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Acer asides utetabiliade erie nas police Hensi Acselad (ong) (© Lamparina editors 1. ed. (2001)- Rio de Janeiro: DP&A. Cal. Espagos do desenvolvimento) Revise de proves Paulo Tells Ferret; Silva Debeto C. Reis (1. ed) Angelo Lesa (2. ed.) Proje gr Priscila Cardoso is, diagrams capa cro dcop Umberto Bocconi - La sr er nels cse (0 rid da rua penetr de cam), 1911. Ole sobre tela, 70x 756m, (© texto dest lio foi adaptado 30 Acordo Or rico da Lingua Pormguess, Proibida a reprodugio, total ou parcial, por qualquer meio ow process, sein reprogrifico,ftogrific,grifico, microfilmagem et, Estas probs aplicam- se também is caracterstiasgrificase/ou editrais, A viola dos direitos au- tors é punivel como exime (Césgo Penal, art. 184 ¢ $5: Lei 685/80), com ‘busca, aproensioe indenizagies diversas (Ll 9.610/98 Lei ds Diritos Auto . Catalogagio-nafonte do Sinicato Nacional dos Edtones de Livros Dos 2.ed.— 3.00 exemplares A duragio das cidade: susentabiidede ¢ riso nes polices urtunas / Hen Acserad(org)~ 2. ed. Rio de Janeiro: Lamparin, 2009. 256p. Incl bibliografia ISBN 978-85-08371-66-8 x. Planjamentourbano, 2 Politica wana, Vida urbana Asptos an 4 Cilades evils I. Acslrad, Henri ooo, DD: 30776 CU: 316.33456 A duracao das cidades Sustentabilidade e risco nas politicas urbanas Hever Acsttan (oRc.) Barbara Deutsch Lynch brik Siyngedouy Fabricio Leal de Olvera Femanda Sanchez Pere Velie Rosa Moura Rose Compans ) S 7 n 99 155 in 193 a9 SUMARIO Prefacio eu RATNER Prefacio a segunda edicio Introducio Sentidos da sustentabilidade urbana Instituigdes internacionais para a protecio ambiental: suas implicagdes para a justica ambiental em cidades latino-americanas A cidade como um hibrido: natureza, sociedade e ‘urbanizagao-ciborgue” Cidades sustentaveis, cidades globais antagonismo ou complementaridade? Tempos da economia, tempos da cidade: as dindmicas A (in}sustentabilidade das cidades-vitrine Frans sAvchi2 | Sustentabitidade e competitividade: a agenda hegeménica para as cidades | do século XX} | ratio teat or uaveinn Os riscos da cidade-modelo SENTIDOS DA SUSTENTABILIDADE URBANA* ENR ACSELRAD Diversas matrizes discursivas tém sido associadas a noglo de sus- tentabildade desde que o Relatrio Brundtland a langou no debate ppblico internacional em 1987. Entre clas, podem-se destacar 4 matriz da eficiéncia, que pretende combater o desperdicio da base material do desenvolvimento, estendendo a racionalidade «condmica ao “espago no mercanti planetirio”;a da escala, que propugna um limite quantitativo ao erescimento econdmico © & pressio que ele exerce sobre os “recursos ambientais" a da equi- dade, que articulaanaliticamente prinefpios de justicae ecologiay a da autossuficiéncia, que prega a desvinculagio de economias nacionais esociedades tradicionais dos luxos do mereado mundial como estratégia apropriada a asseguraracapacidade de autorregu- lao comunitiria das condigGes de reprodlusio da base material do desenvolvimento; ada étca, que inscreve a apropriagio social do ‘mundo material em um debate sobre os valores de bem e de mal, evidenciando as interagBes da base material do desenvolvimento com as condigies de continuidade da vida no planeta. ‘A partir da Conferéncia das Nages Unidas sobre © Meio Ambiente € 0 Desenvolvimento (Unced) de 1992, a nogio de sustentabilidade vem ocupando espago erescente nos debates sobre desenvolvimento, Por um lado, no discurso desenvolvimen- * Bate capitulo € versio amplinds de artigo publicado na Reise rained Es tudes Urbano Regina ai 1999). A duracao das cidades tista ~ produzido por agéncias multiaterais, consultores téenicos ec ideslogos do desenvolvimento -, verificou-se um investimen- to na corregio de rumos, no esverdeamento dos projetos, na rea- dequacdo dos processos decisérios. Com ajustes — acreditam esses atores ~ a proposta do desenvolvimento poderia ser res- gatada, suas dimensdes autofigicas superadas, sua durabilidade assegurada, sua vigéncia sustentada, Por outro lado, no eampo «das ONGs, em meio a critica dos limites do contetido que gover- nos ¢ instituigdes oficiais vm atribuindo a0 desenvolvimento «que pretendem sustentivel, alguns veem na sustentabilidade uma nova crenga destinada a substituir a ideia de progresso, constituir “um novo principio organizador de um desenvolvimento cen- trado no povo” e ser eapaz de “tornar-se a visio mobilizadora da sociedade civil eo principio guia da transformagio das institui- ses da sociedade dominante” (People Centered Development Forum, 1992). © que prevalece, porém, sio expresses interrogativas recor rentes, nas quais a sustentabilidade é vista como “um prineip «em evolugio”, “um conccitoinfinito”, “que poucos sabem 0 que €', € “que requer muita pesquisa adicional”. Manifestagies de ‘um positivsmo frustrado:o desenvolvimento sustentivel seria um dado objetivo que, no entanto, nio se conseguiu ainda apreen- det. Mas como definir algo que nfo existe? E que, a0 existir, seri, sem dlévida, uma construgio social? E que, enquanto tal, poderd também compreender diferentes contetidos e priticas a reivindi- car seu nome? Isso nos esclarece por que distintas representagiies ¢ valores vém sendo associados & nogio de sustentabilidade: sio discursos em disputa pela expressio que se pretende a mais leg ‘ima. Pois a sustentabilidade & uma nogio a que se pode recorrer para tornar objetivas diferentes representagies eideias. A suposta imprecisio do conceito de sustentabilidade su- sgere que ndo hé ainda hegemonia estabelecida entre os dife- Sentidos da sustentabilidade urbana rentes discursos. Os ecslogos parecem mal posicionados para a disputa em um terreno enraizado pelos valores do produtivis- mo fordista e do progresso material. A visio sociopolitica tem se restringido a0 esforgo de ONGs, mais especificamente na atribuigio de precedéncia ao discurso da equidade, com énfase a0 mbito das relagies intemacionais. Melhor se apropriou da nogiio até aqui, sem chivida, o discurso econdmico, pretendendo inclusive a preexisténcia da mesma na teoria do capital e da ren- dda de Hicks Mas, a0 contriio dos conceitos analiticos voltados para a ex- plicagio do real, a nogio de sustentabilidade esté submetida & 16- sgica das priticas:articula-se a efeitos sociais desejados, a fungdes| priticas que o discurso pretende tornar realidade objetiva. Tal consideragio remete a processos de legitimacio/deslegitimagio, de priticas atores sociis. Por um lado, se a sustentabildade € vista como algo bom, desejivel, consensual, a definigio que prevalecer vai construir autoridade para que se discriminem, em seu nome, as boas priticas das ruins. Abre-s, portanto, uma luta simbélica pelo reconhecimento da autoridade para falar em sus- tentabilidade. Para isso, € necessério constituir uma audiéncia apropriada, um campo de interlocugio eficiente em que se possa ‘encontrar aprovacio. Poder-se- falar, assim, em nome dos (e para os) que querem a sobrevivéncia do planeta, das comuni- ddades sustentiveis, da diversidade cultural ete. Resta que a luta em tomo a tal representagio exprime a disputa entre diferentes priticas e formas sociais que se pretendem compativeis ou por tadoras de sustentabilidade. Para afirmar, porém, que algo ~ uma coisa ow uma pritica so- cial ~ € sustentivel, seré preciso recorrer a uma comparagio de atributos entre dois momentos situados no tempo: entre passado e presente, entre presente e fururo, Como a comparagio passado- presente, no horizonte do atual modelo de desenvolvimento, & expressiva do que se pretende insustentivel, parte-se para a com- A duracio das cidades Paracio presente-futuro. Dir-seo, entdo, sustentiveis as piticas ‘que se pretendam compativeis com a qualidade fatura postulada como desejivel.F essa rlagio entre um presente conhecido ¢ um futuro desconhecido © desejvel situa a nogo de sustentabilida- de no campo do que alguns chamam de “causalidade teleologi- «2, “que tem, como causa suficiente de um comportamento, uin 2kontecimento que contém em sua descrigio a exigéncia de que uum outro acontecimento, chamado seu fim, acontega” (Costa, 1994). Ou sea, a causa & definida pelo fim; a ordem de sequéncia dlos acontecimentos esti embutida na condigio antecedente defi. nida como causa. E sustentivel hoje aquele conjunto de priticas portadoras de sustenabilidade no futuro. O recurso essa ‘causalidade teleolégica” ¢ particularmente ‘Questiondvel quando ela implica reconstruiro presente i luz de supostas exigéncias do futuro.’ A experiénca histrica registra «exemplos no minimo discutiveis dessa atualizacio politica do fu- turo: “E preciso crescer para depois distribuir”, “estabilizar a ‘economia para depois crescer”, “sacrificar o presente para con- ‘quistaro futuro” ete. Os riscos sio tanto maiores quando se sabe {que os que ocupam posigdes dominantes no espaco social tam ban estio em posigdes dominantes no campo da produgio das representagies e ideias. Se o Estado e o empresariado ~ forgas hhegem@nicas no projeto desenvolvimentista ~incorporam a ert tica insustentabilidade do modelo de desenvolvimento, passam 3 ocupar também posigio privilegiada para dar contetide a prd- pria nogio de sustentabilidade. ‘Mas isso ndo quer dizer que a questio esteja resolvida de ver, ‘Ao contririo, autoridade ¢ legitimidade, atributos decisivos para todos os atores que disputam o poder de definir 0 que susten. tivel, so também fangZo da manira que esses atores elaboram seus ciscursos alternatives sobre a questo, e da forgarelativa que cawsaldade logic,“ que nlo exe ainda pode agi sobre o que & oubeyran, 1995, p. 27). sat : Sentidos da sustentabilidade urbana acurmulam no campo das idetas. Neste capitulo faremos um ma- peamento das principais matrizes discursivas da sustentabilidade urbana, procurando identificar as inflexdes que os atores sociais que recorrem a essa nocio apontam para as priticas sociais de construgio do espago das cidades. Pois o futuro das cidades de- penderi em grande parte dos conceitos constituintes do projeto de futuro dos agentes relevantes na produgio do espago urbano. Sustentabilidade e desenvolvimento [As priticas e instituigées que se pretendem portadoras da sus- tentabilidade sio fiegbes sociais. Nao sio, por isso, menos reais. Mas sua existéncia dependers de que alguma proposigio obtenha hhegemonia entre as visdes alternativas; que se produza uma crenga na “sustentabilidade” contida nessas priticas ¢ instituigées. Em tomo de que eixos vém se tentando construir tai erencas? Que discursos os elaboram ¢ que articulagoes I6gicas constroem? Analisaremos, a seguir, alguns dos que se identifica como os principais nesses eixos discursivos. Proposigio central no discurso da sustentabilidade & busea de cficiéncia no uso dos recursos do planeta. Adotando-se 0 ponto de vista de uma razio pritica utiltiria, a légica da eficiéncia in- sere 0 homem em processos culturais de adaptagio entre meios € fins. Buscando satisizer interesses particulares, destaca-se como processo dominante a economia de meios para atingir os fins esta- belecidos. A alocagio eficiente dos recursos € aquela que respeita- ria as preferéncias dos consumidores ponderadas pela capacidade individual de pagamento. Seu ambiente institucional é o merca- do competitivo em que vigorariam pregos relatives determinados pela oferta e pela demanda. [Nessa matriz podem abrigar-se desde “cornucopianos” — ot imistas tecnolégicos, que acreditam na capacidade de o sistema A duracso das cidades de pregos induzir teenologias limpas, ou na agéo de uma “mio invisivelintergeracional” que garantiri que a maxima satisfagao dlos interesses presentes transmitiri um mundo mais produtivo &s geragoes fururas ~ até 0s partidérios do livre comércio como forma de produzir recursos para proteger o meio ambiente ¢ os que acreditam quea corregao das “falhas de mercadlo" e das “dis. torgbes” governamentais do sistema de pregos pode assegurar a ficiéncia global. Estabelecidos os pressupostos da racionalida- dle econdmica o live mercado seria 0 instrumento da alocagao Cficiente dos recursos planetarios. A internalizagio das externa. Tidades por taxas “pigouvianas” ~ associadas 20 economista de nome A.C. Pigou— ou a reforma dos sistemas fscas corigitiam as distorgdes responsiveis pela degradagio ambiental: dissocia. ‘eo entre escassez e prego, entre benelicio e remuneragio, entre dlano e custo. ‘A meta de eficiéncia alocativa via reforma fiscal (taxar mais © uso dos recursos e a producio de rejeitos) é por vezes asso ciada a propésitos subordinados de equidade, sob © argumento de que a menor tributagio sobre 0 trabalho e o capital acarre. {aria elevacio nos niveis de emprego e de renda, A eficigncia Pode também se articular a um discurso ico subordinado, que aponta o cariter autodestrutivo da irracionalidade econdmica: a ineficiéncia mieroeconémica signifcaria perda de competti- vidade; projetada no planeta, ela comprometera irresponsavel- mente a sobrevivéncia da hun mnidade. Mas a motivagio central da sustentabilidade na dtica da eficiéncia & mesmo o combate ao dlesperdicio da base material do desenvolvimento, a instauragio dda racionalidade econdmica na escala do planeta, a sustentacio, enfim, do mercado como instancia reguladora do bem-estar dos individuos na sociedade. Neomalthusianos, economistas ecolégicos, pessimistas tec- nologicos ¢ todos os que concebem uma “economia do mundo ppleno” ~ subsistema aberto de um ecossistema fechado ~ asso. iam a sustentabilidade ao estabelecimento de limites quantita. a Sentidos da sustentabilidade urbana tivos a0 crescimento econdmico. Para estes, a eficiéncia sem su- ficiéneia ndo basta. Ao se falar em limite, implode-se a promessa liberal de abundiincia universal por meio de um crescimento constante da demanda e da sustentagio de um mercado em per= ‘manente expansio. Agora, além da alocacio étima dos recursos, hi de se pensar também uma escala étima, grandeza na qual a pressio do esforgo produtivo agregado sobre a base material do desenvolvimento seria compativel com a “capacidade de sano te” do planeta. Apenas a microeconomia considera a escala 6ti- ma, correspondent 9 ponte que useur + equzagio ene © custo marginal ¢o vero marginal das empresas. Para evden- ciar 0s limites da eseala macroeconémiea seri preciso recorrer 4 racionalidades no econdmicas. As escalas agregadas no sio determinadas pelos pregos, mas o seriam por uma decisio social que refletisse os “limites ecolégicos”. Em termos formals, redugio do consumo global de recursos le ser alcangada pela redugio do nivel de consumo per capita Sears pela redugio da populagio total. Os instrumen- tos apresentados para tanto so 0 controle populacional ou a itacio inteligente” dos niveisindividuais de consumo: recurso a uma autoridade neo-hobbesiana para controlar quan- tidades produzidas ¢ populagdes, de um lado, ou questiona- mento cultural das finalidades sociais, de outro. Mas enquanto as empresas supdem sujeitos de decisbes relativas is escalas mi- croecondmicas, nao hé sujeito global capaz.de impor limites a0 crescimento econdmico agregado. As instiuigbes de Bretton ‘Woods atribuem-se fungdes no mbito financeiro e monetirio, nio no plano das escalas globais de producio. : AA consideragio das escalas macroeconémicas pode também subsumir questdes socials e étieas. Ao se limitar o erescimento ‘econdmico global, emergem questdes relativas a desigualdade internacional de niveis de vida e de renda, assim como a pres- sio inter-regional diferenciada sobre os recursos do planeta. Prioriza-seassim a redugio dos niveis de crescimento econdmico os paises rico, frente ao direito ao desenvolvimento dos paises mais pobres. A necessidade de arbitrar eseolhas entre objetivos de escala, alocagio eficiente e distribuigo evoca eritérios éticos sobre o padrio das relagdes sociais. Ao contrério do pensamento ‘dominante na economia, nao se podem reducir escolhas éticas a0 nivel da vontade de pagar ponderada pela renda dos individuos (Daly, 1991). A producio da sustentabilidade & assim articulada dde forma subordinada i explicitagio de padres éticos relativos a valores de bem e de mal, A énfase nas necessidades ea asergio de que os pobres sio as Drincipais wtimas da degradagio ambiental ustficam para alguns ‘estabelecimento da equidade como principio da sustentabilid de. Mas a articulagio logica de tal discurso decorre, com efeito, da afirmagio da inseparabilidade analitca entre justga e ecologia, A riz. da degradagio do meio ambiente seria 2 mesma da desi gualdade social. As questdes de escala ¢ de eficiéncia se coloca. ‘lam para o discurso de “um sé mundo”. Mas, embora ecologica- ‘mente interligado, 0 mundo é socialmente fragmentado, E para ‘0s muitos mundos em que se divide o planeta pela desigualdade social entre classes regides, a questio da pressio agregada sobre ‘0s recursos ambientas € atravessada pelas temticas da desigual- «lade distributiva, da dependéncia financeira, da desigualdade no controle dos mecanismos do comércio e dos flaxos de tecnologia, ‘Tais mecanismos originam-se na desigual correlagio de forgas econdmicas ¢ poiticas que regulam 0 acesso de classes e paises 3 base material do desenvolvimento, Dessa desigualdade nascem e, 40 mesmo tempo, citcularmente, a cla alimentam, ‘Mas para dar 4 equidade estaruto de autonomia ¢ no de su- bordinagio com relagio & questio da escala do crescimento (0 problema distributive existria pela necessidade de limitar o eres- imento), sio evidenciadas relagdes socias conflituas, por meio das quais a logica do mercado destréi simultaneamente as bases Sentidas da sustentabilidade urbana reproditvas da nature e dos grupos sociais que dela dependem.. A sustentabilidade decorreria entio da submissio do mercado is leis de rendimento da natureza, das quais depende, por sua vez, economia da sobrevivéncia dos povos (Shiva, 1991). “Todavia, paralelamente, discursos dotados de pronunciado rea- lismo politico enunciam propésitos utilitérios de obtengio de contrapartida negociada para justificar que, sem justiga global € coparticipagio na prosperidade, nao se conseguirs envolver ( paises pobres na gestio comum do meio ambiente global (os global commons). equidade & aqui recurso meramente instru~ ‘mental. Mas a preservagio dos recursos naturais de que popula ses fururas poder se beneficiar é também apresentada como procedimento portador de justigaintergeracioal. al formula- io no pode, por certo, se sustentar legitimamente se no for apresentada de forma subordinada & muito presente e palpivel «questio da injustiga intrageracional. Em paralelo ao diseurso ca equidade emergem as proposta de preservacio e construgio das condigBes de autossufciénia econmica de comunidades de produtores ameagados pela di fusio homogencizadora das relagbes mercantise monetirias. As ‘comunidades seriam sustentiveis por desenvolverem relagdes tradicionais com o meio fisico natural de que depende sua sobre- vivnca, E toda ago tendente a proteger as unidades domést- ‘cas ~ proprias de sociedades tradicionais situadas nas regides de fronteira da expansio das relagdes capitalistas ~ das ameagas de desestabilizago econémica ou cultural seria portadora de sus- tentabilidade. ea a essai area tra 0s propositos de livre comércio. A erescente globalizacio da Sai paren tara espa dae ‘mercial, tenderia a estimular os mecanismos da competitividade espiiria ~ baixos salérios e sobre-exploragio do meio ambiente. A erosio das fronteiras nacionais acarretaria, por outro lado, 0 ‘A duracao das cidades cenfraquecimento dos Estados nacionais ~ atores potenciais es- ‘tratégicos na implementagdo de politicas ambientais domésticas € na execugio dos acordos internacionais de protegio da ecolo- ia global (Daly, 1994). A sustentabilidade é também articulada por um discurso da tica, que elabora a conduta humana diante dos valores constru dos de bem e de mal. Destacam-se aqui as intengdes das ages ‘que tém por objeto uma base material biofisicamente comum, in- terligando espagos, homens e tempos. E perceptivel, igualmente, que tals agies ¢ os juizos que se aplicam sobre elas ocorrem em condigies de acentuada desigualdade jurfdica, econémica e po- ica de acesso a0 espago ambiental pelos distintos agentes so-

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