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CObrasde Hannah Arendt publicadas na Compania das Letras Compreender —foroagao, exile totltarsme chan em Jerusalém — ume celato sobre a banalidade lo mal Homensent tempos sombrios Origens do tetalitarisno —antiseritisma, imperialism, Responsabilidade ejularnento Sobrea revolugao DEDALUS - Acervo - FFLCH MOC HANNAH ARENDT Sobre a revolugao Denise Bottmann Jonathan Schell sBo-FFLcHUSP AM ‘76502 aaa Dae TETRA Apresentagao Jonathan Schell [AS REVOLUGOES ARENDITIANAS Em Oriens do totalitarismo,publicado em 1951, Arendt dis ‘carreu com dor eindignagio sobre ns regimes toxaliirios de Adolf Hitler na Alemanba, derrubado pouco tempo antes, e de loss Stilin na Uniao Sovitia, ainda vigente. Em Sobre a revoluyze, Publicado dove anos depois ea aconou com esperanga am futt- ropréximo, masainda invisivel edesconhecido,a saber, a onda de ‘movimentos no violentos que, desde meados dos anos 1970 até data cle hoje, tem levado ao poder governos demoeritios em de- zenas de nagbes de todos os continents, da Grécin a Africa do Sul, 20 Chile, & Polonia o inalmente, a propria Unido Soviétiea, Eas revolugdes podem ser chamadas de “tevolugoes arendvianas’yem- bora ndo 9 sentido em que as anteriores eram revolugdes mar: xistas. Os novos revolucionsios, salvo raras excegdes notiveis, ‘no estudaram Arendt como as marxistashaviam estudsdo Marx; ‘mesmo asim, de certa maneira suas revolugoes seguirsm ema larg ‘medida caminhos que tinham sido iniialmente tragados pelo ppensamento de Arendt, Sem ambigdes proféticas, clase revelou ‘uma peoftisa, A histrie de seu percurs intelectual de um veo ‘outro lang ceta luz sobre os acontecimentosinvoluntariamente prevists em Sobre a revolugie. Todas essas rvoluges ocorreran claro, cepois que Arendt escreveu a obra, e sugio aos letones| que talverprefiram lero ivto antes desta introduéo, para evitar impressbes prévias, que avancem diretamente para o texto de Arend considerem estas paginas como um epilogo. Arendt somava uma capacidade de reago visceral eapaiso- nada 208 acontecimentos contempordineos a urna imensa baga gem de conhecimento histrico¢ ilosbtico. Se asnoticias em que aquela"vetha malanda da Historia Universal” ‘(como Arendt eo mario costumavam dizer nas arts que roca vam entre si estava em agio,easséres de"Ack!” eoutrossuspitos « exclamages enquanto assstia 40s telejornaiseram motivo de comentériosafetuosos e diverts entre os amigos. Seria tentador dizer que Arendt aplicavaa ilosofia aos acontecimentos; mas, na verdade, 0 mais provivel €que tenha sido contrio. Eram os acontecimentos que ativavam seu inteleto, ¢eraafilosofia que tina de se ajustar. As vezes oajuste era pequeno — uma rspida ‘censara a alguma amostta de conveacionalsmo conceitual (por ‘exemplo, a dea de que 0 totalitarsmo seria apenas uma nova v riante da dtadura) — es vzes era colossal (por exemplo, sta critica posigdo de inferioridade que tode a tradigao filosética ‘ocidental, desde os antigos geegos,atribufa a politica). Mas se, ‘como pensadora politica, cla era mais dedutiva do que indativa, mas baconiana do que eristotlica, nenhum dos dois modelos de citncia, antigo eo moderno,cortespondia plenamentea seu es- tio investigativo pois se Arend nso patia de generaizagbes para chegar aos casos particulares, tampouco reunia os fatos para deles| sia atentamente led wns cet geral Plo conteiio, seu pensamento parece “se crstalirat™ (a expresso & dela) em torno dos eventos, como ‘um reife de coral que se estendee se ramiica, um pensamento conduzindo 8 out, 0 resultado éum corpo independente de ee- Aexdes cocrentes, mas nunca ordenadas de mancira sistemtica, que, embora paresa brotar do interior segundo leis eprinetpins| proprios ao lango de toda a sua vida, a0 mesmo tempo conseyue ‘uminarincessantemente osassuntos contemporineos. DOIS MUNBOS NA MUSMA SEEN [No entanto bh guinadas brascas no caminho, e uma delas éa iferenga de espiritoe comteida entre Origens de totaizariamo e Solve a evolu, Ui eitor diante apenas desses dos livros teria uldade er imagine que foram escritos pela mesma pessoa. Em Origen, estamos nam mundo em que trun o,mal desen- Jreado. As enoridades do totalitarismo e listantes de qualquer coisa do passado. Enquanto os iranos ante- ries se contentavam basicamente em dominar&esfera politica, sem se imiseuir na vida privada e, por vezes, deixandointocadas amplas Ares da vida econdmicae cultural, os totalitrios preten liam controlar todos as aspects da exsténci humans. A estncia| dl toalitarismo, afirma Arendt, € dominagao total dos seres hue ‘manos pelo terrorO inédito mio € apenas. escala,esima natureza| los crimes. Aexséncia deleseonsste na tentativa de extirpartods e| ‘qualquer “espontaneidade” humana, ou sea, lberdade humana. (© que se entou foi nada menos do que uma cirurgia radicel na “natureza humana’ O principal meio para ating ess fnaidade {i a sstema dos campos de concentragio, aperfeigoado de dite rentes maneiras por Stila e File, Fle Furcionou at lignidade dos seres humanos,camada por camade, primeiro anu- jo tremenclamente doa 4

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