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cree Refrenciagios Sobre Coane its ¢ Nio Ditss {©2011 by Monica Magathies Cavalcante Inpresio no Brauil/Prited in Baal Talos os Detos Reservas dora da Universidade Feral do Ceard— URC ‘Ax da Universidade, 2932 ~ Betica~Frtaleca ~ Cerd (CEP. 60020-181~ Tel ax: (85) 3366-7766 (Dito) 85) 33667499 (Dutra) / (5) 33667839 (Liana) Internet: wawediora br = E-mail etra@ ube Coorrencho ENTERAL ‘Moacir Ribeiro da Sv Rewsto ve Texto ‘Mari Vili Man e Siva ‘Sivania Bravo Berra Nunes Norauaszacho Bauoornca epitua Socorro Tavares Guimarics CRB 3801 Procesuacho Visual € Dacaasiicho Lt Carlos Azevedo cam ‘aldlanio Arado Macedo Contos ne Fe Roisin: Pro Sere Gers 8 Tier Goats, Mins Mepis Tepowsns Ste Coe Date ND Mn atthe Crate Foun axe UF 3 1 Aloe Dac 3 Lapa « pa Ee lire é wma amen Igoe Kose at Antnio Marcuch = dis nes, das cena é ‘amb wm porto de sa. Por de, fla 0 sro texto, esecidmente mens ales ¢ eos he, € ‘comtrando-se na eferencagdo, comesam as face > feta no pais Mas o Que é Mesmo Referente? ‘A pritneita pergunta que assoma 2 cabega de quem deseja conhecer a referenciagao talver seja 0 que é referente. Temos que comesar dizendo que referentes sio entidades, que_construfmos-mentalmente quando enunciamos, vm texto. So realidades abstratas, portanto, imateriis Refe- rentes nfo S80 sigificados, embora no seja possvel falar de Teferéacia sem recorter aos tragos de significagfo, que nos informam do que estamos tratando, para que serve, quando fmpregamos etc. Referentes também nao sto formas, inbora, em geral, cealizem-se por expressoes referenciais. Se repetimos um dito popular, muito comum nos dia de ho} “A informatica chegou para resolver problemas que antes nao existiam”, vemos emergirem desse texto dois referentes, isto 6 duas entidades, dois objtos de discurso ~ 0 primeiro diz respeito & informatica; o segundo, aos problemas que advieram com ela. Escusado dizer que s6 representamos cognitivamente essas entdades se sabemoso significado das fapresades referenciais que as manifestam nesse enunciad: wy informética’ e “problemas que antes no existiam’ © modo como aquele que enuncia (0 enunciador) seus possiveis interlocutores (ot cognunciadores) constroem @ Fepresentacio deses referentes em suas mentes munca ¢ © nesmo em qualquer situacto efetiva de comunicagao- © ato de referir & sempre uma agao conjunta. Para a Linguistica do Texto, hoje, fazemos referencia a algo quando ros reportamos a pessoas, animais, objetos, sentimentos ideias, emocées, qualquer coisa, enfim, que se tonne essen tia, que se substantive quando falamos ou quando escreve- nes E na interacio, mediada pelo outro, € na integragao He nossas préticas de linguagem com nossas vivéncias $0- 15 ; ne sa fabricante de agar Nesse momento, 0 referente de “a eiaabeadl cau amrorce , af, ce pronones inferidas de thecimentos partilhados se articulam *bressbes referenciais, que também pode ptagmas ad de inerextuaidade éncia em agio, €tece Jo ~condiga numa superficie material suportada pelo discurso; 0 texto —e —— ‘stabelece entre enunciador, sentido/referéncia e coenun- vitavelmente atrelado a uma enunciagao discursiva. Como Que Relacao Tem a Referenciacdo ' ‘com a Coeréncia de um Texto? vad scursiva aus A coeréncia é a unidade de sentidos que cada um ot ‘ be liata e env ora de um determinado texto, de acordo com seus conhe imentos linguisticos, textuais, com seus saberes especificos emergente da dimensio discursi que compartilha com os coenunc - mentos de mundo. ‘trod sialon Partimos, assim, de uma de texto como fené Quando, por exen plo, recebemos via e-mail, uma lista meno comunicativo, o que supée uma visio de coeréncial textualidade que no depende exclusivame inerentes & organizacio dos elementos 3s, sim, de um contexto sociocultural Jades interpretativas damos com Hanks de provérbios parodiad > do tipo: “A unitio faz coesio e de © agticar”, precisamos resgatar, em nossos conhecimen de mundo den de nossa cultura, o provérbio do qual este se origina, que € "A unio faz a forg ve inclui uma série de a No instante em que notamos a substituigao do referente de “a forca” pela enti enunciadores. Por isso, con: f dade expressa por “o agticar”, retornamos a0 inicio do texto ‘quando diz que hé textos que podem falhar em ter uma e entendemos que a expressio referencial “a unio”, na ver- dade tematic, estiisica ou outros tipos de unidade, mas jade, est disfargando o substantivo préprio Unio, empre nem isso os impede de ser um “texto”, © autor assume a "7 a a ot ot ae eee ie er pope reat es er hee Ge foe ee ee ee, ee ee eee er Mints Mapas Caamse Posigdo de que também as propriedades formais e funcionais de signos complexos possam auxiliar no estabelecimento da textualidade e da sua coeréncia. No texto abaixo, os diversos pares de didlogos, apenas somados uns aos outros, poderiam parecer desconexos, nio ‘coesos, porque misturam temiticas completamente distintas, u Porque constituem uma sucesso de perguntas variadas ‘com respostas prontas: (1) TROCADILHOS + Eu estou em forma... redondo é uma forma, no? + Evite uma vida sedentéria. Beba égua. *+ Lixo: coisas que jogamos fora. Coisas: lixo que suardamos. + Meu gato morreu em miados do ano passado. + Ser canhoto € facil; o dificil € ser direito *+ O Ringo nio Star fo Paul McArtney no corteio. O John? Té Lennon. ‘+ Tedou 100 vestidos pra vocé me dar 100 calgas. + 60 num bar, 70 sair 100 pagar, ai mando a policia 20 buscar. + CERVEJA como sio as coisas. Vocé mio me CO- NHAQUE, nio sabe de onde eu VINHO, por isso ‘no me CAMPARI com qualquer RUM. Disponivel_ em: hrtp/vww forunecin:commarinalearibhe- ani Shem Mas © tépico geral, declarado no titulo “trocadilhos", une todos eles e prepara o leitor para o que se pode esperat do contecido: jogos de palavras, ndo informativos, com 0 ropésito de divertir. Esse pressuposto ¢ indispensdvel a co- esto entre as trocadilhos, de modo a ligar coerentemente os contetidos dispares num conjunto com o mesino objetivo 18 sgt uve Gta Da nk Dat \édico. A disposigto das frases no cotexto, o conhecimento ue se tem do género trocadilho, a veiculagdo pela Intemet Para indimeras pessoas a um s6 tempo, os recursos estlisticas de desconstruir e reconstruir vocébulos,ressignificando-os, todos esses fatoresaliados & pritica social de divulgar textos humoristicos pelo meio digital, estabelecem a textualidade « favorecem a construcio da coeréncia pelos participantes da comunicasio. + pois, dentro de uma enunciago mais ampla, in- cluindo-se a dimensio discursiva, que situamos nosso ponto de vista sobre a referenciagao: dentro de um conceito mais estendido de enunciagao, que, como dizem Charaudeau e Maingueneau (2004, p. 195), pertence a um nivel global, pensado em termos de cena de enunciasio, de situagao de comunicagso, de género de discurso. Retorando as Origens: Quem Jé Estudou © Fenémeno da Referéncia? Investigar como as expressoes nomeiam as entidades € luma preocupagéo muito antiga, que, por um longo tempo, focupou a mente dos filésofos da linguagem e dos légicos, bem antes de interessar aos linguistas. Como mostra Aratijo (2004), j6 08 estoicos, no século la.C. (¢, antes deles, Plato « Aristoteles), a0 refletirem sobre as quests da linguagem, distinguiam entre expressdo, conteida e referete. Pensava- se, entio, que o referente era “a coisa”, que subsistia exte- riormente 20 texto materializado. A referéncia era a relacio que se estabelecia entre “a linguagem (um dizer) e uma ex- terioridade (um nao dizer).” (CARDOSO, 2003, p. 1). 19 Mote Magi Cnn Falar de “refertncia® era, entio, tratar de uma relagio cntre palavras isoladas ¢ os objetos do mundo teal que elas podham etiquetar Uma palavra como pers simbolizaria 0s ‘eines que existisem na realidad na extenondade do que festava dito no texto. Daremos que essa “exterioridade” no era a mesma para todos os pensadores no decurso do tempo. Para os estoicos, © teferente podia set uma entidade fisca, uma ago, um pensamento - era um dado sensivel, aquilo que, percebido pela experitncia, alcangava um significado e e exprimia por palavras, egstrando-se na meméria ‘Muitos anos mais tarde, comenta Araijo (2004), tam- ‘bem Santo Agostinho (354-430) defenderia que nio pode- tia haver significado se no houvesse referente. Assim, 0 cconhecimento dos conteddes no adviria das palavras, das ‘expresses, mas do proprio fato de elas remeterem & coisa. “A palavra, que, antes do aprendizado, era som, torna-se sinal, no pelo fato de se aprender 0 seu significado, e sim pelo fato de se aprender a que ela se refere, sua denotagso.” (ARAUJO, 2004, p. 22)..0 que se concebia, pois, como re- ferente ~ devemos notar — ji resvalava para outra nogo, a de abjeto denotado’, ou, em outros terms, a nogio de refe- réncia jd se confundia com a de denotagdo. Basta le acitago abaixo, de Chierchia (2003, p. 36), para constatar esse con- fio conceitual e, consequentemente, terminol6gico: Tradionalmente,tende-te a sting aeferéncia ou ddenotagia i um smo. ¢0 seu sigrficado ou sentido. Disse que uma exprestio Jenota ou se refere A sua *SDenceagto de uma wnidade Knica € consiuta pela extenso do ‘conceuto que expresso seu agmicade. for exemple, sen 0 mgno ca ‘eva uma amocino do conceto mae! de quatro ps, com assent € cenconte’« da imagem acne Rader, 4 denstagto srk yc 0 Socadeias” (DUBOIS « a. 199) acon Sd Ca Dent ae teferénci, mas “exprime”o seu sentido, Por referéncia (ou denoeago), entere-se geralmente aguilo a que lum signo sere ‘nalividuo. Um nome comum, por sua ve, parece 4 fe feria uma clase de individuos: © nome comum cavalo se refere 8 classe dos cavalo [gifs nossos) Confundia-se, portanto, eferénciacom denotagdo, como se fossem tetmos intercambiaveis. Mas € necessério que no as confundamos. Referéncia vs. Denotagio ‘A denotagio diz respeito, na verdade, a um tipo de sig- nificado descritivo; € a relagio virtual, estocada na nossa ‘meméria coletiva, entre a palavra eo canjunto dos membros dde uma classe que ela representa (LYONS, 1977). Eis por que € possivel dizer que o nome cavalo denota a classe de individuos que podem ser designados como tal. Quando tratamos da denotagio de uma palavra como cavalo, ocor- re-nosa ideia de uma série de animais, mais ou menos seme- lhantes, que poderiamos chamar assim. Jé a referéncia costuma estar associada a0 uso que 08 sujeitos podem fazer das expressbes referenciais em enun- ciados fetivos, em contextos particulars, para se reportarem @ entidades. No poderiamos falar de referéncia considerando apenas a palavra fora de contexto, em estado de dicionério, ‘mas poderiamos, sim, tratar de denotaglo. Nao se pode afr ‘mar que um dado nome “se refere” a uma classe de indivf- duos, pis $6 se identifica o referente correspondente a um nome quando se analisa o enunciado e 0 contexto de uso ‘em que esse nome foi empregado. Se, numa situagdo seal de an Suclihansinee aaa esl aealnoud ee ne see comunicagio, alguém enuncia O eapitao comprow um belo - fal legal ou jurdica de cempor, que € uma conserva dd mistura agucarada de frtas(PELT, 19%, p45) ‘Assim, 2 dministragdo pode impor uma transforma (ho cavegorial, mesma que 0 conhecimento centiico Teprinue a considera a cenoura como uma rai, € 25 ‘edkicas alimentares, como um legume. (MONDADA, DUBOIS, 2003, p27) n Moa Magda Care Uma forte evidencia dessa negociagio no modo de conceber e de denominar os referentes € a aitude de refletir sobre o proprio dizer ao selecionar as expressbes referenciais de acordo com a audiéncia, com os propésites comu: nicativos, com o contexto imediato etc. Essa negociagio repercute nas nfo coincidéncias do dizer (AUTHIER RE- ‘VUZ, 1998) e nas estratégias usadas para marcé-tas, isto é repercute na escolha de pistas que assinalam vozes deren: tes, pontos de vista distintos num mesmo enunciado. Para idustragio, atente-se para o emprego das aspas em "sistema" ‘no exemplo seguinte, exttatdo de Costa (2007, p. 161); tra ta-se de um e-mail para uma lista de discussio. Observe-se como o enunciador se wolta para a expressio referencial que vai empregare se vale das aspas como que para questionar 0 «que alguns outros pontos de vista entendem por sistema: ) From: EF {maitoelir@ims.uerbe} Sent: Tuesday, May 18, 2004 1:13 PM Te: A.S. CVL@yahoogroups.com Sabie Re [CVL} Aida oracsmo Estamos todos sem a resposta, pois a resposta est em

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