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Princípios

Básicos da

Por João Cruz
2
Princípios Básicos da Fé

Índice

Capítulos! Página

1. O Verbo! 05

2. Autoridade Religiosa! 21

3. Autoridade Religiosa 2! 43

4. O Maior Problema da Humanidade! 67

5. Discípulos! 93

3
4
O Verbo
Neste capítulo vamos nos prender, basicamente, ao texto
do evangelho de João 1:1-18. De dentro deste trecho vamos nos
esforçar para tirar todos os pensamentos do próprio autor do
texto. Para saber o que ele pensou, basta ler o que ele escreveu.
Por isso, então, não vamos usar idéias ou palavras que o autor
não mencionar. Vamos analisar parte por parte o texto do
evangelho. Pare constantemente para ler o texto incluso neste
estudo para esclarecer toda e qualquer dúvida. Quando usamos
somente palavras escritas pelo autor do texto, fica virtualmente
impossível tirarmos conclusões erradas.

Neste estudo prepare-se para ver e conhecer a Deus


melhor. Deixe de lado todo seu pré-conceito e deixe o texto do
evangelho lhe instruir. Leia com calma e se precisar, volte e leia
novamente. Faça perguntas e responda as que este estudo lhe
apresentar para tirar um melhor proveito da Palavra de Deus.

Desde o Princípio (João 1:1-5)

“1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o


Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele,
nada do que foi feito se fez.
4 A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz
resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra
ela.”

Observe o versículo um e responda, qual o assunto do autor


deste texto? Uma forma de entendermos qual o assunto de um
texto ou de uma conversa é observarmos as palavras que se
repetem, no caso do versículo um a palavra que se repete lá três
5
vezes é a palavra “Verbo”. Daqui para frente vamos continuar
falando sobre este assunto e só vamos mudar de assunto se o
autor mudar também. Em todo caso, vamos seguir o raciocínio
dele. Afinal de contas ele é quem escreveu inspirado pelo
Espírito Santo, ele está ensinando e nós aprendendo.

Agora que já identificamos que o assunto é sobre o Verbo,


precisamos saber quem é o Verbo? Ainda no versículo um
vemos uma parte da resposta: “... e o Verbo era Deus.” No
versículo três vemos mais informações sobre quem é o Verbo:
“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele,
nada do que foi feito se fez”. Todas as coisas foram feitas por
ele, isto é, pelo Verbo. Então a conclusão lógica deste versículo é
que Ele é o feitor de todas as coisas, isto é, o Criador.

No versículo quatro vemos que o Verbo tem mais duas


características: “A vida estava nele e a vida era a luz dos
homens”. 1 O Verbo é a vida e a luz. É claro que não estamos
falando de uma vida que se acaba. Exagerando, uma vida de
cem ou cento e cinqüenta anos. O autor está falando de uma
vida eterna, pois como vimos no versículo um e três Ele é Deus e
o Criador de todas as coisas. 2 Da mesma forma Ele não é como a
luz elétrica, uma luz fraca ou passageira, Ele é a luz espiritual.
Esta luz resplandeceu e as trevas não prevaleceram contra Ela
(v. 5).

Concluindo o que vimos até aqui, notamos que o Verbo é:

1. Deus
2. Criador
3. Vida
4. Luz

1 A ênfase do versículo é minha.


2 E sendo o criador de todas as coisas é também é o criador da vida na terra.
6
Mesmo que o Verbo seja tudo isso, estamos falando de um
só assunto, e Ele tem estas quatro características que notamos.
É como se falássemos de alguém que é simpático, bonito, rico,
etc. Várias características de uma só pessoa.

O Que Significa Verbo?

Já identificamos acima que o assunto do autor do


evangelho, o apóstolo João, é o Verbo. Porém, precisamos
entender melhor o que é “Verbo”. Alguns exemplos para que
possamos entender: Quando vamos à escola estudando a língua
portuguesa e aprendemos a conjugar verbos, não é mesmo?
Conjugando palavras, aprendemos a conjugar os verbos amar,
ser, estar, etc. Outro exemplo: O que é um contrato verbal?
Todos sabem que um contrato verbal não é um contrato escrito
e registrado, um contrato verbal é um contrato falado, é feito
por alguém que dá a sua palavra.

Na língua original em qual foi escrito o Novo Testamento


vemos que a palavra usada para Verbo é “logos”. Logos,
traduzido literalmente para o português, significa “palavra”.

Resumindo, “Verbo” significa “Palavra”. Então, fazendo


uma paráfrase simples do texto que lemos teríamos o seguinte
resultado: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com
Deus, e a Palavra era Deus. A Palavra estava no princípio com
Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio da Palavra, e,
sem a Palavra, nada do que foi feito se fez. A vida estava na
Palavra e a vida a luz dos homens” (João 1:1-4). 3

Isso significa que todas as coisas foram criadas pela


Palavra de Deus (João 1:3). Nos faz entender também que o
autor não está falando diretamente sobre Deus, ele está falando
sobre o Verbo de Deus, isto é, a Palavra falada por Deus. E é

3 A paráfrase é minha.
7
claro que a própria Palavra de Deus é o próprio Deus, como
vimos no versículo um.

Quando é o Principio?

“Ele [o Verbo] estava no princípio com Deus” (João 1:2).


Quando pensamos “no princípio”, a o que este pensamento nos
leva? O princípio, para o ser humano, é o começo de todas as
coisas, o começo da criação, o surgimento de vida na terra, etc.
Então, quando queremos saber onde está o relato do começo de
todas as coisas para onde vamos? Para o livro de Gênesis, não é
mesmo? Então verifique Gênesis 1:1: “No princípio, criou Deus
os céus e a terra”. Interessante que o apóstolo João e Moisés,
autor dos cinco primeiros livros da Bíblia, escreveram a mesma
frase começando os seus escritos, “no princípio”. De fato, eles
estavam falando do mesmo tempo, o início da vida na terra.

Olhando novamente para João 1:3, vemos: “Todas as


coisas foram feitas por intermédio da Palavra, e, sem a Palavra,
nada do que foi feito se fez”. 4 Faça agora uma comparação com
Gênesis 1:3: “Disse Deus: Haja luz; e houve luz”. O que Deus
usou para fazer, por exemplo, a luz? Deus usou a Sua Palavra. E
se você continuar lendo o relato de Gênesis você vai notar que
“Todas as coisas foram feitas por intermédio da Palavra...”.
Deus não colocou a mão em nada para fazer as coisas, Ele
simplesmente falou e fez tudo por intermédio unicamente da
sua palavra.

O Testemunho de João (João 1:6-9)

“6 Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João.


7 Este veio como testemunha para que testificasse a
respeito da luz, a fim de todos virem a crer por
intermédio dele.

4 A paráfrase é minha.
8
8 Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz,
9 a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a
todo homem”.

Aparece na continuação da leitura um novo personagem, o


seu nome é João. João foi um homem enviado por Deus para
testificar a respeito da luz. João era uma testemunha da luz.
Uma testemunha é alguém enviado para falar a verdade e que
conhece ou que pode identificar alguém. Neste caso João podia
identificar quem era a luz. João mesmo não era a luz, ele era
apenas uma testemunha da luz. Se João não era a luz, quem era
a luz? Vimos anteriormente que a luz era o Verbo, isto é, a
Palavra falada por Deus (João 1:4). João não veio se
engrandecer e pregar a si mesmo.

João veio falar de uma luz verdadeira. Esta luz não era fraca,
enganosa, ou passageira. Era “a verdadeira luz”. Esta luz, vinda
ao mundo, ilumina a todo homem. Mas vamos pensar um pouco
sobre isso. Qual situação estava o mundo antes da luz chegar ao
mundo? Por exemplo, se você chega em casa depois das dez
horas da noite, você vai encontrar tudo apagado, certo? Qual a
primeira coisa que você faz depois de abrir a porta? Você
precisa acender a luz, caso contrario você vai tropeçar nos
objetos que você não consegue enxergar no escuro. O mundo
estava em trevas e a luz precisou vir para iluminar a todo ser
humano. Já mencionamos que esta luz é uma luz espiritual, não
uma luz física.

Recebendo a Luz (João 1:10-11)

“10 O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio


dele, mas o mundo não o conheceu.
11 veio para o que era seu, e os seus não o receberam.”

Veja o que relata versículo 10: “O Verbo estava no mundo, o


mundo foi feito por intermédio dele...” praticamente já

9
conhecemos estas informações anteriormente nos versículos
três e nove. Só confirma o que vimos até agora. Porém, agora
que o Verbo estava no mundo, vemos também a reação que o
mundo teve ao ter contato com o Verbo de Deus: “... mas o
mundo não o conheceu”. O mundo não conheceu o Verbo de
Deus. Se o Verbo de Deus é luz e o mundo não o conheceu, onde
permaneceu o mundo? Se existe uma pessoa tão distante no
interior do país que nunca ouviu falar sobre luz elétrica, quando
anoitece ela fica no escuro. Se esta pessoa não conhece luz
elétrica, ela nunca vai saber que tem direito a ela. Vai ficar no
escuro e não vai reclamar.

O Verbo “veio para o que era seu”. Todos que nascem neste
mundo nascem num país. Ninguém é uma pessoa sem pátria.
Neste caso o Verbo veio como luz para este mundo, mas
iluminou, inicialmente, um país específico. Porém, o que o seu
povo fez com Ele? O seu povo não o recebeu. Eles o
conheceram, ao contrário do mundo, mas não o receberam. É
como se existisse uma pessoa que mora numa grande cidade,
um vizinho seu, por exemplo, ele conhece a luz elétrica, mas não
deixa ninguém convencê-lo de que precisa de luz. Se a luz,
mesmo que ele a conheça, não for recebida na sua casa, quando
anoitece, onde ele permanece? Ele permanece no escuro e vai
viver convencido de que não precisa da luz. Talvez ele não
queira dar o braço a torcer e reconhecer os benefícios que a luz
traz.

O Verbo é a Luz vinda de Deus, uma luz espiritual. O mundo


não conhece o Verbo de Deus como luz então permaneceu em
trevas. Os judeus o conheceram, mas não o receberam, da
mesma forma permaneceram em trevas. Então, aquele que não
conhece ou não recebe a Luz permanece em trevas.

O Que Fazer Para Sair das Trevas (João 1:12-13)

10
“12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu
nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem, mas de Deus”.

Vimos que o mundo não o conheceu e por isso


permaneceu em trevas e que os judeus o conheceram, mas não o
receberam, por isso, da mesma forma, permaneceram em trevas
(João 1:10-11). Mas esta não precisa ser a nossa história. Não
precisamos ficar em trevas, precisamos, antes, sair das trevas.
Mas, como sair das trevas?

Vemos nestes dois versículos acima que ao contrário do


mundo e dos judeus, um grupo menor, “todos quantos o
receberam...”, isto é, receberam a luz para sair das trevas, “...
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus...”. A primeira
coisa que as pessoas precisam fazer é receber a luz para sair das
trevas. Recebendo a luz, ganha-se o poder de ser feito filho de
Deus. Será que todo mundo é filho de Deus? Geralmente as
pessoas gostam de reclamar os seus direitos com esta frase:
“Mas eu também sou filho de Deus!”. Será mesmo que todos são
filhos de Deus? Para nos ajudar a pensar vamos considerar o
seguinte: Um cachorro é filho de Deus? Quando um cachorro
morre, para onde ele vai? Um cachorro é filho de Deus ou
criatura de Deus? Sim, Deus criou o cachorro, mas ele não é
filho de Deus. E uma árvore, uma árvore é filho de Deus ou
criatura de Deus? Tanto uma árvore quanto um cachorro são
criaturas de Deus, estas e outras criações de Deus não têm alma,
quando morrem acabou. As criaturas de Deus não podem
“serem feitos filho de Deus”. E o ser humano, é filho de Deus ou
criatura de Deus? Inicialmente o ser humano é criatura de
Deus, Deus o criou, mas ao contrario do cachorro da árvore e as
demais criaturas de Deus, o ser humano foi feito à imagem e

11
semelhança de Deus, 5 pode receber a luz e ganhar o poder de
ser feito filho de Deus. Então, o primeiro passo para sair das
trevas é receber a luz. Lógico, não é?

O versículo 12 ainda ensina mais sobre o que fazer para


sair das trevas. Diz também: “... a saber, aos que crêem no seu
nome”. Para sair das trevas precisa receber a luz e crer no seu
nome. Mas qual é o nome em que devemos crer? Até aqui que
nome encontramos no texto que lemos. Vamos relacionar todos:
Verbo, Deus, Criador, Luz, Vida, João. 6 Quais destas palavras
mencionadas é um nome próprio? Ah! Então, é no nome de
João que devemos crer, ele é a luz que vinda ao mundo ilumina
a todo homem? Não, não é João, porque “Ele não era a luz, veio
para que testificasse da luz” (João 1:8). Bem, até agora não
encontramos o nome no qual devemos crer. Por isso vamos
continuar lendo para ver qual é este nome. Até o final do texto o
autor vai nos apresentar este nome.

Até agora, nestes dois últimos versículos, vimos que


precisamos receber a luz e crer numa coisa especifica, seu nome.
Porém, aquelas pessoas que o receberam e creram, foram “os
quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus” (João 1:13). Isto significa
que nascer do sangue da sua família, ou mesmo nascer de um
sangue nobre não faz de você filho de Deus. Nascer da vontade
da carne não faz de você um filho de Deus e por maior que fosse
o desejo dos seus pais de ter um filho, isto não faz de você um
filho de Deus. Veja o versículo 13 para descobrir que tipo de
nascimento precisamos ter para sermos feitos filhos de Deus.
Bem, se você já leu deve ter visto que precisamos nascer da
vontade de Deus para sair das trevas e sermos feitos filhos de
Deus.

5 Gn 1:26
6Verbo, Deus, Criador, Vida e Luz não são nomes próprios, isto é, nome de uma
pessoa que esteve neste mundo.
12
Resumindo estes dois versículos vemos o que precisamos
fazer para sair das trevas e ser feitos filhos de Deus:

1. Receber a Luz.
2. Crer no Seu Nome.
3. Nascer da Vontade de Deus.

O Verbo se Transforma

“14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e


de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito
do Pai”.

Você lembra o significado de “Verbo”? Verbo significa


“Palavra”. Veja agora o que o versículo 14 relata sobre o que
aconteceu com a Palavra. Novamente fazendo uma paráfrase
simples, teríamos o seguinte: “E a Palavra se transformou num
homem e habitou na terra entre nós, cheio de graça e de
verdade, e vimos a sua glória, glória como a do filho único de
Deus”. Isto mesmo! A palavra de Deus se transformou num ser
humano, num homem! A Palavra de Deus encarnou-se num
homem cheio de graça e de verdade. Este homem tinha uma
glória diferente. A glória dele era como do filho único
(unigênito) de Deus. Sim, Deus tem apenas um único filho. Mas
nós também podemos ser feitos filhos de Deus, você lembra
como? Recebendo o Verbo como Luz, crendo no seu Nome e
nascendo da vontade de Deus. Ele realmente nasceu da vontade
de Deus e, da mesma forma, se quisermos ser feitos filhos de
Deus precisam nascer da vontade de Deus.

Quem Tem o Primeiro Lugar na Sua Vida?

“15 João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de


quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a
primazia, porquanto já existia antes de mim.

13
16 porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça
sobre graça.

João, aquele que já tinha aparecido no versículo seis,


continua dando testemunho a respeito da Palavra de Deus que
se fez carne. Lendo o versículo quinze é como se víssemos João
olhando o Verbo encarnado passar pela rua e exclamasse: “...Ele
nasceu depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já
existia antes de mim”. Para João o Verbo de Deus tinha a
primazia, isto é, o primeiro lugar em sua vida. Quem tem o
primeiro lugar na sua vida? Como gostaríamos de não sermos
contrariados por nossa própria consciência e dizer sem
pestanejar que Deus ou o Verbo de Deus têm o primeiro lugar
em nossas vidas. Mas na prática muitas vezes colocamos a
família, a saúde, o emprego, o dinheiro, os filhos, os bens, e até
mesmo nossas crenças e religião, em primeiro lugar. O que
precisamos ter é bons motivos para nos lembrar por que o
Verbo tem que ter o primeiro lugar em nossas vidas.

João apresenta alguns motivos porque o Verbo tem que


ter o primeiro lugar na vida dele. Da mesma forma, estes
motivos são o suficiente para as nossas vidas também. João diz:
Ele já existia (João 1:15). João sabia que Ele sempre existiu e
estava no princípio com Deus. João continua dizendo o que
recebemos DELE: “Porque todos nós temos recebido da sua
plenitude e graça sobre graça” (João 1:16). O Verbo de Deus é o
único nesta vida que nos dá plenitude. Receber plenitude é o
equivalente a ser satisfeito. Veja aquelas coisas ou pessoas que
muitas vezes tomam o primeiro lugar em nossas vidas. Elas não
nos satisfazem! Como é bom ter uma família, mas muitas vezes
a família também traz problemas e sofrimento. Como é bom ter
saúde, mas mesmo saudáveis ainda assim morremos. Como é
bom ter emprego, dinheiro, bens matérias, mas todas estas
coisas não nos satisfazem. Conta uma ilustração que um homem
rico, o mais rico do mundo em sua época, e moribundo que jazia
em seu leito de morte e foi perguntado o que mais ele gostaria

14
de ter nesta vida. A resposta dele foi: “Mais dinheiro”. Dinheiro
não satisfaz, drogas não satisfazem, amigos, sexo, etc. Somente
o Verbo de Deus é quem nos dá satisfação. E não é só, o Verbo
de Deus ainda nos dá graça, mas não é uma graça comum, é
graça sobre graça. Se você colocar um número sobre outro e
fizer uma soma matemática você fica sabendo facilmente o
resultado, mas some graça sobre graça. Como conseguir o
resultado somando palavras? O resultado é incrivelmente maior
do que a gente consegue somando números.

Seu Nome e Sua Importância

“17 Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a


verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
18 Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no
seio do Pai, é quem o revelou”.

Neste ponto o apóstolo João nos faz novas revelações,


nos apresenta dois personagens novos ao texto que lemos. Mas
antes de falarmos sobre eles gostaria que você fizesse uma
escolha: Graça e Verdade ou Lei, qual você escolhe? E, antes de
continuarmos, responda mais uma pergunta: Você é seguidor de
Moisés ou de Jesus Cristo? Mesmo que você não conheça
Moisés, você já ouvir falar de Jesus Cristo. Se você escolheu a
graça e verdade, você escolheu seguir Jesus Cristo, mas se você
escolheu a Lei (Velho Testamento), você escolheu ser seguidor
de Moisés.

Agora também olhemos para este segundo nome citado


no versículo 17: Jesus Cristo. Ele deu a graça e a verdade, este é
o nome que devemos crer. Fazendo, também, uma recapitulação
rápida concluímos que Jesus é o Verbo de Deus, Ele é o próprio
Deus, Ele é o Criador, a Vida e a Luz. Jesus veio como Luz para
este mundo, mas o mundo não o conheceu, foi como Luz para
os judeus, mas os judeus, que o conheceram, não o quiseram
receber, então, tanto o mundo quanto os judeus permaneceram

15
em trevas, mas a todos quantos receberam Jesus como luz,
creram no seu nome e nasceram da vontade de Deus, saíram
das trevas e ganharam o poder de serem feitos filhos de Deus.
Jesus é a Palavra de Deus que se transformou num ser humano
e esteve aqui na terra, Jesus é quem tem que ter o primeiro
lugar em nossas vidas porque Ele já existia, nos dá satisfação
nesta vida e na vida porvir, Ele nos dá graça sobre graça e
verdade.

Agora sim que, já entendemos de uma vez por todas de


quem estávamos lendo no evangelho de João, podemos
continuar. Você já notou que no versículo 17 há uma
comparação entre Jesus e Moisés? Por que o apóstolo João
escrevendo, fez esta comparação? Quem era mais importante
naquela época? Jesus conheceu um homem que nasceu cego e o
curou. As pessoas que o viram curado o levaram aos fariseus
(lideres religiosos dos judeus) e eles o questionaram uma vez
sobre como e quem o curou. Ele lhes respondeu o que sabia,
porque nem sequer tinha visto a Jesus. Chamaram, então, os
pais daquele rapaz e perguntaram se era mesmo o filho deles e
se realmente tinha nascido cego, os seus pais confirmaram e
disseram: “Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego;
mas não sabemos como vê agora; ou quem lhe abriu os olhos
também não sabemos. Perguntai a ele, idade tem; falará de si
mesmo” (Jo 9:20-21). Eles tinham medo dos fariseus que
tinham decidido que se alguém confessasse ser Jesus o Cristo,
seria expulso da sinagoga. Veja o que João 9:24-28 diz: “Então,
chamaram, pela segunda vez, o homem que fora cego e lhe
disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é
pecador. Ele retrucou: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu
era cego e agora vejo. Perguntaram-lhe, pois: Que te fez ele?
Como te abriu os olhos? Ele lhes respondeu: Já vo-lo disse, e
não atendestes; por que quereis ouvir outra vez? Porventura,
quereis vós também tornar-vos seus discípulos? Então, o
injuriaram e lhe disseram: Discípulo dele és tu; mas nós somos
discípulos de Moisés”. Notou o que os fariseus disseram sobre

16
de quem eles eram discípulos? E você, é discípulo de Jesus ou
de Moisés? Discípulos de Moisés seguem a Lei, isto é, o Velho
Testamento. Discípulos de Jesus seguem a Jesus e nós o
encontramos no Novo Testamento.

Se você é seguidor de Moisés ou se é devoto de algum


santo ou obedece cegamente ao que o pastor disse, pense neles e
releia o versículo 18: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus
unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”. Nem
Moisés, nem o santo mais famoso desta terra, nem Maria a mãe
de Jesus, nem um pastor qualquer jamais viu a Deus. Somente
Jesus, o filho único de Deus (sendo Ele mesmo também Deus e
tendo sido enviado por Deus), é quem o viu e o revelou a todos
nós.

Se você quer chegar até o céu e um dia ver a Deus, quem


você deve procurar? Moisés vai te ajudar? Maria, um santo ou
um pastor famoso? Não, nenhum deles pode te ajudar. Mas
quem pode te ajudar também respondeu para Tomé e os
discípulos: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). E quem conhece Jesus,
conhece a Deus, pois Eles são unidos, Eles são um: “Se vós me
tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde
agora o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há
tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem
me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João
14:7-9). Quem de nós não gostaria de olhar diretamente para o
rosto de Deus? Se você realmente tem este desejo, olhe para
Jesus. Jesus é a Palavra de Deus (O Verbo), então quando
estamos lendo o Novo Testamento estamos olhando para o
rosto de Jesus e por Ele estaremos vendo Deus. Você não vai ver
uma pintura, uma fotografia ou um desenho sobre Jesus, você
vai ver um retrato falado e vai reproduzi-lo em sua vida. Jesus é
a própria imagem de Deus.

17
7 Por tudo isso que vimos acima, até mesmo a oração deve sempre
nome de Jesus.

Resumindo os versículos quinze até o dezoito, vimos que


Jesus tem que ter o primeiro lugar em nossas vidas porque:

1. Ele já existia (v. 15).


2. Ele nos dá plenitude (satisfação v. 16).
3. Ele nos dá graça sobre graça (v. 16).
4. Ele nos dá graça e verdade (v. 17).
5. Ele nos revela quem é Deus (v. 18).

Conclusão:

Neste capítulo conhecemos mais sobre Jesus, mas


também conhecemos a Deus. Jesus é a própria imagem de
Deus, e por intermédio de Jesus todas as coisas foram criadas.
Se Jesus não existisse, nada existiria. Jesus é a própria Vida
eterna e a Luz que ilumina o caminho da nossa alma. Jesus é
Deus que veio em carne para nos resgatar do pecado, Ele é o
único filho de Deus. Se quisermos ser feitos filhos de Deus
precisamos receber Jesus como Luz, crer no seu nome e nascer
da vontade de Deus. Ele dá satisfação para a nossa vida agora e
eterna. Ninguém pode nos revelar a Deus, Jesus pode! Ninguém
pode te levar para conversar com Deus, Jesus pode! Deus não
pode te ouvir se você não conhecer o Seu Filho. Leia mais os
evangelhos para conhecer Jesus melhor. Ele quer que você
conheça a Deus melhor.

Por que é tão importante conhecer Jesus e deixar Ele nos


levar até Deus antes de qualquer coisa? Porque Jesus quando
voltar vai voltar para tomar vingança contra os que não
conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho:
“e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco,

7 Por tudo isso que vimos acima, até mesmo a oração deve sempre ser feita em nome de Jesus para chegar até Deus (João 14:13-14). Você não

2 Co 4:4; Cl 1:15
18
quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do
seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que
não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao
evangelho de nosso Senhor Jesus” (2 Ts 1:7,8). Precisamos
conhecer a Jesus para Ele nos apresentar a Deus e nos preparar
para obedecer ao Evangelho.

19
20
Autoridade
Religiosa
Introdução:

Autoridade é aquilo que todos aceitam e respeitam. Por


exemplo, na medida. Quantos centímetros têm um metro?
Todos aceitam que um metro tem cem centímetros. Olhe para
uma folha sulfite, quantos centímetros você acha que tem de
alto a baixo? Cada pessoa pode dar a opinião que quiser sobre a
medida de uma folha sulfite, até podem começar a discutir
achando que está com a razão, porém o que vai colocar um
ponto final decisivo numa discussão sobre medidas é uma
régua. Daí, então, ninguém mais discute, pois vai discutir com a
régua?

O mesmo quanto ao dinheiro. Quantos centavos são


necessários para fazer um real? Todo o país aceita que 100
centavos fazem um real. Não há nenhum Estado da União que
pense que 90 centavos podem ser equivalentes a 1 real. Esta é a
regra da economia, e ninguém discute este valor.

Vamos pensar um pouco mais sobre autoridade. Quem é


a autoridade em casa? O pai e na falta deste a mãe, não é? Quem
é a autoridade na sala de aula? É lógico que é o professor! E
quem é a autoridade na rua? Os policiais! E no país, quem é a
nossa maior autoridade? O presidente, certo? E na igreja, quem
é a autoridade? O pastor. Bem, todas estas respostas estão
parcialmente certas. Na verdade nenhuma destas pessoas é a
autoridade. Veja bem, se o pai é a autoridade em casa, então ele
pode fazer o que bem quiser com seus filhos e esposa, certo?

21
Errado, ele não pode agir como quiser com seus filhos. Não
pode espanca-los e maltratar a esposa. E o professor, se ele é a
autoridade então ele pode ensinar o que bem entender, não é?
Não, o professor não está acima do conhecimento o do próprio
livro que todos os alunos usam. Da mesma forma os policiais
não podem agir como bem quiserem porque eles também não
são a autoridade. E o presidente não pode fazer tantas leis
quantas quiser. Todos estes citados acima estão debaixo da
autoridade. Eles podem estar investidos de autoridade, mas não
são autoridades. O presidente precisa cumprir a constituição
para ter o direito de estar presidindo, o policial na rua também
tem que obedecer ao código civil e até mesmo os pais têm leis
superiores a eles mesmos. Sendo assim, da mesma forma que
todos estes anteriores, o pastor não é a autoridade na igreja, ele
deve estar debaixo da obediência da palavra de Deus, esta é a
autoridade na igreja. Por isso os pastores têm que ter
qualificações bíblicas para exercerem o episcopado (1 Tm 3:1-7).

Todos precisamos aceitar a Bíblia como única autoridade


de fé, se não, estamos correndo risco de aceitar qualquer outra
pregação. O objetivo deste capítulo é colocar a Bíblia como a
única autoridade religiosa.

Para você, a Bíblia tem toda autoridade?

Como Foi Que o Velho Testamento Chegou Até Nós?

Deus Falou... (Hb 1:1,2)

“1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas


maneiras, aos pais, pelos profetas.”

O Velho Testamento chegou até nós com a iniciativa de


Deus. Deus começou falando e relatou como todas as coisas
aconteceram: a criação, os patriarcas, a Lei, os profetas e os
Salmos. Deus não falou tudo de uma só vez, Ele falou muitas

22
vezes e de muitas maneiras. As palavras de Deus foram
inicialmente dirigidas aos antepassados, isto é, aos judeus. Para
falar aos antepassados judeus, Deus falou pelos profetas.

Os profetas foram homens comuns. Muitos deles foram


pastores de ovelhas, de gado, reis, subordinados de reis,
conselheiros de reis e sacerdotes, homens ricos e homens
pobres. As maiorias deles não se conheceram, mas produziram
uma obra divina. Mas os escritores eram homens, não eram?
Sim, eles eram homens e eram homens comuns, isto é, sujeitos
a todos os sentimentos e erros humanos. Sendo homens
comuns, não é possível que tenham errado, inventado uma
história e dito que era da parte de Deus? Será que não
exageraram em alguns relatos? Bem, com um olhar frio sobre as
Escrituras de fato podemos admitir que esta é uma
possibilidade. Porém com um olhar mais criterioso há
evidências dentro e fora das páginas do Velho Testamento que
confirmam os seus relatos, até mesmo os que pareçam mais
absurdos. Em todo caso Deus espera que acreditemos na
Palavra não por causa de provas, mas pela fé (2 Co 5:7). E ainda
mais, você acredita que se deixar de ler estas palavras elas vão
começar a emitir uma voz por si mesmas? Da mesma forma
aconteceu com os profetas.

Os profetas não agiram sozinhos. Veja o que o apóstolo


Pedro diz sobre as Escrituras e os profetas: “sabendo,
primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura
provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer
profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens
santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito
Santo” (2 Pe 1:20,21). Analise estes versículos enquanto vai
respondendo a estas perguntas: 1) Qual a primeira coisa que
precisamos saber sobre as Escrituras? 2) Quem eram os
profetas? 3) Como eles produziram a Palavra de Deus? E as
respostas nos conduzem para entender e confiar nas Escrituras
do Velho Testamento. Os profetas eram homens comuns, mas

23
Deus os tomou em suas mãos, e todo aquele que Deus toma em
suas mãos Ele os santifica antes de usa-los. 1 Vemos também
nestes dois versículos que nenhuma profecia das Escrituras são
de um particular e sua interpretação. 2 O homem sozinho não
pode produzir a obra de Deus, o homem natural está
preocupado em fazer segundo os seus próprios interesses e
segundo a sua avareza vai comercializar a fé, assim como
também aconteceu no Velho Testamento (2 Pe 2:1-3). Porém, os
profetas do Velho Testamento foram movidos pelo Espírito
Santo e por isso produziram as profecias vindas de Deus.

Como o Novo Testamento Chegou Até Nós?

“nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu


herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o
universo” (Hb 1:2).

Confirmando o que vimos no capítulo anterior, por


intermédio de Jesus, seu Filho, Deus fez todo o universo. E
nestes últimos dias Jesus foi enviado à Terra para nos falar a
Palavra de Deus. Jesus mesmo confirma com sua oração:
“Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo.
Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua
palavra” (Jo 17:6). Jesus pessoalmente transmitiu as palavras
do Novo Testamento durante o seu ministério. Eles, os
apóstolos e discípulos escreveram, como os profetas no Velho
Testamento escreveram as Palavras de Deus, tudo o que Jesus

1 A vontade de Deus para as nossas vidas na Terra é santificação (1 Ts 4:3; 1 Pe


1:16)
2O Velho Testamento está cheio de regras sobre as profecias. Ninguém poderia
contar uma profecia e sair impune se ela não acontecesse. Os profetas mentirosos
deveriam ser mortos, segundo a Lei (Dt 18-20-22). Até mesmo quando um profeta
dizia e acontecia segundo as suas palavras todos deveriam ter atenção para que ele
não os desviasse (Dt 13:1-5).
24
ensinou. Jesus falou pelo Espírito Santo, Ele não falou nada de
si mesmo. 3

Depois do seu ministério terreno, Jesus foi recebido nos


céus e os apóstolos e discípulos foram inspirados pelo Espírito
Santo para escreverem tudo o que é necessário para uma pessoa
ser salva. Jesus lhes prometeu o Espírito Santo para os
consolar. Vejamos duas passagens bem esclarecedoras sobre
isso:

“Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador,


o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos
tenho dito” (Jo 14:25-26).

A primeira coisa que precisamos identificar neste texto


para melhor compreende-lo é: Com quem Jesus estava falando?
Uma vez compreendido isto, veremos também a obra completa
do Espírito Santo. Jesus estava falando com você? Estava
falando comigo ou com alguém de hoje em dia? Não! Jesus
estava falando com os seus apóstolos e discípulos. Observe o
contexto da passagem. 4

Enquanto Jesus estava com os seus apóstolos Ele lhes


ensinava, porém, quando fosse embora o Consolador, o Espírito

3Jesus recebeu o Espírito Santo no batismo de João, foi guiado ao deserto pelo
Espírito e retornou das tentação cheio do Espírito Santo (Lc 3:21-22; 4:1-22).
4 Contexto é o que vem antes e depois da passagem que lemos. Por exemplo: quando
você recebe uma carta como você procede antes de ler? A primeira coisa que você
faz é ler o envelope para saber de onde vem e para quem é dirigida. Se a carta é para
você, você pode abrir e ler. Quando você começa ler qual parte da carta que você lê?
Do começo ao fim, não é? Você não lê só o começo ou somente o meio ou o fim da
carta. Você lê do começo ao fim. Ai você vai saber o contexto da carta. Para melhor
definir o contexto e compreender a carta você precisa ter algumas informações sobre
quem enviou, por que enviou e para quem enviou. Assim também ao ler um livro da
Bíblia, precisamos definir o contexto. Quem escreveu, quando escreveu (data), para
quem escreveu, por que escreveu e o que escreveu.
25
Santo, que seria enviado em seu nome, lhes ensinaria todas as
coisas, até coisas que Jesus não tinha ensinado ainda. Vamos
parar um pouco e pensar sobre isso através de perguntas:
Quantas coisas o Espírito Santo lhes ensinaria? As palavras de
Jesus são bem claras. O Espírito Santo lhes ensinaria todas as
coisas. E quando foram ensinados sobre todas as coisas, eles as
escreveram. Será que resta ainda alguma coisa que o Espírito
Santo não lhes ensinou? Pensar assim é duvidar do Espírito
Santo de Deus! Acredito que se a Palavra de Deus é sua
autoridade religiosa, e se você acredita que ela foi inspirada pelo
Espírito Santo de Deus, você não deve acreditar que o Espírito
Santo tenha deixado algo de lado ou esquecido. Sendo que o
Espírito não esqueceu nada, não há mais nenhuma inspiração
para nos ensinar alguma coisa que não tenha sido ensinada pelo
Espírito aos apóstolos e discípulos de Jesus, e eles escreveram
no Novo Testamento.

Continuemos a ler o versículo 26 para vermos mais


informações a este respeito. O Espírito, segundo a promessa de
Jesus, os faria lembrar de todas as coisas que ele lhes disse. O
interessante é que o Novo Testamento começou a ser escrito
cerca de 30 a 60 anos depois da morte de Jesus. Como eles
poderiam lembrar de coisas que aconteceram há tanto tempo
atrás? Façamos um teste simples. Que dia é hoje da semana. Me
diga, o que você comeu ou vestiu há uma semana? Tem que
pensar um pouco não é? Porém os apóstolos e discípulos foram
inspirados pelo Espírito para lembrarem e escrever sobre tudo o
que Jesus lhes ensinou. Será que o Espírito esqueceu de lhes
lembrar alguma coisa? Não, não tem como pensar isso. Então,
temos no Novo Testamento escrito e inspirado pelo Espírito
toda todo ensinamento e tudo o que Jesus ensinou e é
importante para a nossa salvação. Veja ainda que o apóstolo
João registrou outra passagem muito semelhante a esta de
Jesus pessoalmente:

26
“Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis
suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele
vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo,
mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que
hão de vir” (Jo 16:12,13).

Jesus ainda está falando com seus apóstolos e discípulos.


Lembre-se do contexto da passagem que lemos agora. Jesus
tinha muito que lhes dizer, mas por que Ele não aproveitou este
momento tão singular para lhes dizer tudo o que tinha pra
dizer? Jesus mesmo responde: “... mas vós não o podeis
suportar agora...” Os apóstolos e discípulos ainda não estavam
prontos para ouvir tudo o que Jesus tinha para lhes ensinar, por
isso viria o Espírito Santo e lhes ensinaria tudo. Porém Jesus
estava preparando a vinda do Espírito da verdade e assim Ele
lhes disse: “...quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos
guiará a toda a verdade...” O Espírito da verdade guiou os
apóstolos e discípulos de Jesus a quanta verdade? Eles foram
guiados a toda a verdade e a escreveram no Novo Testamento.
Será que o Espírito esqueceu de lhes ensinar alguma verdade?
Não! Temos no Novo Testamento toda verdade revelada pela
inspiração do Espírito Santo aos apóstolos e discípulos de Jesus.
Não precisamos de outros livros, de sonhos, revelações, visões,
ou profecias novas. Quem acredita que precisamos de
inspiração nova está duvidando que o Espírito da verdade os
guiou a toda verdade, e eles escreveram.
Jesus continua ainda: “...porque não falará por si mesmo,
mas dirá tudo o que tiver ouvido...” O Espírito de Deus não veio
por conta própria e inventando doutrinas para nós. Ele veio em
nome de Jesus enviado por Deus. O Espírito disse tudo o que
ouviu da parte de Deus. Ele inspirou os apóstolos e discípulos
de Jesus e eles escreveram tudo o que o Espírito ouviu e lhes
disse. Será que o Espírito esqueceu de dizer alguma coisa que
ouviu? Se tivesse esquecido não seria o Espírito de Deus! Se o
Espírito disse tudo o que ouviu e os apóstolos e discípulos
escreveram, será que ainda resta alguma nova verdade ou

27
inspiração, além do que foi inspirado e escrito no Novo
Testamento? Se acreditarmos que ainda vamos ser inspirados
hoje sobre alguma verdade que não esteja escrita no Novo
Testamento, então estamos duvidando do trabalho de infalível
Espírito Santo de Deus. Estamos duvidando das palavras de
Jesus e do próprio Deus que o enviou aos apóstolos e discípulos.

Jesus ainda disse que o Espírito viria aos apóstolos e


discípulos para lhes anunciar “as coisas que hão de vir”. O
Espírito Santo os inspirou para escreverem inclusive sobre o
futuro. Se você quer saber sobre o futuro, procure ler o Novo
Testamento, lá tem tudo o que necessitamos saber sobre o
futuro. Mas o que Deus quer que saibamos sobre o futuro?
Jesus, no seu ensinamento diz que não devemos nos preocupar
com as três coisas mais importantes e imediatas para a
sobrevivência: comida, água e roupa. Considere estes três tili,
quem pode viver sem comer, sem água ou nu? E mesmo que
estas três coisas sejam as mais importantes para a manutenção
da vida do ser humano, Jesus ensina: “Não andeis ansiosos pela
vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo
vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais
do que o alimento, e o corpo, mais do que as vetes?” (Mt 6:25).
Jesus nos dá algumas ilustrações para nos convencer de vez: as
aves do céu e os lírios do campo. Estas criaturas de Deus não
fazem esforço para se alimentarem e viverem todos os dias, mas
Deus as alimenta e as veste todos os dias. Ficar preocupados
com estas coisas, mesmo que importantes e imediatas, mostra
nossa pequenez de fé, porque são as pessoas sem Deus que se
preocupam com tudo isso (Mt 6:32). Pelo contrario, Jesus
ensina que quem confia em Deus deve ter uma única
preocupação: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a
sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt
6:33). Ficar preocupado ou procurando o futuro, mesmo que
por inspiração divina, mostra que não acreditamos na bondade
do Senhor que cuida de nós mais do que dos passarinhos ou as
flores do campo. Jesus ainda concluí dizendo o seguinte para

28
quem se preocupa com o dia de amanhã: “Portanto, não vos
inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus
cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6:34).

Pense um pouco sobre isso: o Velho Testamento foi


concluído com os escritos de Malaquias. Depois de Malaquias,
houve um período de silêncio por quatrocentos anos até a vinda
de João Batista que anunciava a chegada do Messias e a
proximidade do reino de Deus. Se um judeu quisesse saber qual
a vontade de Deus neste período de silêncio quatrocentos anos,
onde ele iria buscar orientação? Com certeza a sua primeira
referência era a Lei de Moisés, isto é, os cinco primeiros livros
escritos da Bíblia por Moisés, os profetas e os Salmos. 5 Onde
estava o Espírito Santo que não inspirou ninguém nestes
quatrocentos anos, onde estava Deus? Com certeza este período
foi preparatório para a vinda do Messias, mas também
demonstra que Deus pode agir assim se quiser. Hoje o Novo
Testamento nos ensina que estamos vivendo nos últimos dias
(Hb 1:2), e sendo que estamos vivendo nos últimos dias, nada
mais sucederá depois do Novo Testamento completamente
inspirado pelo Espírito Santo. Sobre os últimos dias vamos
destacar e esclarecer mais este assunto no capitulo 9.

Hoje se quisermos compreender, inclusive mistérios,


devemos seguir o que Paulo ensina aos efésios: “pelo que,
quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do
mistério de Cristo” (Ef 3:4). Leitura é a chave para a
compreensão de toda a Palavra de Deus. Jesus lia as Escrituras
e isto era um costume na sua vida, façamos o mesmo se
quisermos ser cada vez mais parecidos com Jesus, nosso
Mestre.

A Relação Entre o Velho e o Novo Testamento

5Jesus faz esta divisão resumida do Velho Testamento (Lc 24:44,45). Os judeus
acreditavam ter nas Escrituras (Velho Testamento) a salvação e todo o Velho
Testamento aponta para Jesus (Jo 5:39).
29
Até aqui já vimos como o Velho Testamento e o Novo
chegaram até nós hoje. Porém, por que a necessidade de dois
Testamentos? Se um Testamento já contém tantas leis, por que
foi necessário Deus inspirar um Novo Testamento? É de suma
importância entendermos por que existem dois Testamentos e
saber a relação entre o Velho e o Novo. Mas antes de
começarmos, vamos renovar aquela escolha feita
anteriormente. Qual você escolhe: graça e verdade ou Lei? Hoje
a maioria das pessoas sabe que vivemos debaixo da graça, mas
muitos dos mesmos que vivem debaixo da graça insistem em
viver tanto debaixo da graça quanto da Lei. Obedecem somente
a algumas partes da Lei e ignoram outras. Vamos tentar
compreender o que a Palavra inspirada nos ensina.

Proteção e Prisão

“Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela
encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-
se” (Gl 3:23).

Paulo, o escritor da carta aos gálatas desenha aqui um


quadro verbal sobre a fé. Ele destaca um tempo em qual a fé
ainda não tinha chegado. Os judeus, neste tempo antes que
viesse a fé, estavam sob a tutela da lei. Se uma criança perde os
pais, um parente ou responsável pode pegar a tutela da criança.
Tutela é a guarda, a responsabilidade o encargo dado a alguém
para cuidar da pessoa e dos bens de um menor. Os judeus
estavam guardados, protegidos pela lei, isto é, pelo Velho
Testamento. Também estavam encerrados debaixo da lei. Paulo
encerrava os discípulos de Jesus no cárcere (At 8:3). Estar
encerrado é estar preso. Esta era a condição dos judeus debaixo
da lei, ao mesmo que a lei os protegia, os aprisionava. E por que
estavam nesta condição? O próprio texto é o melhor interprete
de si mesmo, e o texto responde: “...para essa fé que de futuro
haveria de revelar-se”. Eles estavam sendo protegidos e

30
aprisionados pelo Velho Testamento para que chegassem á fé
que os aguardava no futuro.

“De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a
Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gl 3:24).

O Velho Testamento dos judeus serviu de aio. Outra vez


olhe no próprio texto para compreender o significado desta
palavra, aio. Qual o papel do aio? Conduzir. Utilizando-me
novamente de uma paráfrase simples, temos como resultado o
seguinte: “O Velho Testamento serviu de guia para conduzir a
Cristo...”. E por que foi tão importante o Velho Testamento
guiar até Cristo? O texto bíblico, como sempre, tem a resposta:
“... para que fossemos justificados por fé”. Jesus é a fé, Ele é o
autor e consumador da fé (Hb 12:2).

“Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao


aio”. (Gl 3:25)

Agora que Jesus, a nossa fé, já chegou, não precisamos


ficar subordinados ao guia. Quem já encontrou a Jesus Cristo,
mesmo que através do Velho Testamento, não está mais
subordinado ao Velho Testamento. Muitos judeus creram ser
Jesus o Cristo por examinarem as Escrituras, elas sempre
apontaram para Jesus. 6 Por exemplo: se você pega um táxi para
chegar em casa, depois de pagar a tarifa, o táxi ainda fica atrás
de você ou fica te esperando? Você tem que ficar subordinado
ao táxi toda vez que precisar sair de casa? Não, ele cumpriu o
seu objetivo e não é mais necessário até uma próxima vez que
você precise chegar a algum outro lugar, se quiser usa-lo. Você
já navegou num barco? Bem, mesmo que não tenha nunca
navegado num barco você conhece o princípio. Ele flutua sobre

6 Jesus indicou ser Ele a chave para compreensão de toda a Escritura Sagrada (Lc
24:44,45ç Jo 5:38). Os de Beréia foram chamados de “nobres” por receberem a
palavra com avidez e por examinarem as Escrituras todos os dias para ver se era, de
fato, segundo a pregação de Paulo (At 17:11).
31
a água e você fica dentro dele. Imagine então que você e toda
sua família estão perdidos em alto mar num navio. Dentro do
navio tem tudo que vocês precisam para sobreviver por um bom
tempo. Você gostaria de continuar vivendo naquele navio para o
resto da vida? Claro que não! Você vai querer sair de lá. Mas
mesmo que você soubesse nadar, você pularia fora do navio em
alto mar? É lógico que não! Afinal, mesmo que você esteja
prisioneiro você está protegido lá. Mas para sair do navio você
precisa encontrar pelo menos uma ilha. Agora que o barco te
conduziu até à ilha, você conhece o princípio da navegação, você
e sua família tomam o navio nas costas e o carregam para o
resto da vida, certo? Claro que não! Mas o que fazer com o navio
que os levou até lá? Que tal afunda-lo? Por que afunda-lo? Não,
você não precisa afunda-lo.Vocês o ancoram e se libertam do
navio. Toda vez que vocês estiverem passeando livres em terra
firme e voltarem para onde eles está ancorado, mesmo que
traumatizados não queiram mais voltar a navegar nele, vocês
vão lembrar que, se não fosse aquele navio, vocês estariam
perdidos nunca teriam chegado à terra firme e segura. O navio é
como o Velho Testamento, ele os levou até um lugar seguro,
terra firme. Esta este lugar seguro é Jesus, você está livre nEle e
não vai querer voltar novamente a ficar perdido em alto mar.
“Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao
aio”.

A Liberdade em Cristo ou Obrigação a Toda a Lei

Jesus, antes do começo da igreja comissionando os 12 os


instruiu: “A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes
instruções: Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em
cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas
perdidas da casa de Israel; e, à medida que seguirdes, pregai
que está próximo o reino dos céus” (Mt 10:5-7). Os judeus
sempre tiveram preferência para ouvirem a palavra de Deus,
porém uma vez que a rejeitaram, Jesus lembrou a profecia que
perderiam o seu lugar no reino de Deus: “Perguntou-lhes Jesus:

32
Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores
rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto
procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto,
vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a
um povo que lhe produza os respectivos frutos. Todo o que cair
sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela
cair ficará reduzido a pó. Os principais sacerdotes e os fariseus,
ouvindo estas parábolas, entenderam que era a respeito deles
que Jesus falava; e, conquanto buscassem prendê-lo, temeram
as multidões, porque estas o consideravam como profeta” (Mt
21:42-46). Quando a igreja começou, era basicamente composta
por judeus (At 2). Quando a perseguição começou, os discípulos
dispersos chegaram até os samaritanos que também aceitaram a
Palavra de Deus (At 8:4-25). Mesmos estes que foram dispersos
não pregavam senão somente aos judeus, com algumas exceções
(At 11:19, 20). Mais tarde o Espírito preparou a Pedro e aos
irmãos da circuncisão (os judeus) que os não judeus também
poderiam entrar no reino de Deus (At 10; 11:18). Mais tarde em
Atos, Paulo, pregando aos judeus e sendo rejeitado, agiu da
seguinte forma: “Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente,
disseram: Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse
pregada a palavra de Deus; mas, posto que a rejeitais e a vós
mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos
volvemos para os gentios... Opondo-se eles e blasfemando,
sacudiu Paulo as vestes e disse-lhes: Sobre a vossa cabeça, o
vosso sangue! Eu dele estou limpo e, desde agora, vou para os
gentios” (At 13:46; 18:6). No começo, a igreja era composta,
basicamente, por judeus.

Alguns judeus, mesmo convertidos ao Evangelho, ainda


criam que deviam guardar a lei de Moisés. Tendo os não judeus
agora na igreja também, começaram a impor sobre eles as leis
de Moisés: “Alguns indivíduos que desceram da Judéia
ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o
costume de Moisés, não podeis ser salvos” (At 15:1). É neste
contexto que Paulo escreveu a carta de Gálatas.

33
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois,
firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl
5:1).

Como vimos nos versículos anteriores do capitulo 3 de


Gálatas, Cristo libertou a todos de ficarem sob a tutela e
encerrados na lei. Aqui, ainda no livro de Gálatas, Paulo só
confirma que devemos ficar livres e não voltar novamente para
a escravidão. Estamos livres de jugo de escravidão. Jugo é uma
peça de madeira que se prende com correias ao pescoço de
animais de carga, para que assim possam puxar uma carroça ou
um arado. Neste mesmo contexto de escravidão apresentado no
texto em questão, os apóstolos em Atos questionam: “Agora,
pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos
um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?” (At
15:10). Obrigar alguém obedecer a algum mandamento do
Velho Testamento é tentar a Deus que deu seu Filho Unigênito
para dar a vida eterna a todos os que crêem.

“Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de


nada vos aproveitará” (Gl 5:2).

Paulo adverte aos irmãos gálatas para eles não


obedecerem à circuncisão7 sob a pena de não se aproveitar 8 de
tudo o que Cristo fez por todo ser humano. Imagine que se

7 Cerimônia religiosa em que é cortada a pele, chamada prepúcio, que cobre a ponta
do órgão sexual masculino. Os meninos israelitas eram circuncidados no oitavo dia
após o seu nascimento. A circuncisão era sinal da ALIANÇA que Deus fez com o
povo de Israel (Gn 17.9-14). No NT o termo às vezes é usado para designar os
israelitas (Gl 2.8; Cl 4.11; v. BLH). Outras vezes significa a circuncisão espiritual,
que resulta numa nova natureza, a qual é livre do poder das paixões carnais e
obediente a Deus (Jr 4.4; Rm 2.29; Cl 2.11; Fp 3.3).
8 O Novo Testamento Versão Fácil de Ler diz: “Eu, Paulo, lhes digo que, se vocês
retornarem para a lei se deixando circuncidar, Cristo não terá nenhum valor para
vocês” (Gl 5:2). Bíblia, NT - O Novo Testamento: Versão Fácil de Ler – São Paulo:
Editora Vida Cristã, 1999.
34
Cristo que deu a graça, a verdade, a plenitude e nos revela quem
é Deus (Jo 1:15-18), se nos deixarmos levar à obediência às leis
do Velho Testamento, para nós Cristo perde o valor. Voltar à
obediência ao Velho Testamento é invalidar o sacrifício de Jesus
na Cruz.

“De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que


está obrigado a guardar toda a lei” (Gl 5:3).

Se uma pessoa quer obedecer a um item da lei, se obriga a


obedecer a todos. Os gálatas não estavam sendo obrigados pelos
irmãos judeus a guardarem o sábado ou a fazerem sacrifícios.
Mas estavam obrigados a guardarem o sábado e fazerem
sacrifícios se obedecessem apenas a um mandamento vindo da
lei: a circuncisão. Pense num mandamento que vem da lei,
qualquer um. Se você o pratica hoje, além de estar invalidando o
sacrifício de Cristo e voltando à escravidão da lei, estará se
obrigando, não é opcional, a obedecer a todos os demais
preceitos da lei. Quem dá o dizimo, por exemplo, tem que
guardar o sábado, circuncidar, fazer sacrifícios, etc. Tudo o que
a lei de Moisés manda. E antes de escolher Moisés como guia,
pense bem: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça
em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele
que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora,
se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da
lei” (Tg 2:9, 10). Viu? O contrário também é verdade perante a
lei. Se você pratica todos, mas transgride a apenas um, se torna
culpado de todos. E quem já conseguiu cumprir todos os
preceitos da lei? Mas, será que se uma pessoa guarda apenas um
mandamento da lei, corre o risco de perder a salvação? Veja o
próximo versículo da leitura.

“De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na


lei; da graça decaístes” (Gl 5:4).

35
Uma pessoa que procura justificação na lei se desliga de
Cristo e cai da graça. Jesus disse que Ele é o caminho a verdade
e a vida (Jo 14:6). Se uma pessoa se desliga de Cristo, por
procurar justificação na lei, então certamente ela se desvia do
caminho para a salvação, da verdade e da vida eterna. Se
estivermos debaixo da graça e não da lei, cair da graça é voltar
para a lei e nela procurar justificação. Já vimos acima que a lei é
jugo de escravidão e pela inspiração escrita de Paulo também
aprendemos que é maldição estar debaixo da lei: “Todos
quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição;
porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em
todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. E é
evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus,
porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas:
Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá. Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em
nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse
aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé,
o Espírito prometido” (Gl 3:10-14).

A Lei Não Justifica

O Novo Testamento está repleto de passagens que dizem


exaustivamente que a lei não justifica. A nossa justiça, nós que
seguimos a Cristo, está na fé em Cristo e por isso o obedecemos.
Não são as obras que nos salvam, mas sem obras decorrentes da
fé também não somos salvos. O evangelho é a salvação de todo o
homem e inclusive do judeu que se encontrava debaixo da lei
agora tem que se submeter ao Novo Testamento: “Pois não me
envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do
grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé
em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1:16, 17).

36
Se alguém está procurando se justificar na lei, “Cristo de
nada vos aproveitará”: “Não anulo a graça de Deus; pois, se a
justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão” (G
2:21). A morte de Jesus tem muito valor. Ele deu o seu sangue
por um Novo Testamento (Mt 26:28; Hb 9:15-17). A nossa
justiça vem do sacrifício feito por Jesus na cruz, obedecer,
mesmo que a apenas um item da lei, anula-se o sacrifício de
Cristo na cruz. Assim como Jesus morreu para nos dar a graça
pelo Novo Testamento, da mesma forma precisamos morrer
para o Velho Testamento: “Porque eu, mediante a própria lei,
morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com
Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e
esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de
Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl
2:19, 20).

“De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir
a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gl 3:24). O
Velho Testamento foi um guia para nos conduzir a Cristo para
que chegando em Cristo fossemos justificados Nele.

Deus é justo e quer que ajamos com justiça da mesma


forma que Ele age. Se fizermos algo errado, precisamos nos
desculpar, isto é, nos justificar perante Deus. Quando procurar
justificação, procure justificação em Cristo, no Novo
Testamento. Se procurar justificação no Velho Testamento,
mediante a lei, vai se desligar de Cristo e cair da graça.

Cristo, o Fim da Lei.

Poderíamos ter usado somente este versículo a seguir,


porém é todo este estudo que nos faz entender melhor este
versículo: “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo
aquele que crê” (Rm 1:4). Se você quer ser justificado perante
Deus, a lei acaba em Cristo e a justiça está Nele quando cremos
Nele.

37
O Limite da Lei.

Até onde o Velho Testamento valeu? “Porque todos os


Profetas e a Lei profetizaram até João” (Mt 11:13). Até João
Batista ainda é Velho Testamento; Jesus e os discípulos viveram
sob o Velho Testamento, mas já estavam trabalhando pelo reino
que, como pregavam João e Jesus, “estava próximo”. Quando
Jesus morreu, aconteceu uma mudança de lei: “Por isso mesmo,
ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a
morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira
aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm
sido chamados. Porque, onde há testamento, {testamento; ou
aliança} é necessário que intervenha a morte do testador; pois
um testamento {testamento; ou aliança} só é confirmado no
caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei
enquanto vive o testador” (Hb 9:15-17). O Velho Testamento
vigora até a morte de Jesus na cruz. Então, mesmo que leiamos
alguma coisa que Jesus tenha dito, enquanto Ele estava vivo
(antes da crucificação), ainda é Velho Testamento. Se virmos
nalguma parte Jesus dizendo que eles deviam dar o dízimo,
fazer sacrifícios, ou obedecer qualquer outro preceito da lei
lembre que até à morte de Jesus o que vigorava era o Velho
Testamento. Jesus mesmo disse: “Não penseis que vim revogar
a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para
cumprir” (Mt 5:17). Jesus veio para cumprir a lei, cumpriu e, na
sua morte na cruz por seu sangue deu uma nova lei: “Pelo que
nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue; porque,
havendo Moisés proclamado todos os mandamentos segundo a
lei a todo o povo, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com
água, e lã tinta de escarlate, e hissopo e aspergiu não só o
próprio livro, como também sobre todo o povo, dizendo: Este é
o sangue da aliança, a qual Deus prescreveu para vós outros.
Igualmente também aspergiu com sangue o tabernáculo e todos
os utensílios do serviço sagrado. Com efeito, quase todas as

38
coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem
derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9:18-22).

Para Que Serve a Lei Hoje

Lembra daquele navio que conduziu você e sua família


até terra firme? Quando você chega em terra firme você não
deve afundar o navio. Ele vai ser um marco de liberdade, ele vai
fazer entender melhor a própria liberdade. Isto significa que o
Velho Testamento que nos guiou até Cristo não deve ser
desprezado ou jogado fora, pelo contrário, todas as vezes que o
lemos lembramos da liberdade que Cristo nos dá e vemos de
que forma ele nos guiou até Cristo. O Velho Testamento é muito
útil hoje em dia. Paulo lembra os Coríntios as histórias
ocorridas no Velho Testamento: A nuvem que guiava o povo
para fora do Egito e a passagem pelo mar; o maná que eles
comeram e; água dada de uma pedra que os seguia (1 Co
10:1-4). Eles viram maravilhas das mãos de Deus, entretanto,
durante a peregrinação no deserto Deus não se agradou deles e
milhares foram mortos (1 Co 10:5). Por que Paulo lembra de
todas estas histórias ocorridas no Velho Testamento? Ele
mesmo explica: “Ora, estas coisas se tornaram exemplos para
nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles
cobiçaram” (1 Co 10:6). O Velho Testamento é exemplo para nós
hoje. Não devemos agir como o povo agiu contra Deus. E o que
eles fizeram de errado perante Deus? Foram idólatras, fizeram
um bezerro de ouro e o adoraram; foram imorais, na festa de
adoração idólatra praticaram imoralidade; puseram Deus à
prova, para eles que se consideravam filhos de Deus não
admitiam estar no deserto sem as frutas e as coisas boas do
Egito e por isso foram castigados pelas mordeduras das
serpentes; murmuravam contra Moisés e contra Deus (1 Co
10:7-10). Novamente por que servem estes exemplos e
advertências para nós?: “Estas coisas lhes sobrevieram como
exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros
sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (1 Co 10:11).

39
O Velho Testamento é a palavra de Deus e foi inspirado
por Deus? Sim! Quem pode dizer que não? O Velho Testamento,
com a sua utilidade para nós hoje, continua sendo a palavra de
Deus e realmente foi inspirado por Deus, como vimos em 2 Pe
1:20, 21. Mas tem um, porém: “Sabemos, porém, que a lei é boa,
se alguém dela se utiliza de modo legítimo” (1 Tm 1:8). O Velho
Testamento é bom, é a palavra inspirada de Deus sim, porém
tem que saber utiliza-la de modo legítimo. Se não soubermos
que o Velho e o Novo Testamento têm diferenças, começaremos
ensinar o que não nos convém obedecer. Quando estiver lendo a
Palavra de Deus, pergunte para si mesmo para uma melhor
compreensão do que está lendo: A que Testamento pertence
este trecho, Velho ou Novo Testamento?

Como Cumprir Toda a Lei Hoje em Dia?

Mesmo em vista a tudo isso que dissemos, ainda


devemos e podemos cumprir todo o Velho Testamento. Para
tanto há apenas uma forma: “A ninguém fiqueis devendo coisa
alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois
quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não
adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há
qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o
mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o
amor... Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Rm 13:8-10; Gl 5:14).
Amor é a lei de Cristo e com a prática desta lei cumprimos toda
a Palavra de Deus e encontramos justificação em Cristo sem
pena de nos desligarmos Dele e de cair da graça.

Conclusão:

40
Podemos confiar plenamente na Palavra escrita, tanto
Velho quanto Novo Testamento foi divinamente inspirado por
Deus. A Bíblia deve ser a nossa única autoridade religiosa. Não
devemos deixar que profetas modernos interfiram na
verdadeira fé que a Palavra cria em nós.

O Velho Testamento, divinamente inspirado por Deus


aos profetas para os judeus, serviu como guia para guia até
Cristo. Tendo Cristo chegado não precisamos mais obedecer aos
preceitos da lei. Não podemos obedecer nem a um item sob a
pena de invalidar o sacrifício de Jesus feito na cruz e de nos
desligar do Caminho, da Verdade e a Vida que é Jesus.

O Velho Testamento nos é muito útil para que tomemos


como exemplo a vida dos antepassados e não repetir os mesmos
erros e pecados deles. Tudo o que foi escrito serve hoje para a
nossa advertência e ensinamento, porém o fim da lei é Cristo se
procuramos nos justificar perante Deus. O Velho Testamento é
bom mas temos que saber como utiliza-lo de modo legítimo.

Podemos cumprir toda a lei através da obediência às


palavras de Jesus: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis
uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis
uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13:34,35). O
amor é a característica dos discípulos de Jesus e o cumprimento
de toda a lei.

O país já teve várias moedas. Atualmente estamos


usando o Real como moeda. Antes do Real a nossa moeda era
chamada de Cruzeiro. Será que você pode ir a um supermercado
e comprar um quilo de feijão com Cr$ 100,00? Por que não?
Ainda uma pergunta: Cruzeiro ainda é dinheiro? Se você disse
que não, errou. Cruzeiro ainda é dinheiro sim, mas não tem
mais valor. Da mesma forma que ele continua sendo dinheiro,
mas sem valor e com ele você não pode adquirir nada, assim é

41
em relação ao Velho Testamento. O Velho Testamento continua
sendo a Palavra inspirada por Deus, porém perdeu o seu valor
com a vinda e o cumprimento de toda Escritura por parte de
Jesus Cristo. O Velho Testamento recebeu o seu cancelamento
por Cristo pessoalmente: “Tendo cancelado o escrito de dívida,
que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era
prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e,
despojando os principados e as potestades, publicamente os
expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Ninguém, pois, vos
julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua
nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas
que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (Cl 2:14-16). O
Velho Testamento era sombra de todas as coisas da parte de
Deus, Jesus Cristo é a realidade.

Se você tivesse uma herança para receber dos seus pais,


quando você a receberia? Somente depois da morte dos pais,
não é? Pois o testamento de uma pessoa só tem valor depois da
morte da mesma. Mas se enquanto seus pais estiverem vivos
eles fizerem mudanças no testamento e redigirem e registrarem
um novo testamento, o velho continua valendo? De maneira
nenhuma! Todo ele, e qualquer mínima clausula que ele
contenha, perde valor de lei, pois um novo entrou em vigor.
Talvez ele não seja destruído, mas mesmo sendo um
testamento, é um testamento sem valor. Da mesma forma em
relação ao Velho e o Novo Testamento. Enquanto Jesus estava
vivo o que vigorava era o Velho Testamento, da morte de Jesus
em diante o que passou a vigorar é o Novo Testamento que foi
sancionado pelo sangue de Jesus derramado na cruz.

42
Autoridade
Religiosa 2
Introdução:

Vimos no capítulo anterior como o Velho e o Novo


Testamento chegaram até nós. Vimos que o Velho Testamento
(a lei) serviu para guiar até Cristo (Gl 3:23-25; Lc 24:44, 45; Jo
5:39) e que o Velho Testamento continua sendo Palavra
inspirada por Deus, mas hoje, se quisermos nos justificar pela
lei perdemos tudo o que Cristo fez por nós (Gl 2:21; 5:1-4) e que
a única forma de cumpri-lo é pelo amor (Gl 5:14; Rm 13:8-10).
Hoje não fazemos os sacrifícios da lei porque Jesus é o sacrifício
que nos justifica (Hb 9:28). Este é um exemplo de que a lei já
passou, precisamos aceitar a Cristo e seu Testamento.

O Velho Testamento não nos justifica, Cristo é a nossa


justiça. O Velho Testamento foi sobra, mas o corpo é de Cristo
(Cl 2:16, 17; Hb 10:1-10). Jesus é a salvação real que o Velho
Testamento prometeu.

Temos que conhecer o Velho Testamento para não mais


repetir os erros que os antepassados judeus cometeram; hoje
aquelas advertências foram escritas e servem para nós como
exemplo e ensino (1 Co 10:1-11; Rm 15:4). O Velho Testamento é
bom, mas precisamos saber utilizá-lo legitimamente (1 Tm 1:8).

QUAL O VALOR DA PALAVRA DE DEUS?

43
A intenção deste ponto não é discorrer sobre tudo o que a
Palavra de Deus é capaz em nossas vidas. Porém, alguns pontos
básicos não devem ser colocados nunca de lado.

Criar Fé Verdadeira

“E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de


Cristo” (Rm 10:17).

Se há algo que nos cria fé é ouvir a pregação da palavra


de Cristo. Se você tiver provas arqueológicas irrefutáveis de
algum acontecimento bíblico, saiba que qualquer coisa não é tão
poderosa quanto a Palavra de Deus para criar fé numa pessoa.
Até mesmo uma pessoa que vê milagres tem que saber que eles
não são suficientes para criar fé como a Palavra escrita. Veja o
caso dos judeus, eles viram a nuvem os guiar para fora do Egito,
viram o mar se abrir, viram comida vinda do céu em forma do
maná, viram água saindo da pedra, as muralhas de Jericó virem
abaixo, e muitas outras obras maravilhosas das mãos de Deus.
Porém, Deus não se agradou da maioria deles por causa dos
seus maus costumes. Eles, mesmo tendo visto tantas
maravilhas, foram idólatras, imorais, provaram a paciência de
Deus e murmuraram contra Moisés, contra Deus e a libertação
que receberam (1 Co 10:1-11). Tomé, um apóstolo de Jesus, o
qual andou com Jesus por, pelo menos três anos, e viu as
maravilhas feitas pelas mãos de Jesus: curou cegos, coxos,
paralíticos, desenganados e até ressuscitou pessoas. Mas
quando Jesus ressuscitou, Tomé duvidou da sua ressurreição
(Jo 20:24-29). Quem crê verdadeiramente, crê mesmo sem ver
nenhuma maravilha, crê porque a palavra o convenceu da
verdade.

Se você quer criar fé, uma fé verdadeira, apóie-se


sempre na palavra escrita e inspirada pelo Espírito Santo. Leia
mais sobre Jesus, conheça-o tão bem quanto conhece a si
próprio.

44
Salvar a Nossa Alma

“Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de


maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada,
a qual é poderosa para salvar a vossa alma” (Tg 1:21).

Deus quer que sejamos santos, isto é, puros. Ele quer nos
dar a salvação, mas para colocar a salvação dentro de nós Ele
primeiro exige que estejamos limpos. Por isso mesmo pela
palavra aprendemos que Deus quer que despojemos1 de toda
impureza e acúmulo de maldade. Você não compraria um
produto sabendo que o recipiente não foi limpo antes de ser
colocado lá, não é? Da mesma forma Deus não quer que
ofereçamos os nossos corpos sujos pelo pecado, por isso Ele
exige que em primeiro lugar possamos nos desfazer do pecado.
Jesus disse para os seus discípulos: “Vós já estais limpos pela
palavra que vos tenho falado” (Jo 153) A palavra nos limpa.

O próximo passo é acolher a palavra com mansidão, isto


é, humildade para acatar a justiça da parte de Deus. Uma vez
que ouvimos a palavra ela está implantada em nós e aí, então,
ela é poderosa para salvar a nossa alma. A Bíblia deve ser a
nossa única autoridade porque ela é poderosa para salvar a
nossa alma. Uma opinião de um homem piedoso não pode nos
salvar, mas a palavra escrita e vivida pode. Muitos costumam
limitar a salvação somente pela fé, outros dizem que só Jesus
salva, outros ainda dizem que somos salvos pela graça, ou ainda
que o batismo é que salva, de fato, tudo isso também nos salva;
mas como poderíamos conhecer todas estas coisas se não fosse
a palavra que nos ensina sobre elas. Mesmo que Jesus
aparecesse pessoalmente, Ele não pode nos salvar se não for
pela obediência à palavra. Falo isso porque já aconteceu
algumas vezes nas páginas do Novo Testamento, como ainda

1 Despojar é o mesmo que tirar, jogar fora (cf. Mt 27:28; 1 Pe 2:1)


45
veremos nos próximos capítulos. Deixo para falar mais sobre
isso depois porque estamos acumulando conhecimento e
quando somarmos tudo teremos condições de compreender
juntos as verdades reveladas e escritas para nosso ensinamento.

A Palavra Nos Habilita e Aperfeiçoa

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para


a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim
de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3:16, 17).

Quando Paulo escreveu estas palavras, o Novo


Testamento não estava completo como o conhecemos hoje.
Tudo que eles tinham como autoridade religiosa e em qual
baseavam o evangelho era o Velho Testamento. Quando Apolo
apareceu pregando, ele tinha completo conhecimento sobre
Jesus pelo conhecimento do Velho Testamento (At 18:24-28).
Quando Paulo pregou aos de Beréia eles consultavam as
Escrituras (Velho Testamento) para confirmarem as palavras de
Paulo (At 17:11). Hoje, da mesma forma, precisamos ser nobres
e examinar o que está escrito quando alguém nos ensina sobre a
palavra de Deus. Esta é a nossa defesa contra a heresia de hoje e
de sempre.

Hoje temos também o Novo Testamento como inspiração


escrita dada por Deus. Assim como todo o Velho Testamento
também o Novo Testamento é útil para ensinar, repreender,
corrigir e educar na justiça. A Bíblia, num todo, nos aperfeiçoa e
nos habilita para toda boa obra.

Eis algumas utilidades da palavra de Deus. Como


proposto no início deste ponto a intenção não é tentar descrever
toda a utilidade da palavra de Deus, porém temos como base
que a palavra de Deus é quem cria uma fé verdadeira, também
nos salva, nos habilita e nos aperfeiçoa para a obra de Deus.

46
O QUE PODE SER UM GUIA RELIGIOSO FALSO?

Vimos acima que a palavra é quem cria a fé que temos em


Cristo Jesus. Da mesma forma que ouvir a pregação da palavra
de Cristo cria fé, ela também quer defender esta fé criada em
nós. Por isso, tendo a Bíblia como nossa única autoridade
religiosa, precisamos usá-la também para defender a fé no
evangelho que nos é criada.

Um Outro Evangelho...

“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos


chamou na graça de Cristo para outro evangelho,o qual não é
outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem
perverter o evangelho de Cristo.Mas, ainda que nós ou mesmo
um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que
vos temos pregado, seja anátema.Assim, como já dissemos, e
agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além
daquele que recebestes, seja anátema” (Gl 1:6-9).

Paulo estava admirado com os gálatas porque passaram


com muita rapidez para outro evangelho. Que outro evangelho
era este? Na verdade Paulo diz que não era outro evangelho, o
que estava acontecendo com os gálatas é que alguns os
perturbavam e pervertiam o evangelho de Cristo. Hoje em dia
também é assim, as denominações não usam Bíblias diferentes
umas das outras2 , mas por que tanta diferença entre uma e
outra se a Bíblia é a mesma? Por que são tão diferentes nas suas
doutrinas? O grande problema é que as pessoas religiosas de
hoje em dia deixaram a nobreza da fé como os de Beréia tinham.
Assim como eles, nós também precisamos receber a palavra

2Excetuando-se as seitas como os auto denominados testemunhas de Jeová e os


Mórmons. Os testemunhas de Jeová têm uma versão particular do texto bíblico
diminuindo a importância de Jesus. Os Mórmons têm um livro que já na capa os
condena intitulado: “Um outro Evangelho de Jesus Cristo”.
47
com toda avidez e examinar se é de fato como ouvimos;
sabendo, antes de tudo que a Bíblia é que está com a razão. Da
mesma forma que você não discute à medida que a régua
apresenta, não duvide do que está escrito. Quando os religiosos
não agem desta forma sua fé é perturbada e o evangelho de
Cristo pervertido, como aconteceu com os gálatas. Muitos
religiosos questionam mais a Bíblia do que o pastor ou o profeta
a quem ouvem. Como se proteger deste perigo de ser
perturbado na fé e receber um evangelho pervertido?

Paulo ensina os gálatas que mesmo que fossem eles


(Paulo e seus companheiros ou mesmo um apóstolo como ele
era), ou mesmo um anjo vindo do céu que pregasse evangelho
que fosse além do que já tinham recebido, deveriam ser
considerados anátemas, isto é, condenados ou amaldiçoados.
Acredito que a maioria das pessoas religiosas nunca viu um
anjo, mas se você acredita que um anjo pode vir e lhe fazer
revelações, tome cuidado, você está correndo risco de ser
enganado. Paulo quer dar tanta ênfase nisto que ele repete:
“Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega
evangelho que vá além daquele que recebestes, seja
anátema” (Gl 1:9). E qual é o mal em acreditar que anjos podem
vir e revelar algo da parte de Deus? Muitas pessoas acham que
não há mal nenhum. Afinal ver um anjo é de ficar boquiaberto,
não é? Foi o que aconteceu com Joseph Smith, líder e profeta
dos Mórmons, ele acreditava que um anjo poderia vir até ele e
lhe fazer revelações, e o que aconteceu? Ele recebeu revelações
absurdas sobre um outro evangelho, como denuncia a própria
capa do livro que eles aceitam como inspirado. E ainda mais,
será que satanás tem poder em se transformar em um anjo? “E
não é de admirar, porque o próprio satanás se transforma em
anjo de luz” (2 Co 11:14). Veja satanás, ele não é um anjo
comum, é um anjo de luz. Será que satanás vai tentar enganar
as pessoas religiosas? É possível satanás usar sonhos,
revelações, aparições, profecias, etc, para enganar? Será que
isso já aconteceu na história religiosa da humanidade? Como

48
vimos do exemplo religioso humano acima e da passagem de 2
Coríntios, satanás já agiu assim e vai usar as crenças subjetivas
para tentar perturbar a fé objetiva. 3 Para nos protegermos do
perigo de acreditar em visões ou aparições dadas por satanás,
não devemos crer em nada que não esteja apoiado pelo
evangelho de Cristo que recebemos, que está escrito nas páginas
do Novo Testamento. Não precisa sonhar ou ter visões para
saber, com certeza, a vontade de Deus, basta ler o Novo
Testamento.

Qualquer espírito...

“Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os


espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas
têm saído pelo mundo fora” (1 Jo 4:1).

Imagine que uma pessoa que você não conhece chega até
você dizendo que tem o Espírito Santo e começa a fazer
revelações, o que você faz? Muitas pessoas aceitam sem
questionar e com medo de serem mal educadas põem em risco a
própria fé. De fato nunca devemos agir sem respeito por
ninguém, mas antes de começar a ouvir profecias de um
‘profeta’ desconhecido, faça o que o apóstolo João ensina:
“Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os
espíritos se procedem de Deus...”. Não acredite, diz o apóstolo
João. Questione se o ‘espírito’ pelo qual a pessoa fala vem de
Deus. Porém, você pode estar se perguntando: “Como provar se
tal espírito vem de Deus?”.

Primeiro veja o contexto deste versículo que lemos. Neste


caso do contexto deste versículo, havia algumas pessoas que,

3 Subjetivo diz-se do que é válido para um só sujeito e que só a ele pertence, pois
integra o domínio das atividades psíquicas, sentimentais, emocionais, suas vontades,
etc, deste sujeito. Ex: sonhos, visões, aparições, etc.
Objetivo diz-se do que é válido para todos, e não apenas para um indivíduo. Ex: as
leis da constituição, a ordem social, obediência à Bíblia, etc.
49
denominando-se profetas, proferiam que Jesus não tinha vindo
em carne mas ao contrário disso o Espírito de Deus confessa a
Jesus e que Ele veio ao mundo como um ser humano (1 Jo
4:2-3). Além disso, os profetas deste mundo somente proferem
palavras deste mundo, estão sempre preocupados com as coisas
deste mundo (dinheiro, prosperidade, saúde, felicidade, paz,
etc). O mundo gosta destes tipos de profetas que falam o que o
mundo quer ouvir, mas os que são de Deus ouvem as palavras
do interesse de Deus, assim, hoje também nós conhecemos o
espírito da verdade e o espírito do erro (1 Jo 4:4-6).

Segundo, para saber se uma pessoa tem o Espírito Santo,


você precisa saber como se recebe o Espírito Santo dentro da
Bíblia. Não use o seu conhecimento ou algo que você ouviu ou
leu num livro, preste atenção no que vale para mim e para você,
a Bíblia. Procure, através da leitura e exame da Bíblia como uma
pessoa recebe o Espírito Santo. Examine os exemplos de como
as pessoas receberam o Espírito Santo no Novo Testamento e
depois compare com as respostas das pessoas. 4 Então, preste
atenção e defenda a sua fé com a Palavra de Deus. Você não
pode saber se uma pessoa tem o espírito santo apenas olhando
para ela ou tendo um sonho ou uma visão. Mas com certeza
absoluta você pode saber se tal pessoa tem o Espírito fazendo
uma comparação com a palavra de Deus que deve ser aplicada
tanto àquela pessoa como a todo o ser humano.

Profecias, Exorcismos e Muitos Milagres...

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos


céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos
céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor!
Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu
nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos
muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos

4Procure ler passagens como João 3:1-5; At 2:36-42. Tenha sempre à mão uma
chave bíblica para auxiliá-lo no seu estudo pessoal.
50
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt
7:21-23).

Note bem, quem está falando estas palavras? Não


continue esta leitura se não puder identificar quem falou estas
palavras? E Ele disse quem nem todo mundo que usa frases
religiosas entrará no reino dos céus. Muitos religiosos gostam
de usar frases religiosas feitas e impressionantes. Muitos
gostam de ‘testemunhar’ a sua fé, pregam em praças públicas e
fazem grandes campanhas evangelísticas. Outros tantos fazem
obras grandiosas e as divulgam como o grande poder de Deus
através do marketing pessoal que recebem. Mas Jesus disse que
o importante é fazer a vontade de Deus. Aparentemente tudo
isso citado acima é a vontade de Deus, mas até que ponto?

A Bíblia nos relata sobre um dia em que todos seremos


reunidos na presença de Deus para prestar contas. Naquele dia
muitos chegarão ao Senhor e se justificarão com as suas
grandiosas obras: “Porventura, não temos nós profetizado em
teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu
nome não fizemos muitos milagres?” (Mt 7:22). Quão
espirituais são aqueles que hoje em dia profetizam, expelem
demônios e fazem grandes milagres, tudo em nome de Jesus.
Isto tem que nos fazer perguntar: Qual é a vontade do Senhor?
Será que a vontade de Jesus é que profetizemos em seu nome,
será que é expelir demônios ou fazer muitos milagres? Se for
esta a vontade Dele, por que um dia Ele vai dizer: “Então, lhes
direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os
que praticais a iniqüidade” (Mt 7:23). Vejam bem, eles fizeram a
vontade do Senhor ou praticaram a iniqüidade? Se você fez seu
dever no começo deste trecho você viu que estas foram as
palavras de Jesus. O que Jesus está querendo dizer é que
profecias, exorcismos e milagres não são provas de que uma
pessoa está fazendo a vontade de Deus. Muitos falsos profetas
dizem que têm o Espírito Santo e fazem milagres autênticos,
mas estão praticando a iniqüidade.

51
É possível que muitos religiosos que profetizam, expelem
demônios e fazem muitos milagres não entrarem no céu?
Segundo as palavras de Jesus sim! Mas como ter certeza de
quem vai entrar no céu? Basta prestarmos atenção às palavras
de Jesus: “... aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos
céus” (Mt 7:21). É possível uma pessoa que profetiza, expele
demônios e faz muitos milagres não ser salva? Sim! Os milagres,
mesmo que aconteçam de fato, são fonte confiável de que uma
pessoa é de Deus? Não!

Mas, será que satanás consegue enganar, inclusive os


eleitos, com milagres? “Então, se alguém vos disser: Eis aqui o
Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; pois surgirão falsos cristos
e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se
possível, os próprios eleitos. Estai vós de sobreaviso; tudo vos
tenho predito” (Mc 13:21-23). Muitos religiosos colocam faixas
com promessas de curas divinas, frases afirmando que Deus
estará naquela reunião, etc. Ouça Jesus, Ele diz: “Não
acrediteis!” Falsos cristos e profetas farão milagres autênticos
para enganar os verdadeiros discípulos eleitos em Cristo. Jesus
ainda diz: “Estai vós de sobreaviso, tudo vos tenho predito” (Mc
13:23). Jesus já avisou com antecedência, para que, quando
acontecesse, estivéssemos atentos. Atenção! Está acontecendo e
as pessoas agem como desavisados! Pare sua vida espiritual e
olhe para Cristo, ouça somente a Jesus! Ele está falando através
das palavras escritas no Novo Testamento.

Quem crê em Jesus não precisa ver milagres. Quem não


crê, nenhum milagre será suficiente e sempre vai querer ver um
maior. Não acredite por causa dos milagres, profecias, shows de
demônios, sinais e prodígios. Satanás pode usar o que você
acredita (uma fé subjetiva) para te enganar e fazer você crer
num objetivo errado. Duvide de tudo, creia somente na palavra
escrita no Novo Testamento! Assim você estará acreditando no
que, com certeza absoluta, foi inspirado pelo Espírito Santo.

52
Tradições Religiosas

“Ora, reuniram-se a Jesus os fariseus e alguns escribas, vindos


de Jerusalém. E, vendo que alguns dos discípulos dele comiam
pão com as mãos impuras, isto é, por lavar (pois os fariseus e
todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem
sem lavar cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça,
não comem sem se aspergirem; e há muitas outras coisas que
receberam para observar, como a lavagem de copos, jarros e
vasos de metal e camas), interpelaram-no os fariseus e os
escribas: Por que não andam os teus discípulos de
conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as
mãos por lavar?” (Mc 7:1-5).

Os discípulos de Jesus começaram a comer sem lavar as


mãos e, segundo as tradições dos judeus isto era impureza.
Lavar as mãos para comer era um preceito que foi adicionado à
lei. Em nenhuma parte da lei existia uma ordem para que as
pessoas lavassem as mãos antes de comer. Por isso eles estavam
irritados e perguntaram a Jesus por que os discípulos dele não
lavaram as mãos conforme a tradição dos anciãos. Hoje em dia
temos inúmeras tradições religiosas que não se encontram
escritas na Bíblia. Estas tradições também vêem dos mais
velhos para os mais novos. As pessoas que se afiliam nas
denominações entram em sistemas religiosos e não são
incentivadas a questionarem nada, pelo contrário, devem
aceitar tudo o que os líderes disserem. Muitas denominações
implantaram “regimentos internos” em suas igrejas que fazem
as pessoas a andarem conforme o que tais ‘mandamentos’
predizem. Estas são as “tradições dos anciãos” hoje em dia. O
que Jesus pensa sobre isso? Como Jesus reagiria se fosse visitar
algumas denominações hoje em dia?

“Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós,


hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os

53
lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me
adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos
homens. E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de
Deus para guardardes a vossa própria tradição” (Mc 7:6-9).

As pessoas estranham que os discípulos de Jesus agem


com liberdade e são criteriosos. Ninguém pode pertencer a
igreja de Cristo sem ser filiado a uma denominação. Hoje
ouvimos muitas perguntas sobre a igreja de Cristo e quando
tentamos explicar que não é um movimento denominacional, as
pessoas questionam com muitas perguntas até que consigam
encontrar um rótulo para a fé. Hoje, indiretamente nos
perguntam: “Por que não andam os discípulos de conformidade
com a tradição dos anciãos...?”. Esta pergunta vem vestida de
várias formas: “Na ‘sua igreja’ as mulheres vestem calça? Na
‘sua igreja’ tem revelação? Na ‘sua igreja’ como é isto ou
aquilo?” Jesus tem a resposta para quem está mais preocupado
com as tradições do que com a obediência à Palavra como única
autoridade religiosa. Nas palavras de Jesus, e sem medo de
ofender a ninguém Ele disse que este pensamento é hipocrisia.
O que adianta falar de Deus quando o coração está longe Dele?
As pessoas estão tentando adorar a Deus, mas Deus está
aceitando? Jesus chama este tipo de adoração de adoração vã.
Quando uma adoração é em vão? Quando está baseada em
doutrinas e preceitos humanos, quando negligenciam o
mandamento de Deus para guardarem as próprias tradições.
Quando dão um jeitinho em tudo para rejeitar a vontade de
Deus e guardar as suas tradições. Jesus dá um exemplo da
atitude arbitrária deles:

“Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem


maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte. Vós,
porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe:
Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta
para o Senhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em

54
favor de seu pai ou de sua mãe, invalidando a palavra de Deus
pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e
fazeis muitas outras coisas semelhantes” (Mc 13:10-13).

Como vimos anteriormente, o Velho Testamento estava


em vigor durante a vida de Jesus, Ele veio para cumpri-lo e não
para, simplesmente, revogá-lo. Jesus não acrescentou nada
como os fariseus e escribas fizeram muitas vezes. Pelo contrário,
Jesus cumpriu todo o Velho Testamento como nunca ninguém
já fez ou fará. Por isso Jesus toma como base a lei para mostrar
a eles que eles estavam rejeitando o preceito de Deus para
guardarem a própria tradição. A lei dizia que os filhos deviam
honrar os pais e maldizer os pais tornava qualquer um digno de
morte (para quem quer obedecer ao Velho Testamento deve
pensar sobre isso). Maldizer também significa não honrar e
Jesus vai ser mais claro ainda. Então eles se desculpavam
dizendo que os seus bens materiais eram oferta para o Senhor
para se dispensarem de fazer qualquer coisa em favor de seus
pais, deste modo eles estavam invalidando a palavra do Senhor
pela tradição que era transmitida dos mais velhos para os mais
novos através do tempo, isto era somente um exemplo de
“muitas outras coisas semelhantes” que eles invalidavam da
palavra de Deus. O ensinamento corrente hoje é que a oferta é
mais importante que as suas obrigações, o aluguel, a família,
etc. Esquecem-se que ao contrário do Velho Testamento onde o
dízimo era obrigatório, hoje debaixo da graça nós devemos dar
cem por cento como oferta ao Senhor. Então, pagar o aluguel, as
contas da casa, comprar comida, roupa para as crianças, cuidar
dos pais e tudo o mais que fazemos para nós e incluindo a oferta
que cabe à igreja, tudo é oferta: “Ora, se alguém não tem
cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem
negado a fé e é pior do que o descrente” (1 Tm 5:8). Quem
acredita que a família é menos importante do que a oferta, não
entendeu a oferta nem o evangelho. Está negando a fé e se
tornando pior do que o descrente. Imagine isso, o que é ser pior

55
que o descrente? Deixar de ter cuidado dos seus, especialmente
dos da própria família.

Hoje, da mesma forma, muitas das tradições religiosas


estão invalidando a palavra de Deus. As pessoas, confiando nos
líderes religiosos, estão obedecendo cegamente e sem
questionar nada das suas ações. Os líderes religiosos hoje em
dia têm a liberdade de colocar as pessoas sob disciplinas que a
Bíblia não autoriza. Por exemplo: onde na Bíblia uma pessoa é
impedida de participar da comunhão da ceia do Senhor? Onde
na Bíblia uma pessoa é impedida de estudar a Bíblia? Porém,
mesmo não contendo nenhuma das inúmeras proibições
impostas por pastores eles continuam criando suas próprias leis
e regimentos internos. Colocam-se como autoridade da igreja ao
invés de servos. 5 Tradições religiosas podem ser um guia
religioso falso (Cl 2:16-19). Esqueça o seu passado religioso,
daqui para frente aceite somente a Bíblia e questione a todos os
homens. Tudo você pode duvidar, mas a Palavra é certeza
absoluta.

Boa Consciência e Sentimentos...

“Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu


praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; Irmãos, a boa
vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a favor deles
são para que sejam salvos. Porque lhes dou testemunho de que
eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento” (At 26:9;
Rm 10:1-2).

5Jesus ensinou aos apóstolos que eles deveriam buscar ser servos da igreja como Ele
mesmo (Mt 20:20-28). Pedro que já era um servo da igreja, apóstolo e também um
dos presbíteros ensinou que o pastor deve pastorear a igreja de Deus não por
obrigados ou por ganância, mas de boa vontade e que não deveriam ser dominadores
dos que lhes foram confiados, antes, devem ser modelo do rebanho, pois o Supremo
Pastor (Jesus) vai se manifestar (1 Pe 5:1-4). Quando Jesus instituiu a ceia Ele sabia
que seria traído por Judas, negado por Pedro e abandonado pela maioria dos
discípulos, porém, não impediu nenhum deles de participar da ceia. Quem somos
nós, servos de Deus, para impor sobre os ombros alheios o que Deus não nos impõe?
56
Paulo era extremamente religioso antes de se tornar um
discípulo de Jesus Cristo e este zelo que ele tinha pelo Velho
Testamento fazia dele um implacável perseguidor dos discípulos
de Jesus. Porém, sem saber ele não estava perseguindo os
discípulos, estava perseguindo o Filho do Deus que ele cria,
Jesus Cristo, o Nazareno. Ele relata: “...a mim me parecia...”.
Muitas vezes o nosso parecer sobre as coisas nos enganam.
Quem nunca se enganou com alguma coisa? Paulo respirava
ameaças de morte contra os discípulos de Jesus. O seu parecer e
o seu sentimento não eram nada bons para os discípulos de
Jesus, mesmo que eles fossem judeus como Paulo era.

Mais tarde quando Paulo já se tornou um dos discípulos


de Jesus, tendo encontrado com Jesus pessoalmente na estrada
de Damasco e tendo sido batizado, escreveu a respeito dos
judeus como testemunha pessoal a favor deles de que eles
tinham zelo por Deus, mas lhes faltava algo tão importante
quanto o zelo: entendimento. Os judeus eram muito zelosos
pelo nome de Deus. Os escribas, por exemplo, eram tão zelosos
que ao copiarem um texto das escrituras quando chegavam no
nome de Deus, um nome qual nem sequer pronunciavam, eles
lavavam o seu instrumento de escrita, colocavam na tinta,
escreviam o nome de Deus, lavavam, colocavam novamente na
tinta e continuavam a copiar o texto. Muito zelo mas pouco
entendimento das Escrituras. Jesus questionado sobre qual dos
mandamentos era o mais importante respondeu: “Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de
todo o teu entendimento” (Mt 22:37). Amar a Deus
simplesmente não é o suficiente, precisa envolver todo o
coração, toda a alma e todo o entendimento. Deus quer cem por
cento ou não quer nada. Ele não quer dez por cento ou noventa
por cento. Ele quer tudo. Uma frase de Oséias nos faz entender
melhor sobre a necessidade de entendimento: “... o povo que
não tem entendimento corre para a sua perdição” (Os 4:14).

57
Se você é praticante de uma religião, mas não entende
tudo o que está praticando, você está prestes a cair em perdição.
Volte para a sobriedade enquanto tem tempo! Questione tudo e
compare com a Palavra de Deus. É ela a nossa autoridade
religiosa. Não se deixe ser guiado por emoções ou por uma ‘boa
consciência’ religiosa. Tudo isso pode ser um guia religioso
falso. Não se deixe guiar porque você gosta daquele lugar ou
porque não sentiu no seu coração alguma coisa. Não se deixe
guiar pela emoção de não ter gostado do ‘jeito’ que outros
adoram a Deus, aprenda a questionar. Não tenha medo de
perguntar quando não entender. “Quem pergunta é um
ignorante por cinco minutos. Quem não pergunta é um
ignorante para o resto da vida”. Quando perguntar alguma coisa
sobre religião, não aceite apenas opiniões, exija que a Bíblia seja
aberta e lida. Não se deixe guiar por explicações ou
interpretações bíblicas, lembre sempre que se a Bíblia é a nossa
autoridade religiosa, ela é a melhor intérprete de si mesma.

Cuidado para que os seus sentimentos e parecer de


alguma coisa não te afastem do caminho vivo: “Há caminho que
ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de
morte” (Pv 14:12).

POR QUE PRECISAMOS ESTUDAR E CONHECER A BÍBLIA

Por Causa do Julgamento

Na conclusão do capítulo um vimos a importância de


conhecer a Deus, porque um dia Jesus vai voltar e tomar
vingança contra os que não conheceram a Deus (2 Ts 1:7-8). Um
dia, então, Jesus vai voltar e todos seremos julgados. Para
escapar da condenação, devemos fazer tudo de acordo com a lei
de Deus, mas qual é a vontade de Deus para nossas vidas?

“Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que
crê em mim não permaneça nas trevas. Se alguém ouvir as

58
minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não
vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. Quem me rejeita e
não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria
palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (Jo
12:46-48).

Deus tem um livro no qual Ele escreve o nome das


pessoas, este livro registra o nome de cada salvo, mas ainda
outro livro será aberto naquele dia: “Vi também os mortos, os
grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se
abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E
os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o
que se achava escrito nos livros” (Ap 20:12). Veja que dois livros
serão lidos lá. Jesus disse na passagem acima que “a própria
palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia”. Onde
se encontram registradas as palavras de Jesus? Não é no Novo
Testamento? Sim, lá encontramos tudo o que Jesus disse, e tudo
o que o Espírito fez com que os discípulos e apóstolos de Jesus
lembrassem e escrevessem. Sim, o Novo Testamento será aberto
no último dia para nos julgar. As nossas obras sobre a terra
serão comparadas com as palavras que já estão escritas no Novo
Testamento. Por isso precisamos ouvir as palavras de Jesus e as
guardar para que elas não nos julgue no último dia.

Aí está um motivo por que devemos estudar e conhecer a


Bíblia. Ela vai nos julgar. Sabendo que as palavras lá
registradas, principalmente as palavras de Jesus, devemos
conhece-las para não a transgredir.

Por Cuidado à Doutrina

Se não tivermos zelo pela verdade revelada na palavra


escrita, seremos perturbados na nossa fé e corremos o risco de
aceitar um evangelho deturpado. Para que isso não aconteça e
não transmitamos a outros erros que os levem à morte
espiritual, precisamos conhecer e cuidar da sã doutrina.

59
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes
deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como
aos teus ouvintes” (1 Tm 4:16)

Temos o dever pessoal com a santidade e com a doutrina.


Esse é um dever, não uma opção. Porque se ensinamos aos
outros coisas erradas, por não conhecermos bem a palavra de
Deus e acreditarmos nas coisas erradas, estaremos nos
perdendo e fazendo com que as pessoas que nos ouvem também
se percam. Veja que responsabilidade! Os fariseus foram
criticados por Jesus da seguinte forma: “Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer
um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas
vezes mais do que vós!” (Mt 23:15). Os fariseus estavam agindo
de forma errada, pois estavam dando importância somente para
as coisas materiais e descuidando das espirituais. Precisamos
conhecer a doutrina de Cristo se quisermos fazer a vontade de
Deus: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a
respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim
mesmo” (Jo 7:17).

Ter uma doutrina pura é tão importante quanto se


manter puro. Na verdade só podemos nos considerar puros se o
que obedecemos é de fato a vontade de Deus. Por mais esse
motivo precisamos estudar e conhecer a palavra de Deus.

Para Não Sermos Levados a Todo Vento de Doutrina

Acredito que você se opõe a algumas doutrinas e até as


considera demoníacas. Acho que todo mundo que tem zelo pela
palavra de Deus e sua vontade age desta forma. Devemos amar
as pessoas, mas nos guardar incontaminados do pecado.
Odiamos as obras do diabo, mas precisamos amar as pessoas
mesmo que tenham crenças diferentes da descrita no Novo
Testamento. O problema é que todos nós corremos o mesmo

60
perigo, não só de cair em heresia como de estar nela. Por isso
precisamos comparar as nossas praticas religiosas,
constantemente, com a revelação escrita no Novo Testamento.

“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para


profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e
mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo, Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à
medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais
sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e
levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos
homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a
verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo
auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte,
efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em
amor” (Ef 4:11-16).

Jesus é quem instituiu na igreja apóstolos, profetas,


evangelistas, pastores e mestres. Com qual objetivo? Paulo,
escrevendo esta passagem em Efésios que lemos acima
esclarece o porquê: “Estes dons foram dados com o propósito de
preparar o povo de Deus para servir, e assim fortalecer o corpo
de Cristo” (Ef 4:12). 6 Note que todos estes dons que servem a
igreja estão no plural. Sobre este detalhe vamos estudar mais no
capítulo onze. O objetivo do trabalho destes servos é sermos
unidos na fé e termos completo conhecimento de Jesus Cristo e
que cheguemos a ser maduros na fé como Jesus Cristo (Ef 4:13).
E quando todos formos mais parecidos e maduros como Cristo,
não sermos como crianças “que são como navios agitados pelas
ondas e levados de um lado para outro por todo tipo de
ensinamento que apareça. Nem seremos enganados por pessoas

6Bíblia, NT – O Novo Testamento: versão fácil de ler. – São Paulo: Editora Vida
Crista, 1999.
61
astutas que querem nos levar pelos caminhos do erro” (Ef
4:14). 7 Ao contrário de sermos levados pelas doutrinas e
astúcias dos homens, devemos buscar a verdade em amor e
crescer em Cristo, que é o cabeça da igreja, de quem nós, como
corpo de Cristo, a sua igreja, dependemos para estarmos unidos
cooperando juntos e crescendo espiritualmente.

Por isso, então, precisamos estudar a palavra e ter na


igreja pessoas qualificadas por Jesus Cristo para trabalharem e
servirem para equipar os santos para não cair em qualquer
doutrina.

Porque Falta de Conhecimento Destrói

“Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o


SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque
nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de
Deus” (Os 4:1).

Deus não gosta de um povo que age automatizado e


dependendo apenas de um homem. Em Oséias a contenda de
Deus é porque não havia verdade, amor nem conhecimento de
Deus. Se amamos a verdade e a Deus, devemos buscar
conhecimento. A Bíblia é uma obra inteligente e divina, ela deve
nos fazer pensar. Não podemos simplesmente e passivamente
ouvir somente o que o pastor disse. No Novo Testamento
mesmo quando os profetas estavam sendo inspirados ainda,
não deveriam ser simplesmente aceitos sem questionamentos,
deviam ser julgados pelos que ouviam: “Tratando-se de
profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem... Os
espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas;
porque Deus não é de confusão, e sim de paz. Como em todas as
igrejas dos santos” (1 Co 14:29, 32-33). Veja que eles não
podiam falar todos ao mesmo tempo, deveria ser

7 Ibid
62
sucessivamente, isto é, um após o outro. Os que ficavam
ouvindo deviam julgar o que estava sendo dito. Finalmente
Paulo escreveu que “...Deus não é Deus de confusão, sim de paz.
Como em todas as igrejas dos santos”. Se dissermos que somos
a igreja dos santos Novo Testamento, obedeçamos ao que o
Novo Testamento diz.

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o


conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento,
também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de
mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me
esquecerei de teus filhos” (Os 4:6).

Como já citamos Oséias anteriormente, esta passagem só


vem a reforçar o que já vimos: ““... o povo que não tem
entendimento corre para a sua perdição” (Os 4:14). Conhecendo
a Palavra, precisamos entendê-la. Deus castiga aqueles que não
dão importância ao conhecimento e entendimento da Palavra.
Os culpados no Velho Testamento eram os sacerdotes e hoje da
mesma forma também os são. Muitos pastores têm medo que
seus membros comecem a estudar a Bíblia. Esta é uma faca de
dois gumes, este medo vem do zelo para não deixar uma ovelha
se perder e ao mesmo tempo vem do medo de deixá-los
descobrir a vontade de Deus. Esquecemos que se ensinamos a
verdade, cedo ou tarde, a verdade é que triunfará: “e
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8:32).
Jesus é a própria verdade, se compartilhamos com sinceridade
de coração a vontade de Jesus, então não temos que ter medo de
deixar uma pessoa descobrir a vontade de Deus. Este assunto é
complexo e polêmico, mas não podemos prender as pessoas à
verdade, ou elas estão presas em Jesus ou não. Não somos nós,
com todo cuidado e amor que tenhamos que vamos fazer a
mudança.

“Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de


Deus, mais do que holocaustos” (Os 6:6).

63
O que Deus quer? Sacrifício, holocausto? Não, Deus quer
misericórdia e conhecimento de Deus. O que adianta ser zeloso
do erro, da falta de conhecimento e entendimento? Deus não
quer dinheiro, Ele quer o coração. Aquele que vai na igreja
somente para ofertar e assim sentir-se aliviado e justificado,
está praticando o erro. É um dinheiro não abençoado. É uma
oferta inútil, uma adoração em vão. Deus não quer que você vá à
igreja cantar automaticamente e cantar bem porque conhece
décor a melodia e a letra dos hinos. Deus não quer que você diga
amém para uma oração que você não conseguiu entender uma
palavra porque todos estavam orando ao mesmo tempo e
desrespeitando um Deus que não é de confusão e sim de paz.
Lembre-se: misericórdia e conhecimento de Deus.

Este é mais um motivo porque precisamos estudar e


conhecer a vontade de Deus. Existem inúmeros motivos, mas
estes são os suficientes para nos dar bastante trabalho e direção
para fazer a vontade de Deus.

Conclusão:

A palavra de Deus tem um grande valor eterno para as


nossas vidas. Ela nos cria a fé que precisamos para agradar a
Deus: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é
necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele
existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6).
Salva a nossa alma pela obediência à ela, e obedecendo à
Palavra, estaremos obedecendo a Deus. Ela nos habilita e
aperfeiçoa para fazermos adequadamente e pela fé as obras de
Deus (2 Tm 3:16,17).

Esta mesma Palavra de Deus, que cria em nós uma fé


verdadeira, salva as nossas almas e nos habilita e aperfeiçoa,
também serve para nos proteger de guias religiosos falsos como
evangelhos deturpados por homens ou forças espirituais

64
enganadoras de satanás que já agiu assim e ainda continuará
agindo mesmo com milagres para enganar até os escolhidos de
Deus. A palavra é a nossa proteção contra pessoas que vêem
dizendo ter o Espírito Santo e fazem profecias falsas. A Palavra
nos ensina a não acreditar a provar se estas pessoas têm o
espírito que vem de Deus. A Palavra é a nossa proteção contra
maus costumes religiosos e tradições que passam dos mais
velhos aos mais novos sem questionamento, que não estão
escritas e não são autorizadas por Deus. A Palavra nos afasta de
obedecer a regimentos pelos quais homens tentam escravizar
outros.

A Palavra nos protege do engano que vem de fora e do


engano que vem de dentro de nós mesmos. Ela nos previne
sobre a ‘boa consciência’ e o ‘sentimento’ religioso. Ao contrário
do que ouvimos popularmente, nem todo lugar que fala de Deus
é bom. Os espíritas têm suas crenças e falam de Jesus, mas é,
sem dúvida, um lugar do qual devemos nos afastar. Paulo foi
preso por ter expelido um espírito adivinhador de uma jovem
que falava sobre Deus e a favor do trabalho deles (At 16:16-18).
Isto é prova suficiente de que nem todos que falam de Deus são
confiáveis. Todos nós nos enganamos em muitas coisas, mas
quando nos enganamos sobre o caminho para chegar até Deus,
estamos caminhando para a perdição. Para não nos enganarmos
precisamos estudar a Bíblia para conhece-la e entende-la
melhor para nós mesmos e para compartilhar com outras
pessoas, salvando, assim, a nós e aos que nos ouvem. Então, se
falarmos, falemos a palavra de Deus para evitar cair em todo
engano que nos ataca de fora com doutrinas e que nos ataca por
dentro com uma ‘boa consciência’ e um ‘sentimento religioso
bom’.

A Palavra escrita deve ser a nossa única autoridade


religiosa.

65
66
O Maior
Problema da
Humanidade
Introdução:

Por que sofremos, por que temos dores, cansaço,


decepção, depressão e desesperança? Qual é a fonte de todos os
problemas que a humanidade sofre? Precisamos urgentemente
identificar as causas para também identificarmos o remédio e
solucionar, o mais rápido possível, os males que nos cercam.

Logo no começo da Bíblia Deus revela como ocorreu o


primeiro pecado. Deus fez um jardim especial e lá plantou o
homem para o cultivar. Ele tinha toda liberdade, mas também
tinha restrições. Ele era livre para comer de toda árvore que
havia no jardim, mas duas árvores lhe eram proibidas. Deus não
fez um muro alto ou uma cerca eletrificada, nem colocou uma
plaqueta indicando o fruto proibido. Ele simplesmente colocou
a sua palavra como proteção e aviso para o homem. Porém o
fruto era agradável aos olhos para comer e dar entendimento.
Satanás aproveitou a cobiça dos olhos e tentou a mulher que
também convenceu ao seu marido e os dois pecaram. Todos
saíram perdendo a partir daquele dia. E daí vem todo o
sofrimento da humanidade e as conseqüências de tudo o que
fazemos gera mais sofrimento. Lá naquela passagem temos o
relato das tristezas, conseqüências e problemas que o pecado
traz. Porém, o melhor de tudo também está relatado nas

67
histórias que se seguem que é a solução do pecado, o qual é a
fonte de todos os problemas que temos.

O Que é Pecado?

A partir deste ponto veremos em três partes o que é o


pecado: de um modo geral, de um modo especifico e de um
modo oculto.

Pecado Geral

“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei,


porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3:4).

Pecado, de uma maneira bem geral, é a transgressão da


lei. Por exemplo, quando Deus proibiu o homem e mulher de
comerem os frutos das duas árvores que ficavam no meio do
jardim, Ele não cercou o jardim. Deus poderia ter colocado
entre o homem e as árvores aqueles querubins e o brilho intenso
de uma espada que girava sem parar ao expulsar o homem: “E,
expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do
Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o
caminho da árvore da vida” (Gn 3:24). Ele poderia ter feito isso
antes para guardar também a árvore do conhecimento do bem e
do mal, a qual eles comeram. Mas o problema é que afetaria a
liberdade com a qual fomos criados, “à imagem de Deus”.
Pecado foi quebrar uma lei imposta por Deus. É como fazer o
mal. Fazer o mal é transgredir a lei natural da vida.

“Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz
nisso está pecando” (Tg 4:17).

O pecado, de uma maneira geral, também pode ser


passivo. Quando vemos uma pessoa com fome, ou com sede, ou
com frio, nós sabemos o que fazer para resolver o problema;
devemos fazer o bem e lhe dar comida, água e roupa. Se assim

68
não o fizermos, estaremos colocando em risco a sobrevivência
da pessoa. Pois ninguém vive sem comida, água e roupa. Isto é o
básico para a manutenção da vida e são as coisas mais
importantes para as nossas vidas. Então, deixar de fazer o bem
quando vemos uma oportunidade, é pecado. Isto é omissão.
Omissão em fazer o bem é pecado. Muitas pessoas se defendem
dizendo: “Mas eu não faço nada de errado: não mato, não
roubo, não fumo, não bebo, etc”. Pois é, não fazem nada mesmo,
nem mesmo o bem que deveriam fazer.

Pecados Específicos

“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição,


impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias,
ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices,
glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu
vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o
reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gl 5:19-21).

Tudo o que fazemos é feito através do corpo. Porém,


parece que o ser humano tem uma inclinação para o que é
errado. Algo forte nos atrai e nos seduz e muitas vezes somos
vencidos pelo mal ao invés do bem. Por esta causa Paulo escreve
que o pecado é obra da carne. E as obras da carne são bem
conhecidas. Abaixo vou utilizar um vocabulário segundo o
contexto da passagem em questão para que possamos entender
melhor quais são as obras da carne.1

1. Prostituição Comércio do corpo, vender o prazer


sexual.
2. Impureza Relação sexual fora do casamento.

1Muitas vezes as versões das Bíblias que usamos são um pouco antigas e as
palavras não estão bem adaptadas para a língua que é dinâmica. Por isso não raras
vezes as pessoas não conseguem enxergar os pecados que praticam escrito nas
páginas do Novo Testamento. Tenha à mão um dicionário ou uma Bíblia numa
versão mais fácil de ler e estude estas palavras apresentadas nesta lista de pecados
em Gálatas 5:19-21.
69
3. Lascívia Sensualidade, ações indecentes (Ex:
pornografia, piada imoral, danças sensuais, letras de
músicas com duplo sentido, etc).
4. Idolatria Adoração a um ídolo (imagem de
animais, coisas ou pessoas), amor excessivo a alguém ou
alguma coisa, avareza.
5. Feitiçaria Uso de objetos destinados a predizer
o futuro (Ex: leitura de cartas, leitura das mãos,
horóscopos, etc).
6. Inimizade Hostilidade em geral, antipatia
agressiva.
7. Porfia Brigas, discussões e gritarias.
8. Ciúme Rivalidade, inveja.
9. Ira Raiva de alguém, indignação, falta de
amor ao próximo.
10. Discórdia Brigas, discordar da verdade, fazer
divisão religiosa baseado na mentira.
11. Dissensão e facção Formação de grupos em beneficio ou
em detrimento de alguém. Seguir idéias ou doutrinas de
pessoas. Denominacionalismo.
12. Inveja Desejo violento e incontrolável de
possuir as coisas de outras pessoas.
13. Bebedices Beber muito álcool, ficar bêbado.
14. Glutonaria Comer muito e com avidez. Prática
comum em festas.

Todos estes pecados são nocivos à fé em Cristo, por isso


mesmo, precisamos com todo o esforço das nossas vidas tentar
escapar deles. Porém, gostaria de destacar desta lista o décimo e
o décimo primeiro pecados listados para entendê-los melhor.
São eles: discórdia, dissensão e facção.

Segundo o vocabulário acima vemos que discórdia significa


brigas, discordar da verdade e fazer divisão religiosa baseado
em mentiras. Qualquer pessoa pode cometer este pecado, que é
obra da carne, mesmo tentando ser religioso, simplesmente não

70
dando crédito à verdade. Por exemplo, a Bíblia é uma só, mas
como as denominações têm doutrinas tão diferentes umas das
outras? Como já vimos acima, todas aquelas que não têm base
bíblica estão correndo este risco. Aqueles que acreditam que
devemos pertencer a uma denominação, não conseguem ver os
próprios apóstolos sem um rótulo religioso. Qual é o mal de
pertencer a Jesus somente? Isto, então, caracteriza-se discórdia
da verdade da Palavra de Deus que nos revela Jesus orando por
união, e Paulo, pedindo pelo amor de Deus, a mesma união (Jo
17:20, 21; 1 Co 1:10-13).

Os outros dois pecados destacados daquela lista devem ser


tratados juntos: dissensão e facção. Dissensão é a mesma coisa
que divisão. Esta mesma palavra foi usada em Romanos 16:17:
“Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam
divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que
aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a
Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves
palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos” (Rm 16:17,
18). Quem pratica este pecado deve ser notado, isto é, as suas
obras de divisões devem ser destacadas, ele deve ser conhecido
para que da mesma forma possa ser evitado. Um exemplo do
uso desta palavra está em Gálatas 6:1, ao mesmo tempo é um
conselho para que tenhamos cuidado de não cair no mesmo
pecado: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta
[divisão, por exemplo], vós, que sois espirituais, corrigi-o com
espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também
tentado”. Da mesma forma devem ser notados, isto é,
observados, os que andam segundo o exemplo dos apóstolos:
“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam
segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre
nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo,
até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino
deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está
na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas

71
terrenas” (Fp 3:17-19). 2 E, como já mencionado acima, a palavra
facção está em pé de igualdade com a palavra dissensão.

Nós ouvimos falar muito sobre facções nos presídios e no


mundo do crime. O crime é todas as contravenções em que
estão envolvidos os criminosos. Por todos participarem do
crime, isto não os torna amigos, pelo contrário. Cada criminoso
quer sobressair-se na sua região e lucrar mais do que os seus
inimigos. Daí o motivo de ouvirmos falar de facções criminosas.
Da mesma forma é a política. Dela participam várias pessoas. A
política é uma coisa só, mas não por isso que os envolvidos nela
são amigos. Infelizmente precisamos enquadrar da mesma
forma a religião. A religião é o meio pelo qual as pessoas tentam
se religarem a Deus, mas não por isso todos concordam em
harmonia entre si, pelo contrário, daí surgem as várias
denominações, mesmo que todos usem Bíblias iguais e ouçam
as mesmas palavras de Cristo rogando por união, dando como
exemplo Ele e Deus que são um. Por este motivo Paulo destaca a
facção como obra da carne depois de ter falado de discórdias e
dissensões, isto é, divisão da igreja única que é o corpo de
Cristo, e fazem assim baseados em um evangelho deturpado
inspirado por homens e aparições de anjos (Gl 1:6-9).

Não limite o pecado a estas palavras. Paulo termina a


passagem dizendo: “...e coisas semelhantes a estas, a respeito
das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não
herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gl 5:21).
Outros pecados, mesmo que não estejam claramente escritos
nesta lista, não estão exclusos dela. Coisas parecidas com estas
também se enquadram nesta lista, mesmo que de uma forma
oculta. Por exemplo: bebedices significa ingerir muita bebida
alcoólica e ficar alterado por causa do efeito do álcool. Qualquer
vício, como o de ficar embriagado, também é pecado.

2 As ênfases nas passagens de Gálatas 6:1 e Filipenses 3:17 são minhas.


72
A Bíblia é clara em relação ao que é pecado. Assim como esta
lista indicando objetivamente cada pecado, existem muitas
outras passagens que não nos desculpam de ignorar o que é
pecado. 3 O homem é indesculpável se não conhecer a vontade
de Deus, pois Deus se revela até mesmo para os sem lei e está
em todo lugar, sendo visto até na natureza.

Pecados Ocultos

Assim como vimos nesta lista de pecados específicos


acima, vimos também que, mesmo que não seja claro como o
sol, alguns pecados, como o sol, também se oculta, pode não
estar visível, mas está lá. Não é suficiente conhecer que a Bíblia
contém listas de pecados nos advertindo, precisamos também
compreendê-la e aceitá-la, acreditando que é por amor que
Deus nos alerta e nos afasta de todo pecado. Assim como já
vimos no capitulo um nada pode nos satisfazer, só Jesus pode!
Lembre-se de alguns pecados que você já cometeu, quem sabe
até dessa lista que vimos acima. Lembre-se agora o peso que a
consciência carrega, mesmo que ninguém saiba que você
cometeu um pecado, você sabe, Deus sabe.

“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo:
qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no
coração, já adulterou com ela” (Mt 5:27-28).

Os judeus invalidavam os preceitos de Deus para


guardarem os seus próprios. Jesus disse que eles faziam muitas
coisas assim. Em Mateus Jesus dá vários exemplos como eles,
jeitosamente, desobedeciam às palavras do Velho Testamento.
Ele costuma dizer a seguinte frase: “ouviste o que foi dito... Eu,
porém, vos digo...”. Jesus dava a explicação e aplicação correta
das Escrituras. Um exemplo é em relação ao adultério. A lei
prescrevia: “Não adulterarás” e de fato, eles até apedrejavam

3 Consulte outras passagens como: Rm 1:28-32; 1 Co 6:9-11; Ap 21:8, etc.


73
quem era pego em flagrante adultério. Pense como uma mulher
se vestia no tempo de Jesus. Provavelmente toda coberta da
cabeça aos pés, com total discrição, não é? Mas mesmo assim os
homens conseguiam olhar com intenção impura para elas. Jesus
então aplica o sentido correto das Escrituras. Parece que eles
pensavam consigo mesmos: “A lei diz: Não adulterarás. Pois
bem, eu não adultero, não vou ter relações com aquela mulher,
mas posso olhar para ela como eu quiser. Afinal, só olhar não
tira pedaço”. O pecado ficava oculto, mas Jesus veio para
descobrir toda vergonha humana quando aplica a verdade para
nos proteger de todo o mal dizendo: “Não precisa ter relações
sexuais ilícitas para ser considerado adultério, basta olhar com
intenção impura e ficar alimentando o pensamento, no coração,
já adulterou com ela”. Por este motivo, provavelmente, é que
Jesus, dizendo para alguns que queriam apedrejar uma mulher
pega em flagrante adultério, teve sucesso: “...Aquele que dentre
vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (Jo
8:7). Aparentemente naquela época e hoje todos seriamos réus
de apedrejamento pela lei de Moisés. Graças a Deus não
estamos mais sob a lei de Moisés, mas não é desculpa para cair
em adultério perante Deus.

As pessoas podem não saber que pecado cometemos, mas


Deus sabe. Não há nada que fique encoberto e não seja revelado
naquele dia quando estaremos diante do tribunal de Cristo.
Pecado oculto, pequeno ou grande é pecado que pode nos
condenar.

De Onde Vêem os Pecados?

“Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a


provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa
da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. Ninguém,
ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não
pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao
contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando

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esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido,
dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a
morte” (Tg 1:12-15).

Você quer ser feliz? Então “suporte, com perseverança, a


provação”. Porque o resultado disso é receber de Deus a coroa
da vida para àqueles que demonstraram, pela perseverança, que
amam a Deus. Sim, Deus nos prova e isso é bom. É como um
professor que ama lecionar e ensina os seus alunos e depois de
um tempo ele aplica uma prova para ver se eles estão se
desenvolvendo. Deus, como nosso tutor, também intenciona
que sejamos aprovados e uma vez aprovados receberemos a
recompensa.

Tentação não vem de Deus. Quando uma pessoa está


sendo tentada não deve pensar: “Por que o Senhor está fazendo
isso comigo?”. A fonte da tentação não é Deus porque ele não
pode ser tentado pelo mal. Tentação tem base no mal e Deus
não tem parte com o mal. E de onde vem este mal, então? Da
nossa cobiça. Cobiça é os maus desejos que temos. Vamos usar
aquela lista de Gálatas 5:19-21 para exemplificar. Quando
desejamos a satisfação sexual ilícita, quando invejamos, quando
procuramos saber sobre o futuro por motivos egoístas. Quando
participamos de divisões doutrinárias em favor de um e em
malefício a outros nas denominações, etc, então tudo isso é que
nos tenta. E nós somos a fonte destes desejos. Depois disso a
cobiça nos engana atraindo-nos e nos seduzindo. Quando
estamos bem atraídos e seduzidos, a cobiça é concebida, isto é,
ela se gera de fato dentro de nós e logo dá à luz ao pecado. Mas
ao contrário da gestação humana que leva nove meses, a cobiça
é gerada e dá à luz em segundos dentro de nós. Uma vez
consumado o fato, quando praticamos e o desejo se torna
realidade, gera em nós a morte. Veja que é um processo
incubando-se dentro de nós: A cobiça, a atração, a sedução, a
concepção, à luz ao pecado, o fato consumado e por fim a morte.

75
A fonte do pecado são os nossos maus desejos que fazem
guerra contra o bem que também está esperando uma
oportunidade para ser gerado dentro de nós. Pois, todos fomos
feitos para fazer o bem, isto é natural. Fazer o mal é contra a
nossa natureza e as conseqüências são os nossos inúmeros
problemas.

Todos nós temos pecado. E se dissermos que não temos


cometido pecado, acabamos de cometer, pois mentira é pecado.
“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23).
Estamos destituídos da graça de Deus, mas Ele é misericordioso
e resolveu nos ajudar.

Quais as Conseqüências do Pecado?

Separação de Deus

“Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não
possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir.
Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para
que vos não ouça” (Is 59:1,2).

Os judeus estavam cativos por causa da desobediência à


lei que Deus os havia dado. Tinham se tornado idólatras e
acreditavam que nada lhes aconteceria. Porém Deus fez com
que outros povos viessem e os levassem cativos para outros
paises e assim Deus, falando em outras línguas através dos
outros povos, chamou a atenção daquele povo rebelde. Os
assírios os estavam escravizando no cativeiro e então eles
lembraram de Deus. Começaram a orar por libertação e nada
acontecia. Será que Deus estava de braços cruzados para não os
salvar? Será que estava surdo o seu ouvido que não os ouvia?
Não! Neste período Isaías esclareceu os motivos deste
sentimento real de abandono por parte de Deus. E tudo isso se
resume na frase de Isaías: “Mas as vossas iniqüidades fazem

76
separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59:2).

O pecado faz uma separação entre nós e Deus. Enquanto


estamos vivos temos a oportunidade de mudar este quadro
triste e voltarmos para o ideal que é nós e Deus juntos. Se
estivermos em pecado, formamos um muro que nos separa e
nos isola da Deus. Como Ele vai poder agir se não permitimos?
Não o deixamos esticar sua mão em nossa direção e nos
abençoar com a salvação; não permitimos que Ele nos ouça
porque estamos fechados pelo pecado que nos cobre. A primeira
conseqüência para quem está em pecado é a separação de Deus.

Morte

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de


Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23).

É justo que uma pessoa que trabalhou a vida inteira


receba um salário na sua aposentadoria. Da mesma forma é
justo que Deus permita que coisas tristes aconteçam por
conseqüência do nosso pecado. Quando pecamos, geramos a
morte em nossas vidas. Mas me diga, você já pecou? Já morreu?
Todos pecaram, mas nem todos morremos fisicamente. Então,
que tipo de morte é esta que é o pagamento por seus pecados?
Se não é a morte física, logicamente, só pode ser a morte
espiritual.

Esta é a segunda conseqüência de quem vive pecando:


morte espiritual. Mas aproveite que você não morreu ainda
fisicamente e tome uma atitude, volte para Deus que te espera
de braços estendidos e querendo ouvir as suas suplicas de
salvação.

Lugar de Tormento

77
“Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de
l i nh o f i ní s s i mo e que, todos os dias, se regalava
esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado
Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava
alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os
cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o
mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu
também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em
tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro
no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem
misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a
ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou
atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-
te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro
igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu,
em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo
entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para
vós outros não podem, nem os de lá passar para nós. Então,
replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,
porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim
de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu
Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. Mas ele
insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter
com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se
não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão
persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (Lc
16:19-31).

Uma coisa é certa na vida: todos vamos morrer. Mesmo


os não religiosos acreditam na morte, porque ela foi feita para
todo mundo, indiscriminadamente. Nascemos iguais neste
mundo, vivemos diferente uns dos outros, mas a morte é o que
nos torna, novamente, iguais.

Esta história que Jesus contou não quer dizer que todos
os ricos vão para o inferno e todos os pobres para o céu. Mas

78
nesta história Jesus conta de dois homens que tinham vidas
completamente diferentes. O rico se vestia bem e se
banqueteava todos os dias. O mendigo estava morrendo na
porta do rico sem receber nada. Desejava, ao menos, as
migalhas que caíam da mesa do rico. Ficava só desejando
porque morria à porta e não debaixo da mesa. Estava tão
indefeso que até os cães lambiam suas feridas. Mas aconteceu,
com os dois, o inevitável: a morte.

Lázaro morreu e foi levado para o seio de Abraão. 4 O rico


morreu e foi sepultado. Isto não quer dizer que Lázaro também
não tenha sido sepultado, mas na história a vida do rico teve um
fim trágico, a sepultura. Agora o rico abre os olhos e começa a
olhar para a sua situação em comparação com a vida de Lázaro.
Onde o rico caiu em si? No inferno, no lugar dos mortos, o
Hades, um lugar de tormentos. É assim: quando uma pessoa
morre, ela não perde a consciência e reconhece a sua situação e
onde se encontra. Lázaro também estava bem consciente de
onde ele estava, ainda que não fale nada. 5 O rico não pede para
sair, mas pede para que Abraão, por misericórdia, mande a
Lázaro com, pelo menos, a ponta do dedo molhada em água
para refrescá-lo no tormento das chamas.

Quando morrermos, vamos ouvir a mesma coisa que o


rico ouviu: “Lembra da tua vida...” (Lc 16:25). O tempo de voltar

4 Abraão é o pai de toda a nação judaica. Ele foi o primeiro que Deus chamou e lhe
prometeu descendência mesmo em idade avançada (Gn 12) Abraão com cem anos
teve Isaque, Isaque gerou Jacó e Esaú, Jacó teve 12 filhos que deu origem à nação
judaica. Nesta história é como se ele estivesse esperando os seus filhos. Abraão aqui
é uma representação de Deus a quem o rico apela e em quem o próprio Lázaro se
aconchega no seu seio. Veja que o rico pede para que Abrão o mande até ele no lugar
de tormento e que ressuscite a Lázaro. Só Deus teria estes poderes.
5 O Livro de Hebreu nos mostra que temos a nos rodear uma grande nuvem de
testemunhas, aquelas pessoas do passado que tiveram fé e pela fé foram justificados
(Hb 12:1). Jesus mesmo diz que Deus é Deus de vivos e não de mortos (Mt 22:32).
Quem está vivo preocupado com a sua vida, não morre, mas vive eternamente com
Deus.
79
para Deus é enquanto temos vida para termos também alguma
atitude em direção à vida eterna. Na história que lemos não
vimos o rico xingar, bater ou expulsar Lázaro da sua porta. Para
este aplica-se exatamente o que lemos anteriormente:
“Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz
nisso está pecando” (Tg 4:17). Olhemos para as nossas vidas
hoje para que não venhamos a lamentar eternamente do que
deixamos de fazer e de um modo geral sabemos o bem que
devemos fazer. Eu tinha três amigo que quando eram jovens
tiveram todas oportunidades para lembrar da vida enquanto
tinham vida. Um deles estava na minha casa numa quinta feira,
era um feriado. No sábado teríamos reunião de jovens na igreja.
Eu insisti com ele para que estivesse conosco, mas ele não
prometeu que iria. Ao invés disso, no sábado, ele foi jogar
futebol com os colegas. Uma briga começou no campo e ele foi
apartar, alguém lhe deu uma só facada e ele morreu ali mesmo.
Outros dois eram enfermeiros e devido à depressão de ver o
sofrimento humano e não ter onde descarregar, eles ficaram
depressivos e suicidaram-se. Não pensaram em suas próprias
vidas. Eram jovens demais para fazer a vontade de Deus, mas
tiveram a mesma oportunidade que eu e meus irmãos tivemos.
O livro de Hebreus nos exorta da seguinte forma: “De novo,
determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo
depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua
voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 4:7). Pense na sua
vida Hoje, não deixe para amanhã.

Quem morreu e foi para o lugar de tormento, será que


um dia terá condições de ir para o paraíso para onde Lázaro foi?
Precisamos pensar sobre o que Abraão quis dizer com: “E, além
de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte
que os que querem passar daqui para vós outros não podem,
nem os de lá passar para nós” (Lc 16:26). Neste versículo fica
claro que quem morreu e foi para o inferno, o lugar de
tormento, jamais terá condições de passar para o paraíso, por
causa deste grande abismo que separam os do paraíso e os do

80
tormento. Não espere outra oportunidade voltando a viver nesta
terra para, aí, então, fazer o bem a si mesmo e aos outros pela
vontade de Deus. Hebreus também nos ensina que temos
somente esta vida, uma chance única: “E, assim como aos
homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois
disto, o juízo” (Hb 9:27). A morte é uma ordem natural imposta
por Deus.

Vejamos também que o rico não era uma pessoa


totalmente desafeiçoada e desprovida de sentimento para com o
próximo. Ele lembra dos seus cinco irmãos: “Então, replicou:
Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque
tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não
virem também para este lugar de tormento” (Lc 16:27, 28). O
homem rico queria que Deus ressuscitasse a Lázaro e o
mandasse à casa dos seus pais avisar aos seus irmãos. Quem
sabe se com este feito maravilhoso eles seriam comovidos.
Como será que os seus irmãos estavam levando suas vidas?
Provavelmente estavam tendo o mesmo comportamento que
este homem rico que morreu e foi para este lugar de tormento.

O que fazer por aqueles que ficam nesta terra? Será que
eles terão chance de não irem também para aquele lugar de
tormento? Quando Jesus contou esta história, como já
destacado quando falamos sobre autoridade religiosa, o Velho
Testamento estava em vigor e, por isso mesmo, Jesus diz que a
resposta de Abraão foi: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-
nos” (Lc 16:29). Moisés e os profetas são posteriores a Abraão e
anteriores à Jesus Cristo. Na época de Jesus Moisés e os
profetas já haviam morrido há muito tempo. Como os irmãos
daquele homem rico poderiam ouvir Moisés e os profetas se eles
estavam mortos? Bem, da mesma forma que podemos ouvi-los
hoje, lendo as Escrituras, o Velho Testamento.

O homem rico que morreu é um homem perseverante


agora e convertido de que só um milagre poderia salvar os seus

81
cinco irmãos. Veja como Jesus relatou a insistência e urgência
de salvação para os seus irmãos: “Mas ele insistiu: Não, pai
Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles,
arrepender-se-ão” (Lc 16:30). Acredito que de todos os milagres
relatados no Novo e também no Velho Testamento, o maior de
todos é a ressurreição. Hoje temos um ditado que diz: “Só não
tem jeito pra morte”. Mas lendo a Bíblia vemos que até pra
morte tem jeito. Porém, nem o maior milagre deste mundo é tão
convincente e poderosa como a Palavra de Deus é. A resposta
que o rico morto obteve é a mesma de anteriormente
adicionando-se, somente, a impossibilidade do maior milagre
possível salvar: “Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a
Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda
que ressuscite alguém dentre os mortos” (Lc 16:31). Como já
mencionado anteriormente, quem crê, simplesmente crê. Não
precisa ver milagres. Quem não crê, e esta passagem é mais uma
prova, que nem sequer que se veja o maior milagre, toca o
coração do descrente. Quando Jesus ressuscitou um outro
Lázaro, coincidentemente, o apóstolo João relatou o seguinte:
“Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria,
vendo o que fizera Jesus, creram nele. Outros, porém, foram ter
com os fariseus e lhes contaram dos feitos que Jesus
realizara” (Jo 11:45-46). Muitos creram, porém outros foram
contra Jesus e juntaram-se com os inimigos da fé que Jesus
pregava, os fariseus. A fé não é de todos (2 Ts 3:2), mas aqueles
que têm fé não tem dificuldade de entender a Palavra de Deus,
quem tem dificuldade, vai sempre querer ver um milagre maior
do que outro para tentar convencer a si mesmo e ao mundo de
que Jesus é o Filho de Deus. Mas crendo você, ou não, o que
convence a pessoa e cria uma fé verdadeira, é realmente a
palavra de Deus: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a
pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10:17). Os irmãos do rico
precisavam simplesmente ouvir o Testamento do qual estavam
debaixo. Hoje estamos debaixo de um Novo Testamento e
precisamos, da mesma forma, ouvir aqueles que nos
transmitiram a palavra de Deus: Jesus e os apóstolos. Hoje,

82
para quem quer ver o maior milagre do mundo para convencer
os perdidos, parodiando a resposta de Deus para o rico morto,
teríamos o seguinte: “Eles têm Jesus e os apóstolos, ouçam-nos.
Se não ouvem a Jesus e os apóstolos, nem tampouco se deixarão
persuadir ainda que ressuscite alguém dentre os mortos”. 6

Se uma pessoa vive pecando direta ou indiretamente, ou


mesmo se cometer pecados ocultos e morrer nesta situação,
qual é a conseqüência? Tendo como base as palavras de Jesus
nesta história a conseqüência é inferno, um lugar de tormento
eterno. Perto ou longe de Deus vamos morrer, mas a morte não
é o nosso problema, o problema é para onde você vai depois que
morrer?

Como vimos, o pecado tem conseqüências sérias, quando


pecamos criamos uma separação entre nós e Deus e morremos
espiritualmente. Até este ponto estamos vivos fisicamente e
podemos tomar uma atitude de arrependimento, mas se
morrermos fisicamente vamos ser condenados ao inferno por
nossas obras. Por isso, lembremos da nossa vida Hoje.

Quem Tem Pecados?

“Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma


nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus
como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não
há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem
busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis;
não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3:9-12)

Ninguém tem nenhuma vantagem perante Deus, nem os


judeus que receberam o privilégio do Velho Testamento, nem os
gentios que chegaram depois. Todos estamos debaixo do
pecado: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda,

6 A paródia de Lc 16:29, 31 é minha.


83
não há quem busque a Deus”. O homem, naturalmente, se
extravia de Deus e esquece Dele: “A estultícia está ligada ao
coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” (Pv
22:15). Logo os seus descendentes não o conhecerão mais. Mas,
graças a Deus, Ele se manifesta pela Palavra escrita a todos que
o buscam. O autor do livro de Hebreus nos ensina que a
disciplina que vem de Deus é para o nosso bem, pois naquele
momento Ele está nos tratando como filhos (Hb 12:3-11).

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23).

E, afinal, eis a resposta à pergunta “Quem tem pecados?”


Poderíamos pensar que somos pessoas boas, não mentimos, não
roubamos, não matamos, não fumamos, etc. Mas que bem
praticamos? Não adianta não fazer nada de mal sem preencher
este espaço com o bem.

Quem é Responsável Pela Morte de Jesus?

Que pergunta esquisita é esta afinal? Quando Jesus foi


crucificado, nós nem sequer tínhamos nascido! Então, logo, não
somos responsáveis pela morte de Jesus, certo? Bem, errado
muito errado! Pois Jesus não morreu somente pelos vivos. Ele
morreu também pelas pessoas do passado, os que já tinham
morrido, aquelas que tinham cometido pecados muito tempo
antes de Jesus vir como Luz à terra, mas que crendo naquele
que viria, Cristo, viveram uma vida pela fé. Desta forma,
encontraram justificação mesmo antes da própria justiça se
concretizar. Jesus morreu também, por aquele que não estavam
vivos ainda, as pessoas do futuro, como você e eu. De todo
modo, Jesus morreu pelos pecadores que, pela fé que depositam
Nele, são justificados dos seus pecados.

Jesus morreu também pelas pessoas que vieram a nascer


depois Dele, de igual modo que Ele morreu para concretizar a
salvação daqueles que viveram antes Dele pela fé, pois Ele é o

84
Autor e Consumador da fé (Hb 12:2). Crença em Jesus para
receber a vida eterna é uma crença no tempo presente de um
fato7 que aconteceu no passado. Isto também é um exemplo de
crer que não é temporal ou somente pelo que se vê.

“E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos


nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1 Jo 2:2).

Jesus “...é a propiciação pelos nossos pecados”, escreveu


o apóstolo João. Propiciação quer dizer ato realizado para
aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e
a sua justiça, tendo como resultado o perdão do pecado e a
restauração do pecador à comunhão com Deus. No AT a
propiciação era realizada por meio dos sacrifícios, os quais se
tornaram desnecessários com a vinda de Cristo, que se ofereceu
como sacrifício em lugar dos pecadores. João, como um
discípulo de Jesus Cristo se inclui quando diz: “...pelos nossos
pecados”, mas não está nos excluindo, tanto porque o mesmo
versículo continua dizendo: “...e não somente pelos nossos
próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”. Jesus é o
sacrifício aceitável a Deus como meio de satisfazer a sua
santidade e justiça para todos os homens de todos os tempos. O
sacrifício dele é um sacrifício perfeito e feito apenas uma vez por
todas, ao contrário dos sacrifícios do Velho Testamento que não
podiam tornar seus ofertantes perfeitos que, ano após ano,
interminavelmente, eles ofereciam (Hb 10:1, 10). Então, se hoje
queremos nos justificar perante Deus em relação aos nossos
pecados, Jesus é o sacrifício aceitável.

Além de tudo isso que vimos acima, fatos que nos


incriminam continuam sendo citados nas páginas do Novo

7 A ressurreição não é um mito ou uma estória, é um fato: “Mas, de fato, Cristo


ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1 Co 15:20).
Jesus é a primícia dos mortos, isto é, o primeiro que voltou a viver, daqueles que
para Deus não estão mortos, mas dormindo, quem está dormindo vai acordar um dia,
como Lázaro ao ouvir a voz de Jesus chamando-o dos mortos.
85
Testamento. Paulo nos ensina que um dia todos se ajoelharam e
confessarão o nome de Jesus como Senhor, e foi precisamente
para este fim que Ele morreu e ressuscitou, para ser Senhor de
vivos e de mortos (Fp 2:9-11; Rm 14:9).

Qual o Plano de Deus Para Perdoar Nossos Pecados?

Nós, por nós mesmos, não podemos saldar a grande


dívida que temos para com Deus, que é o pecado. Porque o
pecado, mesmo que feito através do corpo, se torna uma dívida
espiritual e nós continuamos carnais, por isso, a nossa dívida
está pendente perante Deus, que é Espírito. A nossa alma dura
bastante e é até resistente, mas o pecado é o inimigo que ataca
as nossas almas e ela enfraquece. O pecado é como a ferrugem
que corrói o ferro. O ferro é um material durável, mas com os
constantes ataques da ferrugem, ele se corrói e logo não presta
para a sua finalidade. Deus nos deu uma alma pura e útil para
viver na vida eterna, porém, nós contaminamos a nossa alma
com o pecado e agora precisamos voltar para Deus, mas
voltando desta forma seremos jogados “no lago que arde com
fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” (Ap 21:8). Todo ser
humano precisa de uma segunda chance, mas será que esta
segunda chance está disponível?

Antes de verificarmos biblicamente a disponibilidade


desta segunda chance necessária, vamos entender a situação em
qual nos encontramos. Você tem pecados? Você entende que
também é responsável pela morte de Jesus por ser um pecador?
Você entende que o seu pecado é que te incrimina? Se a
resposta a todas estas perguntas é “sim”, então você também
pode compreender qual o plano de Deus para nos perdoar os
pecados. Caso contrário, se você ainda não entendeu ser um
pecador ou não acredita ser o responsável pela morte de Jesus,
você não poderá se valer do único meio de salvação que temos
dos pecados que é o sacrifício de Jesus.

86
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna... Por isso, quem crê no Filho tem a vida
eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não
verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3:16,
36).

O que Deus, querendo nos perdoar por seu tal amor, fez
para que pudéssemos ter a vida eterna? Sim, Ele nos deu seu
único filho. O maior presente que alguém poderia receber. E,
por outro lado, o que Deus espera que façamos para ter a vida
eterna? Como já vimos no primeiro capitulo, precisamos crer no
seu nome. Mas quem não crê em Jesus, isto inclui o seu
sacrifício, “...não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de
Deus”. Pense no tamanho do amor com que Deus nos deu o seu
único Filho, é um amor infinito! Mas para quem se mantém
rebelde, tem sobre si a ira de Deus. Pense também no tamanho
da ira de Deus, antes de manter-se rebelde.

Crer, é isto o que Deus espera de nós. Mas é só isso? Só


crer e está tudo feito? Não tem que cortar uma perna para
entrar no céu, arrancar um olho, ou chicotear as costas, pelo
menos? Bem, crer é assim, tão fácil, tão fácil, que alguém tem
que complicar. Porque, afinal, não pode ser tão fácil assim! Mas
é, é só o que precisamos fazer: crer. Porém, quem crê, age
segundo crê. Se nós cremos em Jesus, obedeceremos tudo o que
Ele disser para fazer. Se eu te dissesse que tem uma cobra
debaixo da sua cama? A primeira reação seria você pular da
cama, se estivesse deitado nela. Se estiver longe você iria
armado e prevenido para não ser surpreendido pela cobra.

Quem crê, Obedece...

“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos


mando?” (Lc 6:46).

87
Jesus está falando com você mesmo, não adianta pensar
naqueles desobedientes que nunca tiveram a oportunidade de
ouvir as palavras de Jesus. Você acredita em Jesus? Então você
deve provar só para Ele obedecendo-o. Imagine que você tem
um terreno e algum dinheiro e quer fazer uma boa construção,
qual é a primeira pessoa que você chama? Chame um arquiteto
para fazer uma planta de uma casa para você. Ele vai dizer o que
pode ser construído no tipo de terreno que você tem, vai dizer
que tipo de material você deve usar, e vai assinar a sua obra
responsabilizando-se por qualquer eventualidade. Mas se o
terreno que você tem é daquele tipo que está perto de um rio e
que quando chove vem a enchente e joga o rio contra a sua casa,
o que vai acontecer? Um bom engenheiro vai olhar para o seu
terreno e também vai procurar conhecer em redor da sua casa
para prevenir qualquer problema, antes que ele aconteça.
Então, se você tem uma planta de um engenheiro, siga a planta.
Mas se você quiser fazer uma economia e uma construção por
conta própria, a responsabilidade é toda sua, o engenheiro não
vai assinar a sua obra e nem se responsabilizar por ela.

“Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as


pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante a
um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda
vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente,
arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter
sido bem construída. Mas o que ouve e não pratica é semelhante
a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces,
e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que
foi grande a ruína daquela casa” (Lc 6:47-49).

Admita você ou não, você está construindo uma casa,


uma casa espiritual. A sua casa foi projetada por Jesus, se você
chegou até Ele, ouviu as suas instruções e as colocou em prática,
mesmo com muita dificuldade cavando e abrindo profunda vala
para, depois de encontrar a rocha, lançar o seu alicerce, sua casa
espiritual está segura. Muitos religiosos pregam que Jesus vai

88
fazer uma transformação imediata na sua vida, não é o que
mostram passagens como esta e a do semeador. Construir uma
boa casa custa caro e dá muito trabalho. Plantar sementes é um
trabalho muito árduo e depois da semente plantada, tem que ter
paciência para poder um dia colher frutos, isto leva tempo. Mas
construir uma casa espiritual, mesmo que tenha vindo ouvir
Jesus, mas se não colocar em prática o que Ele diz se torna
semelhante àquele que edificou rapidamente, sem alicerce sobre
a terra, este tipo de casa está condenada. Os problemas dos
discípulos de Jesus e de qualquer pessoa comum são iguais, o
que difere é que o discípulo de Jesus está alicerçado na rocha,
fez sacrifício para lançar alicerces e construir uma base segura,
este tem um passado e uma história com Jesus. Quem quer
construir uma casa espiritual, tem que estar disposto a construir
duas, uma casa invisível para baixo e outra visível na qual vai
morar. Estes dois construtores provavelmente eram vizinhos,
tinham o mesmo tipo de terreno e problemas futuros, um ouviu
as palavras do arquiteto e as praticou, mas ninguém podia ver o
trabalho que ele teve para construir a base da casa, o outro, ao
terminar a sua casa tinha uma casa tão bonita quanto aquele
que ouviu e seguiu as palavras do arquiteto. Quando alguém
olha para você, não pode ver a sua fé, apenas a sua casa
espiritual de pé, mas depois dos problemas é que a sua base se
torna evidente, porque a sua casa espiritual ainda estará de pé.

Se você crê no nome de Jesus, você obedecerá. Dentro do


Novo Testamento crer é obedecer, podemos considerar estas
palavras como um sinônimo nas páginas inspiradas pelo
Espírito Santo. Costuma-se dizer que obras não salvam, de fato,
somente as obras não nos salvam, porém não são a estas obras
que o Novo Testamento se refere para a salvação, são as obras
que têm base na fé: “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém
disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante
fé salvá-lo?” (Tg 2:14). A resposta lógica a esta pergunta é NÃO.
Uma pessoa não pode ser salva sem obras da fé. “Assim,
também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas

89
alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé
sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé” (Tg
2:17, 18). Se alguém acredita que fé somente é necessário, está
acreditando numa fé morta para a salvação. Sejamos aqueles
que afirmam: “eu, com as obras, te mostrarei a minha fé”.

O Que Devemos Fazer?

Sabendo que somos pecadores e que os nossos pecados


nos incriminam perante Deus, o que devemos fazer para ter a
salvação e a vida eterna? Esta pergunta deve acompanhar a fé
de quem ouve sobre sua responsabilidade na morte de Jesus, e
foi esta mesma pergunta que fizeram os judeus quando se
conscientizaram de ter matado o Cristo.

“Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a


este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e
perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos,
irmãos?” (At 2:36, 37).

Eles crucificaram Jesus, o Cristo, e Deus o exaltou à


posição de Senhor. Essas palavras da pregação de Pedro e dos
apóstolos compungiu o coração dos judeus. Compunção é um
sentimento muito profundo e difícil de explicar. O Novo
Testamento Versão Fácil de ler diz o seguinte nesta passagem:
“Ao ouvirem aquilo, todos sentiram um profundo remorso...”. 8
O pecado deve causar este sentimento de profundo remorso.
Recentemente muitas pessoas assistiram a um filme sobre a
paixão de Cristo e saíam comovidas das salas do cinema, mas
aquele filme que misturava um pouco de história bíblica com
ficção, não causou um profundo remorso nas pessoas a ponto de
perguntarem “o que devemos fazer?”. Se a palavra de Cristo não
for suficiente para criar fé e arrependimento nas pessoas, um

8NT – O Novo Testamento: versão fácil de ler – São Paulo: Editora Vida Crista,
1999.
90
filme não conseguirá produzir o resultado esperado por Deus.
Quem conhece a história verdadeira de Cristo e não chora e
muda a sua vida lendo o relato do Novo Testamento, por que vai
chorar assistindo a um filme? Acabou o filme, acabou a
comoção.

“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja


batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós
outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que
ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus,
chamar. Com muitas outras palavras deu testemunho e
exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. Então,
os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um
acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2:38-41).

A Palavra de Deus nos toca fundo no coração e nos cria


um arrependimento verdadeiro o que nos leva a realmente
querer saber o que fazer. Assim, quando cremos, faremos
qualquer coisa que a Palavra de Deus nos disser ser necessário
para recebermos o perdão e uma nova vida perante Deus. E
para aqueles que crêem Pedro e os apóstolos responderam o
que fazer e, isto nos leva a duas atitudes: “Arrependei-vos, e
cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo...”.
Arrependimento e batismo são duas ações necessárias para a
salvação daqueles que acreditaram na pregação do evangelho.
Tanto por causa da conseqüência do arrependimento e do
batismo: “...para remissão dos vossos pecados, e recebereis o
dom do Espírito Santo”. Somente no batismo que Deus nos
perdoa de todos pecados já cometido, inclusive da culpa que
temos pela morte de Jesus Cristo. Somente no batismo é que
temos a segunda chance de levar uma vida justa e reta perante
Deus, pois, graças a Ele mesmo, Ele nos dá no momento do
batismo, o Espírito Santo.

91
Se alguém acha que esta atitude era somente para eles,
veja que Pedro estende a validade do batismo como meio de
salvação para até o fim do mundo: “Pois para vós outros é a
promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão
longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”. Você
não tinha nascido ainda naqueles dias, mas mesmo assim esta
promessa de perdão dos pecados e recepção do Espírito Santo
também é para você através do meio pelo qual eles foram
perdoados e receberam o Espírito, arrependimento e batismo.
Quem obedece a este ato, prova a sua crença no evangelho. E
novamente lembremos da pergunta de Jesus: “Por que me
chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lc
6:46). E ainda lembrando, foi Jesus quem ordenou os seus
apóstolos pregarem esta mensagem de arrependimento e
batismo para remissão dos pecados e para receber o Espírito
Santo: “Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e
ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome
se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas
as nações, começando de Jerusalém” (Lc 24:46, 47). Eles
obedeceram, e você?

As primeiras pessoas que ouviram esta mensagem


aceitaram a palavra. Verifique nos versículos que lemos que
“aceitar a palavra” não é levantar a mão e receber uma oração.
“Aceitar a palavra” foi para os judeus o ato de obediência de
serem batizados: “Então, os que lhe aceitaram a palavra foram
batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil
pessoas” (At 2:41). Se isso não fosse importante para a salvação,
por que pregar isso logo no primeiro dia? E veja também,
quanto tempo eles demoraram para tomar a atitude de obedecer
à palavra? Se não fosse importante, por que, então, levar quase
três mil a uma decisão sem importância? Note ainda que eles
não marcaram outro dia para o batismo daquelas pessoas, não
enfatizaram a conversão e o batismo num outro dia qualquer. E
por que isso? Porque dentro do Novo Testamento ser convertido
ao Senhor é ser batizado, não deve demorar.

92
A respeito do batismo para perdão dos pecados e receber
o Espírito Santo, vamos falar mais extensamente nos capítulos
seis e sete.

Conclusão:

Pense na gravidade dos seus pecados e para onde eles


estão te levando. Lembre-se da sua vida enquanto tem vida, não
deixe ser tarde demais. Leia o Novo Testamento que vai te dizer
quais obras da carne são condenadas por Deus, arrependa-se e
obedeça à palavra de Deus. Você precisa nascer de novo da água
e do Espírito. Nascer da vontade de Deus.

93
O Discípulo
A intenção deste texto não é falar mal ou julgar uma
denominação. Por isso, em todos estes capítulos você não vai
ver uma denominação específica sendo citada. 1 O principal
objetivo destas palavras é defender a fé em Cristo sem um
rótulo ou um sistema religioso organizado por homens. No
entanto, é preciso notar a divisão para alertar aos fiéis a
afastarem-se das divisões e reunir-se no corpo de Cristo.
Divisão tem somente um objetivo bom: “Porque, antes de tudo,
estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na
igreja; e eu, em parte, o creio. Porque até mesmo importa que
haja partidos entre vós, para que também os aprovados se
tornem conhecidos em vosso meio” (1 Co 11:18, 19).

Há muitas designações para definir a fé das pessoas.


Alguns se denominam crentes, outros cristãos, evangélicos,
pentecostais, protestantes, católicos, etc. 2 Estas são as maiores

1Mesmo o catolicismo tem suas divisões. No Brasil instituiu-se a igreja brasileira


com costumes afros, na Inglaterra a igreja anglicana tomou outro rumo e ainda
existem os liberais e radicais, ortodoxos e os carismáticos. Por isso considera-se que
o catolicismo não como uma denominação especifica.
2 O termo evangélico não tem respaldo bíblico para que usemos como definição de
fé. O único termo mais próximo desta palavra aparece em Filipenses 1:27 “...lutando
juntos pela fé evangélica”. Não por isso que os que crêem no evangelho são
evangélicos. O termo pentecostal não tem nenhum sentido em relação à crença em
Jesus. Este termo vem do Velho Testamento. A palavra pentecostes é grega e quer
dizer "qüinquagésimo (dia)", pois essa festa era comemorada cinqüenta dias depois
da páscoa. Era a festa da colheita. Deus usou a oportunidade quando os judeus de
todas as nações reuniam-se para esta comemoração em Jerusalém e deu início à
igreja de Cristo (At 2). Hoje este termo é usado para referir-se a um movimento
religioso que, no inicio do séc. XX, partindo dos EUA, se desenvolveu fora do
protestantismo tradicional. O termo protestante vem do movimento religioso da
Reforma, do séc. XVI, que rompeu com a igreja Católica Romana, originando
numerosas igrejas cristãs dissidentes, dando origem ao denominacionalismo.
94
divisões do chamado cristianismo. Por todos estarem
interessados em religar o homem a Deus, andam todos em
harmonia? Infelizmente, pelo contrário. Muitos são inimigos
ferrenhos e têm sérias acusações uns contra os outros. Por vezes
têm razão, por outras vezes os motivos é apenas para não dar o
braço a torcer e continuam seguindo suas tradições religiosas.

E você, pense antes de responder, por favor. Você é


crente, cristão, evangélico, pentecostal, protestante ou católico?
Antes de tudo, precisamos analisar todos estes termos à luz da
Palavra de Deus, que é a nossa única autoridade religiosa. Todos
estes termos são bíblicos? E por que é tão importante estar
escrito na Bíblia? Na introdução do primeiro capítulo enuncia-
se o seguinte conceito: Quando usamos somente palavras
escritas pelo autor do texto, fica virtualmente impossível
tirarmos conclusões erradas. E isto serve para toda a Bíblia. Não
é apenas um conceito, é um ensinamento bíblico.

Se alguém está conversando com você e começa a dizer


palavras que você não falou, como você sentiria? Todos
sabemos que as palavras têm peso e poder e o peso pode ser
eterno, por isso, devemos usar somente palavras que foram
usadas pelos autores inspirados. “Se alguém fala, fale de acordo
com os oráculos de Deus...” (1 Pe 4:11). Sempre que estivermos
falando sobre a Palavra de Deus, devemos usar a Palavra de
Deus e não a nossa própria palavra. Este não é um ensinamento
isolado no Novo Testamento, Paulo ensina Tito fazer o mesmo:
“Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina” (Tt 2:1). Se um
termo não está descrito nas páginas do Novo Testamento, então
não deve ser usado. Por isso faz-se jus a pergunta: Todos estes
termos são bíblicos?

Dos vários termos citados para definir a fé das pessoas,


não encontramos nenhum respaldo neotestamentário para os
seguintes: evangélico, pentecostal, protestante e católico. Então,

95
se estas palavras não são usadas para descrever a fé em Cristo
no Novo Testamento, não devem ser usadas.

Porém, dos termos citados ainda restam crente e cristão.


Qual o problema com estes termos? A base para esta resposta
está no Novo Testamento mesmo. Claro que devemos ser
crentes, isto é, todo aquele que acredita em algo é crente. Neste
caso específico estamos falando de Cristo, se uma pessoa
acredita em Cristo é crente. Porém, todos sabemos que
precisamos nos diferenciar de satanás e ele é um dos crentes
mais destacados: “Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até
os demônios crêem e tremem” (Tg 2:19). Você crê e treme como
os demônios? Ele tem certeza absoluta da existência de Deus e
do sacrifício redentor de Jesus Cristo, as crenças dos demônios
baseiam-se em fatos vivenciados. Ser crente, não é vantagem
nenhuma sobre os demônios. A nossa justiça e fé precisa
exceder à deles. Crer simplesmente não leva a uma atitude, os
demônios crêem e não se arrependem, pois a salvação é feita
para quem tem corpo e alma, não somente alma, ou espírito de
vida. Por isso, crente não é um bom termo para definir a nossa
fé.

O outro termo muito usado e adotado por praticamente


todos os religiosos que acreditam em Cristo é “cristão”. Isto vem
pela lógica: quem acredita em Cristo é cristão. Mas, mesmo que
este termo esteja registrado no Novo Testamento, qual o
problema com ele? De onde este termo surgiu? Este termo está
registrado três vezes somente em todo o Novo Testamento. E o
Brasil, é um país cristão, não é? Então isto quer dizer que todo o
país é temente a Deus e procura fazer tudo o que o Novo
Testamento ensina? Não, não é assim, mas por outro lado, isto é
ser cristão. Para ser cristão não tem que ter compromisso com
Cristo, basta acreditar num dos segmentos do cristianismo. Mas
vejamos como este termo surgiu:

96
“...E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram
numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela
primeira vez, chamados cristãos” (At 11:26).

Eles estavam reunindo-se e ensinando as pessoas em


Antioquia, eles se reuniam e ensinavam sobre Jesus Cristo e
acreditavam Nele como Senhor, por isso o povo de Antioquia os
chamou de cristãos. Mas note bem quem eles eram, eles eram
discípulos: “...foram os discípulos, pela primeira vez, chamados
cristãos”. Aí está a resposta, este termo não veio de Jesus ou de
Deus, este termo veio do povo de Antioquia. Mas a verdadeira
identidade espiritual deles não era de evangélicos, pentecostais,
crentes, católicos ou cristãos, e sim discípulos.

Duas outras vezes este termo é registrado no Novo


Testamento. No segundo caso Paulo estava pregando para um
rei chamado Agripa e a resposta dele foi: “Por pouco me
persuades a me fazer cristão” (At 26:28). Neste segundo caso,
novamente, este termo foi citado por alguém fora da fé em
Cristo, alguém que não obedeceu ao evangelho que ouviu. Esta
passagem também não nos dá apoio para nos denominarmos
“cristãos”, mesmo que tenha partido da boca de um rei.

Uma última vez este termo é citado no Novo Testamento.


Agora sim este termo ganha um pouco mais de força, pois foi
citado por um apóstolo e escrito por ele. Mas quando
analisamos o contexto da passagem notamos que ele não está
usando este termo conferindo-lhe autoridade para que os
discípulos se denominem “cristãos”. O livro de Pedro foi escrito
para os discípulos que estavam dispersos pelo mundo. Pedro
fala muito sobre sofrimento em Cristo, uma pregação evitada
nos meios do cristianismo, mas não negligenciada no Novo
Testamento. Pedro diz que não é novidade sofrer, pelo contrário
devemos esperar isso mesmo, pois o sofrimento é para nos
limpar do pecado na carne (1 Pe 4:1, 12). O sofrimento por
Cristo deve causar alegria se por Ele somos insultados somos

97
felizes. Não devemos sofrer como assassinos, ladrões,
malfeitores ou intromeditos “mas, se sofrer como cristão, não se
envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome” (1
Pedro 4:16). Cristão era um termo evitado pelos discípulos, pois
os acusava da sua fé, porque o povo os conhecia como cristãos.
Se você queria xingar alguém, bastava chamar-lhe de “cristão” e
a confusão estava feita. Era um nome que trazia sofrimento e
insultos. Os homens sem o Espírito de Deus não conseguem
compreender como alguém que se diz religioso possa viver sem
um termo denominacional, e por isso trataram logo de rotular a
fé dos discípulos de Cristo. Não é diferente hoje em dia quando
alguém que lê a Bíblia e nela não encontra o nome de uma
igreja, mas apenas as suas designações, e tenta viver uma vida
autentica em Cristo. As pessoas acreditam realmente que toda
igreja é de Cristo, que todo lugar que fala de Deus é bom, e
outras tantas enganações como estas.

Acredito que até podemos usar estes dois termos inclusos


no Novo Testamento, “crente” e “cristão”, mas com
conhecimento do que realmente queremos dizer. No entanto,
quando compreendemos que as palavras têm peso e poder,
seremos mais criteriosos no uso de qualquer termo que
minimiza ou enlata o que Cristo fez por nós na cruz. Porém, ao
contrário de todos estes termos citados, temos um nome melhor
para carregarmos juntamente com a cruz para a qual somos
chamados. Este termo ocorre mais de duzentos e trinta vezes
somente no Novo Testamento. Este nome para o qual Jesus nos
chama é “discípulos”. Jesus nunca chamou crentes, cristãos,
pentecostais, protestantes ou católicos. Ele sempre chamou
discípulos. Ainda neste capítulo veremos que a vida do discípulo
é diferente desde o seu chamado e obediência.

Não me admira se mesmo depois de tentar defender uma


fé com base nas Escrituras encontrar resistência dos que se
dizem conhecer a Palavra de Deus e questionarem: “Qual igreja
será pertence este autor?”. Mas não precisa perscrutar, eu te

98
digo. Eu pertenço à igreja de Cristo. Esta é a única igreja que
encontramos no Novo Testamento, e eu quero obedecer ao
Novo Testamento. Não devemos pertencer a nenhuma
denominação, facção religiosa. Mas será que aquela igreja que
Jesus edificou ainda existe hoje em dia? Tão certo quanto Jesus
veio a este mundo e sacrificou-se pela igreja, ela existe, Ele
mesmo profetizou que a igreja jamais seria destruída: “Também
eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt
16:18). Jesus é o edificador e chefe (cabeça) da igreja que é o seu
corpo vivo na terra. “As portas do inferno não prevalecerão
contra ela”. Mesmo que a nossa geração não existisse, a igreja
ainda assim existiria. Ela existiu durante o império romano,
existiu durante a perseguição dos discípulos, existiu na idade
média, durante a inquisição, durante as grandes guerras
mundiais, e ela existirá até à volta de Cristo.

Quem atacar a igreja com o denominacionalismo,


enfrentará as conseqüências preditas por Jesus aos judeus:
“Perguntou-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra
que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra,
angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos
olhos? Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e
será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos.
Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele
sobre quem ela cair ficará reduzido a pó” (Mt 21:42-44). Jesus
disse: “...sobre esta pedra edificarei a minha igreja...” Esta
mesma pedra foi rejeitada no passado e está sendo rejeitada
hoje, porém é esta a pedra da construção da igreja, a pedra
principal. Quem tropeçar nela ficará em pedaços e será reduzido
a pó. Jesus “o Cristo, o Filho do Deus vivo” é a pedra da
construção da igreja que Ele edificou um dia, qualquer outro
fundamento está fadado à ruína eterna: “Porque ninguém pode
lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus
Cristo” (1 Co 3:11). Por isso ninguém deve começar uma igreja
hoje em dia, mas deve dar continuidade à igreja de Cristo

99
edificada por Ele. O trabalho da igreja pode começar onde não
existia, mas nunca deve ser edificada uma igreja, Jesus já a
edificou uma vez por todas. Os apóstolos e discípulos do
primeiro século trabalharam nesta edificação, cavaram e
fizeram profunda vala para lançarem o alicerce, hoje não
precisamos mais edifica-la desde o começo, precisamos, antes,
restaurá-la pela obediência prática da palavra. Somos hoje,
nesta construção, o acabamento e o embelezamento da igreja,
que é o corpo de Cristo. Hoje não sofremos tanto na sociedade
quanto Cristo e os seus primeiros seguidores. Isto é um
privilégio para que possamos valorizar e não denegrir a obra de
Cristo. Faça você também parte da igreja que foi edificada por
Jesus Cristo, Ele não edificou mais uma denominação e nem
sequer nos deu esta liberdade.

O Que Jesus Exigiu dos Seus Discípulos?

“Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão,


chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque
eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei
pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as
redes e o seguiram. Passando adiante, viu outros dois irmãos,
Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no
barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e
chamou-os. Então, eles, no mesmo instante, deixando o barco e
seu pai, o seguiram” (Mt 4:18-22).

Jesus continua chamando discípulos. Ele não está se


importando com o seu passado ou sua ocupação, Ele quer te
usar com o que você tem e onde você está. Pedro, André, João e
Tiago eram pescadores e Jesus os chamou.

1. Vinde após mim – Jesus chama para ser discípulo, não


apenas “cristãos” ouvintes.

100
2. Eu vos farei – Tem que se humilhar para que o seu
Senhor o transforme à semelhança dele. Se não nos
humilharmos, não podemos aprender.
3. Pescadores de homens – reprodução espiritual é o
alvo do discípulo. Discípulos fazem discípulos.
4. Deixaram imediatamente as redes – Seguir Jesus é
mais importante que qualquer emprego. Não tem que
largar o emprego, mas Jesus quer ter o primeiro lugar na
sua vida. Uma resposta pronta mostra o nível de
comprometimento que temos como discípulos.
5. E o seguiram – Uma decisão para um outro dia não é o
suficiente. Tem que ter ação! Note quanto tempo eles
levaram para tomar uma decisão e seguir.

“Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se


negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser
salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha
causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo
inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo? Porque
qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar,
dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua
glória e na do Pai e dos santos anjos” (Lc 9:23-26)

1. Se alguém – Qualquer pessoa, todo mundo é alguém.


Não somente quem quer ser pregador.
2. Quer vir após mim – Vontade é necessário. Não é
obrigado e forçado seguir Jesus, Ele quer sua livre
vontade para fazer a vontade Dele.
3. A si mesmo se negue – Ao contrário da mensagem
que o mundo ouve das denominações, Jesus não quer
ninguém atrás Dele buscando os seus próprios
interesses. Ser discípulo é negar a sua vontade para fazer
a vontade de seu Senhor. Jesus é o melhor exemplo que
temos, lembre-se da Sua oração em agonia: “Adiantando-
se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e
dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!

101
Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu
queres” (Mt 26:39). Jesus disse não para as suas próprias
vontades e somos chamados para andar nos seus passos.
4. Dia a dia – Todos os dias Jesus deve ser o Senhor, não
somente domingos ou quando é dia de reunião.
5. Tome a sua cruz – A cruz significa responsabilidades
mesmo com sofrimentos. Algumas responsabilidades do
discípulo são: perseverança na doutrina, na comunhão,
no partir do pão e nas orações. Quem se desvia da cruz,
se desvia das bênçãos que a cruz traz. Não é possível ser
discípulo de Jesus sem estar levando a sua cruz. Quem
leva a cruz, morre para este mundo.
6. E siga-me – Vontade não é suficiente, tem que ter ação.
Seguir Jesus não é entrar para uma denominação ou
seguir um líder religioso.

“Grandes multidões o acompanhavam, e ele, voltando-se, lhes


disse: Se alguém vem a mim e não aborrece {aborrece; isto é,
ama menos, Mt-} a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e
irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E
qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser
meu discípulo. Pois qual de vós, pretendendo construir uma
torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar
se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo
lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a
virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir
e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater
outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil
homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?
Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma
embaixada, pedindo condições de paz. Assim, pois, todo aquele
que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser
meu discípulo” (Lc 14:25-33).

1. Aborrece – A mesma passagem em Mateus 10:37 diz:


“amar menos”. Um discípulo de Jesus até pode aborrecer

102
às pessoas por não mais andar e fazer o como eles fazem.
Isto causa estranheza para as pessoas e intimidade com
Deus. Mas por outro lado isto não quer dizer que tem que
largar a família para seguir a Cristo. Pelo contrário, se ele
já amava os seus pais, deixando este amor para Jesus, ele
vai amar seus pais mais do que amava antes. Se já amava
os seus filhos, mas agora devota o seu amor primeiro a
Jesus, vai se tornar um pai melhor do que era antes. O
discípulo de Jesus, por amor ao seu Senhor, vai se tornar
um cidadão melhor, um empregado exemplar, será
melhor como marido, esposa, filho, etc. Afinal, o
discípulo é conhecido pelo amor (Jo 13:34, 35). Jesus
quer ter o primeiro lugar da sua vida.
2. Calcular a despesa – Pense se você está disposto a
começar a seguir como discípulo ate o fim da vida. Pense
nas modificações que virão na sua vida. Você está pronto
para mudar a sua direção em direção à Cristo? O custo
não é meramente financeiro. Deus não quer o seu
dinheiro se você não estiver disposto a dar a si mesmo
cem por cento para Ele. Dinheiro é apenas uma parte das
nossas vidas. Uma oferta só é aceita se você tem uma
vida reta perante Deus.
3. Caso contrário – Haverá uma guerra. Nós somos como
um rei que tem dez mil homens. Nosso inimigo é outro
rei e ele tem vinte mil homens. Quem vai ganhar a
batalha? O que fazer para evitar a derrota? Enquanto ele
ainda está longe, envie uma embaixada pedindo
condições de paz. Quem é esse nosso inimigo que vem
contra nós? Se você pensou que é satanás, precisa rever
esta passagem. A passagem diz: “...estando o outro ainda
longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de
paz” É com este inimigo, mais poderoso que nós, com
quem devemos fazer paz. Se fosse satanás, você faria paz
com ele? Não, satanás muitas vezes é o “amigo” na nossa
história, porque ele agrada e não pede as mudanças que o
Senhor Jesus pede. Satanás dá o que as pessoas precisam

103
sem sofrimento, sem um sacrifício, sem uma cruz. O
nosso pior inimigo é Deus, é com Ele que precisamos
fazer paz enquanto Ele ainda está longe. Lembre-se que
Deus é o único que devemos temer de verdade: “Não
temais os que matam o corpo e não podem matar a alma;
temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno
tanto a alma como o corpo” (Mt 10:28). Você já pensou a
quem pertence o inferno? Se Deus é o criador de todas as
coisas, Ele também criou o inferno, mas Ele não quer que
as suas criaturas amadas vão para o inferno que foi
criado para satanás e seus anjos (Mt 25:41). Então, faça
pazes com Deus enviando-lhe uma embaixada com
condições de paz. A obediência ao evangelho é a condição
de paz entre nós e Deus.
4. Renuncia a tudo quanto tem – Enquanto a
mensagem no meio religioso é prosperidade, Jesus
combate essa mensagem com o seu chamamento aos
discípulos. Quem não renuncia a tudo quanto tem, não
pode ser um discípulo de Jesus. Não tem que largar a
família ou o emprego, Jesus quer o primeiro lugar na sua
vida.

As Recompensas Dos Discípulos.

“Então, Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e


te seguimos. Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém
há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai,
ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do
evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas,
irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no
mundo por vir, a vida eterna” (Mc 10:28-30).

Jesus tinha encontrado com um homem perfeito aos seus


próprios olhos. Além de tudo era rico e abençoado por Deus. Ele
queria saber de Jesus: “Mestre, que farei para herdar a vida
eterna?” (Mc 10:17). Jesus lembrou a obediência à Palavra

104
escrita: “Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás,
não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás
ninguém, honra a teu pai e tua mãe” (Mc 10:19). Aquele homem
não matava, não adulterava, não furtava, não mentia, não
enganava, honrava aos pais, etc. Um homem perfeito. Ele
realmente acreditava na sua justificação perante Deus, o que
mais faltava para este homem? “E Jesus, fitando-o, o amou e
disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos
pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me” (Mc
10: 21). Ele, provavelmente, esperava que Jesus dissesse ser ele
um exemplo e que sua salvação estava garantida, porém ele
surpreendeu-se com alguém que o conhecia tão bem. “Ele,
porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque
era dono de muitas propriedades” (Mc 10:22). É neste contexto
que Jesus ouve a colocação de Pedro sobre deixar tudo e seguí-
lo.

Quanto você deixou para seguir Jesus? Você deixou uma


casa, os irmãos ou irmãs, mãe ou pai, filhos e propriedades? Se
você não deixou, por que espera receber cem vezes mais casas,
irmãos, pais e propriedades? Mas tenha certeza de que se você
deixou dez por cento, você receberá de Jesus o que deixou.
Esperar receber o que não deixou é avareza. Avareza dentro do
Novo Testamento é idolatria (Cl 3:5). Se você espera receber o
que não deixou, então está seguindo Jesus pelos motivos
errados, pois Jesus foi bem claro quando disse: “...por amor de
mim e por amor do evangelho...”. Se não for por amor a Jesus e
por amor do evangelho, então os seus motivos estão errados.
Você começou a seguir Jesus porque alguém te prometeu
prosperidade, curas, paz, felicidade, sorte do amor, libertação
das dívidas, lembre-se que Jesus não te prometeu isso. Ele só
prometeu o cêntuplo de tudo que você deixou, não do que não
deixou, e ainda Ele acrescenta o cêntuplo de algo que você não
tinha, perseguições.

105
O sonho brasileiro é a casa própria. Sabendo disso,
muitos religiosos exploram este sonho. A recompensa dos
discípulos de Jesus não está neste mundo. Procurar os seus
interesses materiais em Jesus é agir segundo o espírito deste
mundo. Os apóstolos de Jesus foram um exemplo a ser seguido
e, ao contrário do procedimento dos religiosos, eles advertiram
sobre os interesses das coisas materiais: “Pois muitos andam
entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos
digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O
destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória
deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as
coisas terrenas” (Fp 3:18, 19). Da mesma forma os discípulos de
Jesus têm uma recompensa, mas não nesta terra somente. Se
quiser uma promessa duradoura ouça as palavras de Jesus: “...e,
no mundo por vir, a vida eterna” (Mc 10:30).

Algumas Palavras aos Discípulos

A respeito das tradições

O discípulo de Jesus não deve se prender à obediência às


tradições religiosas. Antes deve ser como os primeiros
discípulos da igreja do Senhor: “E perseveravam na doutrina
dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas
orações” (At 2:42). Devemos guardar a doutrina dos apóstolos
revelada no Novo Testamento, ter comunhão com outros
discípulos que fazem o mesmo, partir o pão a cada reunião e ser
perseverante também no relacionamento com Deus, as orações.
Jesus criticou a obediência àquilo que não está escrito (Mc
7:1-7), que invalida a palavra de Deus guardando tradições que
são preceitos e doutrinas humanas.

A respeito da obediência

Como já vimos no capítulo anterior, Jesus quer saber por


que o chamamos de Senhor se não fazemos o que Ele manda (Lc

106
6:46). Se não obedecemos a doutrina de Cristo, Ele não é nosso
Senhor. Se acreditamos Nele, obedecemos.

A respeito da tolerância aos religiosos

“Ouvindo-o todo o povo, recomendou Jesus a seus discípulos:


Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes
talares e muito apreciam as saudações nas praças, as primeiras
cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes; os
quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem
longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo” (Lc
20:45-47)

Todo o povo o ouvia, mas Jesus faz esta recomendação


aos seus discípulos. Se você quer ser um discípulo de Jesus, tem
que ouvir as instruções Dele e as colocar em prática. Os escribas
eram homens encarregados de fazer cópias da lei e, de tanto
copiar, tinham décor qualquer parte, por isso tornaram-se
mestres da lei e um dos principais grupos da religião judaica.
Em outras palavras Jesus diz: “Evite os religiosos, que gostam
de andar com roupas religiosas e acham que merecem honra e
título no cumprimento em público, que gostam de lugares de
destaque quando estão reunidos com a igreja e gostam dos
lugares mais importantes nas festas; eles exploram até as
viúvas, e como justificativa fazem longas orações. Estes serão
castigados com maior rigor”.3Veja que Jesus nos ama tanto que
Ele nos avisa com bastante antecedência que tipo de religioso
devemos evitar. Um ditado que eu gosto muito e que sempre me
deixa alerta diz: “Um bom pastor tem que ter cheiro de ovelha”.
Quando um pastor se destaca pela sua aparência através de
roupas religiosas, bens que o cercam, perfumes caros, etc, tudo
isso é um indício de que ele não conhece bem as ovelhas. Jesus
disse na passagem acima: “Evite-os”. Ande longe deste tipo de
líder religioso para poder andar perto de Jesus. Como vimos

3 A paráfrase de Lucas 20:46-47 é minha.


107
acima, eles “...só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp
3:19). Estas palavras de Jesus também servem para que
possamos identificar se uma igreja está andando longe de Jesus.

Outra característica de um pastor que não foi


comissionado pelo poder do evangelho é a ênfase que se dá no
título e não na fraternidade. Jesus disse: “E quem quiser ser o
primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do
Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos” (Mt 20:27, 28). Na igreja do
Senhor ninguém deve se tratar por títulos religiosos, quem tem
o título de pastor deve ser tratado com a mesma igualdade e
fraternidade que aquele que acabou de entrar no corpo de
Cristo. Muitos religiosos criaram a tradição de chamar os servos
apenas como pastor, como se eles não tivessem nome.

Quando entrar num prédio, observe se alguns recebem


maior honra que outros. Em alguns prédios já se dispõem
cadeiras com encostos altos e almofadados para os “homens de
honra”. Numa festa eles gostam de lugares que possam ser
vistos e notados como homens importantes. Lembre-se da
passagem que lemos acima sobre quem gosta de lugares de
honra, disse Jesus: “Evite-os”.

Estes mesmos religiosos são aqueles que só se


preocupam com as coisas terrenas e não excluem nem as viúvas
das ofertas obrigatórias e as roubam. Claro que as viúvas podem
contribuir na igreja, mas quando elas têm necessidades e não
são assistidas e mesmo assim são cobradas, algo está errado.
Com critérios bíblicos as viúvas devem ser sustentadas pela
igreja (1 Tm 5:3-16). Para sentirem-se bem e justificarem este
ato antibíblico, as longas orações tomam lugar do
arrependimento, o castigo está a caminho e será rigoroso. Para
também não ser castigado como cúmplice, evite-os.

A respeito das palavras do seu Senhor

108
“À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já
não andavam com ele. Então, perguntou Jesus aos doze:
Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?
Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu
tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido
que tu és o Santo de Deus” (Jo 6:66-69).

Os discípulos de Jesus reconhecem suas palavras, mesmo


que duras de ouvir por vezes. Mesmo que as palavras de Jesus
sejam duras, o discípulo não tem para onde ir, pois a sua crença
o prende ao seu Senhor, o “Santo de Deus”. As palavras de Jesus
são duras para você? Mas não esqueça que são palavras de
amor.

A respeito do amor

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros;
assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes
amor uns aos outros” (Jo 13:34, 35).
Amar ao próximo, o que há de novo neste mandamento?
O antigo mandamento era: “Amarás o teu próximo como a ti
mesmo” (Mc 12:31). Este mandamento já vinha do Velho
Testamento. Mas quando amamos ao próximo como amamos a
nós mesmos, fazemos algum bem, mas ainda assim não é um
amor adequado, pois somos falhos e pecamos, fazendo mal para
nós mesmos. Mas aí entra o novo mandamento de Jesus, o
complemento de amar ao próximo não é mais como a ti mesmo
mas, segundo Jesus: “...assim como eu vos amei, que também
vos ameis uns aos outros” (Jo 13:34). Amar ao próximo deve ser
com o amor com o qual Jesus nos amou. E Ele nos amou de tal
forma que deu a sua vida por nós e isto é que é amor: “Nisto
conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e
devemos dar nossa vida pelos irmãos... Nós amamos porque ele
nos amou primeiro” (1 Jo 3:16; 4:19).

109
O discípulo de Jesus é conhecido pelo amor ao próximo,
amor como o de Jesus que deu a sua vida por nós. Pode-se
conhecer a igreja de Cristo quando vemos que os discípulos têm
amor uns pelos outros. Mas quando vemos uma igreja que exala
lutas por poder e divisões, brigas por lugares de honra,
exibicionismo religioso para ver quem é mais espiritual, neste
lugar vemos que não há discípulos de Jesus, pois está faltando
amor ao próximo, está faltando Jesus, pois sem um clima de
amor como podem estar reunidos em nome de Jesus? Jesus não
está num lugar onde falta amor ao próximo: “Porque, onde
estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio
deles” (Mt 18:20). Por isso a reunião da igreja sempre tem que
ter clima de amor.

A respeito da sua missão

“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu


vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis
fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto
pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Isto vos
mando: que vos ameis uns aos outros. Se o mundo vos odeia,
sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós
fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como,
todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por
isso, o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que eu vos
disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me
perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se
guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Tudo
isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não
conhecem aquele que me enviou” (Jo 15:16-21)

Por que fazemos parte da igreja? Uma igreja que não usa
de artifícios humanos para proclamar o evangelho, uma igreja
que não dá importância a títulos, que não tem regimentos
internos, mas obedece somente ao Novo Testamento, uma

110
igreja que exala o amor de Cristo uns pelos outros, uma igreja
simples, uma família. Fazemos parte da igreja, porque Jesus é
quem escolheu os seus discípulos e os capacita a darem frutos
permanentes. “A fé não é de todos” (2 Ts 3:2).

É natural esperar que o mundo persiga os discípulos de


Jesus, mas temos visto também religiosos perseguindo
religiosos. Em vários lugares do país existem pessoas que têm
esta proposta única de ensinar somente o que a Bíblia diz, e isto
incomoda muitos que vêem suas esperanças de lucro se
desfazer. Se perseguiram a Jesus, perseguirão também os seus
seguidores. E quem perseguiu Jesus? Os romanos, os gregos?
Não, os próprios líderes religiosos dos judeus. Mas sempre
existe a esperança de que se guardarem a palavra de Jesus,
guardarão também as palavras dos apóstolos escritas nas
páginas do Novo Testamento. E se perseguirem estão
simplesmente confirmando que não conhecem a Deus e sua
palavra.

Conclusão:

Somos chamados para sermos discípulos de Jesus, não


ouvintes negligentes. Jesus não nos chamou para sermos
cristãos descompromissados. Não nos chamou simplesmente
para acreditar Nele, nos chamou, antes, para obedecê-lo. Não
nos chamou para sermos protestantes ou para protestar a
respeito de algo. Não nos chamou para sermos evangélicos ou
pentecostais, muito menos católicos. Jesus nos chama à sua
igreja e é Ele quem nos acrescenta à ela que é o seu corpo. Não
devemos participar de movimentos religiosos modernos,
devemos participar da igreja de Cristo edificado por Ele
pessoalmente no primeiro século, trinta dias depois da sua
morte, sepultamento e ressurreição.

Quando Jesus chegou havia três grupos religiosos


principais entre os judeus. Os fariseus, os saduceus e os

111
escribas. Eram denominações religiosas do judaísmo, os
fariseus e os saduceus não se davam e tinham crenças
diferentes, os fariseus seguiam rigorosamente a Lei de Moisés e
as tradições e os costumes dos antepassados (Mc 7:1-13; Mt
23:25-28), os saduceus não acreditavam na ressurreição (At
23:8) e por isso, foram censurados por Jesus por não
conhecerem as Escrituras e nem o poder de Deus (Mt
22:23-33). Mesmo em face a este cenário, Jesus não se juntou a
nenhuma daquelas denominações, pelo contrário se opôs a eles,
pregando a proximidade do reino e o arrependimento de
pecados e a obediência a lei espiritual vigente, o Velho
Testamento. Hoje da mesma forma os seus discípulos não
devem buscar filiar-se a nenhuma denominação ou ministério.
Devemos, antes, continuar pregando o reino de Deus e o
arrependimento dos pecados como meio de entrada nele.

Se nos consideramos discípulos de Jesus, ouviremos os


seus apelos quanto à união: “Não rogo somente por estes, mas
também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio
da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó
Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o
mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a
glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos;
eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na
unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os
amaste, como também amaste a mim” (Jo 17:20-23). Jesus orou
por você, e hoje você está ouvindo as suas palavras. Pense nisso.

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