You are on page 1of 98
sciaran pirat wacait Ce Medeia Cee Ce V4 (lee ee eta oer teriatre (eect ie ad foie er eee mur ota Te og conic: Pea cone ret (eer neue ea figuea de Medota, una das mais bees mcr a elec. Big Os uagedigratosgregosantigos com prunhar suas obras para plains que co- heclam de antemio, em linhssgeais, os mito enenados. Noentanto mio peo vel que o infanticidio de Medeiatenba sido invengio de Erpides. A histria de uma mle que assassins a ftura espa de seu mardo, pai desta, re de Coin, e, Princialmene, os seus prpios lho mo parte de una etratgin ue visit or ao esposoevingar a rige ooeidas, faz da Medet de Eucipides uma das mais Aesconcertancestragédias. Se na epoca a esa nfo fot popula obtendo kimo la ‘ar no concurs dss Grandes Donia de 4314.C, asuaformna éenorme, eee ser vide inspiragio a inimeras Medias por. teriotes, desde a de Seneca de Pasolini e, ene ns» Joana da Gota gua (de Chi 9 Boargue e Paulo Ponts, 1975) © enredo ea personages principal da _Medeia de Euripides tem suscitado diversas ‘questes em eonfronta com toca acs. rota eas demas trapéiasgregas, seré lito chamar de “heroin tries” esta Me- eia que comete cia evoluntanamente lam rime asombroso pelo qual ad pare- ‘x ser punida pelos deasesno final, ras, socontirio,€pareles salva? Em que con sista sabedora (sophia) de Medea, en- fatcamene esata pela popria peso gem e por seus interlocutor? Ents ‘outros problemas levantado pela eica Slo dsctidos por Teaano Vira no post io uadeio, as rages grgas amigas pede “#2 contexte cultual, amines a danga © _ encenagio como um todo, elementos fun laments econsitatvoe dates dramas. i Euripides MEDEIA igo blige “Tadusio, poco e nots de Trajano Vieira Comentri de Otto Maria Caspeaux: editoralll34 EDITORA 34 tora $6 Lada Rua Hungra, 592 Jardim Europa CEP 0435-000 Sio Paclo~SP Brasil TeVFax (11) 3816-5777 worweditoes34.com be CCopyighe © Editors 34 Leda 2010 Teadagte, posts enoeas © Tissno Visio, 2010 ‘A rorocdm be GUALQUER FLA DISE LNRO ELA con a ‘origi won 90 DIFETOR NTFECTAt EeTHIMONls bo ALE, ‘Tiel orignal Mifis Capa, projeogrfcoeedtoraca clednica: Bracher € Mala Produ Grafica Revisi: Cie Piguet 1 Baigao 2010 CIP - Brasil Catlogagtona-Foute (Sindcato Nacional dor Batons de Livos, Bes tat ein oi ee, sing on es Tat ago Tila, MEDEIA Agradecimentos. 7 [Nora preliminar 9 "YBa 4 Argument. 1s ‘Aptorogavous ypeqyortod mdBeo 18 Argumento do gramatico Acistfanes. 1 Ta 05 pip pion nn 2» Persomagens nnn cnn 21 Mii 2 Meo 2 Posticio do tradutor. . Miétrica e ertétios de traducio. Sobre o autor. . 179 Sugestbesbibliogréeas... 181 Excertos da erica... 183 “Bucipides e a tragédia grega”, Otto Maria Carpeaus.. 187 Sobre o tradutor. 191 Agradecimentos Agradeco 20 Professor Claude Calame, que me acolheu ‘com extrema generosidade intelectual na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales — Centre Louis Genet —, em Paris, onde pude realizar este trabalho. Seria no minimo pre tensioso tentar apresentar neste breve espaco a magnitude de tum helenista original, dial6gico e formador. Agradeco igualmente & Fapesp, que me concedeu uma Bolsa de Pesquisa no Exterior (BPE), para o desenvolvimen: 10 do projet. ‘Trajano Vieira | | / 4 | i q i Nota preliminar Euripides ( 480-406 a.C.) encenou a tetralogia que i cluia Medeia em margo de 431 a.C. no concurso teatral das Grandes Disnisias, no qual seclasifcon em terceicoe timo Ingar (o ganador, Euforion, hoje esquecido, ficou também A frente de S6focles, segundo colocedo}. A data seria lembra da pelos atenienses, pois, poucos dias antes da representagio, 4 cidade de Plaeia,aliads de Atenas, sofvera ataque tebano, episédio que desencadeou 2 guerra do Peloponeso. Embora © drama elucide 0 material mitolégico em que se baseia, al _gumas informnagées preliminares talver seiam de interesse a0 leitoz. Homero menciona de passagem as expedigbes de Jasio (Odisseia,X, 134; XI, 256-9; XIl, 59-72), sem se relerircon- tudo a Medeia, citada por Hesfodo (Teogonia, 936-62, 992- -1,002), que alude ao casamento com Jasio. Pindaro, além de abordar as nipcias da herofna fala de seu papel na expe- digdo dos argonautas (Olfmspica, XMM, $3 5s.) sem deixar de lado sua habilidade em manipulae venenos ea mozte de Pélias (Pitica, IV, 233 e 250). Registre-se que, desde o inicio de sua atividade, Euripides revelou interesse pela personagem. Em 455 a.G sua estreia ovorreu com Peliades, centrada no as- sassinato de Pélias, concebido por Medeia, Por volta de 440 a.C.,escreveu Egen, que aborda a estada de Medeia em Ate nase seus planas de assassinar Teseu. (© mito dos argonautas tem origem bastante remota, provavelmente associado as expedigdes pregas no mar Negro, durante o petiodo micénico, Entreranto, se romarmos como base as fontes © as referéncias remanescentes, somos levados a crer que © assassinato dos flhos por Medeia¢ fruto da cria~ sao de Euripides. O eseritor alexandrino Apolénio de Rodes (séeulo 3.C) discorre, nas Argonduticas, sobee a longa via- gem de Jasio rumo a Célquida, onde o rei Beta lho do Sol «pai de Medeia, lhe proporia ts provas difclimas para a ‘obtengio do velo de ouro: subjugar dois touros selvagens, arar um campo onde seriam semeados os dentes do dragio: de Ares, de que nasceriam guerreiros armados, ¢ enfrentar estes guerreiros. Com o auxilio de Medeia, Jasio derrota os ancagonistas. Por temor 20 pai, ela foge com os argonautas, depois de auxilar Jasio a eliminar o dragio peotetor do velo de ouro. E nesse momento que 0 personagem promete casar- se com Media e conduzi-la & Grécia. Segundo Apolénio, ‘0 matriménio se da por “necessidade”, na ilha dos fedcios, ‘durante o périplo dos argonautas. Arete, cainha do pais, pro- move as niipcias entre Medeia e Jasio, para evitar que ela fosse reconcduzida 20 pal. Perseguidos no mar por Apsito, inméo de Medeia, os argonautas conseguem assassind-o, gra- 28 a intervengao da heroina. No curso da viagem da Cél- uida para Corinto, Medeia provoca a morte de Pélias (tio de Jasio que havia usurpado seu trono ¢o langado a missio suicida em busca do velo de ouro), convencendo sus flhas 1 esquartejé-lo € a cozinhé-lo, no que seria um rito de pre- servagdo da juventude. E neste ponto que tem inicio a tragé- dla de Euripides, quando 0 casal, exilado de Tolco pelo flho de Pélias, Acasto, finalmente aporta em Corinto, O easamen- to de Jasio com a fila de Creon, Glauce (nao nomeada pelo poeta} talver tenha origem anterior a Euripides: Pausinias (Guia da Grécia, Ul, 3,6) alude ao suicidio da princess, que se atira numa fonte na tentativa de livrar-se do veneno de Medeia. No * Argumento” que antecede os manuseritos des- ts obra, dizse que Euripides buscou inspiragdo na pega ho~ ‘m@nima de Neofron, autor de 120 dramas, que apresenta, ‘num dos trs fragmentos supérstites de sua produgio (trans. 0 «titos por Donald J. Mastronarde em sua edigio da pega)! gen, rei de Atenas, recém-chegado a Corinto para consular ‘Medeia sobre o ordculo de Delfos, referente & sua estereli- dlade.? Numa das noticias sobre a tragédia de Neofron, Di cearco, discipulo de AristOteles, sugere igualmente que Euri- pies tera se inspirado na obra homénima do primeiro.> © texto de Euripides inspirou numerosas obras, em di- ferentes épocas, de Séneca a Pier Paolo Pasolini, passando por Corneille, Jean Anouilh, Heiner Milles, Lars von Trier e ‘Christa Wolf. O vigor do mito pode ser avaliado pela manei- 18 como varios de seus elementos slo reinventados, desde a ‘ocorréncia de um Jasio bondoso e uma Medeia sordid (que, nna cena final, aparece sobre o teto de sua casa, com um filbo vivo € o cadaver do outro) em Séneca, até o retomo de uma ‘Medeia imersa em atmosfera sagrada, & qual no falta 0 ele- ‘mento onitico, como na cena em gue o Sol Ihe aparece em sonho, no filme de Pasolini estrelado pot Maria Callas " npides — Mada, odigo de Donald J. Masronarde, Cambridge, ‘Cambie Univenity Prin, 2002 2 Desconhsce- a ign exata die “Agpumento". Cope que ‘le tenha toma come base os exsuivorextadosdemitologiaelinados por volta do scl, sb inspira de Didime. Denys L. Page (Eis des ~ Madea, 1958, 12° ed 1988, pp, loli considera interesante » Hipster de C Rober segundo 2 gual Ovidio wera uiiado informe. ‘contdas nese echo para sscever uma passage das Metamoroses: 8, 199296, 2 Vora resp tect tpic Euripides and Neophron”) da inodusio de Page dio oxfordiana da Mea a MEDEIA “"Yro8éosic “ao tig Kip ov 8G, ayo tok MA, y= ‘yea a tv Kovac 1 Kopi iow Pree Ooyapa Tha saws yo, avon Bf Mir poyobecoa mo Kp ‘nos is Kopsow, parma np pia ipa wa a ‘ovo, joBdu ris ySpuog Bape Ba tov wot epee sh havixp Zo8te Koi xpuoeiv erépavov, of Extn ypnoapévn Bea peta 8 Kpion 5 apa yang oneNera. Mi ‘Sein 6 roils fouriig naibas dmoxrsivaca émi Spats Spaxdvreav respond fnop" Hii Rafi, Eogos yop nab bpaone Eig AB vas nse Aly lobiovr yop. depen xa pons yoo § Mia even tov Wow vow wate cone nei Be 08 orp crab Aloovor 8 ris Nowougwoutons arniv oa. rea 8 Algove Bee gov képow fires, ‘ripasSroBtna0” Buin panies, ppaxa nAIN' Eyoue rt ouosioun Airow. Aioxthos 8 i was uowiaou Tpopoistoropet Bn xa x8 ovioow spopods yet xv évbpv rou dveyoaaa fone. Exéguhos 6 prot ro dove spémoy oi rig MiBiasdvan- peSivar éyxchesono8ar yap airy obxas imo xf pin tis “Apyots araxownve, s}Roving wi vig BiohieaB Ud xo 196 branes yous plug 1p Wéaow rai andy ‘Te Bp Boel oaahzoBas naps NeSgpoves Bacxsioa0s, 6 stolons 0 "ERAS Bos iow xa potas fy Emo iscsi aa Argumento ‘Chegando a Corinto em companhia de Medeia, Jasio as- sume o compeomisso de secasa coms Glace fl de Crean, rei de Corio, Pests a ser exlada de Corinto por Creon, Medeia pedin e obtove permiasio de permanccer mais tn dia na cidade; em sinal de gratidao, envia alguns presentes a Glavce, por intermedi de seus fos: vests uma coros de ‘ouro, Av colotlas, Glace perde a vida, © Creon, 0 abracae 2 filha, tambem falece. Medea, depois de mata os propos fins, Sobe num carro puxado por dragtes alados, presente do Sol, fagindo para Atenas, onde secasa com Ege lho de Pandion. Ferecides eSiménides contam que Mede'a, vendo cozinhado Jasio devolve he ajventude Sobre seu pa son, fo autor de Regressos se expimic assim “Transforma Eson num mogo em flor deidade, poupando-o da velice, mente agus, cozendo em tachos de ouro muitos femacos. Esquilo, em As nutrizes de Dioniso, conta que ela tam- bbém rejuvenesceu as nutrizes de Dioniso, cozinhando-as com seus esposos. Estéfilo afirma que Medeia impés a Jasio a se- guinte morte: ela mesma pede que ele durma sob a popa da nave Argo, corroida pela agio do tempo. Ao cait sobre Jasio, «pops, perdeu a vida. ‘© drama parece ter sido tomado de Neofron, mediance adaptagdo, segundo Dicearco em Vida da Grécia e Aristéte- as wiper. plpgovens Baird 8 yh repuhayévan iv GraGxpuowy of Misi, a nponativelg Bau, br reflow éoovs Kat 1 yovenn, irae Ba elo iki bx a8 Bye Eyes, cif beGep yarn nev wémeucr eax Eig. Sep Byvoroas Twayibas x6 toxépp paoi mpsizg xeypfoGax, dg "Opps: Syed Sysdoaoa Buea xa Rosoaca. 16 les em suas Memérias. Ambos o criticam por nio ter manti- do inalterado o cariter de Medeia, que cai em pranto ao tra- mar 0 plano contra Jasdo e sua mulher. Mas 0 comeso é elo ssiado por seu tom patécico ¢ pelo desenvolvimento: “e nem nos vales" €0 que Ihe segue. Foi o que Timiquidas ignorou, ao afirmas que 0 autor incarreu em inversio da ordem légi- ca, como Homero: \Vestindo roupas odorosas ¢ banhando-s, wv ‘Apiotopdvous ypapparixot (méBeo1s Miia Ba thy pg "Téxove yp x dasivow yeyouneéven hy Kpiovras Buyarépa érdkcave piv Phaixny xa Kpéovra Ki ‘wis ibious vias, Eyapio® 8 Weoovos Aiye’ awesxicovad, map" oierps xine pono piv ox rd Bppatos Omdxerret v8, 8 Be yopds ouvir éx Yuvan nodtiBeoy, pO oyice BE rpogdrs Mnbcias, 818, Ex MvBoScipow Spyovtes ayumi mre of paras Bigopln,Seinepas Fopor i, p= 105 Biprnins Mnfsig, Coen, dieu, Oxprrats eatpois. of cera 18 Argumento do gramético Aristéfanes! “Medea, por causa de seu dio contea Jasio, que despo- sara Glauce, filha de Creon,assassinou-a ea Creon ¢a0s proprios filhos e separou-se de Jado para vier com Egeu. 0 Aangumento esté ausente da obra dos outros dois triicos. A cena do drama se passa em Corinto, 0 coro & compasto por mulheres da cidade. A nutria de Medea pronunca oprdlogo A representagio tev lugar sob o arcontado de Pitodoro, no primeiro ano da Olimpiada 87 (431 a.C.). Euforion cassifi- » sy ofp, xa napa nga Sogobra a fé que tive em ti: 0 sibio silence é menos policiével que a ‘ou que 0 ieritadico, Aperta o passo na retirada, guarda a lingua lil! Ponto final! Tua engenhosidade ‘io muda nada, Assume 0 6dio e some! Dia que eu fique, pela nova esposal % ceREON ‘Tua verve nfo reverte 0 que eu decide. aire sem me respeitar as siplicas? cREON Drivilegioo lar em teu lager, een. © piri, impde-se-me rememortla ‘oREON A urbe sé anteponho os descendentes, ? é al. Para os mots o amor € um enorme cREON Concorde que assim seja eventualmente ss wae, Zai, pi MiBor o¢ x¥8" Be fog Kandy, Gr’, & poraia, vai p' dicdhhafov névew. rrovoduev ys Koi vow weypfpe, creo tay! SnaBov pds oPFop Big. as 1 ina rode 7, AG 0 anata, Kpéov keeo Bydov wapéf, de tones, 5 ytva. \qeuGose8" of 1008" ieéreura 009 ruyeiv. 118" ab asy note dmaAdony O0¥5 law pe ptr ny 6" Eo fyipay 1 ai Supreepver gpovrid” f peuSovpeBe, -naiciv 1 dyopuiy 30% dug, ere mop o¥BiV pony jnyaviioac8 Téxvors olkmips 6 alovg xoi a ro: aiSov narip rE gunag einds 5 lori elwoudv 0’ Rew, as 6 -MEDEIA [No passe em branco, Zeus, 0 autor dos males. Some ¢ desanuvia 0 meu espicto! MEDEIA Quem sofre mais? Sobeja 0 sofrimentot ccREON ‘Meus famulos te expulsacdo em breve. MEDEA Sé susceptvel, rei, ao meu pedido! cerron Parece que ofereces resistencia MEDEIA Me exilo, mesmo assim eu te suplico. Mas por que no te ausentas ¢ ainda insstes? MEDEA Deixa que eu permaneca um dia s6, a fim de organizar minha partida achar um jeito de manter meus flhos, que JasSo, pai indigno, deixa & mingus, A condigao de pai também te obriga a seres susceptivel. Tem pied ss roljot yp of pox gpovrig, «i geuEoupea, Kcivous B kha oungopé rexenyewous. Fxaore voip hig! pe supa procure manta edundincia gue, no orginal, decorte do prego de das palaras compass com thane yas ony = bose; yhawo. Conwolad ncssot ings imeonsequene” 2% pando de Media, despertada por Afi, ters evade sa var aso, a

You might also like