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\IVERSIDADE DE SAO PAULO INSTITUTO DE GEOGRAFIA 14 BIOGEOGRAFIA Siio Paulo, 1978 _ POR UMA TEORIA DE CLASSIFICACAO DE GEOSSISTEMAS DE VIDA TERRESTRE V. B. SOCTCHAVA, (Comunicacio apresentada na Reuniio do Setor de Problemas Fisico-Geogrificos ‘Complexos - 9 de fevereiro de 1972), SUMARIO I - Esferas geograificas e posigio teérica na classificagio de geossistemas. I- O principio bilateral na classificagio de geossistemas. IIT- 0 "Geoma" e sua integragio nos "gedmeros" das mais altas categorias. IV - Critérios dinmicos para uma classifieacio de geossistemas, V - O problema do zoneamento natural na classificagao de geossistemas. VI- Sobre a elaboracio de legendas cartograficas base da classificagiio de geossistemas. Vl - Limites e perspectivas. 1- ESFERAS GEOGRAFICAS E POSICAO TEORICA NA CLASSIFICACAO DE GEOSSISTEMAS, Sistematizar 0 parcelamento do meio natural € um requisito indispensivel solugio de muitos problemas geograficos, tais como A elaboragio de cartas de paisagens ("landschaft") - entre elas os mapas panoramicos do geossistema russo-asiatico. © envolvimento com esse tema, durante 0 ano passado, no Instituto de Geografia da Sibéria e do Extremo Oriente, motivou o autor a preparar a presente comunicagio, Embora alguns estudos € proposicdes gerais sobre geossistemas tenham sido discutidos, a classificag’o dos _mesmos foi considerada como capaz de suprir bases novas a elaboragdo de cartas panoramicas, seja pela sua importancia cartografica, seja pela mais variada importancia geografica Embora nfo sendo, pela sua amplitude, assunto novo, a classificago = de geossistemas, quando colocada em nivel de paisagem, configura-se como discussio de importancia primordial. O mérito desses estudos, além da corrente — desenvolvida. = por A.A. GRIGORIEV, também cabe a NA SVOZDETSKI, A. G. ISSATCHENKO, N. 1, MIKLAILOV, N.A, SOLNTEGEV e outros, Todos esses autores, bem conhecidos em nossas fontes bibliograficas, aos quais se juntam gedgrafos estrangeiros, nos seus diversos trabalhos, consideraram apenas este ou aquele aspecto do nosso centro de interesse. No presente artigo nao tencionamos relatar 0 resumo dos seus trabalhos; restringimo-nos a _mencionar apenas aqueles em que esquemas de classificagao de paisagens estejam, de certo modo, fundamentados em principios basicos. Ja sto passados mais de dez anos desde que se fez a proposta para estruturagio de um mapa de paisagens na URSS (2.4). Nao obstante, até agora, a teoria de classificagao do meio natural, apresenta-se como um trabalho insuficiente, Se tivermos em mios um mapa panorémico, representando amplas extensGes, subcontinentes, veriamos que a base para a elaboracdo de suas legendas, apoiando-se numa concepgao global comum, abrangeria tudo. Assim sendo, a discussao dos principios de classificagio, impdes-se como requisito necessario Seguindo V.I. VERNADSKI (1) acreditamos que o ambiente geografico ou 0 geossistema —planetirio divide-se em intimeros dominios; entre eles, aquele do "gedcoro" assume uma posigio vital; as mais perfeitas das esferas: aquelas dos oceanos mares e também da vida sub-érea (continental), Ainda que, sem divvida, existam alguns principios gerais, 0 enfoque para a classificagéo de geossistemas com limites em cada uma das esferas mencionadas ¢ especial A concepgio —_geosférica de VERNADSKI apresenta-nos uma perspectiva e serve de base para uma importante generalizagio sobre a grande quantidade e interpretagao da geosfera, Esta idéia —requer, —necessariamente, uma elaboragao posterior mais precisa, mas isso ultrapassa nossa atual tarefa, A classificacao dos geossistemas com posig&o vital - 0 objetivo a que se consagra 0 presente artigo - nao pode ser construida sem sua teoria cientifica. Como tal mantém —algumas situagdes fundamentaisassumindo em relagdo a cla um significado de axiomas em sua atual compreensdo (10). Enumeremos estas situagoes: - O meio natural organiza-se em termos de hierarquias —funcionais—-os geossistemas. Em outras _ palavras, divide-se em partes (geossistemas de classes diversas e subsistemas) entre as quais se estabelecem —_relages simultdneas. Leis correspondentes, outorgadas pelo geossistema atuam = em _restrita!; extensdes limitrofes. Cada categoria de geossistema possui 0 seu espago paramétrico. Finalmente, diante da generalidade, dirige-se 4 trés ordens dimensionais do geossistema: planetatia, regional, topologica (3, 5 e 6). 3- Os geossistemas —_apresentam-se simultaneamente sob diferentes aspectos as raizes estruturais e as transformagdes. de estado, subordinadas a uma invariante. As modificagdes desta (junto com todos os elementos de sua estrutura) procede diante da evolugao (conversio da nao transformagio) dos geossistemas As diversas transformagées no estado dos geossistemas face invariante permanente, significam a sua dindmica, 4+ Na caractetizagio do meio natural verifica-se a convergéncia de dois principios; homogeneidade diferenciaco. No processo de desenvolvimento natural desse dominio funcionam, ao mesmo tempo os processos de —homogeneidade diferenciagéo, Todas as classes de geossistemas com estrutura homoxénea chamam-se , gedmeros", e os de estrutura diferenciada sao chamados de "gedcoros" 2- O PRINCIPIO BILATERAL DE CLASSIFICACAO DE GEOSSISTEMAS A elaboragiio de uma classificagao de geossistemas requer a mais profunda formulagdo conceitual. A medida que nossos conhecimentos foram se aprofundando, a propésito. de “paisagem" evoluiram submeteram-se ulteriormente a uma nogao mais precisa de "geossistema’’ Isto se refere, particularmente nogo de "homogéneo" ¢ iferenciado" do mesmo, como principios fundamentais a classificagdo em duas fileiras, Ha dez anos a expressiio "areas homogéneas da natureza - jé utilizada por geografos especialmente na Repiiblica Democratica Alema. Apesar disso 0 critério de homogeneidade do geossistema, nao pode ainda ser considerado como medida fixada. A iéia sobre "geossistemas homogéneos", na pritica, pode beneficiar-se de uma certa analogia (relago) com aquela ha muito tempo usada em termodinamica bem como em relagao a fitocenologia onde ha muito se clabora a idéia sobre homogeneidade "floristica’ na composi¢ao das associagSes vegetais A solugo metodolégica para a questo da homogeneidade torna-se mais propicia a partir de Areas homogéneas elementares (pode-sechamé-las_—"biogeocenoses"). Também se pode destacar (subtrair) do meio natural, alguns enclaves homogéneos, que ascendem a categoria do “ficeis" na fileira dos geémeros Na atualidade 0 problema de homogeneidade dos_—geossistemas elementares pode equacionar-se até mesmo experimentalmente, por meio de estudos dos regimes naturais, da horizontabilidade verticalidade da composigio do geossistema, de métodos cartograficos 4 grande escala e de outras téenicas. Nos jé destrutamos de alguns resultados nesse eampo, encarando a homogeneidade a base da observacio, passando a descrigao pormenorizada da biogeocenose e elaborando modelos. A olho mu pode-se avaliar a biogeocenose pela composi¢ao (sinusial -parcelar) seja na relagdo ecolégica poten seja pelo seu ritmo natural. Tudo isso se 3 corrige, suplementarmente com pontos de vista mais objetivos e priticos que nés Tevamos em consideragio, destacando na carta a area correspondente, Pode-se chegar a avalier a homogeneizag2o em diferentes graus de precisio baseados em estudos experimentais e observagdes visuais. Isto deve ser considerado pelos gedgrafos que devem fazer essa avaliagao segundo suas possibilidades. De uma ou de outra maneira (visual ou experimental) a area homogénea € 0 ponto de partida para a classificagio do geossistema, As areas homogéneas similares unem-se no facies, ainda também segundo 0 principio de homogeneidade. Dai para as generalizacdes, as classes superiores vao se superpondo (grupos e classes de facies, geomas, etc.), até formarem em sua totalidade a classificago da fileira dos ‘geOmeros. A area homogénea elementar (gedmero elementar ou biogeocenose) exprime-se. em pequenos espagos. Na pratica, como sistema de trocas do material energético, somente pode funcionar em interago com as areas homogéneas contiguas, pertencentes a outra facies, 0 menor niimero de parcelas de combinagdes —territoriais de reas elementares, assegurando 0 minimo de condigdes para o seu funcionamento © a manutengao especifica do carater (tonus) da geogratia fisica, constitui 0 —gedcoro elememtar ou area de “diferenciagao elementar". Unindo pequenas areas "homogéneas" a area de diferenciagao elementar por sua vez, serve-se parcialmente (integra-se como parte) do gedcoro de grau superior imediato: um microgedcoro. Ainda em territérios pequenos ¢, junto com ele, em comunidades naturais singulares, estes se unem no mezzo e dai passam a0 macrogedcoro até atingir na provincia a mais importante divisio territorial do meio natural. Adicionando-se todas essas_parcelas atinge-se a classificagao dessa fileira especial dos geossistemas, constituindo-se nos gedcoros de variadas dimensbes, A divisio taxondmica exibe essa nogo através de duas fileiras no Quadro 1. Tanto as duas fileiras (gedmeros gedcoros) so independentes quanto, em pontos definidos, so interdependentes. Nos limites das dimensGes planetarias o perfil dos tipos do meio natural corresponde a zona fisico-geogrifica. As subclasses dos gedmeros no raro se comunicam com os limites das regides fisicogeograficas. Entao, no que se refere aos geomas as propriedades de suas leis somente funciona nos casos de limites de zonas, outras vezes em subzonas, por iiltimo, colocam-se as provincias ou grupos de provincias em sucessio vertical nas montanhas, Como via de regra as particularidades estruturais proprias dos facies mantém-se no nivel do macrogedcoro. Nao obstante, em todos os casos, nfo se queira ver unido rigida, mas, nao raro a conexao entre gedcoro ¢ gedmero, num mesmo nivel, se faz espontaneamente (Quadro 1), Ademais, ainda que, na concentragao fundamental o facies esteja nos limites de um macrogeécoro qualquer, ¢ 0 geoma esteja em conformidade com os limites dos gedcoros das classes superiores, habitualmente, em todos esses casos, no ocorre com —_absoluta correspondéncia. Areas caracteristicas para todos os gedmeros sio como enclaves incorporados na regio de supremacia de seus gedmeros vizinhos. Por exemplo, no meio das taigas os gedmeros € geomas, nio raro, possuem enclaves propagados na subzona norte da taiga (Quadro 1) 3-O GEOMA E SUAS GENERALIZACOES NOS GEOMEROS DAS CATEGORIAS SUPERIORES. © "Geoma", em nosso entender, é da categoria dos gedmeros, estando nos limites 4 entre as divisdes do meio natural regional e as dimensdes topoldgicas. Isto, sobretudo, & importante na divisdo de ordem topologica; a estrutura que nds conhecemos pelos cuidadosos estudos e pela integracio das areas homogéneas elementares, unindo-se com os facies, em seguida com os grupos ¢ classes facies. A par disso todas as divisdes da dimensio regional mostram a sua uniao com os geomas, seus subgrupo, grupos e subelasses. O geoma pode ser considerado como um requisito basico para uma divisio da fileira dos geémeros A. questio sobre os principios ¢ métodos estabelecidos pelos. geomas é essencial. Comegamos com aquilo que no tem completamente um significado unico para os geomas, referindo-se a diferentes tipos do meio natural, Nenhum de nés pode ter em conta os geomas das taigas, tanto quanto eles predominam no mapa de paisagens russo-asiiticas. Os geomas mostram a generalizagio das classes das ficies, que se evidenciam no desenvolvimento do processo. de investigagiio. A par disto eles se separam dentro dos marcos do grupo e subgrupo dos geomas, que ja Ihes determina 0 ponto de vista geografico-geral, entre estes. a hidroclimatica, a orogrifica e outros. Os geomas destacam-se pelo sinal (indicio) da ordem topologica, generalizando até ao nivel regional, Diante da generalizagao do geoma, toma-se em consideragio todas as especificidades estruturais das classes ficies, mas prineipalmente os seus componentes criticos esto na taiga: a mesoforma do relevo, a hidrotérmica, os' solos e a vegetagio. No Quadro 11 estio os dados explicativos de taigas, dos gedmeros de ordem superior, as quais esto submetidos os geomas, Entende-se provavelmente, para cada subzona ¢ provincia estabelecimento de sua geomorfologia, hidroclimatica e parametros pedo-botinicos para delimitago dos geomas, Determina-se muito 0 estudo do territorio. Nenhuma classificagio € absolut; é necessério — modificd-la,_—_aperfeigoa-la. Especialmente no que se refere a fixagao de -geomas € aos seus subordinados da dimensio topoldgica dos geomas, exigindo, para uma absorgio no estudo da estrutura do geossistema, iniimeros_métodos. Numa perspectiva imediata seria a confeccio de seus modelos matemiticos para um mais completo conhecimento interconexo entre os componentes do geossistema 4- CRITERIOS DINAMICOS PARA UMA CLASSIFICACAO DO GEOSSISTEMA. Sabe-se que qualquer geossistema, em cada parcela de tempo, encontra-se em determinado estado de dindmica. Isso acrescenta, a0 conhecimento do dominio das paisagens, um —mosaico_ multicolorido abrangendo todo 0 nosso ambiente natural; compreendé-lo € ordend-lo, particularmente através de um enfoque unilateral & muito dificil. Somente € possivel comparar os -ossistemas um com 0 outro e classifica-los com um inventirio proprio das suas transformagdes dinamicas. Ja se mencionou que um dos axiomas da teoria de classificagao dos geossistemas se refere & dindmica: as estruturas primitivas eas mudangas de estado, as fingdes de determinada invariante Nés nos abstivemos dos fundamentos posteriores desta concepgaio, porque ja o fizemos em outras publicages. (7.9), As estruturas primitivas radicais eas suas mudangas de estado e as modificages so chamadas —agentes_—_exteriores (primeiramente se pode ter presente somente 08 geossistemas elementares), ligando-se com um tinico nicleo matriz, Elas formam na totalidade uma grande quantidade, cuja ordenagao somente € possivel numa diregio: 5 classificar todas as mudangas de estado (incluindo até as transformagdes que tenham influéncia sobre © homem) até a ligagio reciproca com 9 mucleo-matriz. (facies - radical). Por outras palavras, com a facies am-se as primeiras parcelas da raiz, as ficies obscuras (transicionais) e, também as diversas modificagSes produzidas pelas influéncias —exteriores, — devem ser consideradas como um certo objetivo dindmico, que nés chamamos de epificies. Embora cada epifiicie seja proprio da estrutura invariante, nos, entretanto, ja propusemos um meio de sua expressio Convém nutrir-se de idéias generalizadas sobre epificies: organizando-as em colunas, no cume das quais se marcam diferentes estados dinamicos de —_geossistemas, penetrando numa nica epificie enquanto as costas das colunas indicam uma relagao reciproca entre os gebmeros, formando a epificie. Diante destas costas de colunas possivel indicar nfo apenas uma tendéncia para a unio, mas em certa medida, uma caracterizagio do sistema dindmico, que é a epitacie, Publicou-se os modelos destas colunas (8), mas a questo permanece, em esséncia, sem elaboragio A utilizagao plena da teoria das colunas nos estudos sobre os geossistemas ja esta bastante adiantada. Entretanto, somente nos € acessivel particularidades do diagndstico do ambiente natural, através dos fundamentos dos estudos das estruturas _primitivas (radicais) da facies, que é ao mesmo tempo niicleo matriz da epificie A dlassificagdo dos geossistemas deve revelar a tendéncia dinamica do meio natural, sem 0 que ela nao pode servir particularmente as tarefas ¢ responsabilidades dos gedgrafos atuais, que sao 0 levantamento, a descoberta de possibilidades € a revelagdio do optimum natural em que vive a sociedade humana. Ao problema de classificagio do geossistema a base de um inventario dindmico, Tiga-se também a questao sobre a idade, ou mais precisamente, de sua existéncia, naquele corte do tempo, durante 0 qual funciona a estrutura, propria deste geossistema, com sua correlagao entre 05 componentes. A simples taxonomia dos geossistemas, hi muito tempo, nao tem mais sentido, particularmente quando precisa a idade de geossistemas isolados. © enfoque genético, os diferentes tratados —paleogeogrificos e suas reconstrugdes, contribuiram para a claboragao de uma classificagao dos fendmenos geograficos com o registro de seus desenvolvimentos, Nao obstante, nos tempos atuais, no podemos nos restringir a isso. E necessario resolver as tarefas de classificagao, tendo em mente nao apenas 0 passado, no estudo do qual nés devemos muito ao éxito da paleogeografia, mas também a perspectiva futura da evolucio do geossistema, Ha quase vinte anos discute-se a questio sobre a idade potencial da vegetagio (nas relagdes entre as formagdes associagdes vegetais). 0 problema se coloca na aplicagao para construgao de legendas de cartas geobotanicas e no ensino (no lugar da vegetagdo com estruturas violadas) das fitocenoses, que se formario dentro dos proximos 100 - 200 anos. Esta questo deve ser colocada como de ampla atualidade, também para 0 geossistema, Dentro de 100 - 200 anos, os geossistemas espontineos da vegetagzio regional, poderdo ainda, como -em nossos dias, corresponder_ a uma estrutura existencial e, por conseguinte, nos podemos discutir somente sobre os limites de sua mudanga territorial O ficies € outra coisa ja que mo seu desenvolvimento temporal possivel ocorrerem novas formagdes, particularmente com um inventério das escalas globais atuais, € com a influéncia da sociedade humana na natureza A utilizagdo do eritério dinamico nao se limita esfera de colocagao da facies e da epifficies. Generaliza-se, a facies, na divisio da classe posterior; nds devemos ter em ‘mente a estrutura radical da facies ¢ simultaneamente, também, agrupando-se, em sua volta, mudangas de estado. Os grupos de epificies organizam-se totalmente, estando de acordo com as escalas de classificagao dos topogedmeros. 0 grupo _epificies apresenta-se como o mais completo polissistema dinamico. Deve referir-se a uma posterior generalizagao do grupo ficies, na classe facies ¢ depois na dos geomas. As idéias sobre as classes de epificies ¢ dos epigeomas devem ainda ser elaboradas, mas atualmente no devem ser esquecidas (idéias) quando da construgio de classificacSes, A classificagdo, ainda que representando na dindmica aqueles limites principais do geossistema, e nem sempre de maneira suficientemente plena, caraeteriza esta mudanga de estado do geossistema, o que mostra. um —imteresse especial por determinados objetivos, Deste ponto de vista, com excegao do cientifico comum, convém criar classificagdes especiais, Os seus prineipios de construgao devem ser diversos, mas, classificando-se uma a outra mudanga no estado do gedmero, sempre é necessirio marcar as relagdes deste estado com 0 niicleo matriz do geossistema, ZONEAMENTO NATURAL COMO. PROBLEMA PARA UMA CLASSIFICACAO DO. GEOSSISTEMA. E necessirio dizer que a classificagio de geossistema, possui uma inclinagao para sistematizar os ge6meros € os gedcoros. Se 0 zoneamento —_fisico-geografico for compreendido apenas como sistema de divisio territorial, com fundamento na descoberta das regides naturais simultaneas (que se reconhece serem muitas), sera Jo na qualidade de um dos aspectos de classificagao do geossistema, com referéncia & colocagao dos geécoros e sua simultaneidade. Na Geografia 0 conftonto das ideias de "classificagdo" e "zoneamento” j4 possui uma cera historia. A complexidade e a descendéncia do zoneamento, algumas vezes, nomeia a classificagdo do territério pelo conjunto dos sinais naturais ou por um dos componentes da paisagem (por exemplo, a vegetagao ou a geomorfologia). Discutindo a possibilidade de utilizagaio em zonas distintas por métodos estatisticos, R. REYNOLDS (11) chegou a uma conclusio: a de que os contornos das zonas so uma operagdo classificatéria, Todavia, no inicio do ano de 1950, enfatizou-se a importancia de cartas topoldgicas da paisagem para a execucao do zoneamento fisico-geogrifico, Assim esta concepgo continuou a desenvolver-se acabou por receber reconhecimento. 0 principio de duas fileiras de classificagao do geossistema introduz uma novidade na solugio da questo sobre as. correlagdes entre ambos —_estabelecidos _—_pelas representagdes sobre a_tipologia (classificagées) das paisagens e zoneamento fisico-geogrifico. Diante desta consideracao enriqueceu-se os conhecimentos sobre zoneamentos fisico-geogrificos de todas as classes e ampliam-se as possibilidades de suas caracteristicas fluncionais e tratamento dinimicos © proprio zoneamento em si fica como uma importante tarefa para a geografia fisica, ‘mas sua metodologia muda 4 luz do modo de pensar dos cientistas contemporaneos. Simultaneamente renovam-se os procedimentos _-metodoldgicos. do zoneamento. Nos nfo podemos repetir 0 que dizem a esse respeito. muitos de nossos autores, € mesmo autores estrangeiros, buscando novos caminhos para. o zoneamento, Mas todos acentuamos que a solugao légica do principio de zoneamento serve-se da teoria geral dos sistemas 7 Especialmente os principios de zoneamento "zonal e azonal” (9), jogando scu tempo um determinado papel na elaboragiio do esquema de zoneamento natural. Nos tempos atuais, somente pode-se utilizé-los como argumento a0 sistema de anilise. 0 principio de duas fileiras de classificagio do geossistema abre-se —para_—estas-—_possibilidades complementares. No Quadro 1 enumerou-se doze classes, subordinadas aos._gedcoros". Este desenvolvimento e a lista complementar das unidades taxonémicas esto em nossas proposigdes iniciais (15). Nos as consideramos como sistema hierarquico das diferentes classes taxonémicas Ao principio de classificago dos ‘gedcoros (zoneamento fisico-geogrifico) nos acreditamos ser possivel chamé-lo estrutura dinamica, Cada geécoro (exceto o elementar) é um polissistema, Ele inclu algumas de suas subordinagdes a0 "gedcoro", ¢ finalmente, por sua vez, combinamos, em conformidade com © principio, a representagio com um. grande numero de "geémeros" Preliminarmente a rede de zoneamento (gedcoros de diferentes classes), utiliza-se totalmente de um dos _argumentos estabelecidos pelos taxons dos "gedmeros" (no primeiro momento os facies e os geomas). Para uma caracterizagao precisa a nogio dos limites comuns dos gedcoros serd dada por estudos mais pormenorizados ¢ em classificagées posteriores. Este trabalho acompanha 0 geossistema cartografico, a elaboragio de colunas e de modelos numéricos. A classificagiio dos gedmeros serve para a corregdo da classificagao da fileira do gedcoro. Do zoneamento, conforme haja necessidade, nos retornamos novamente aos sistemas dos gedmeros, tendo em mente, tanto a facies © 0 geoma, como também a epificies e 0 epigeoma, contendo com as raizes e as mudangas de estado da divisio do meio natural. Tal enfoque serve para a hierarquia do geossistema e também para a estrutura dindmica, Nao se recusa a concepgao "zona[" e "azonal", antes, deve-se aceiti-la Os principios de classificagdo dependem da dimensio do "geécoro". Segundo este ponto de vista coloca-se uma proposta de ordem: terminologica: reservar ao "zoneamento" somente o sentido de Classificagdo do territorio regional em sua dimensio planetéria- A divisto do macrogedcoro na constituigao de suas unidades territoriais & uma evidéneia da extensio do Mosaico topogedcoro. 0 principio de classificagao do geécoro acorre em todas as dimensdes, mas na coleta topolégica ela tem uma particularidade e se realiza com a aplicagio de meétodos particulares, baseando-se num fundamento de ‘grandes escalas nas investigagdes natura. Para uma maior preciso procedemos a alguns reparos, no que se refere a taxonomia dos "gedcoros", assinaladas no Quadro 111 Os grupos fisicos-geograficos regionais e os subcontinentais so 0s —megagedcoros, destacamento essencial_ que permite completar a classificagao planetirios. 0 cinturo zonal de diferenciagio do "gedcoro” leva em consideragio a separago das regides: pata cada regido ele deve possuir uma linha especifica. As subzonas ¢ diferentes provincias subordinam-se em varias regides com as latitudes zonais. A regio fisiografica do Ob-Intichski pode servir como exemplo do caso onde as provincias se subordinam as subzonas. Na regido do Amur-Kazalinski a subzona distingue-se dentro da provincia (6). Em conclusio, citamos 0 exemplo de classificagdo do gedcoro planetario e da dimensao regional 6- SOBRE A FORMACAO DE LEGENDA NOS MAPAS DE PAISAGENS A BASE DE CLASSIFICACAO DE GEOSSISTEMAS. Comumente se sabe © significado da classificagao para a construgao dos mapas de paisagens. Este € um problema especial dentro de sua complexidade e amplitude, nés 0 discutimos apenas a propésito do emprego da carta sintese do tipo representagao da paisagem russo-asiatica na escala_ de 1:2,500,000, sua estrutura e aplicagdo, E necessario admitir que a classilicagio de paisagens, raramente pode ser utilizada, sem quaisquer modificagées, na representagio da legenda de uma carta, Na maioria dos casos a classificagdo se transforma em legenda Como acertadamente fixou A J ISSATCHENKO (3), passar de classificagao para a legenda é uma das operagdes inerentes 4 generalizagao cartografica Tomando como base o mapa de paisagem, na compreensio__corrente, valoriza-se a classificagdo dos geOmeros, mas comega-se a levar em consideragdo a classificagao dos gedcoros, no mesmo territorio, em todas as etapas de elaboragio do mapa. A divisio de legenda, que aparece na carta sintese da paisagem, como contorno de separaco qualitativa é o epigeoma, No texto da legenda cles se generalizam em subgrupos, grupos ¢ classes de epigeomas. A sua definigao se da no geoma radical (com seus grupos, subgrupos e classes) e na dependéneia das particularidades estruturais que elegem os sinais de tonalidade Mencionamos que os mapas, em casos isolados, se exibem os contornos das classes de fiies ou até grupos de ficies, desde que a superficie onde elas predominem —seja bastante grande. E necessirio esclarecer a0 usuario do mapa de paisagem que as estruturas primitivas (radicais), tm nao somente um significado tedrico (por enquanto contribui para a descoberta de muitas leis, correspondentes a0 meio natural), mas um! importante sentido pritico. As estruturas radicais _particularmente——_completas rechagaram 0 ecoldgico e freqientemente 0 recurso potencial do terreno A comparacio de uns com os outros abastece 0 usuario e 0 faz. ver nos mapas as estruturas primitivas e com tal grau de generalizagao, que diante delas, as principais leis correspondentes ao meio natural se evidenciam de forma particularmente clara Nos mapas de mudanga de estado, os reflexos daqueles em que se encontram em um dado momento, os quadros de geossistema, apresentam um grande interesse que é nfo apenas utilitario, mas também importante, para classificar algumas questoes teoricas. Quer se mostrar que com as mudangas de estado, pode ser pereorrido um caminho com indicios adicionais no mapa fundamental, Nos casos de fileiras é com 0 auxilio das cartas especificas particulares, as. quais refletem estas mudangas de estado, & que apresentam um determinado interesse para nos, No que se refere ao primeiro caminho que nés devemos realizar na carta de paisagem russo-asiitica, que consiste mostrar, sobre a base da tonalidade dos geomas primitives, certas derivagdes de estado. Isto se realiza com a ajuda de pequenos tragos de separagdes com sinais graficos ou outros sinais. Raciocinando bem, nio é possivel (nem necessirio) mostrar todas as mudangas de estado dos geomas. E necessario seleciona-las, organizando as representagdes particularmente de interesse comum, Nas legendas de mudanga de estado, assinalam-se abaixo das mesmas, um nimero € também 0 radical do geoma com outra 9 cifra, ou de algum outro modo, permite-se distinguir a estrutura primitiva de sua subordinagdo a mudanga de estado, A questio técnica pode ser _solucionada diferemtemente, mas em todos os casos, tanto na mesma carta quanto na sua legenda & parte, deve ser sugerida a ligagio da mudanga de estado com o seu radical (a estrutura primitiva). Em cartas especiais_ demonstra-se, como no caso dos gedmeros, que as mudaneas de estado podem ser realizadas diferentemente na dependéncia dos tipos de mudangas que se deseja representar nos mapas (terras aradas no lugar de antigos geomas de taiga, grandes extensdes de pradarias no passado percorridas pelos rios temporirios com matas ciliares, e solos arenosos substituidos por pinheirais, etc.). A tinica codigo obrigatéria € cartografar as mudangas de estado dos gedmeros, de tal modo que seja fornecido o sinal do niicleo matriz do epigeoma com o qual elas se relacionam. Isto, em todos os casos, deve ser refletido na legenda (memoria da carta), mas com possibilidade de se mostrar também na mesma carta. Para atingir este objetivo pode ser utilizado também o uso de perfis. E necessario compreender que quanto maiores possibilidades possui_ a humanidade por partes de otimizagao do meio natural, tanto mais nos interessamos em conhecer nfo apenas a atual mudanga de estado do geossistema, mas também seu potencial Em muitos casos, nos mapas sintese dos gedmeros, pode estar a marca do limite do gcdcoro (provincias ¢ classes isoladas mais altas). De tal maneira 0 mapa alcanga uma bela fundamentagio de regionalizagao da natureza, mas ele nfo exclui a necessidade de uma carta especial do gedcoro. Nao obstante, ndo é necessario, finalmente, organizar apenas na rede de fronteira regional, nas provincias, nos distritos ¢ em outras classes regionais. No tom limite do gecoro 0 pensamento demonstrativo completo mostra-se com os fatores principais, que determinam a integragdo dos gedmeros nos limites dados pelo gedcoro, E. conveniente mostrar nos tais mapas, por meio de ciffas, a correlagdo entre os diversos. componente,, da, natureza; com os préprios dados do geécoro, também expressar 0 balango da radiacio, algum indice complexo de evaporagdo em relagio ao total de precipitagdes —atmosféricas, indices de produtividade bidtica e outros mais. Atualmente para exibigo de cartas que exibem universalidades e sinteses dos gedcoros, também se encontram modelos ainda carentes de aperfeigoamento. A par disso, cresce, permanentemente, a atualidade da carta de geécoros do tipo especializado, selecionando elementos de _informagdes naturais, da agricultura, das vias de transporte, outros tipos de carta, necessarios para a solugio de problemas, procuram assinalar novas zonas como registro do optimum de sua natureza, Em confronto com cartas dos gedmeros, cartas de tal familia asseguram uma substancial informagio de sentido pratico. ~ LIMITACOES E PERSPECTIVAS E necessario dizer que uma classificagao de geémeros e de gedcoros, em muitos casos, no pode servir para varios objetivos Isto comumente se refere a classificagio nas ciéncias, particularmente no seu significado auxiliar. As classificagdes so criadas para determinados objetivos e cada um deles possui uma esfera restrita de aplicagdo. Nao obstante, a simples proposta dessa limitagao fio fundamenta a negagao da objetividade de classificagdo de geossistema (especialmente a dos geécoros), preservando-se a teoria original de envolver um tio elevado nimero de zoneamentos, justificaveis apenas em vista do objetivo pragmatico. 10 Entre as finalidades das fixagdes das principais classificagSes dos geossistemas, nos consideramos a revelagio de leis concernentes ao meio natural, Este objetivo é teérico, mas possuia hi muito tempo uma aproximagio de consequéncia pratica. A classificagao de geossistemas & uma das mais importantes concepgdes da Geografia Fisica Neste sentido nds ndo nos afastamos das nogdes metodologicas ocorrentes, segundo as quais a finalidade da classificagao, para a descoberta das conexdes interiores, é proprio das classificagdes do objeto. Particularmente, € importante ter presente uma classificagao dos gedcoros, ou do zoneamento, enquanto se poe em duvida a execugio de tais classificagdes em bases objetivas. A descoberta de ligagdes geogrificas a revelagio de leis do meio natural é a determinagao direta de uma proposigao para uma classificagao. 0 principio de duas fileiras enfatiza essa tendéncia Pode-se considerar tais familias de classificagdio como basicas, pois que se assegurando neta a informagao, ela recebe também uma aplicago pratica direta, para varias operagdes produtivas. Mas, no fundamental, para um objeto prético, deve-se elaborar classificagdes especiais baseando-se, por um lado, na classificagiio basica, e por outro, no ramo da produtividade normativa, nos interesses que ela ria. Estas classificagdes também se constréem em bases objetivas, mas com diferengas, segundo a sua determinagao. As classificagdes, como também muitas outras generalizagdes ciemificas, naio sto absolutas. E necessario corrigi-las; basear-se em novas investigagdes dos objetos classificados, utilizando-se de tudo aquilo que nos é oferecido como apetrechos te6ricos € metodolégicos, acompanhando o desenvolvimento geogrifico e da ciéncia atual, seja com respeito a uma classificagdio basica de geossistema, seja também a uma dada aplicagao particular. A esfera dos gedcores com vida terrestre - concernente 4 nossa natureza - é muito complexa. Ela consiste num grande niimero de objetos diferentes e variados, proprios de suas numerosas e freqiientes contradigdes nas transformacdes dindmicas. Os requisitos iniciais para esta esfera sio complexos, com intimeras Manifesiagdes cadticas. A esséncia de todo geossistema requer que 6s 0 discutamos mais especificamente, junto com as diversas mudangas das estruturas _primitivas, as imprecisas e nao poucas separagées entre uma e outra; hé muito tempo que elas ja mudaram de rumo e da influéncia espontanea do homem, Para que se possa compreender, em tais condigdes, a nosso interesse pelas leis do meio natural, & necessério compreender a formagio fundamental da paisagem, abstrair, inicialmente, 0 principal do secundario, separar a longa da curta experiéneia, Ha muito tempo que este no é um caminho novo, este pensamento cientifico ja possui um século, Ao evidenciar-se a lei fundamental do, meio natural, por meio da abstraggo bisica do caético, 0 grande papel pertence & classificagao do geossistema, objetivo perseguido para. © acréscimo de conhecimentos. Na atual etapa do desenvolvimento dos estudos sobre 0 sistema, tal classificagio deve completar-se com um programa de _investigagdes experimentais e utilizar, no curso de sua elaboragaio, da nogo sobre invariante. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. V. 1, VERNADSKI, A construcao quimica da biosfera terrestre e seus arredores, Moscou, 1965 4 N. A. GVOZDIETSKI, livro: Matéria - conferéneias em toda a URSS, Moscou, 1961 AG. ISSATCHENKO, fisico-geograficos, 1961 Quadros AG. ISSATCHENKO (1962). VB. SOTCHAVA, Geograficas, Leningrado, 1956. Questdes V.B. SOTCHAVA, Zoneamento natural do extremo Oriente, Irkutski, 1962. 7 u VB. SOTCHAVA, Geografiae Ecologia, Leningrado, 1.970. V.B. SOTCHAVA, Topologia das Estepes - geossistema, Leningrado, 1970. VL PROCAJEV, —_-Fundamentos Metodoldgicos. para um zoneamento fisico-geogrifico, Leningrado, 1967. QuestSes filosdficas atuais Jogica formal, Moscou 1962 sobre a R. REYNOLDS, Geographical Review, 46, 1956 12 METODOS EM QUESTAO So Paulo, 1977 O ESTUDO DE GEOSSISTEMA V.B.SOTCHAVA, 1 - CoLocanno 0 PROBLEMA Ha poucos anos, em diferentes paises, uma atengao cada vez maior vem sendo dedicada a nogo de geossistemas. Além disso, alguns autores a consideram como basica (principio fundamental) @ modema Geografia Fisica (ISACHENKO, 1971; CHORLEY, 1971; CHORLEY & KENNEDY, 1971; HIDORE, 1974; SCHMIDT, 1974; DYAKONOV, 1974). O Simpdsio realizado em 1975, em Irkutsk, durante a Ill Conferéncia Geral da Uniao sobre Geografia Aplicada mostrou, nitidamente, que 0 estudo de geossistemas; ¢ capaz de desempenhar o principal papel na solugéo de numerosas quest6es, onde a participagao de geégrafos é necessaria. A Geografia Fisica baseada nos principios sistémicos, pode ocupar posi¢ées firmes na moderna geografia aplicada, apoiada no planejamento de desenvolvimento sécio-econdmico do pais, e sugerir medidas para 0 desenvolvimento e reconstrugdo de seus territérios. O paradigma sistémico, para as segées fundamentais da Geografia Fisica e para a compreensao correta de suas inter-relages com o ramo natural das disciplinas geograficas, ndo 6 de menor importancia. Esse fato deve ser tomado em consideracao porque, inevitavelmente, influenciara a orientagao da pesquisa cientifica em Geografia Fisica, Essa disciplina, possuindo seu proprio objetivo ainda muito pouco estudado (geossistemas de todas as dimensées), vé-se liberada da necessidade de intromissdo no campo privado de outras disciplinas geoaraficas. Em condigdes normais deve estudar, no os componentes da natureza, mas as conexées entre eles: Nao se deve restringir & morfologia da paisagem e suas subdivisses mas, de preferéncia projetar-se para o estudo de sua dinamica, estrutura funcional, conexées, etc. Estudar geossistemas forga-nos a introduzir corregdes na popularizagdo do conhecimento geografico @ nos programas escolares de Geografia. No exterior P. KALELA e R CHRISTOPHERSON (1972) realizaram isso apenas parcialmente. Em nosso pais essa questéo foi subestimada, tanto nos curriculos escolares, quanto no conhecimento enciclopédico. Nestas condigées, torna-se bastante oportuna a proposicéo de quest6es sobre as bases légicas do estudo dos geossistemas, as mudancas a eles associadas no setor da Geografia Fisica e, também, as perspectivas de serem os seus dados usados na pratica autor tentaré mencionar as principais questées (inclusive as problematicas e as ainda nao solucionadas) concernentes, ao estudo de geossistemas, de modo a atrair a atenodo para elas e elaborar um plano provisério de terras e perspectives em Geografia Fisica, tal como é compreendida 2 Original publicado em Reports of the insfitute of Geography of Sibéria and the Far East - Special Issue for the XXIII International Geographical Congress, 51:3-40. Irkutsk, 1976. Traduzido do inglés por Carlos Augusto Figueiredo Monteiro e Dora de Amarante Romariz, com autorizacao do autor. Desde os tempos de Michael LOMONOSOV (1711-1765) e Emmanuel KANT (1724 - 1804) o coneeito a respeito da Geografia Fisica mudou, mais de uma vez, em sintonia com evolugao das ciéncias relativas a Terra e ao Cosmos e com desenvolvimento progressivo de sua metodologia geral. A flexibilidade das concepgées cientificas é um indicador de sua viabilidade. O reconhecimento do estudo de geossistemas como 0 nucleo da moderna Geografia Fisica (sem antigas subdivisGes que procurem lugar independente no rol das Ciéncias da Terra) nao deixa margem a qualquer duvida, de vez que & capaz de impulsionar 0 progresso de nossa ciéncia. 11 - A GEOGRAFIA FiSICA A LUZ DO ESTUDO DOS GEOSSISTEMAS A concepeao de geossistemas permite estabelecer os assuntos a serem investigados por um gedgrafo-fisico definindo, claramente, 0 seu contetido, bem diferente daquele das disciplinas geograficas especiais. Ressalta ainda um novo ponto de desenvolvimento em nossa ciéncia e aumenta as perspectivas, para utilizagdo pratica de seus resultados. Seja-nos permitido formular os principais problemas no estudo de geossistemas, caracterizando as atuais tarefas chaves da Geografia Fisica 1- Modelizac&o de geossistemas, @ base de sua dinamica espontanea e antropogenica ¢ do regime natural a ela correspondente 2- Anélise de axiomas e outros principios de uma teoria especial de geossistemas como Parte da teoria geral (metateoria) dos sistemas, Investigacao de métodos racionais para a avaliagao quantitativa de geossistemas e processos formadores da paisagem, particularmente do aparatus matematico adequado a sua descrigdes. 4- Anélise sistémica das conexées espaciais no ambito geografico, @ niveis planetrio, regional ou topo légico. 5 - Pesquisas sobre a condigéo (ou 0 estado) espacial temporal dos geossistemas e montagem dos seus modelos geogréficos, principalmente dos mapas do ambiente em conexéo com os de sua conservagdo e otimizacao. 6 - Estudo da influéncia dos fatores sdcio-econdmicos no ambiente natural e prognose dos geossistemas do futuro. 7 - Exame geogréfico de projetos para 0 complexo utilizagdo-conservagao do ambiente geografico, 8 - Seleco, processamento e sistematizagdo de informagées referentes a paisagem natural para fins educacionais ou de pesquisa Os problemas mencionados nao esgotam a gama de terefas da Geografia Fisica Caracterizam, entretanto, seu contetdo principal, que difere daquele dos outros ramos geogréficos. Alguns deles (meteorolégicos, hidrolégicos ja foram isolados ¢ desviados da Geografia Fisica; outros (geomorfolégicos paleogeograficos) comegaram a isolar-se de certo tempo para cé e, ainda, ndo delimitaram seu campo de atuacdo em relagdo & Geografia Fisica Geografia Fisica, como estudo de geossistemas, ndo abrange apenas um simples ramo da disciplina geografica. Apresenta miituos problemas com os demais, concernentes & ordem de ligag&o dos componentes geossistémicos; baseia-se em seus dados mas, de nenhum modo, os modifica n&o podendo ser, igualmente, por eles modificada Geografia Fisica no constitui uma super-sintese, nem mesmo de uma parte das ciéncias geograficas que estudam a natureza; engloba apenas alguns setores selecionados das ciéncias geograficas. Isto soluciona um complexo problema geografico. Tais funcdes especializadas da Geografia Fisica possuem particular significacéo nos dias presentes, em conexdo com a prognose de geossistemas do futuro e com as pesquisas dirigidas a protecdo do ambiente Solucionando complexos problemas geogréficos a Geografia Fisica acha-se diretamente felacionada as questées de geografia da populagéo e ao estudo dos espacos industriais. Envolvida no passado com problemas continuamente complicados inerentes a outros ramos, tais como os hidrolégicos, geomorfolégicos e outros, a Geografia Fisica automaticamente divorciou-se de sua principal concepeao - a conexao da natureza com a sociedade humana. No conceito moderno a Geografia Fisica acha-se principalmente relacionada aos aspectos antrépicos do ambiente, as ligagdes diretas e de “feedback” que aparecem nesse caso. Essas conexées se introduzem numa complicada rede de organizacao, cujas malhas se estendem até as esferas econémica e social De acordo com 0 que foi dito, a concepedo de geossistemas adquire um especial significado: confere preciséo aos limites entre a Geografia Fisica e as outras disciplinas geograficas definindo, ao mesmo tempo, a esséncia do seu campo de investigagdes e 0 seu lugar no conjunto da Geografia Assim sendo, mantém-se na “linha fronteirica" da Geografia, Fisica, seu principal conteudo nutrindo a ciéncia como tal e justificando sua soberania. O contetido dos cursos de Geografia Fisica, e os temas de suas subdivisdes na descrigao de paises, mormente em instituigdes especializadas, podem variar consideravelmente em volume incluindo, além de dados especificos, também questées concernentes a outras ciéncias da Terra Ill - GEossiSTEMA: FENOMENO NATURAL. Uma vez mais ¢ necessério encarar a questo do estudo dos geossistemas como formacées naturais, desenvolvendo-se acordo com os niveis segundo os quais atuam, sobretudo, na esfera geogréfica. Muitos autores na URSS e no exterior assim o compreendem. Somente tais geossistemas esto sendo estudados na natureza, sendo publicados os resultados desses estudos. Outras interpretagdes de um geossistema representam construgdes especulativas, cujas nogdes so fragmentariamente formuladas numa direcao extrema Embora os geossistemas sejam fenémenos naturais, todos os fatores econdmicos e sociais, influenciando sua estrutura e peculiaridades espaciais, sdo tomados em consideragao durante o seu estudo e suas descrigdes verbais ou mateméticas . Modelos e graficos de geossistemas; refletem parametros econémicos e sociais influenciando as mais importantes conexdes dentro do geossistema, sobretudo no que se refere as paisagens grandemente modificadas pelo homem. 4 Influéncias antropogénicas, dizem respeito a numerosos componentes naturais de um geossistema (mudangas de umidade e regime de salinidade dos solos, modificacées da vegetacao, poluigéo do ar). Todos esses indices determinam o estado varidvel de um geossistema em relacao a estrutura primitiva e refletem-se em seu modelo. As ditas paisagens antropogénicas nada mais s40 do que estados variaveis de primitivos geossistemas naturais, podendo ser referidos esfera de estudo do problema da dinamica da paisagem Os sistemas denominados de geotécnicos ocupam uma posicéo especial. Correspondem Aquele tipo de sistemas controlados, aos quais R. CHORLEY (1971) denomina de "checked landscapes". O estado variavel, peculiar a tais sistemas, é mantido gracas a meios técnicos, mas € também invariével num mesmo sistema de influéncia técnica: modifica-se com o tempo, segundo o potencial natural da localidade. Os geossistemas controlados séo subdivididos em dois grupos: de controle episédico ou constante. No primeiro caso, a estrutura do geossistema recebe interferéncia uma vez e, depois disso, se desenvolve de maneira nova, embora espontaneamente. Nos geossistemas constantemente controlados, as influéncias externas atuam sistematicamente, com um determinado grau de intensidade. Fatores antropogénicos e espontaneos, condicionando a estrutura de um geossistema, podem, em todos os casos, ser referidos 4 categoria de naturais, mesmo quando seguem certos procedimentos s6cio-econémicos. Entretanto, por mais essencialmente que os fatores sécio-econémicos modifiquem um geossistema, a nogao sobre esses Ultimos ndo pode abranger a do sistema industrial-territorial, localizado dentro dos limites do correspondente geécoro A tendéncia apresentada pelo estudo do sistema territorial-industrial (veja-se, por exemplo, Economie-geographieal problems in the formation of territorial-productive complexes in Siberia, 196911974) 6 0 de abordar os objetivos a investigacdo levando em conta as condicdes naturais, mas n&o como um simples sistema natural-econémico. O mesmo pode ser dito a respeito do método de anélise ecoldgico-econémica, em conformidade com problemas de desenvolvimento regional (ISARD, 1972) recentemente elaborado. Ha perspectivas Gbvias para usar indices ecolégicos ou de Geografia Fisica para solucionar problemas econémicos regionais, mas nao para encarar os dois como um unico sistema, O sistema ecolégico-econdmico de N. ISARD, tanto quanto o sistema territorial-industrial dos geégrafos econémicos e economistas siberianos, so categorias econémicas que tem pontos de contato com a nogdo de geossistemas, mas nao se fundem. O exposto acima no exclui a existéncia de sistemas totais que, em igual medida, representem sistemas geogréficos, econdmicos, sociais, e técnicos. Para sermos mais exatos, eles representam um complexo interativo de diferentes classes de sistemas com seus parametros espaciais, temporais e funcionais. Um sistema total - eis tudo 0 que circunda a sociedade humana, K. BUCHWALD (1972) entende tal ambiente como um sistema relativamente complicado, impregnado de dinémica global ecdlogo - sécio - econdmica. Efetivamente, isso é um complexo de ambientes e sistemas interativos. Durante a pesquisa 0 dito complexo é submetido, antes de tudo, a um desmembramento, sem 0 qual a sua andlise efetiva é impossivel. Os elementos sociais, econdmicos e tecnogénicos, envolvendo a sociedade humana, nao registram a nogdo desse ambiente geografico, Podem ser examinados, apenas, como fatores da dinamica do geossistema. Estes - precisamos enfatizar uma vez mais como conclusao - so formaces_naturais, experimentando, sob certa forma, o impacto dos ambientes social, econémico e tecnogénico, IV - BASES LOGICAS DO ESTUDO DE GEOSSISTEMAS A sucessao e a interconexéo de nogées no estudo de geossistemas so por nés examinadas no presente estudo. Permitam-nos tocar em algumas das mais importantes proposicdes. Geossistemas - sdo uma classe peculiar de sistemas dinamicos abertos e hierarquicamente organizados (BERTALANFFY, 1973). Subdividem-se em geossistemas, relacionados a vida terrestre e aqueles que dizem respeito aos mares e oceanos. Introdugdes de negentropia externa, as expensas da radiacdo solar e das forcas internas da Terra, s4o caracteristicas dos mesmos. Hierarquia de construgdo 6 a mais importante feigéo dos geossistemas. Devido a isso, tanto a area elementar da superficie da Terra, quanto o geossistema planetario ("geographical cover"), ou as subdivisdes intermedidrias do meio natural, representam (cada qual separadamente ou em conjunto) uma unidade dinamica, com uma organizac&o geografica a ela inerente. A tltima manifesta-se em espago que permite a distribuigo de todos os componentes de um geossistema, assegurando sua integridade funcional. Um geossistema no se subdivide ilimitadamente: as unidades espaciais acham-se na dependéncia da organizagao geografica © critério espacial, em geografia, como é sabido, tem uma especial significagao. Toda categoria dimensional de geossistema (topolégica, regional, planetaria e intermediérias) possui suas préprias escalas e peculiaridades qualitativas da organizacéo geogréfica O tempo ¢ avaliado por meio de eras, as quais sao calculadas, para os geossistemas modemos, a partir daquele estagio temporal em que conexdes de sistemas, semelhantes as que atuam no tempo presente, comegaram a ser estabelecidas entre os componentes do complexo. Transigéo de geossistema, de um estagio temporal para outro, significa sua evolugdo - objetivo dos estudos paleograficos, assim como do estudo de geossistemas. Numerosas manifestagdes da mobilidade de geossistemas, dentro dos limites do estagio de uma era (um estagio de evolucao) constituem a esséncia de sua dinamica. Esses movimentos, em muitos casos, S40 contrérios, ou quase; em seu conjunto representam um importante fator da evolugéo dos geossistemas, No processo da dinamica, os componentes naturais independentes revelam diferentes graus e indices de mutabilidade. Dentre eles o mais mutavel e rapidamente transformavel (sob a influéncia do homem e de diferentes tivos de fendmenos periddicos) toma-se, geralmente, critico na formacdo da estrutura do geossistema. Dependendo da situagao fisico-geografica, os diferentes componentes de um geossistema podem se tornar criticos, deles dependendo, entao, a intensidade dos processos fisico-geograficos Uma extraordinaria variedade de peculiaridades locais e consideravel mobilidade dos geossistemas séo observadas na natureza, tornando-se ainda maiores sob a influéncia do homem. A variedade de geossistemas elementares, quando encarados apenas fisionomicamente, acha-se préxima do estado cadtico, emergindo dai a necessidade da determinagéo das invariantes do ambiente natural. Este ultimo representa uma parte praticamente invaridvel na dinamica do sistema quando as transformagées tém lugar em um dado periodo de tempo. Numerosos derivatives da estrutura, com longevidade ¢ tendéncias din&micas diferentes (primitivas, condicionalmente primitivas, quasi-primitivas, seriais, derivatives antropogénicas e outras) so subordinados a invariante. A alteragao desta (e de suas potencialidades para formar estruturas varidveis) ocorre lentamente no processo da evolucdo do geossistema. Esta evolugéo 6 é influenciada pela alteracdo dos fatores externos em relacdo ao geossistema (primordialmente energético) @ como resultado de causas endégenas, aparecendo em diferentes niveis de diferenciagéo do ambiente natural, no proceso das manifestagdes dinamicas do proprio geossistema. Os processos enddgenos, no ambito do espaco geogréfico, processam-se ininterruptamente, nos niveis topolégico, regional e planetario. Recentemente, tem sido dedicada muita atengao a dinamica dos geossistemas (Topology of steppe geosystems - 71,1971: GERENCHUK & TOPCHIEV, 1974; DYAKONOV, 1974; ISACHENKO, 1974) Em consequéncia das mesmas raz6es internas e externas, os processos de homogeneizacao & diferenciagéo do ambiente natural atuam, simultaneamente, no desenvolvimento do espaco geografics, A diferenciagdo realiza-se ao longo de toda a historia do ambiente natural, refletindo-se na forma da Terra nos mecanismos planetarios de aco da radiagao. E estimulada Por varias causas que aceleram a intensidade dos processos fisico-geograficos frequentemente, conduz a crises A homogeneizacao adquire especial significado, principalmente nos periodos entre rupturas causadas por fendmenos externos (em relacao ao espago geogréfico) e pela atividade do homem, quando sao criadas condigdes favoraveis ao autodesenvolvimento do geossistema, Isso € causado pela redugao da intensidade dos processos fisico-geoagréficos, fator de grande raio de acdo. V - MopELos € GrAFicos Os estudos de Geogratia Fisica, como foi atrés mencionado, visam nao s6 os componentes da natureza em si mesmos, mas também as conexées a eles inerentes. Gragas a essa integragao 6 que 0s geossistemas - co-subordinados uns aos outros - so formados. Uma nocéo sobre essas conexdes nos 6, usualmente, fornecida com o auxilio de modelos © graficos. Muitos autores jd escreveram sobre a utilizacao dos mesmos em Geografia (Models in geography, 1971. ARMAND, 1971; BEAUJEU-GARNIER, 1971; CHORLEY & KENNIMY, 1971; MITTELSTADT. 1974: SNYTKO, 1974) O grafico de um geossistema é definido por um certo numero de picos, de acordo com 0 nlimero de seus componentes ou outros constituintes do sistema, As linhas ligando os picos mostram a tendéncia das conexdes. Sempre que possivel (nao obrigatoriamente) o gréfico devera conter 0 maximo de indices quantitativos. Isso mostrara a situagao real, algumas vezes com pequenas generalizagées, podendo esse grafico ser tomado como documento inicial de conexao-fixagdo dentro de um geossistema. Um modelo representa a reflexao sintética regulada do sistema, expressa por meio de simbolos, signos numéricos ou descrigdes matematicas, muitas vezes graficamente, o que, na aparéncia exterior, © assemelha a um grafico. As investigagdes de campo por um fisico-gedgrafo so Teduzidas, principalmente, a coleta de informagées, para posterior estabelecimento de gréficos modelos, Os primeiros experimentos de modelismo de geossistemas para fins de pesquisas j4 mostraram que, via de regra, mesmo para a solugdo de um s6 problema, torna-se necessario fazer varios graficos e modelos diferentes. Dependendo do que se quiser reproduzir, podem ser distinguidos os seguintes modelos: 1) semelhangas gerais em ambito geografico; 2) gedmeros de diferentes categorias e 3) gedcoros de diferentes ordens. A estrutura do modelo variara,

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