estrutura, investindo para au- mentar 0s armazéns’, cetainou a procuradora No entendimento dela, como ha um investi- mento grande para expandir a infraestrutura @ manejar as mercadorias, a tarifa é razodvel Mariane adiantou qué a estatal estaria implan- ‘tando novo modelo de canal postal para aqueles que sao tributados pela Receita Federal consegui- fem pagar @ guia de recolhimento e enviarem 0 comprovante pela internet. A expectativa € que o sistema esteja operan- do em dezembio, € que parte dele seja liberada 0 puiblico em Julho. Hoje, 0 comprador precisa levar a agéncia 0 comprovante de pagamento do imposto para retirar a mereadoria. Com a informa- tizago, 0s Correios poderdo entregar 0 pacote na casa do remetente apés 0 envio do comprovan- te pela Internet. Caso 0 comprador nao pague o imposto e/ou nao retire @ mercadoria, a compra seria enviada para 0 porto Nao vamos tomar medidas neste momento. ‘vamos ecompanhar a implantacao do sistema ex- trajudicialmente. No nosso entendimento, a tarifa esta de acordo com os gastos extras que foram gerados aos Correios”. pontuou a procuradora da Reptiblica do Ministério Publico Federal em Gotds. Enquanto a tarifa se mantém, a orientagao da Proteste para 0 comprador € reciamar aos 6rgg0s | me explicaram que” nao cobravam antes porque’o volume de importagao era pequeno, mas que, cam.a descoberta dos fornececores, internacionais, 0 volume aumentou muito.” Mariane Guimaraes de Mello, procuradora do MPF/GO de defesa do consumidor para néo pagar ou reaver a cobranea. “Oferecemos um modelo de carta para fazer a rectamagao", antecipa Maria Inés Dolci Presenga local A solugao encontrada pela gigante chinesa DealExtreme (DX) para evitar que seus clientes paguem a tarifa imposta pelos Correios e bara- tear as custos da importaggio fol a abertura de um centro de distribuigéo no Bresil.A empresa divul- gou, em julho de 2014, que pretendia abrir um ar- imazém local da DX. 0 antincio publicado em seu site revelava que seria em Curitiba, no Parana. A Revista. br no conseguiu contato com a DealEX treme para esclarecer os detalhes da operacéo Na nota, @ DX divulgou que os produtos envie- dos @ partir do armazém do Brasil teré0 um prego tum pouco mais alto do que os produtos enviados da China. A diterenga no valor deve-se & incluso no pleco tinal da mercadoria de todas as taxas de importagao e de todas as outras comissGes gera- das na Alfandega do Brasil, dos custos de trans- porte e dos custos com a mao de obra. “No en- tanto, faremos questo de que 0 novo prego seja aceitavel ¢ invencivel, em comparacao com outros sites bresileitos ou Iojas locas”, diz 0 comunicado. Alom de nao pagar a tarifa para os Correios, 0 estabelecimento de um armazém local promete reduzir 0 prazo de entyega para uma média de ues a cinco dias e um maximo de sete dias UteIs. Normaimente uma encomenda vinda da China pode demorar mais de um mes para chegar a0 seu destino final Em ascensao ‘Aimposigao da tanita pelos Correios nao inibiu © e-commerce internacional. Fatores como a alta do délar, a cobranga do Imposto sobre Operagdes: Financeiras (IOF) e 0 aumento da fiscalizagao da Receita Federal tem mais influéncia na hora de 0 consumicior decidir comprar em sites estrange ros do que a simples cobranga da tarifa de R$ 12 pélos-Correios. “A.novatarifa teve impacto muito pequeno nas vendas da AliExpress para o Brasil. crescimento ra nossa platafornia-tem sido organico e temos visto aumentara cada ariana medida em que bre- sileiros conhesem nossa plataforma e encontram seus vendedores favoritos”, destacou Joe Yan, di- retor para estratégia de operagdes'globals @ ex- pansdo da AllExpress. A empresa chinasa opera como um agregador de lojas on-tine e néo,envia diretamente os produtos para os consumicoves, De acordo com dados do 34° WebShoppers,, relatorio sobre 0 comércio eletronico brasileiro * realizado pela E-bit. 0 valor estimado das com- pras feitas por brasileiros em sites internacio- nals, em 2014, fol de R$ 6.6 bilhGes, que equi- vale a 18% do total de faturamento dos sites brasileiros de e-commerce. “Apesar da existén- cia da cobranga, 0 mercado de compras fora do Brasil cresceu”, salienta Pedro Guasti, presi- dente de comércio eletrOnico da Fecomercio @ diretor da E-bit 46... tarifa teve impacto muito pequeno nas vendas da AliExpress para o Brasil.” Foe Yan, dirctor da ALExpress Apesar da existéncia da cobranga, o mercado de compras fora do Brasil cresceu.” Pedro Guasti, diretor da E-bit De acordo com o relator, entre os principats motivos para comprar em sites internacionais es- ta0 prego mais baixo, produto nao disponivel em. lojas brasileiras @ langamentos que nao chega- ram ao pats. |A maior presenga dos sites chineses refietiuse no tiquete anual médio. Ainda que o relat6rio We- bShoppers mastre crescimento do volume de com- pras no e-commerce internacional, o gasto médio anual do brasileiro em sites intemacionats caiti a0, longo de 2014. 0 montante anual passou de US$ 214,40, em janeiro, para US$ 163,21 em dezem bro. De acordo com a E-bit, a retragao deve-se ad fortalecimento do AliExpress e da procure. por sites chineses, nos quais 0 gasto anual. médio de USS, 95,31 6 mais bai do que em auitros sites ce com ras estrangeitos. cujo valor médioé dle USS 241,87 No entanto. a quantidadle de compracores au: mentou. Em janeito de 2014. tres em cada dez brasileitos efettiavam compras em sites internacio- nals. Jé em dezembio, eram quatro em cada dez 0s sites’ chineses foram escolhidos por 55% dos, entievistados em sua tiltima compra. Dos 20 sites {mais utilizados por brasileiros para fazer compra pela Internet, 12 so chineses. Os cinoo sites mais usados so AllExpress, eBay, Amazon.com, DealEx {treme (dx com) @ MinilnTheBox, nesta orden. Os brasileiros S40, atualmente, os terceiros maiores compradores na AIIEXpress, atrés dos ci ‘dada0s dos Estados Unidos ¢ da Russia, apontou Joe Yan. Por 'Sso. @ empresa tem feito estorgos para adequar a plataforma para atender cada vez mais & exigenoias dos clientes do Brasil. com ‘campanhas locais e atendimento ao consumidor ‘em portugues. Sem revelar ntimeros, Joe Yan con: tou que a AliExpress esta celebrando seu quinto aniversério e viu as vendas para 0 Brasil decola rem nos uittimos dois anos. No ano passado, 0 comércio eletionico breast leiro faturou R$ 35,8 bilndes, um exeseimento no- minal de 2496, j4 que em 2013 o resultado foi de 9 28.8 bilhOes. Ao todo, 51.5 milhoes de pessoas. fizeram pelo menos uma compra omtine em 2014, endo 10.2 milhoes novos usuarios. A expectativa € que neste ano 0 e-commerce alcance faturamen to de R$ 43 bilhdes, 20% superior ao de 2014. Correios explicam a cobrang¢a Rete Les nee een Cece st uk um pacote é retido pela Receita Federal e deve pa. Pa eee ead Cee ee ee et eee oe keen eee eee ed Cee ene ene eee Ree ee Rd Se MLS Meek cess) ere Ot cee eee rastreamento dos Correios: emisséio de aviso de eee eR etn emesis Tene eee es menda: registro dos objetos entregues no sistema eee nee eee ee ee eee Ra Tee ec en tc Crees ora) Nee en ee a) Sree eR eee Se ee ee ee ng ee ae ee eee an ee Oe pelo despacho postal e continuam a ser entregues See One RRs Uc) Como é a cobranca de imposto Isengao eats esate yy CNT sterc) areas ae eco cee Pesta NC age Lens ; sy Corea ae tense . 6 Say ome strane Cue iccg See econ ena ee ey ls ee ua Go Saranac ne OST ate CNG? H US$ 500,00 4 + IMPOSTO DE IMPORTAGAO (ALIQUOTA DE 60% SOBRE a Oe ea San Ee) RRR te ica Sree anc Emsrseviceeott CNet CesT Ce en 0s PONTE in MERC RCA OE ae na aun a US$ 3.000,00. ? + ALIQUOTA DE 60%: DE IMPOSTO DE IMPORTACAO + 10MS, Nae arenas aor aT eas | is) DE DESPACHO ADUANEIRO DOS CORREIOS (R$ 150,00) dg Be eases oar Pee ee a Broder celeb nc Nerney DOSS EAU EE ere Ole acelin y SSS Sere an Oreo ice DESPACHANTE ADUANEIRO AUTORIZADO. Pre eo a ae ecg Dede sehen sc ated Haat h Wile 4a Io Saea es ar ii fam So Hae IA pees : 3s iE asi ce OIELS «a ilgamesh reinou em. Uruk ha aproximada- Giri rosie oun greoun grande conquistador. como atestam suas estelas, existentes até hoje. Seus feitos foram suficientemente notaveis para que fossem can- tados. mudando conforme a meméria e a criati Vidade dos contadores de histénias a passavam a seus filhos. Trinta a quarenta geragdes se pas- saram até que um anonimo realizou uma proeza notavel registrou a historia en tabletes de cere mica, como era usual para seu povo. Alguns frag mentos existem até hoje HA aproximadamente 3.200 anos uma nova versdo foi escrita, provavelmente a primeira obra literéria @ ter a assinatura de seu autor, e esta verséio chegou praticamente intacta até os dias de hoje. E provavelmente a obra Iiteréria (embora inspirada nos feitos de Gilgamesh, & manifesta- mente uma obra de fiogéio} mats antiga que existe em midia original Gragas @ durabilidade da cerémica, pode- mos conhecer hoje muito das ideias da época Embora possamos nao saher o que foi 0 “touro dos céus”, podemos acompannar as aventuras de Gilgamesh, sua peregrinacao a procura da Vida eterna e compartinar a conclusao de que no € possivel: Gilgamesh, para onde esta correndo? Voce nunca vai encontrar a vida eterna que est procurando, Quando os deuses étiaram o homem atribuiram a ele a morte, e conservaram a vida para eles mesmos. O homem 6 mortal, mas as ideias sobrevivem 0 tempo — desde que estejam representadas em midia suficientemente perene ‘Mas mutto pouco de nosso passado esta grava- do em pedrarRecebemds 0 texto do épico de Git gamesh porque a inidia em que fot registrado era petenesrfias a grande maioria do conhecimento foi Tegistiad em midias efemeres. Ha, portanto, uma Segunda possiblidade, que é copiar 0 contexido de una midia mais antiga numa mica nova. ..muito pouco de nosso | passado esta gravado em pedra. Recebemos 0 texto do épico de Gilgamesh porque a midia em que foi registrado era perene... Somente temos acesso a esse conhecimento que nos precede porque alguém copiou — ma- ‘ual, paciente e penasamente - as documentos em midias que envelheciam para midias novas Se temos uma civilizagao, a devemas a esses co- pistas anonimos. Atribulmos grande antiguidade a certas obras. mas as c6pias que temas s80 muito recentes. 0 exemplar mais antigo da Tord que existe hoje, 0 Codex Petropolitanus, é de por volta do ano 1000, © exemplar mais antigo de sua tradueso para 0 grego, a Septuaginta, 6 um pouco mais antiga, em- Dora o original tenha sido produzido por ordem do ‘arad Ptolomeu Il mil anos antes. Dos evangelnos. existem e6pias miais antigas, de por volta do ano 300. As cOpias mais entigas das obras de Homero também tem apenas um miténio. O conceito de progresso néo é multo antigo na nossa cultura. Uma referéncia explicita encontre- se em Lucrécio, quando compara a evolugsio aos corredores das lampadotorias, uma corrida de re- vezamento, em que cada um recede uma tocha corre com ola algum tempo, passa-a @ seu suces- sor @ desaparece na escuridao. Essas tochas re presentam 0 conhecimento. © mesmo pocemos dizer do trabaino anonimo dos copistas, que nos ‘ansmitem a tocha das cniagoes do passado, € desaparecem na escuriaao. Através da historia a preservagao de docu. mentos se deu por meio desse procedimento de COpias sucessivas. sujeito aos riscos de erros, | ‘omissdes e aoréscimos. Os ertos podem em sua maior parte ser eliminados nos meios dligitats, cele YE __ Ket OF Ey Embora ainda seja possivel utilizar os disquetes de 3 % polegadas em leitores externos ao computador, quem pode ler hoje um disquetes de 8 polegadas, ou mesmo de5 %? mas omiss6es ¢ acréscimas, motivados por um jut .gamento sobre a itrelevancia ou perioulosidade de ‘uma parte da informagao, motivados por boa ou mé- 6, serdo inevitévels — faz parte ca natureza e da his- Orla humanas. Muito do que atribuimos ao passado 6 resultado dessas falsificacdes; mesmo episédios eélebres e muito citados, como Cristo, perdoando a acultera, sao falsos - este, em particular, nao cons- ‘ta das coplas mats antigas dos evangelhos. Por isto, © eneontro de um exemplar mais antigo ¢ sempre motivo de regozijo pelos acadéiicos e. se for um tr wo ligado a alguma tradigao religiosa, de tenor para ‘05 respectivas clérigos. Nenhuma midia é mais efémera do que a dig tal, Durante as fases de mudangas répidas, como as experimentadas entré 1970 e 2010, indmeros tipos de midias formatagdes foram utilizados, @ om Sua maioria nao so mais facilmente legt Veis hoje. Esta sitiagao deve persistir. talvez oom menor intensidade, pelos:proximos anos. Embora ainda Seja possivel utilizar osidisquetes de 3 ¥ polegadas em leitores externas 40 computador, quem pode Jer hoje um aisquete de # polezadas, ‘ou mesmo Ue 5,44? Para agravar a situagao, fol uma 6poca em que existiam inimeros modelos de computadores, e muitos tinham formatagoes particulares para seus discos. ‘S40 40 anos de ‘historia & bela de serem perdidos, se ngo hou ‘ver um esfoico urgente para sua preservaca0. E 6 uma fase particularmente mportante para os historiaclores do futuro, pots) em toda a historia da humanidade fol, provaveimente. 0 perfodo em que a sociedade mais mudou em 40 anos. E igualmente importante preservar as infor- magdes em fitas magnéticas, das quais também houve uma profusao de formatos e espeetticacoes. Quem pode hoje ler uma fita magnética de rolo, de meia polegada, 800 bpi. NRZ? Esta fase inicial da informatica também apre- sentou um grande numero de arquiteturas e sis temas operacionais, sistemas diferentes entre si tanto no software quanto nos tipos de hardware utilizados para periféricos. Sua recuperagaio de- pende da disponibilidade de hardware compativel, bem como de software apropriado. Dois conceitos séo importantes, € é importan- te distingui-los: preservagao e reouperacéo. Neste contexto, preservagao significa manter as informa- es em condigves de ser utilizadas no futuro, @ Teouperagso a operacao de tomar compreensivel a informagao preservada. Quando um copista me- dlieval copiava um texto em grego ctéssico, nao se reocupava em saber se haveria no futuro alguém com conhecimentos para ler esse texto. Estava cub dando da preservacio € nao da recuperacao do texto. 0 mesmo ctitério deve ser aplicado para as informagdes digitais. € muito importante preservar esas informagdes para uso futuro, e € utgente, ois @ medida que tempo passa a atividade se tor na cada vez mais dificil. A recuperagao™é. a rigor, um problema para 0 futuro, mas que pode comegar a ser facilitada desde 4 Existem iniciativas de preservagéo da docu- mentagao dos sistemas antigos. 0 site bitsavers 0g 6 um exemplo de local onde podem ser en- Contiados manuiais técnicos de intmeros siste- mas de computagao hoje inexistentes. 0 archive Of€ contém odpias dp quase 500 biInoes de pé- ainas da internet, onde muitas, das informagoes técnicas necessarias podem ser encontradas evidentemente para os sistemas que existiram pds 4 Internet: possui ainda dezenas de outras caleeonicawde informagad prtseiiades.. Biblio! tecas universitarias, certamente por um tempo 4 st ay Problema sério. € conseguir a adesdo dos atuais detentores da informagdo. E muito mais rapido e facil destruir as midias do que envia-las a um local Para conversdo. ~\ Uma forma possiver"é9 estabele y Q limitado, ginda contem muitas informagses re levantes sobre os sistemas da époge’ A maior parte dessaé informagoes esta em formato pdf. que, serido conhecido, permitird que os Histo- riadores do futuro recuperem o contedido. Mas, @ as informagdes coiitidas nas inconté- vels midias geradas por esses sistemas? No que diz respeito a0 hardware, ‘nao: ha muitas opp0es: € preciso dispor de hardware apropriado. Isto da uma certa urgencia a0 pro- cess0, pois ainda é possivel obter, com algum ‘trabalho, dispositivos de hardware .compatt- veis, tanto no mercado de usados, quanto com um pouco mais de esforco, dispositivos ainda do usados, que por alguma Fazio nao foram vendidos na época. - os chamados, em inglés. NOS (New Old Stock). Quanto aos processadio- res, no é necessério ter todos, uma vez que um mesmo periférico pode ler midias geradas Por mais de um tipo de processador e sistemas operacionais diferentes. : Quanto ao software, restaurd:1o para todos os sistemas ¢ uma operacao tecnicamente vidvel, Se for possivel obter uma copia, ap6s desenvol ‘ver simuladores para cada uma das arquiteturas. Mas 6 um trabalho insano, A melhor solugaio. 6 de- servolver. para apenas algumas das arquiteturas, um conversor que copie bit a bit as informagoes ontidas nos meios magnéticos, que poderzio em seguida ser processadas-oom softwares de- senvolvidos em méquinas mais moderas, com 05 recursos disponiveis hoje e. mais importante, om recursos mais sofisticados que haveré no fu- ‘ufo. 0 importante ¢ ter uina copia acessivel des. informagdes em estado ‘bruto, que poderao ser sistematicamente copiadas para novas midias, a medida em que sejam chiadas ¢_utiizadas Nao 6 uma tase de recuperacao. mas apenas de preservacao da Informacao. Como implementar? un “museu ativo”. Um museu-que“nao somen- te Quarde 0s equipamentos antigos. mas que os mantenha em funcionamento, enquanto for pos- sivel. Paradoxalmente, quanto mais antigo mals facil de manter. pois 0 nivel de integragao dos ‘componentes é menor. Nos equipamentos mais novos, que utiliza componentes dedicados, pro- duzidos especialmente para eles, a manutengao Se tornia muito difioll, poks néo existem compo- entes para reposica0. a nao ser por retirada de ‘outros equipamentos de mesmo tipo. Os equipamentos poderiam ficar em expos do. € serem ligados por um técnico cata vez que houvesse nevessidade de converter uma mnidia. O estimulo a visitagao poderia ser tam- bém um estimulo para que midias fossem trazi- das para converséo E tudo 0 que for possivel deve ser convertido? Pode ser estabelecido um critério do que é impor- tante do que n&o é? Nao hoje. Como podemos saber qué registro sera importante daqui a alguns séoulos? Portanto, deve'se procurar converter manter & disposigao do futuro todas as informa- es que seja possivelcoletar Feita a conversa, © espaco ocupado ser tao pequeno para a cana- cidade de atual de armazenamento que nao seré um problema de qualquer relevancia. Problema sério € conseguir a_adesto dos atuais detentores ca intormagao. & mutto mais rapido € facil destruir as midias do que envig+las € um local para conversdo. E ha o problema legal = esses arquives contém alguma informagao que paderé comprometer a empresa ou as pessoas en YVolvidas? Numa época de mudangas sociais acele- radas propria legalidddle das informagdes node ser problemética. Ha piadas racistas? A posse de pomogratia infantil esté criminalizada, mas cirou- low aberta e profusamente na Internet por anos. & deve estar presente em inuimeros backups. e Quanto a recuperagao. € um problema para © futuro. Mas algumas consideragdes podem ser antecipadas. ‘Afutura interpretacao dos bits coletados é ou- tra questo. E aqui que o trabalho de sites como. bitsavers org se toma relevante. Preservada a informagao sobre a estrutura @ natureza dos da- dos, a recuperacao nao seré muito dificil. Pode-se questionar que 0 prOprio formato da documenta- g@ogem paf, poder ser perdida com o tempo. Mas dada a grande utilizagao desse formato, se or substitufdo no futuro, certamente haverd mui- tos recursos para converséo - e essa conversio serd uma tarefa imprescindtvel dos curadores desse repositério, Deve'se distinguir varios tipos de informagao. © mais facil de tratar € 0 estatico - dados que ermanecem fix0s € independentes. Como exem- plo, e-mails, arquivos de texto. planilhas heisicas Esta informagao pode ser recuperada com tela- tiva facilidade, apesar de variar bastante de um. sistema para outto. A reouperagao de informagdes de natureze di- némica, que dependem da execudaio de um progye- ma, 6 mais complexa. 0 caminho 6 a construgao de méquinas virtuais, utilizando as informagdes sobre a estrutura das méquinas @ seus sistomes operacionais. Com maquinas mais poderosas do futuro nao heverd problemas de funcionalidade desempenno. Um exempio bem concreto 4 nos dias de noje 6 0 sistema Hercules. que emula & ai- quitetura dos mainframes IBM em PCS & permite execugao completa dos sistemas operacionais programas de aplicacao - com desempenho bem __Superidr a0 des maquinas da década de 70. fi [=e GT f fa Nova verséo do protocolo HTTP permite o carregamento mais rapido de paginas da Web Teo, Mauricio Moraes , ~ ) } ez. Quando ha um grande numero de verculos € varios onibus € ca- minhdes precisam circular por al. leva bastante tempo até que todo ‘mundo consiga chegar ao destino. Numa grande rodovia. diferente Muitos dos automovels conseguem corer pataletamente. ultrapas- sando 08 mais lentos. Com essa liberdade, € possivel atingir 0 ponto de chegada com grande rapidez. Essa comparagao ajuda a entender ‘um pouco como funciona o HTTP, 0 protocolo que é um dos alicerces da Web, e como a sua atualizagao vai afetar a Internet nos proximos anos, acelerando a rede. Na sua verso 1.1, em vigor desde 1999, 0 HTTP se parece com a estrada estreita por onde passavam automOveis. Anos atras, néo pre- cisava ser diferente. Quando a Web comegou @ populatizar-se, 0s si- tes tinham contetido muito simples, formado basicamente por textos uma ou outra imagem - incluindo pequenos GIFs que piscavam pela tela. Isso ocorria, em parte, por uma questao estrutural. AS conexdes eram muito lentas e @ Internet discada ainda imperava em boa par- te do planeta. 0 HTTP 1.1 garantia que o carregamento das paginas ocortesse sem solavancos. Naquela estrada estreita 6 havia um ou outro veiculo para passar. Com 0 tempo. @ velocidade das conexées @ Web aumentou. A banda larga tormou-se popular e permitiu que sites mais elaboracos fossem criados. A cada ano, as paginas se tornaram mais cheias de | magine uma estrada muito estretta, em que S6 passe um carto por 5 | FEVEREROL 9153 i 6. ha banda disponivel, um tubo bastante grande chegando até a casa do usuario, mas ele, navegando na Web, ndo consegue aproveitar essa capacicade toda.” Antonio Moreiras, gerente de projetos Zdeemvoeimentode NICH. elementos. A Internet mudou, mas Id estava 0 HTTP 1.1 de antes, tendo de lidar com um cené- rio totalmente novo. Ele dava - @ ainda dé — conta do recado, mas as suas limitagdes comegaram a aumentar 0 tempo de carregamento das paginas. Desenvolvediores mais espertos apelaram para gambiarras, com 0 objetivo de acelerar 0 proces- 80. Agora Iss0 nao sera mals necessario. Com a reformulagao. 0 HTTP/2 vai transformar-se numa espécie de autopista para miltiplos carros, me- thorando 0 desempenho dos sites. ‘Uma mudanga no protooolo se fazia necessé- fia hé tempos. “Uma pagina Web hoje € compos ta por varios objetos diferentes”. explica Antonio Moreiras, gerente de projetos e desenvolvimento do NIC.br. Hé 0 arquivo com 0 HTML do site, uma série de imagens, 0 CSS que faz 0 design. “Entao, para carregar uma pagina, 0 navegador tom de Tazer uma série de requisig6es diferentes e elas 40, na maior parte dos casos, serializadas. S40 Teltas uma depois da outra”, diz. Ou seja, com o HTTP LL. 0s dlversos objetos de uma pagina da Web sao buscados um por vez. Def a necessidade de truques para que busoas em paralelo acele- rem 0 processo. A atual capacidade de transmissao de dados da rede estava sendo subaproveitada. por uma questo meramente técnica e contomavel. “Hoje, hé banda disponivel, um tubo bastante largo chegando até a casa do usudrio, mas ele, na- vvegando na Web, nao consegue aproveitar essa capacidade toda”, afirma Moreiras. “O protocolo 1ndo ajuda.” 0 HTTP/2 procura corrigir esse des- compasso, desfazendo 0 gargalo da transmissao. Com isso elimina-se a necessidade de criar ata~ lhos para que os varios tipos de contetido sefam carregados mais depressa Chance aproveitada Se varios dos problemas da versao antiga foram resolvidos. 1880 $6 ocorreu porque hou- ‘ve uma oportunidade impossive! de perder. Em 2009, 0 Google anunciou o desenvolvimento de um protocolo que serviria para aumentar a velo- cidade da Web. 0 nome, SPDY - uma abreviagio do inglés speedy, ou seja, veloz ~ néo poderia ser mais apropriado. A ferramenta aprimorava 0 carregamento das paginas. modificando 0 fun- cionamento do HTTP. O melhor 6 que isso ovorria sem que fosse perdida a compatibilidade com navegadores sem suporte a essa moditicagao. Testes nos laboratérios da empresa mostravam que alguns sites conseguiam ser carregados com Velocidade até 55% maior. O SPDY fo! adicionado ao Chrome em 2040. Aexperiencia em conaigoes reals mostrou que 0 invento do Google funcionava mesmo. Havia &- rnhos de performance para quem tivesse um na- vegador compativel com 0 SPDY ¢ entrasse em um site hospedaclo num servidor adaptado. Era como se as gambiarras se tivessem tornado des- necessdrias. 0 tempo passou, e cada vez mais S14 FeerERO| 25 servidores comegaram a adotar a tecnologia oria- da pelo Google. Ao mesmo tempo, 0 ntimero de usuérios do Chrome cresceu e outros browsers ‘comegaram a suportar 0 SPDY. Chegou-se, portanto, a uma espécie de consen- 0 informal. Quase todo mundo estava adotando 0 SPDY sem que houvesse uma modificacdo oficial no HTTP 1.1. Valia a pena, entao, oficializar essas alteragdes. Foi assim que surgiu 0 HTTP/2, que nada mais é do que uma verséo do SPDY. “Uma das vantagens dessa verso nova do protocolo é que ela permite justamente a paralelizagao das re- quisigoes. a muttiplexagao”. ressaita Moreiras, do NIC br. “Essa uma das principais caracteristicas. A multiplexagao significa que agora 0 servidor cor segue enviar para 0 browser varios objetos simulta- neamente.” £ como se a estrada se tivesse trans- Tormado numa rodovia larga e bem pavimentada Outra vantagem ficou clara com @ mudanca. Para cada objeto de uma pagina, era necessé- rio que 0 browser se conectasse ao servidor, fizesse a requisigao @ depois fechasse essa co- nex4o. Multiplique isso por varios elementos e ficam claras a confusao @ a demora a que todo © processo poderia levar. No HTTP/2, a conexao fica aberta durante um tempo e permite tazer varias requisigoes diferentes, inclusive simulta- neamente. O prdprio servidor também consegue enviar dados antes que tenham sido solicitados pelo navegador. Para entender melhor essa diferenga, vale a pena fazer uma nova comparagao com 0 funci namento do protocolo antigo. Quando se entrava é 6. comecarem a sair as novas versOes dos browsers, as pessoas vao comecar anotar a diferenca em sites com tecnologias mais avancadas.” Heitor Ganzeli, analista de desenvolvimento do NIC br ‘em uma pagina, por exempio, 0 arquivo HTML tre- 7ia a informagaio de que havia uma série de ime- ens Vinculadas. Elas seriam baixadas depots, em Sequencia. Agora, com 0 HTTP/2, 0 servidor sabe {que existem imagens vinculadas e pode adiantar se e comegar a enviar esse contetido antes que soja pedido. Ao ser feita a requisigso, ja estard tudo gravado no computador, no cache interno E como se alguém levasse uma lista de compras 20 supermetcado e 0s produtos jé aparecessem dentro do seu carrinho. Sem trauma Todos esses aprimoramentos nao vao render horas de preocupagao para os usudrios, muito menos obrigé-los a atualizar rapidamente seus navegadores. Seré uma mudanga sem traumas, que ocorreré lentamente. 0 HTTP 1.1 continuara a ser usado mesmo em servidores que passarem a adotar 0 HTTP/2. Com isso, browsers antigos: nao teréo problemas de acesso. 0 que funciona hoje continuaré como esté. Quem tiver um nave- gador mais atual, no entanto, val poder aproveitar: as vantagens do novo protocol. “Quando come- Garem a Sail as Novas versdes dos browsers, as pessoas vao comevar a notar a diferenca em sites com tecnologias mais avangadas”, afirma Heitor Ganzeli, analista de desenvolvimento do NIC.br. Esses ganhos ja comegaram a aparecer para quem usa um dos navegadores pioneiros em ado- tar 0 novo protocolo, o Firefox. “Nossa telemetvia mostra que de 10% a 15% das tansagbes HTTP do Firefox jé estao usando 0 HTTP/2". diz Richard ’ yh 1 mostra que de 10% a 15% das transacdes HTTP do Firefox ja estéo usando 0 HTTP/2." Richard Barnes, gerente da Fundagito Mosilla Bares. gerente de engenharia em criptogratia da Fundagao Mozilla. “Em sites que implementaram as versies iniciais do protocol, os beneffcios jé es- tao disponiveis. Outras paginas terdo de atuaiizar 0 software dos seus servidores e talvez precisem fa- at alguns passos extras para habilitar 0 HTTP/2.” 0 principais avangos, segundo Bares, serdo © tempo reduzido de carregamento das paginas durante a navegagao na Web e 0 menor uso de banda. Na opinio do engenheiro da Mozilla, o en- Vio antecipado de dados pelo Servidor, ou server push, 6 uma das ferramentas que vaio colaborar para essa melhoria na performance. “Para os mui- ‘os sites modernos ¢ interativos que rodam sobre APIs do HTTP, 0 HTTP/2 oferece uma resposta mais rapida ¢ eficiente”. arma. Claro que os bons resuttados vao depender de ‘como a pagina esté estruturada e das condigdes da rede. "0 HTTP/2 oferece maiores vantagens para sites que hospedam contetido no mesmo servidor, porque 08 custos de contiguragéio da ‘conexao séo pagos s6 uma vez". destaca Barnes, da Fundagéio Mozilla. Também véio beneticiarse as paginas aoessadas em redes com muita laténcia (tempo de resposta). "Sem qualquer otimizacao, otamos uma redugao de cera de 20% no tempo de carregamento das paginas’, conta 0 engenheio. Quando forem usadas as especificagbes, esses ga- ‘nhs deve meinorar ainda mais. © HITTP/2 herdou tantas Tuncionalkdades do SPDY que 0 Google resolveu abandonar seu pro- prio protocolo em favor do novo. Em fevereiro deste ano, a empresa anunciou que removerd o suporte 20 SPDY das verses futuras do Chrome. a partir de 2016. Paralelamente. o browser passou a suportar 0 HITP/2 ao chegar a versao 40. “Estamos felizes por ‘contribuir para 0 processo de padres abertos que ; 6. me “F 4 ary hy levou ao HTTP/2, ¢ esperamos ver uma ampla ado- ‘0, levandose em conta 0 empenho da indistria ‘em padronizagao e implementaca0”, esoreveram os ‘engenheiros Chris Bentzel e Bence Béky, do Googse, no blog de desenvolvimento do Chromium, Discussao polémica Nem tudo for consenso na elaboragao do HTTP/2 pela Forga-Tarefa de Engenharia da In- temet (Internet Engineering Task Force. ou IETF) uma organizagao sem fins lucrativos que tem 0 objetivo de definir padres para o funcionamento da rede. Um dos pontos mais polemicos foi a ado- go de criptografia no novo protocolo. 0 debate anhou forca apés os vazamentos feitos por Ed- ward Snowden, exfunciondrio da agéncia amer- cana NSA ¢ ex-contratado da CIA De acorco com Moreiras, 0 IETF reconheceu que novas versdes do protocolo HTTP deveriam ser mais seguras. Com isso, seria possivel cit ccultar 0 monitoramento do que se passa na Web. As discuss0es, no entanto, nao avancaram o suf Ciente. “O padtrao que fol aprovado nao obriga que todas as conexdes sejam criptogratadas’, explt- ca Moreiras. Alguns fabricantes de navegadores, como Google Firefox. vao colocar 0 HTTP/2 para funcionar em sites HTTPS, ou seja. em paginas criptografadas. Mas, como esses sites ja Sao pro- tegidos, no haveria grandes avangos na questao da seguranga. Seria mais um aprimoramento, 5611 | FEEFERO| 26 git Fp Existe ume discussao também para aclicionar uma camada de protegao mesmo no HTTP, ou soja, em sifes tradicionais. E a chamada encrip- tagdo oportunista. Com ela, € possivel proteger trétego de escutas clandestinas - inclusive mo- nitoramentos de agéncias de espionagem. Por meto dessa tecnologia, dois servidores negociam, remotamente de forma automdtica, a transmis- 0 das informagdes protegidas - quando um dos lados nao esta habilitado a isso, 0s dados seguem sem criptogratia. A proposta nao seguiu adiante, mas talver seja adotada no futuro Com ou sem essa protecio adicional, a mu- danca para 0 HTTP/2 jé esté em curso. Nos pré- ximos anos, a transigao deve ocorrer lentamente, sem pressa, Em sites mais simples, sem muitos reoursos, haveré pouca diferenga em relacao a0 desempenho de hoje. Por isso, talvez as mudan- gas nao sejam tao perceptiveis para todos. Vai depender muito do que é acessado pelo usuario. Fatores como miltiplos tipos de contetido numa mesma pagina @ a qualidade da conexao a Inter- net vao influenciar a resposta. “No caso das re~ des moveis, a latencia da conexao é muito grande ainda. Com 0 HTTP/2. essa percepgao val metho- rar’, atirma Ganzell, do NIC br. ‘A nova verséo do HTTP traz uma série de melhorias com 0 cuidado de nao provocar uma revolugao. Ela eprimora o protocolo inventado por Tim Berners-Lee, que permitiu que a Web existisse e se transformasse na rede global que conhecemos hoje. Logo que a Web passar a ser uma rodovia ampla e veloz. outras mudangas serdo necessdrias. Faz parte do curso natural de toda tecnologia. Mas 0 caminho para que uma modernizagao da rede ocorra jé estara ple- namente pavimentado ‘Aespacagn ao HT? /2o pueda no ques For Oren (AG) 750, ato rgroorng Tak Fro (ETF emma 2 2015, ‘nig (FEAROOU ST Tenho visto comentaristas internacionais que conhecem muito pouco sobre a Internet e suas possibilidades. E as possibilidades sao imensas.” Joao Antonio Zaffo Falta cultura tecnologica Texto Niton Tuna Mateus Até comentaristas internacionais tropecam quando tentam avaliar a Internet, aponta o professor Zuffo entrevista: Jodo Antonio Ziff fcroeletronica brasileira, ha uma falta de cultura teo- nol6gica generalizacla no Brasil. E isso é grave porque pode gerar equivocos por parte dos legisladores quando tentam regulamentar ambientes cruciais para a populacao. ‘como a prépria Internet. Ele reconhece que o ser humano é © elo fraco na evolugao da tecnologia e preocupa-se com a perda da privacidade, mas mantém 0 otimismo. Nesta entrevista a Demi Getschko Renato Cruz. edt tores da Revista .br. 0 professor Zuffo avalia os rumos da Internet, da televisdo inteligente e da realidade virtual. en- tre outras tecnologia. E 0 faz com a sabedoria de quem acompanhou de perto a entrada da Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo (USP) na era digital, participou de projetos pioneiros da microeletrOnica nacional, acom- panhou 0 vertiginoso aumento dda capacidade dos proces- sadores @ atuou na pesquisa que levou & definigéo da TV digital brasileira. Fundador do Laborat6rio de Sistemas Inte- grdveis (LSI), da Poli, 0 professor aposentado lamenta que nao exista mais incentivo para que a pesquisa esteja um asso a frente da aplicagao industrial Pi: © professor Joao Antonio Zutfo, pioneiro da mi iP Como o senhor vé a expansdo para além da drea técnica? 4Z_Fico muito preocupado com a expansdo porque as pes- soas, de maneira geral, tem pouco conhecimento da érea. Te- nnho visto comentaristas intemacionais que conhecem muito pouco sobre a Intemet e suas possibilidades. E as possibilida- des sao imensas. Por exemplo: hoje, com 0 celular, 0 individuo escuta seus batimentos cardiacos @ até os movimentos de eu Intestino. Contata seus amigos, consegue influenciéios Ha um conhecimento muito grande sobre o perfil das pessoas que usam a rede e de tudo ao seu redor. 81 FeerERO| a5 acho que vai lesenvolver-se uma inteligéncia planetaria no meio de tudo isso, conectando tudo e todos.” Joao Antonio Zuffo & com o big data, com toda a proliferagdo de sensores e localizadores, como fica a privacidade? 4Z Hoje em dia, hd processos muito sofisticados de ela~ boragao do perfil psicoldgico dos usuarios, que as vezes 6 guardado por particulares, nao é puiblico. Minha mu- Iher flea espantada porque gosta de filmes policials € 0 Netflix ja apresenta um cardapio de filmes policiais para ela E que eles jé tragaram seu perfil psicolégico e sabem_ do que ela gosta. Essas aplicagdes parecem interessan- tes, sao amigavels. mas também sao ameagas. Por isso eu estou preocupado em trabalhar nessa area, e tento prever 0 que possa vir a ocorrer socialmente nos prox mos 20 ou 30 anos, quando a comunicageio eérebro-me quina for viével e houver uma série de factidades que hoje parecem ficgo cientiica, mas j4 esto no hortzonte de ser produzidas em laboratorio. (GP Quando se fala em Internet das coisas, em asa conectada, a quantidade de informagées vai crescer muito, ndo? 4Z_E disso que eu estou falando. Pode haver um grau de inteligencia, ou de esperteza, muito grande dentro desses sistemas. Haverd um conjunto extremamente complexo de computadores. inteligencias artiicias € se res humanos numa abrangéncia mundial. Eu acho que vai desenvolver-se uma inteligéncia planetaria no meio {udo isso, conectando tudo e todos. Seria a ideia de Gaia que o pessoal tinha antigamente. Pode ser que tudo isso Surja naturalmente. Vejo os sistemas de protegao ambiental como um sinal disso. Enfim, tomara que venha rao bem, Mas acho que essa Internet das coisas ocu- is espaco virtual do que real ‘@ Evitar abusos, de empresas ou de governos, € mais uma questao tecnolégica ou de eR oN Ue a oe * 1Z_Bxiste 0 aspecto tecnolégico dos sistemas de pro- tegao, mas considero mais importante a situagao legal E nesse ponto eu acho que falta um pouco de cultura tecnologica, que deveria ser difundida de forma muito mats ampla do que se faz hoje em dia. Os responsavers acabam fazendo uma legislagao que néo ataca direta mente 0 problema GD com esse reforso geral da capacidade de processamento, da interligagéo, da consciéncia global, o ser humano em si, com todos os seus problemas, vai ser 0 elo fraco da cadeia? JZ_Eu creio que sim. Tanto que uma das maiores preo- Cupagdes nas discussdes das sociedades mundiais 6 a desumanizacao das pessoas, a questo de elas serem desvalorizadas como seres humanos. AS sociedades ‘écnicas comegam a preocuparse com isso, mas acho que 0 pessoal de humanidades deveria participar mais E no participa apenas por fatta de cultura da area. Eu acho que deveria ser dada uma cultura geral mais ampla, sobre aspectos tecnologicos e suas possibilidades. En 180, minha preocupagao com fazer a legislacao 6 essa Gh He pessoas que acham que 0 nosso cérebro talvez nao tenha capacidade de absorver as tecnologias na velocidade em que elas aparecem. JZ Talvez. mas 0 segredo nao é absorver tudo. mas sim plesmente pegar as linhas gerats e tentar entender para ‘nde a tecnologia vai. Tentar usar aquela parte do nosso cérebro que ndo € exatamente logica, mas quase instn- tiva, para darmos um passo adiante (dip Percebemos que hd certa exacerbacdo de noti- cias falsas nas redes sociais. Isso vai sedimentar-se em algum lugar ou é um caos que sé vai crescer? 4Z. Esse 6 outro ponto que me preocupa porque, da mes: tna forma que se ganha versatilidade na comunicagéo, to das as caracteristicas psiool6gicas dos usuarios esto sen {00 levantadas, permitindo que se infiueneie a opiniao de todo mundo. Jé existern estudos bastante profundos, nao $6 na érea de humanas, mas também na de técnicas, so bre como manipular opinides dentro de redes sociais pare descobrir como elas aparecem, se propagam e morrem. Gi 0 proprio Facebook fez um teste mostrando variagées de humor dos usudrios. .Z_E 0 esquema de persuasao. Estuda-se como persua- dir as pessoas a fazerem alguma coisa por meio da ava liagao da inluéncia que tém os amigos e outros fatores na oN ctos tecnoldgicos e suas possibilidades.” Joao Antonio Zuffo mudanga de opiniao, que pode decorrer até de o dia estar ‘u nao. Isso 6 perigoso. De repente, aiguém mal \cionado pode propagar ideias contra uma pessoa, tutoridade, ou mesmo provocar uma guerra. @ Hoje existem até dividas, quando a industria discute big data, quanto @ qualidade das ferramentas existentes para analisar tamanha quantidade de dados. 4Z_O pessoal as considera grosseiras, mas jé ha infor- magaio matematica bastante sofisticada. Eu nao duvido, por exempio, de que o ISIS (sigla em ingles de Estado Isla- mico do Iraque e do Levante) esteja fazendo coisa desse tipo para mobilizar pessoas. Individuos psicologicamente nao muito frmes podem ser levados a fazer coisas que notmalmente néo fariam. Ha também uma certa preocu- pagao quanto ao movimento de manada, agora virtual Isso realmente pode ocorrer. Alguém simplesmente mexe em certos pontos delicados e dispara todo um processo. ® Temos um exemplo didrio no mercado financeiro, que é virtual. JZ _Eu acredito inclusive que nessa drea econdmica a ‘questao seja toda automatizada, Nao haverd mais core- tores humanas Gt Como o senhor vé o caso do Google Glass? A ‘empresa acabou de retird-lo do mercado para repensar o produto. Houve uma reagéo ruim, principalmente das pessoas que ndo 0 usavam. 4Z_E um problema de saturagao e, por parte das pes- ‘S085 que nao O usavam, uma questao de privacidade. AAs pessoas se sentiam agredides. Mas isso porque os Geulos sao aparentes. As pessoas parecem nao se preo- ‘cupar muito com a privacidade quando as coisas néo io vVisiveis. E so mais ameagadoras, eu acho. Veja 0 tamanho das cameras, Em pouco tempo havera cameras do tamanho da cabeca de um alfinete, que podem ser espalhadas por qualquer lugar. (Gi Ja estéo em qualquer lugar. 4Z_Mais ainda néo se generalizaram, como poderdo ge- neralizar-se daqui a uns cinco ou dez anos Wt £0 pior: passarao a ser obrigagao. Basta ver em quantas situagées as imagens sdo usadas, As pessoas estdo assumindo que ndo sé tem de haver cémera, como as imagens tém de ser guardadas. 4Z_Mas, na medica em que isso entrar na nuvem, af no haverd mais limites. E n&o so s6 cameras. Séo sensores de presenga, de temperatura, de comportamento; as ca- meras sao apenas um detalhe. Existem milhares de outros tipos de sensores que podem estar por af. Nés temos um projeto, junto com uma empresa de tecidos, que permitiré 0 monitoramento da sade da pessoa por meio de sensores no prOpnio corpo, que medirao batida cardiaca. temperatu- a etc. Isso 0 IPhone faz, mas € possivel fazer mais deta- Ihadamente: 6 possivel tomar medida de assimetria e de ‘varios outros pontos. Roupas inteligentes poderao avisar, por exemplo, quando uma pessoa idose cai, deflagrando um socorto répido. E uma coisa boa, mas exigiré que todos: ‘os detalhes da pessoa estejam dentro de um sistema de criptogyafia, para proteger as informagbes. WD Existe a Lei de Moore para o poder de processa- mento e algo parecido quanto a armazenamento de dados e largura de banda. Mas energia, no caso das baterias, ainda é um gargalo, nao? .Z_Em termos de bateria, eu acredito em super, hipercapa- Citores. Em nanotecnologia poclemas ter capacitores fazen- do energia, @afj4 nao 6 mais fico quimica, mas puramen- te fisica. Serd possivel armazenar energia para alimentar tum carro por 24 horas $6 com hipercapacttores. Isso talvez dentro de mais 20 anos. Hoje aeromodelos com capacitor- inhos dentro saem voando por 10 ou 15 minutos. Gh Voces sao pioneiros na area de realidade virtual, uma tecnologia que esta at pelo menos desde a dé- cada de 1990, mas andou meio esquecida. Qual € 0 espaco da tecnologia de realidade virtual hoje? 4Z_O problema da realidade virtual 6 mais a geragao de Ccontetio do que qualquer outta cotsa. Em termos de tec- nologia, 0 problema principal é custo. Nos estamos de- senvolvendo um sistema com projetores mais baratos fa- zendo a fuso de imagens em tempo real. Isso pode set até a televisio do futuro. Num jogo de futebol, mesmo numa TV HD (sigla em inglés de alla definigio), 0 foco & 01 FeereRO| 5 pendendo da quantidade dle LED, da para forrar uma parede inteira cle tela. Pode-se pensar em resolucdo na ordem de 500 milhdes de pixels." Joao Antonio Zuffo apenas localizado, noha uma visao geal do que acon- tece. Dentro da realidade virtual, seria possivel colocar cameras lateaise fund as imagens, cando as pessoas uma visdo ampla. Hoje a televisio jé esté casada com 0. computador; casé-la com a realidade virtual é um passo natural para os préximos anos. (Gi Fate mais sobre 0 casamento da TV com © computador. 4Z.Nos televisores mais madernos, 0 espectacior entra na Internet, baixa 0s aplicativos, acessa uma série de fa- cilidades. Com 32 gigabytes cle meméria, 6 sim um com- putador. A indistria $6 nao usa o sistema operacional classico, provavelmente, para nao pager direitos. Mas ainda ha alguns erros. As coisas evoluem tao depressa {que 0 proprio pessoal técnico dos fabricantes nao sabe ‘como resolver os problemas que aparece. GD Uma area em que vocés tém trabalhado bastante é a de telas. Hoje jd se fala em 4K, 8K, até onde vai isso? 4Z_Dependendo da quantidade de LED, dé para forrar uma parede inteira de tela, Pode-se pensar em resolugao nna ordem de 500 milhdes de pirels. Mas ndo existe limite porque hoje 6 possivel ter varios projetores @ fundit as imagens em tempo real, como também se podem tundir as Imagens de tela em tempo real. Existe capacidade de processamento pata Isso. J4 existe algoritmo. O pessoal estd fazendo isso. Entao, podem ser desenvolvides no vos conceitos de televisao. inclusive @ £0 que daria para fazer de diferente em TV? 4Z.E 0 caso que eu citei do jogo de futebol. Em vez de uma Imagem focada. podem ser fundidas imagens em ‘tempo real. Seria uma espécie de Cinerama em casa, 0 espectador teria toda a visdo do campo. Seria possive! fazer um Zoom num ponto, mas sem perder a viséo late- Tal. Isso € para 0s proximos anos. vai chegar depressa Ha ainda a questao do tridimensional. Até hoje a 3D ndo € ld muito boa. Wt A pessoa nao pode assistir deitada, (4.Z_Ha uma série de problemas. Eu acho que a combi- hago com a hologratia tem produzido sistemas que dio uma sensagao de realidade bastante grande. S6 que por enquanto 0 angulo de visio & muito estreito. Mas jé nd gente trabalhando muito nisso, Wh Temos visto crescer muito também a drea de interface natural, como a vez. AZ.Numa primeira fase eu acho que a vor 6 @ interta- ce natural. Mas na interface de voz na varias etapas: 0 reconniecimento de um tinico locutor, que Jé existia nos anos 90 ¢ funcionava bem, € 0 reconhecimento de mit plos locutores. que ainda esté em desenvolvimento ¢ en frenta algumes diiculdades. Na medida em que se reco nhega @ voz. porém. algumas profssoes serao afetadas, como a de tradutor. Ao mesmo 0 usuario vai tomarse mais distinguivel na Internet: ja se fala no em Internet das coisas, mas de todas as coisas. Vamos poder dar or dem falada para qualquer objeto. No fim, tudo se ajeita, Mas as pessoas véo sentir-se ameacadas. Wt A historia dos desenvolvimentos realizados nos laboratérios da USP registra varios casos sucesso de parceria com a inddstria, o que é raro no Brasil 4Z_Nos sobrevivemos gragas a essa colaboracao, Gh Nessa colaboragao universidade-indistria, 0 ~ que € importante para resultados a longo prazo? 4Z_Acho muito importante esse trabalho com a indis- tria. Mas, em primeiro lugar, a indtstria precisa existir E, durante a década de 2000, o valor do délar pet ceu muito baixo, 0 que levou ao fechamento de ‘Turin © matematico biténico publicou, em 1936, um paper em ue propos ume méquina tebrica capaz de resolver qua quer problema matemético, desde que ele fosse aprosen tado em forma de algoritmo. Esse dispositive programs vol - com entrada @ sada de dados, processamento © ‘memoria = recebeu o nome de maquina de Turing. Criow também 0 teste de Turing, que identifica se um sistema tem inteligencia artificial equivaiente & humana. Duran. te a Segunda Guerra, trabalhou em Bletchley Park, onde desenvolveu técnicas para deciftar mensagens criptogra fadas pela maquina alema Enigma. Em 1952, fol proces ‘saddo por atos homossexuats, e morreu dots anos depots, envenenado por cianeto. E considerado 0 pai da ciencia da computagao te6rica, 21] FeerERD | 08 Mantenha-se atualizado com os cursos do NIC.br! 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