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Passear pela natureza com o esprito livre de preocupaes essencial para que o
homem moderno mantenha a vitalidade e a paz interior.
Por Carlos Cardoso Aveline
com esse estado de esprito vasto e sereno que devemos caminhar. Aquele que
possui uma mente aberta e um corao puro sabe escutar melhor o som do vento
nas folhas das rvores. O aprendiz da sabedoria ouve o cntico dos pssaros e
aprecia o nascer do Sol sem pressa ou apego. Com a mesma tranqilidade que tem
ao observar o vo de um pssaro no cu, ele v as ondas de pensamentos e
sentimentos no espao interior da sua prpria conscincia.
As caminhadas curtas tambm so parte daquilo que, no por acaso, passou a ser
chamado de caminho interior. O ato de caminhar era um item bsico da vida
cotidiana e da disciplina espiritual nas escolas de filosofia do mundo antigo.
A prtica do desapego est de tal forma associada arte de passear que, para o
escritor chins Lin Yutang, o verdadeiro viajante sempre um vagabundo, com as
alegrias, as tentaes e o sentido de aventura que tem o vagabundo. Viajar andar
toa, ou no viajar. Segundo Yutang, a essncia da viagem no ter deveres
nem horas marcadas. recomendvel esquecer os assuntos pessoais. Lin Yutang
acrescenta:
O bom viajante o que no sabe aonde vai, e o viajante perfeito o que no sabe
de onde vem. Nem sabe seu nome e sobrenome. (...) provvel que esse viajante
no tenha um nico amigo em terra estranha, mas, como disse uma monja
chinesa, no estimar a ningum em particular estimar a humanidade em geral.
No ter um amigo particular ter a todos por amigos. Esse viajante, que ama a
humanidade em geral, mistura-se com ela e vagueia, observando o encanto das
gentes e de seus costumes.(3)
O que interessa saber se o viajante tem corao para sentir e olhos para ver. Se
no os tem, suas excurses montanha so pura perda de tempo e de dinheiro;
em compensao, se os tem, poder conseguir a maior alegria das viagens sem ir
sequer s montanhas, mas permanecendo em sua casa e olhando os arredores, e
percorrendo os campos para contemplar uma nuvem fugitiva, ou um cachorro, ou
uma cerca, ou uma rvore solitria.(4)
Mas que pouca importncia tem, no fundo, a questo da inteligncia pessoal das
flores, dos insetos ou dos pssaros! Que se diga, a propsito da orqudea como da
abelha, que a natureza e no a planta ou a mosca que calcula, combina, adorna,
inventa e raciocina. Que interesse pode ter para ns essa distino?
http://istoe.terra.com.br/planetadinamica/site/reportagem.asp?id=118