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Capitulo 4 - Lajos norvuradas moldadas “in loco" 26 4.2 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO 1 A laje nervurada 11, cuja forma estrutural esta mostrada pela figura 4.3, faz parte da estrutura do pavimento de um edificio residencial, sendo que as demais lajes sao macigas. Optou-se por construir a laje L11 nervurada em virtude das dimensdes dos vaos efetivos exigirem espessura maior do que o estimado para as outras lajes macigas. Como 0 edificio é residencial optou por laje nervurada com forro plano para permitir acabamento adequado com o projeto arquiteténico, escolhendo-se, portanto enchimento de tijolos ceramicos furados entre nervuras, pois este material ja esta disponivel no canteiro de obra por ser utilizado nas paredes de fechamento e divisérias. A figura 4.3 6 0 desenho da forma estrutural da laje nervurada L11, lembrando-se que este desenho representa a vista da forma da laje segundo um plano horizontal, com observador posicionado no andar i e olhando para o andar i + 1. Para o entendimento do projeto por parte do engenheiro construtor sdo necessérios dois cortes transversais, um paralelo aos eixos D e E (Corte AA’) ¢ outro paralelo aos eixos 8 e 9 (Corte BB’). Nos desenhos da planta de forma e nos cortes sao indicadas as medidas todas necessdrias para o projeto e para a construgao. TOU) COCO COCCCCC OOOO COCCCCCI OOOO ONO 000 =re<0 000000000) COO H coS5 Ir 1 | cone 88" Corte AA’ Figura 4.3 - Forma da laje nervurada do exemplo 1 A rotina do projeto da laje nervurada segue a mesma ja estudada para lajes macigas e os critérios para o dimensionamento das barras das armaduras e verificagdo da seguranga estrutural sao os indicados na NBR 6118:2003. 4.2.1 Vaos efetivos da laje Para a determinagao dos esforgos solicitantes sao necessarios os calculos dos vaos efetivos da laje, nas duas diregdes, conforme indicado no item 2.2 O vo efetivo na diregao do eixo x é calculado por: Bocehi Jini © Giongo — USP ~ ESC - SET ~ Conereto armado: Projelo © consirugio do lajos nervuradas—Agosio do 27 2007 Fate = Lox F Ary + Baye Sendo que as medidas de a; e a2 para a direcdo do eixo x sdo calculadas como segue, lembrando que t; € tz So as medidas das larguras das vigas de apoio da laje e h é a medida da altura da seco transversal da laje, neste projeto avaliada na fase de ante-projeto em 23cm. t, t=—"=6cem ay = menor valor entre: | 2 2 >a = om 0,3-hyy = 0,3-23 = 69m {t, 22 ity a2 = menor valor entre: }2 21" = a2=6,9em 0,3-h, =0,3-23 =6,9cm Assim, a medida do vao efetivo na diregao do eixo x é igual a: by, = 498 +6 + 6,9 =510,9em Analogamente para a diregao y vem: bagy = 748 +6,9 + 6,9 = 761,8em 4.2.2 Distancia livre entre nervuras Como tery € maior do que ferx 8 médulo do momento fletor na diregdo do eixo x (m,) sera maior que o médulo do momento na diregdo y (my), portanto, é conveniente que as nervuras paralelas a tex fiquem mais proximas entre si do que as da diregao y Para o enchimento do vazio entre nervuras optou-se por usar 0s mesmos tijolos ceramicos furados considerados para as paredes de alvenaria, com dimensdes de Scm de largura, 19cm de comprimento e 19cm de altura, Com essa idéia as nervuras na diregdo y ficam espacadas de 19cm (1 tijolo) e na diego y de 36cm (4 tijolos), conforme mostrado na figura 4.3. Os tijolos, durante a moldagem da laje nervurada ficarao posicionados sobre o tablado horizontal da férma e depois da cura os tijolos ficarao fixos entre as nervuras, em virtude da aderéncia entre 0s concreto e os tijolos além dos agregados gratidos que ficaram posicionados nos furos dos tijolos. ‘A medida da largura das nervuras, nas duas diregées foi adotada igual a 5cm (figura 4.3), que é 0 valor minimo indicado na NBR 6118:2003. Lembra-se que, como as medidas dos eixos das nervuras nas duas diregdes sao menores do que 65cm, as verificagdes de resisténcia da laje com relagao a forca cortante sao feitas seguindo os mesmos critérios de lajes macigas e, portanto, pode nao haver a necessidade de se usarem estribos para absorver as tensao de tracao. ‘A altura da laje foi adotada igual a 23cm (figura 4.3), pois o tijolo furado tem 19cm de altura e a medida minima da espessura da mesa é de 4cm, conforme indica a NBR 6118:2003, para o caso da mesa receber tubos de passagem de fios elétricos de didmetros menores do que 12,5mm. Capitulo 4 - Lajos norvuradas moldadas “in loco" Ey * + a ALi 1 ‘le! 5 4 tijolo 19 4 tijolos 36 Parte do corte AA’ Parte do corte BB’ Figura 4.4 - Arranjo dos tijolos furados na laje nervurada (medidas em centimetros) 4.2.3 Agdes uniformemente distribuidas na laje E conveniente determinarem-se as acdes atuantes na mesa separadamente das atuantes nas nervuras, pois as verificagdes de seguranca estrutural da mesa (obrigatéria quando a distancia entre eixos das nervuras for maior do que 65cm ou quando houve agao de paredes atuando na mesa) é feita independente das verificages das nervuras, conforme estudado no item 2.3.1. © quadro a seguir mostra os calculos das agées uniformemente distribuidas atuantes na laje que so as permanentes diretas (pesos préprios dos materiais) e as varidveis normais (méveis, pessoas, objetos, etc.).. Gpomase = 0,04 x 25 =1kN/m? Gpopisoirevest = Adotado AKN/m? q=NBR6120:1980 5kN/m? ‘Sub — total(mesa) 5kN/m? Ghnnses= (20,025 «0,41%0,19 + 20,025 %0,19%019) 25 _ 4 asim ” 0,24 «0,41 pong = LO219%0:36 0.19) 213 =472kN/m? " 0,24 «0,41 Total = 6,67kN/m? Para cdlculo do peso préprio das nervuras considerou-se o volume de concreto entre nervuras, nas duas diregdes, conforme indicado pela figura 4.5, tendo resultado 1,45kNim?, O valor do peso préprio dos tijolos furados posicionados entre as nervuras de uma célula (figura 4.3) é igual ao produto do volume da célula pelo peso préprio dos tijolos furados conforme indicado na NBR 6120:1980, divido pelas medidas entre eixos das nervuras. Figura 4.5 - Perspectiva de uma célula da laje nervurada do exemplo 1 Bocehi Jini © Giongo — USP ~ ESC - SET ~ Conereto armado: Projelo © consirugio do lajos nervuradas—Agosio do 28 2007 4.2.4 Calculo dos esforgos solicitantes — momentos fletores e forgas cortantes Considerando que as distancias entre os eixos das nervuras so iguais a, = 24cm na direcdo do vao efetivo t, e a, = 41cm medido na diregao do vdo efetivo t, sdo menores do que 65cm, a NBR 6118:2003 permite calcular os esforgos solicitantes os associando a laje nervurada uma laje maciga. Portanto, nao hd necessidade de se associé-la a uma grelha. Assim, podem ser usadas as tabelas de Pinheiro (2007), disponiveis em http://www.set.eesc.usp.br/, nas determinagdes das reagdes de apoio € dos momentos fletores. Observando a figura 4.3 pode-se considerar a L11 apoiada nas vigas de borda, pois se assim nao se proceder ao adotar-se a laje engastada ocorreré a agao de momentos uniformemente distribuidos nas vigas, causando a agdo de momentos torgores para que se tenha o equilibrio Lembrando os tipos de lajes macigas contemplada pelas tabelas a laje L11 € associada a lajes tipo 1 A relacao entre as medidas dos vao efetivos, necessaria para a obtengdo dos coeficientes para cdlculo dos esforgos solicitantes, é dada por: 7618 PY 449 510,9 a, Calculo das forgas cortantes atuantes nas bordas da laje L11 Consultando a tabela citada os coeficientes para laje tipo 1 ¢ 2 igual a 1,49 resultam v, igual a 3,33 e v, igual a 2,5. Portanto as reagdes de apoio resultam Vv, = 3,33 x 6,67 x 5:109 _ 10 4,4kN/m y, = 256,67 x 2109 — a, 5k sendo que v, atua nas bordas paralelas a f, e vy atua nas bordas paralelas a b. As forgas cortantes por nervura so determinadas pelas expressdes seguintes, lembrando que basta multiplicar 0 médulo da forga cortante v, que 6 por unidade de comprimento (1m) pela distancia entre o centro das nervuras medida na diregao do vao efetivo t,. Esse procedimento lembra a aplicagao de uma regra de trés. Assim, tém-se: - nas nervuras paralelas a diregdo y a forga cortante por nervura é: V, = 144% 0,24 = 2,74kN - nas nervuras paralelas a diregao x a fora cortante por nervura é: V, =8,5%0,41=3,49kN Capitulo 4 - Lajos norvuradas moldadas “in loco" 30 b. Calculo dos momentos fletores atuantes na central da laje L11 Consultando a tabela citada os coeficientes para cdlculo dos momentos fletores para laje tipo 1 e A igual a 1,49 resultam i, igual a 7,72 e py igual a 3,89. Portanto os momentos fletores resultam 5,109* 100 m, = 7,72 6,67 x =13,44kN-m/m 2 m, =3,89 x 6,67 x 2108 =6,77KN-m/m sendo que m, atua na regido central da laje L11 com diregao paralela a borda de vo efetivo &, € 0 momento fletor m, atua na regio central e tem dirego paralela a fy Do mesmo modo que se fez para calculo das reagdes de apoio por nervura tém- se: - nas nervuras paralelas a diregao x o momento fletor por nervura é: M, =13,41%0,24 = 3,22KN-m - nas nervuras paralelas a diregao y o momento fletor por nervura é M, = 6,67%0,41 = 2,78kN-m 4.2.5, Dimensionamento das areas das barras das armaduras por nervura A verificagao das segurangas estruturais das nervuras de faz com os critérios ja estudados para vigas de secdo T, portanto aqui segue-se 0 mesmo roteiro naquela oportunidade. a. Célculo da area de barras longitudinais (Ay,) para as nervuras paralelas a ¢, O momento fletor atuante na nervura central paralela ao vao efeito f, é igual a: = 3,22kN-m As medidas geométricas da segao transversal das nervuras paralelas ao vao efetivo &, esto mostradas na figura 4.6 sendo que foi adotado altura util d igual a 21cm, portanto, o cobrimento da armadura est de acordo com o indicado na NBR 6118:2003. 24 x Viga de seco T id |23 d=23-2 d=2tem As 4 Figura 4.6 - Seco transversal das nervuras paralelas ao vao efetivo b (Corte transversal realizado por um plano vertical paralelo a &,) Bocehi Jini © Giongo — USP ~ ESC — SET ~ Conereto armado: Projelo © construgso do laos nervuradas—Agosio do 31 2007 Para calculo da area das barras da armadura e verificagao da tensdo de ‘compressdo no concreto entre a borda mais comprimida e a linha neutra procede-se calculando a posigao da linha neutra para verificar se a segao é T falsa ou verdadeira. Assim calcula-se k; considerando uma seco retangular com by = by na tabela propria determina-se o valor relativo da linha neutra (B,). Portanto, tem-se: 2 ki = 24x2P ogg __ cs Saag 235 i> Bi, =0,04 322x1,4 = Lembrando que B, = x/d, resulta: X=0,04x21=0,84 — y=0,8x0,84=0,67cem Como y = 0,67cm é menor do que a espessura da mesa hy = 4cm tem-se situagdo de viga T falso, pois a linha neutra esta na mesa e ndo na alma ‘Com essa concluséo na tabela, considerando concreto C25 e ago CA-50 determina-se o valor de ks, resultado: ,023 A area das barras da armadura é calculada com a expresso seguinte, resultando: 414x322 A, =0,023x 0,49cm? —> 168 p/ nervura Aggy = 0,500m? Lembra-se que a area efetiva de armadura, representada por ntimero de barras de didmetro comercial e normalizada pela NBR 7480:1996, tem que ser maior que a rea de armadura calculada. b, Calculo da area de barras longitudinais (A.,) para as nervuras paralelas a ty © momento fletor atuante na nervura central paralela ao vao efeito t, é igual a: M, = 2,78kN-m ‘As medidas geométricas da segao transversal das nervuras paralelas ao vao efetivo { esto mostradas na figura 4.7, com a altura util d igual a 21cm, como na alinea a deste item. Capitulo 4 - Lajos norvuradas moldadas “in loco" 2 4 _ d= 21cm ld |23 by= 410m; hy = Som by = Som Figura 4.7 - Segao transversal das nervuras paralelas ao vao efetivo ty (Corte transversal realizado por um plano vertical paralelo a ) O caleulo de k; considerando uma segdo retangular com by = by resulta: . 41x28 cus x = 4txet 0.02 7ex14 465 caw 2,-0.0 Com a profundidade da linha neutra iguala a: X=0,02x21=0,42 + y=0,8x0,42=0,34em Como y = 0,34cm é menor do que a espessura da mesa hy = 4cm tem-se situago de viga T falso, como no caso da alinea a Com essa conclusdo na tabela, considerando concreto C25 e ago CA-50, determina-se 0 valor de ks, resultado: k, = 0,023 A drea das barras da armadura calculada resulta: A, =0,023x snare 43cm? — 148 p/ nervura A, «; = 0,50cm? A rea efetiva de armadura, por nervura, é maior que a area de armadura calculada Para as duas nervuras as areas de armaduras tém que ser maiores que as dreas minimas indicadas na NBR 6118:2003, conforme j estudado no dimensionamento de vigas submetidas a aco de momento fletor. Para 0 caso de vigas de segéo T com mesa comprimida, tendo sido adotado conereto C25 e ago categoria CA-50, 6 necessario considerar a taxa geométrica minima (em porcentagem) igual a 0,150. Assim, a area de armadura minima resulta: 0,150 5 A, by, -h=—2*.5.23= ‘amin = Pemin “Ae = Psmin “Dw 100 A, 170m? Bocehi Jini © Giongo — USP - ESC - SET ~ Coneroto armado: Projeto © construcio do laos nervuradas— Agosto do 33 2007 ‘As dreas das barras das armaduras para as duas nervuras resultaram maiores que a calculada considerando a taxa geométrica minima. 4.2.6 Verificagao das nervuras com relagdo as forcas cortantes Como as distancias entre os eixos das nervuras nas duas diregdes so menores do que 65cm, a NBR 6618:2003 permite que a verificacdo da seguranca com relagao a forga cortante seja feita usando os critérios adotados para lajes macigas. Como neste projeto de laje nervurada tem-se by = Som, h = 230m e d = 21cm para as nervuras em ambas as diregées, verificar-se-4 a nervura sob acao da forca cortante para Vy = 3,49kN, maior valor de forga cortante que atua na laje nervurada e em nervuras paralelas ao vao efetivo ty ‘A NBR 6118:2003 indica que se a forga cortante solicitante de calculo Vsq for menor ou igual a Vai que € a forga cortante resistente de cdlculo do concreto nao ha necessidade de armadura transversal A forga cortante solicitante de calculo Vsa 6, portanto: Voy = Vyg = 114 3,49 = 4,89KN A forca cortante resistente de calculo Vac: é calculada por: Vet | k-(,2+40-p,)+0,15 KR b,-d sendo: Teg = 0,25 fag yor 0,3-12° como f, = 25MPa fg = 128MPa => tpg = 0,25 x 1,28 = 0,32MPa = 0,032kN/cm? k =1,6 -0,21=1,39 >1 (ok!!) _ 0,50 5x21 Pr = 0,00476 <0,02 (ok!!) Substituindo esses valores na expresso de Vput, resulta: Vast = [0,032x1,39 x (1,2 + 40x 0,00476) }x5x 21 Vest = 6,4 9KN > Veg = Vjy = 4,89KN Portanto, como Vra: = 6,49KN é maior do que Vsa: = Vys = 4,89KN ndo ha necessidade de adotar estribos verticais nas nervuras, pois a resisténcia do concreto suficiente para resistir as tensdes de tragao nas nervuras oriundas da forga cortante. Capitulo 4 - Lajos norvuradas moldadas “in loco 34 4.2.7 Verificagao da resisténcia da mesa Conforme visto no capitulo 3, a mesa pode ser considerada apoiada nas nervuras acarretando esforgos solicitantes de flexéo (momento fletor e forga cortante). A NBR 6118:2003 indica que nos casos de distancias entre eixos de nervuras menores ou iguais a 65cm nao necessidade de se verificarem as segurangas com relagdo a esses esforgos solicitantes. Entende-se, portanto, que s6 a resisténcia do concreto é suficiente para absorver as tensao de tragao e compressdo oriundas desses esforgos. Portanto, ndo ha necessidade de disporem-se barras de ago na mesa da laje nervurada, O projetista pode entender necessaria a colocagao de barras de armadura na mesa com a finalidade de limitar as aberturas de fissuras por causa dos efeitos da retragao do concreto. 4.2.8 Detalhamento das barras das armaduras O desenho de detalhamento das barras a serem dispostas na laje nervurada é indicado pela figura 4.8. Esse desenho é cépia da forma estrutural da laje L11, sem mostrar as nervuras e as medidas ja indicadas na figura 4.3, aqui a importancia é para os diametros, comprimentos parciais, totais dos ganchos das barras. E importante constar também as quantidades das barras e seus espagamentos, que neste caso de laje nervuras é de uma barras por nervura conforme calcula feito. Os desenhos que sao enviados para a obra sdo os das figuras 4.3 e 4.8, constando ainda da folha de desenho a classe do concreto C25, a categoria das barras de ago CA-50 e os cobrimentos das barras que neste caso é de 2cm. Se + por nenvura 1108,0.0i41 (808) 1 pornenara 788 30.0 8.0 024 (540) Figura 4.8 - Detalhamento das barras da armadura da laje nervurada

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