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PAULO DOMENECH ONETO

EMENTA:

Ao longo dos anos 1970 Gilles Deleuze e Flix Guattari publicaram dois livros
essenciais para compreendermos as novas facetas que o capitalismo ento
assumia, agora dentro de uma nova chave (O Anti-dipo, 1972 e Mil Plats, 1980).
Embora trabalhando com conceitos da teoria marxista e da psicanlise, os dois
autores no se inscreviam na corrente vagamente denominada como freudomarxista
e propunham novos conceitos e categorias. Tratava-se de pensar a importncia da
dimenso do desejo (na trilha de autores com Spinoza ou Reich), mas em termos de
um processo sutil, microlgico; a um s tempo escapando e constituindo o socius
de carter revolucionrio por um lado, mas facilmente apropriado e rebatido em
certas condies econmicas, sociais e polticas que cumpria determinar. Dentro
desse quadro deleuzoguattariano, a categoria proposta para pensar o elo entre
relaes sociais de produo e relaes afetivas de desejo a categoria de
produo desejante.

Minha ideia aqui mostrar de que modo esta categoria fundamental para
compreender os novos desdobramentos assumidos pelo capitalismo dos ltimos 40
anos. Por meio dela possvel ir at mesmo alm das consideraes sobre a
esquizoidia da produo desejante capitalista discutida pelos autores e identificar
outro movimento da subjetividade capitalstica, cada vez mais forte: o narcisismo
social. Trata-se de mostrar como a categoria de produo desejante permite
compreender e eventualmente apontar para sadas do dilema atual diante da
violncia do capitalismo. A perda de confiana em movimentos de resistncia a esta
violncia se deve a dois fatores paradoxais: por um lado, a um forte sentimento de
impotncia em virtude da fragmentao do socius (esquizofrenia) e, de outro, a uma
nsia de pertencimento a qualquer custo em virtude da integrao de mercados que
impede a constituio de um lado de fora de si (narcisismo).

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