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2798 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE N.2 155 — 7-7-1988 MINISTERIO DO EMPREGO E DA SEGURANCA SOCIAL Decreto-Lei n.° 242/88 de 7 de Julho Nos iiltimos anos tem-se vindo a assistir & multipli- zac de acedes de formacao profissional e, apés a ade- sdo Comunidade Econémica Europeia, de acedes de formacdo profissional financiadas por verbas comuni- tdrias e co-financiadas, portanto, por fundos publicos nacionais. Tal proliferagdo, em to curto espago de tempo, nao se verificou sem que tenham surgido algumas questdes respeitantes & garantia dos direitos dos formandos, sobretudo dos jovens sem qualquer vinculo laboral. Impunha-se, assim, a tomada de medidas que garan- tissem o funcionamento, com respeito pelos direitos € expectativas dos participantes, das acpdes de formacao realizadas e acautelasse, portanto, a utilizagdo racio- nal dos dinheiros publicos. Tal é fundamentalmente, a intengio do presente diploma, que visa estabelecer o elenco minimo dos direitos @ deveres dos individuos nao vinculados por relagdes de trabalho subordinado que frequentem acgées de formacdo profissional de natureza extra- escolar financiadas, directa ou indirectamente, por fun- dos puiblicos, Tais direitos e deveres devem ser forma- lizados através da celebragdo de um contrato escrito, para que, desde 0 inicio das acgdes, fique bem clara a situacdo juridica das partes envolvidas. Por outro lado, pretende-se também disciplinar a matéria, impondo as entidades formadoras, como con- trapartida pela utilizagdo de fundos piiblicos, a obri- gacdo de participarem aos servigos de emprego as acgdes de formacio a realizar, por forma a nao sé p. mitir © mais rigoroso controle da forma como decor- rem essas aceSes, mas também possibilitar a atempada divulgagdo das disponiveis numa determinada 4rea, 0 que permitira, por certo, o melhor aproveitamento dos meios existentes. Atribui-se ainda aos centros de emprego a tarefa de ‘organizagao e manutengdo de um ficheiro dos forman- dos, os quais so obrigados, apés a conclusdo dos cursos de formacao, a inscrever-se como candidatos a emprego. Deste modo se procura evitar que a finalidade do grande esforgo financeiro que a formacdo profissional representa para o Pais seja desvirtuada, procurando- “se que as acgdes de formagdo sejam um meio eficaz de aumento da qualificacdo profissional e, portanto, de um mais perfeito ajustamento entre a oferta ¢ a pro- cura de emprego. Assim, ouvidos 0s érgios de governo proprio das Regides Auténomas dos Agores ¢ da Madeira ¢ nos ter- mos da alinea a) do n.° 1 do artigo 201.° da Consti- tuigo, o Governo decreta 0 seguinte: Antigo 1.° Odjecto ¢ ambito 1 —0 presente diploma regula a situagao juridica do formando que participe em acgées de formagao pro- fissional nao inserida no sistema educativo, a empreen- der em territério nacional por quaisquer entidades do sector privado, publico ou cooperativo, financiadas, total ou parcialmente, por fundos puiblicos ou comu- nitarios. 2 — O presente diploma ndo abrange os formandos vinculados A entidade formadora ou a terceiros por contrato de trabalho ou qualquer vinculo juridico- -laboral de direito piblico, salvo quanto ao direito a0 certificado previsto na alinea c) do artigo 5.° 3 — Nao sfo abrangidos pelo presente diploma os cursos, regulares ou de actualizacao, ministrados pelo Ministério da Satide nem ou cursos de formagdo agri cola abrangidos pelo Decreto-Lei n.° 79-A/87, de 18 de Fevereiro, nem pelo Programa de Apoio ao Desen- volvimento Agricola Regional (PADAR), Artigo 2.° Conceitos Para os efeitos deste diploma, entende-se por: 4) Formando: qualquer individuo que esteja ins- crito e participe em acgdes de formagao pro- fissional promovidas ou realizadas por entida- des formadoras mediante um contrato de formagao; 5) Acco de formacdo profissional: qualquer modalidade de formacdo organizada, a ser ministrada com o fim de proporcionar a aq sigo de conhecimentos, capacidades praticas, atitudes e formas de comportamento requeri- dos para o exercicio de uma profissdo ou grupo de profissdes; ©) Entidade formadora: qualquer entidade do sec- tor privado, puiblico ou cooperative que orga- nize e realize acydes de formacao profissional; 4) Contrato de formagdo: acordo escrito celebrado centre uma entidade formadora e um formando, mediante 0 qual este se obriga a frequentar uma acglo de formacao profissional determinada, com vista A apreensio de um conjunto de conhecimentos ¢ de técnicas de execugdo das tarefas inerentes a uma profissdo ou grupo de profissdes, e aquela se obriga a facultar, nas suas instalagdes ou nas de terceiros, os ensina- mentos € meios necessérios a tal fim. Artigo 3.° Candidatos & formacio profissional 1 — Os candidatos & frequéncia de acgdes de forma- 40 profissional podem inscrever-se nos centros de emprego, nos centros de formacao profissional ou directamente junto das entidades formadoras ou de outras entidades previstas nos respectivos programas. 2 — Os candidatos & frequéncia de acgdes de forma- sao profissional devem satisfazer 0s requisitos de idade © habilitagées literdrias ou qualificacdo profissional exi- gidos para as mesmas. 3 — Quando 0 solicitem, devem os candidatos ser informados e orientados profissionalmente pelos servi- gos de emprego, tendo em conta as necessidades do mercado de emprego, as acgdes de formagao dispont- veis € as suas aptiddes. N° 155 — 7-7-1988 Artigo 4.° Contrato de formasto 1 — Antes do inicio das acgdes de formacdo profis- sional devem as entidades formadoras celebrar com cada formando um contrato de formacao, obrigatoria- mente reduzido a escrito, do qual constario: a) A descrigéo da acgdo que o formando vai fre- quentar; b) A indicagao do local e hordrio em que se rea- liza a acco; ¢) O montante do subsidio de formagao a atribuir; ) A obrigatoriedade de realizagao de seguro con ta acidentes pessoais; €) Outros direitos e deveres das partes. 2 —O contrato de formacao & feito em duplicado, destinando-se um exemplar a cada outorgante. 3—O contrato de formacdo nao gera nem titula relagdes de trabalho subordinado e caduca com a con- cluséo da acco de formagao para que foi celebrado. Artigo 5.° Direltos do formando 1 — 0 formando tem direito a exigir da entidade formadora 0 cumprimento dos deveres previstos no n° 1 do artigo 7.° 2—0 formando tem ainda direito a: @) Receber os ensinamentos de harmonia com os programas estabelecidos; 4) Receber pontualmente os subsidios de forma- G40 previstos no respectivo contrato; ©) Obter gratuitamente, no final da acro, um cer- tificado comprovativo da frequéncia e do apro- veitamento obtido; d) Beneficiar de um seguro contra acidentes pes- soais nas suas actividades de formagdo; €) Receber informacao e orientacdo profissional por parte dos servicos competentes do Instituto do Emprego ¢ Formagao Profissional (IEFP) ou das entidades em quem este delegue ou que tenham competéncia propria em matéria de for- magdo profissional, sempre que o solicite; J) Recusar a prestacao de trabalho subordinado no decurso da acco de formagao. Artigo 6.° Deveres do formando 1 — Sao deveres do formando: 4) Frequentar com assiduidade ¢ pontualidade a aco de formacdo, visando adquirir os conhe- cimentos tedricos e praticos que the forem ministrados; Tratar com urbanidade a entidade formadora € seus representantes; ©) Guardar lealdade & entidade formadora, desig- nadamente ndo transmitindo para o exterior informagées sobre equipamentos e processos de fabrico de que tome conhecimento por ocasiao da acgo de formagao; » DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE 2799 4) Utilizar com cuidado e zelar pela boa conser- vacéo dos equipamentos e demais bens que Ihe sejam confiados para efeitos de formaco; e) Cumprir os demais deveres emergentes do con- trato de formagao. 2 — Finda a acgdo de formacao, se 0 formando nao dispuser de colocagao, deve inscrever-se como candi- dato a emprego no centro de emprego da drea da sua residéncia, apresentando o certificado de aproveita- mento. Artigo 7.° Deveres du entidade formadora — Sao deveres da entidade formadora: 4@) Ministrar a formagao programada com respeito pelas condigdes de concessio do apoio finan- ceiro obtido; ) Cumprir 0 contrato de formagao; ©) Facultar aos formandos 0 acesso aos beneficios ¢ equipamentos sociais que sejam compativeis com a acgio frequentada ¢ sua duragao; d) Respeitar ¢ fazer respeitar as condicdes de higiene e seguranca no trabalho; e) Celebrar um contrato de seguro de acidentes pessoais que proteja os formandos contra ris- cos ¢ eventualidades que possam ocorrer durante e por causa das actividades de for- magao; J) Passar’ gratuitamente ao formando um do- ‘cumento comprovativo da frequéncia da acgio, em que se cettifique a ac¢do concluida, a sua duracdo e 0 aproveitamento obtido. 2—E proibido 4 entidade formadora recorrer, directa ou indirectamente, aos formandos para satis: fazer necessidades normais ou transitérias de mAo-de- obra. 3 — A entidade formadora que tenha sido notificada da aprovagdo de qualquer apoio financeiro puiblico ou comunitério para a realizagdo de acgdes de formacao profissional deve comunicar ao centro de emprego da firea da realizagdo das accdes, no prazo de oito dias a contar daquela notificagdo, a natureza, programa, duragdo, horério, local, numero de formandos, requi sitos de habilitagbes e qualificacdes profissionais e de idade minima, identificacdo dos monitores e respecti- vos curriculos, nimero de vagas disponiveis e subsidios de formagao concedidos nas acdes a realizar, devendo ainda fazer referéncia nominal a um responsdvel para contactos com o referido centro. 4 — A mesma entidade promoverd a oportuna divul- gacko das acces disponiveis, por meios idéneos, com indicagdo da natureza da acco € respectivos progra- mas, duracao, hordrio, local e requisitos exigidos. 5 — Nos trinta dias posteriores ao inicio da accao deve a entidade formadora comunicar ao centro de emprego da érea da sua realizagio a relagio dos for- mandos participantes, com nomes e moradas, indicando 05 que se encontram vinculados por contrato de tra- balho a entidade formadora ou a terceiro, bem como a relacdo dos monitores e suas disciplinas, ¢ os locais € hordrios em que so realizadas as acgdes 6 — Nos quinze dias posteriores ao termo das acgdes, @ entidade formadora comunicaré igualmente a0 2800 mesmo centro de emprego a relado dos formandos que as concluiram com aproveitamento, sem aproveita- mento € dos desistentes. 7 — Sempre que the for solicitado pelas entidades financiadoras e pelos servigos de emprego, deve a enti dade formadora prestar informagdes escritas acerca da formacio ministrada, dos formandos e dos monitores, bem como acerca da aplicagdo do apoio financeiro ou técnico concedido, facultando a observacao directa do funcionamento das accdes. 8 —A entidade formadora deve colaborar com os servigos de emprego na colocagéo dos formandos que ndo venham a celebrar, consigo ou com uma entidade previamente determinada, um contrato de trabalho, Artigo 8.° Violasio dos deveres do formando 1—A violagdo grave ow reiterada dos deveres do formando confere & entidade formadora o direito de rescindir 0 contrato de formacdo, cessando imediata- mente todos os direitos dele emergentes. 2 — A rescisao € feita por escrito, devendo ser indi- cados os factos que a motivaram. 3.— A faculdade prevista no n.° 1 deve ser prece- dida de uma adverténcia, por escrito, ao formando, sempre que a entidade formadora considere que a mesma pode obstar a nova violagéo ¢ que a perma- néncia do contrato € ainda vidvel. 4— Da adverténcia ou da rescisio do contrato de formagao deve a entidade formadora dar conhecimento, no prazo de cinco dias, ao centro de emprego compe- tente, 5 — O disposto neste artigo nao prejudica a even- tual responsabilidade civil ou criminal do formando. Artigo 9.° Violagdo dos deveres da entidade formadora — contra-ordenasdes 1 —A violagdo dos deveres previstos no n.° 1 do artigo 7.° ou a infracg4o ao disposto no n.° 2 do ‘mesmo artigo constitui contra-ordenacdo punivel com coima de 5000$ 2 100 000$ por cada formando relati- vamente ao qual se verifique. 2 —A violacao dos deveres previstos nos n.* 3a 8 do artigo 7.° constitui contra-ordenacao punivel com coima de 50 000$ a 200 000S. 3 — Simultaneamente com a coima, pode a entidade formadora ser privada, total ou parcialmente, do apoio piiblico concedido, com 0 consequente reembolso, se a este houver lugar. 4— A privacdo do direito a apoio piblico para for- magdo profissional pode ser determinada por periodo que ndo exceda dois anos. processamento das contra-ordenagdes ¢ a apli- das coimas ¢ das sangOes acessérias competem & entidade publica financiadora, para a qual revertera © produto das coimas aplicadas. 6 — De todas as coimas e sangdes aplicadas sera dado conhecimento ao centro de emprego da area, salvo se a entidade publica financiadora for o IEFP. 7 — No caso de co-financiamento por fundos comu- nitdrios, a competéncia prevista no n.° 5 é atribuida a0 IEFP. DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE _N.2 155 — 7-7-1988 8 — Sempre que as entidades obrigadas ao reembolso dos apoios concedidos 0 nao facam voluntariamente no prazo para o efeito indicado, sera o mesmo obtido atra- vés de execucio fiscal. 9 —O pedido de execucdo fiscal, a promover pelo Ministério Publico, serd instruido com base em cépia do despacho que determina o reembolso, identificando © devedor, a origem e o montante da divida, ¢ servira de titulo executivo para todos os efeitos legais. Artigo 10.° Atribaigdes dos centros de emprego 1 — Compete aos centros de emprego: 4) Manter actualizados ¢ facultar a consulta dos interessados os registos das entidades formado- ras co-financiadas por fundos publicos que ope- rem na respectiva area, bem como das accdes programadas ¢ das vagas disponiveis, com indi- cagdo da sua natureza e finalidade, programas, inicio e termo, local € requisitos de frequéncia; ) Promover a divulgacao das acgdes de forma- 40 programadas na respectiva area ¢ fazer a necesséria articulagdo com as entidades pabli- cas e privadas potencialmente interessadas, com vista ao melhor aproveitamento da capacidade formativa existente; ©) Prestar informagées acerca do regime definido neste diploma e dos elementos a que se refere a alinea a); @) Orientar profissionalmente os candidatos que 0 solicitem; @) Aceitar os pedidos de inscrigdo para frequén- de acgdes de formagio; A) Manter actualizado o registo dos candidatos & formacao profissional, dos que se encontram a frequentar acgdes e dos que as concluiram com aproveitamento; #) Acompanhar, por si ou recorrendo a outras entidades, a realizacdo das accdes de formacao profissional; ‘h) Solicitar & Inspeccao-Geral do Trabalho a fis- calizagéo do cumprimento das disposigdes do presente diploma; 4) Transmitir ao Departamento para os Assuntos do Fundo Social Europeu ou a outras entida- des piiblicas promotoras ou financiadoras as irregularidades detectadas na organizacao e fun- cionamento das accdes; J) Apoiar a colocasdo dos formandos que tenham terminado a ac¢do com aproveitamento; 1) Elaborar relatérios semestrais sobre as acgBes de formagao profissional realizadas na respec- tiva area, a remeter, pelas vias competentes, 20 Ministério do Emprego ¢ da Seguranga Social € aos ministérios com competéncia nas dreas de formasao. 2—Os centros de emprego da rede nacional do IEFP adoptaro uma organizacdo interna que permita a especializago do tratamento e acompanhamento da formagdo profissional na respectiva area, & luz do regime juridico previsto neste diploma. © 155 — 7-7-1988 Artigo 11.° Repides auténomas O presente diploma aplica-se as Regides Auténomas dos Acores ¢ da Madeira, com as alteragdes decorrentes das transferéncias de competéncias do Governo para os, governos regionais, Artigo 12° Entrada em vigor presente diploma entra em vigor decorridos 90 dias sobre a data da sua publicagao. Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 12 de Maio de 1988. — Anibal Anténio Cavaco Silva — DIARIO DA REPUBLICA — 1 SERIE 2801 Vasco Joaquim Rocha Vieira — Lino Dias Miguel — Joaquim Fernando Nogueira — Alvaro Roque de Pinho Bissaia Barreto — Maria Leonor Couceiro Pizarro Beleza de Mendonca Tavares — José Albino da Silva Peneda. Promulgado em 22 de Junho de 1988. Publique-se. © Presidente da Reptiblica, MARIO SOARES. Referendado em 23 de Junho de 1988. © Primeiro-Ministro, Antbal Antonio Cavaco Silva. MINISTERIO DO COMERCIO E TURISMO 9." Delegacéo da Direc¢ao-Geral da Contabilidade Publica Declaragéo De harmonia com o disposto na parte final do n.° 2 do artigo 6.° do Decreto-Lei n.° 46/84, de 4 de Feve- reiro, se publica que foram autorizadas as seguintes transferéncias de verbas, nos termos dos n.°* 2 ¢ 3 do artigo 5.° do mesmo diploma: a Gabinetes dos membros do Governo | on Gabinete do Minstro a anions on.00| | Remunerasdes cease permanentes ose Remuneragées de pessoal divers: soo joa] a utr pessoa rr) i | | a Comite Apegto de Coins om Mats Economie | | 8.01.0 | 52.00 Investimentos — Maquinaria € equipamento - 475 (b) a | Gabinete do Sectetiro de Estado do Comécio Interno | ol} Gabinete | i 1.00] | Remuneragdes certas e permanentes ons Remuneragdes de pescal divers | | sono fora} a | outro pessoa! so | | 03.00 Horas extraordindrias 539 (a 2600] | Bens nfo duradouros — Consurmos de vecretari 7% | = ‘) | 3700] | Bens nfo duradouros — Outros % |: ra 5.00 | | Aauisipio de servigor — NBoespecificados | }31.00] @ | Outras despesas - 2 | | | 52.00! | tnvestimentos ~ Maguinara ¢ equipameno ws |e ”

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