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Alguma Poesia & Imagem Sem Fantasia

POEMAS
Midu Gorini
midugorinibook
Alguma Poesia
&

Imagem Sem
Fantasia
Midu Gorini
©2010
Alguma Poesia, Imagem Sem fantasia
Primeiro vem à imagem, depois o poema, onde  as palavras foram lavradas,
de forma lúdica, sem as pretensões literárias, de um Neruda, Bocage,
Drummont, Pessoa ou da vizinha ao lado, escritora poetisa.
Mídu Gorini
Nenhuma cidade me reteve
dentro de suas fronteiras
Nenhuma profissão
dentro do seu aborrecimento
Nenhuma mulher
dentro dos seus braços

Até eu encontrar
a mais bela flor de amor
e entregar-lhe o meu coração
como os poetas
se entregam aos seus versos

No acalento da noite ao vento


quanta esperança mansa
burburinhos de carinhos
e vida vivida
até chegar aos beijos teus

Até chegar a sua simplicidade


de pão e de vinho
a sua fina transparência
de água cristalina
a sua pureza
de eterna primavera

E nossos lábios fizeram fogo Quanta vida vivida


que se entregou a paixão até chegar aos beijos teus
dividiu o vinho e o pão
E nossos corações fizeram sonho
que uniu dois corpos em uma só alma
dividiu a luz em um amor eterno
Vai pescador
vai que os ruídos das ondas
ferem a madrugada sem maldade

Vai pescador
vai que a esperança mansa
dança perto dos olhos

Vai pescador
vai que a cicatriz feliz da saudade
fica no peito do seu grande amor

Vai pescador
vai que o peixe o espera
a meio mar com magia e poesia

Vai pescador
traz o peixe, o pão, o aroma, o gosto gostoso
e o desejo do beijo amoroso, da sereia no seu coração
na fervura obscura da magia
iguais aos antigos cristais
os encantos se quebram
não voltam mais

são flechas lançadas


são palavras faladas
são noites passadas
não voltam mais

de um modo ou de outro
deixam as suas marcas
nuas e cruas tatuadas
com calma na alma

sem pudor surgem


as verdades cristalinas
brilhantes e eternas
como os diamantes
Paixão fogo que aquece e queima
o sonho, a realidade, o erotismo, o místico
O homem perde completamente o controle
nesta viagem de instinto selvagem

Como a tempestade na montanha uma paixão


é algo inquietante que retira do homem a razão
O homem não tem nenhum direito a não ser
consumir a mulher repleta de cheiros e sabores

Todas as coisas tem o seu mistério


a poesia é o mistério de todas as coisas
elementares, penetrantes e perturbadoras

As mulheres são seres de paixão e fogo


manifestam as forças da vida e da morte
deixando os homens desorientados aos seus pés
Beladona belicosa beldade
formosa redoma perfumada
gota divina da natureza

Porque a rubidez da timidez?


Se toda beleza será celebrada
Se nenhuma nudez será castigada

Vês com aridez os meus olhos


que passeiam encantados, extasiados
sobre a translucidez das tuas curvas

Entendas que entre dois desejos e um beijo


a timidez é morbidez é guerra civil aguerrida
não há vencedores, apenas sobreviventes

Porque temes a nudez Beladona?


Se meus olhos te celebram
Se meu peito se encanta

Se minha boca convida o teu desejo


com dentes de marfim, aroma e água
bela e pura, nua e crua para o leito
Bela nua o meu olhar
foi vento lento que passou
por sua beleza crua

consumi o teu corpo


com a audaz paz voraz
dos amantes errantes

gota a gota saboreie o seu mel


e fui me entregando com calma
a palma de sua mão

que me recebeu com tato


graça, aroma e paixão
depois me ensinou o que é amar

com carinho e beleza pura


pois cura no meu coração
brilho nos meus olhos

mel em minha boca


e aroma nos meus lábios
Quero ver-te nua
com sua beleza crua
em suas formas
mais delicadas

Uma nudez sem timidez


da cor dos meus desejos
com movimentos leves
suaves e tentantes

Sua beleza pura


pois brilho
nos meus olhos
água em minha boca
e aroma nos meus lábios

Quero ver-te nua


para depois entregar-me
à palma de sua mão
de corpo e alma
de peito aberto
com o coração aberto

Para o meu encantamento


só você Menina-Mulher
Duas pessoas e uma amizade
as vezes é puro romantismo
com líquido e certo erotismo
Acontece em qualquer idade

Apesar de toda luz e claridade


encabula no mais puro sensualismo
evitando a todo custo o sexualismo
Tenta cristalizar a sua doída virgindade

Amigo e amiga com instintos abraseados


dois corações compulsivos condenados
a serem por toda eternidade, só amigos!

Até que um dia entregam-se aos seus fustigos


se beijam e amam com os corpos incendiados
E a vida segue, levando os seus segredos antigos...
O tropeiro Romeu, mais branco que perna de freira
mais comprido que esperança de pobre
mais desconfiado que cego que tem amante
mais duro que pau de preso

Se apaixonou por sinhá Julieta


mais bonita que laranja de amostra
mais enfeitada que égua de cigano em festa
mais gostosa que beijo de prima

Tropeiro Romeu faceiro como mosca em rolha de xarope


com língua afiada como navalha de barbeiro caprichoso
perguntou: A Sinhá acredita em amor a primeira vista
ou preciso passar de novo, por vos mercê?

Sinhá Julieta feliz que nem lambari de sanga


se viu cobiçada como anca de viúva nova e bonita
assanhada como solteirona em festa de casamento
respondeu atirada como interesse de viúva: Sim

E assim grudado como bosta em tamanco


mais felizes que primeiro dia de rodeio
o casal vive tranqüilo e sereno
que nem baile de moreno
Amo, clamo, gemo, tremo És tatuagem irreversível
marcada em meu corpo tatuada em minha alma
O amor é o nosso segredo correndo sem medo
Correndo perigo fugindo do inimigo
Gota a gota fui me transformando
no poema que se entrega a poesia
No homem que se entrega a mulher
de corpo e alma na palma da sua mão
Sem alterar a natureza da água doce
que busca o sal a meio mar
Sem alterar o destino da lágrima salgada
que busca o doce na esperança mansa
Sem o peito ferido do marido traído
pobre cisne de plumagem tisne
Como a estrela que posso vê-la a noite
eu posso ouvi-lo no silêncio tranqüilo
Em silencio atencioso
antes da prece que adormece ao luar
Com o brilho do Filho de Deus
rogo a deusa Afrodite
Crias todas as delícias
do amor aos amantes
Com delírios alucinantes
vens em noite de lua cheia
Permitas com magia de sereia
a madrugada, o luar, a nudez,
a maciez do prazer no peito
e as libélulas lilases ao amanhecer
Sois o vil ciúme, amor de dor
remóis, destróis, corróis
depois deseja os meus açoites
á flor da noite, a meia noite
mas foi-te no pernoite
com o teu ácido, a cor dos meus desejos
A luz dos meus olhos, o mel dos meus lábios
Remóis o meu peito dividido no leito
antes e depois do seu perfume
Destróis os meus carinhos, os meus fascínios
dos encantos sobram os desencantos
do leito só a saudade no peito
Corróis a minha alma com calma
entregue a palma de sua mão
de peito aberto, de coração aberto
Ser fiel já não basta para o teu fel
assim vou para a rua de lua a lua
á espreita de esquina em esquina
Assim eu me vingo do seu ácido
nos braços de uma morena de bom tom
gostooosa como bombom
Assim eu me vingo da sua fúria
nos lábios de uma loira de doce abrigo
gostooosa como figo
Assim eu me vingo do seu vil ciúme
como um pássaro vil
Até ele aprender que sou cavalo selvagem
vara que verga, mas não quebra
Até ele aprender que o seu mel não pode ser fel
Até ele aprender que te amo, como nunca amei ninguém
Meu profuso olhar azul desliza
na penumbra dessa sala escura
e pela primeira vez pousa em ti
com o brilho do fogo do esmerilho
Difuso neste silencio atencioso
vejo a retidão imóvel do espelho
refletir olhos azuis sem mágoas
tingindo o teu corpo amoroso
Na penumbra vejo miragens
sobre a tua pele desnuda muda
vejo suas formas mais delicadas
com aromas mais que selvagens
vou te acariciando lentamente
em suas partes mais intimas
vou te acordando suavemente
e me entrego aos seus prazeres
Às suas vontades de peito aberto
às suas fantasias feito unha e carne
mulher dos meus cuidados
mulher dos meus prazeres
Respiro com gosto a natureza
sem censura dessa intimidade
transpiro com gozo o destino
sem futuro dessa infidelidade

Até o seu coração falar chega


Amantes são viajantes do tempo
de uma mesma estrada da vida
de um mesmo peito no leito perfeito
Diferente inebriantemente ardente

onde sedutores suores ferem sem maldade


a madrugada com burburinhos de carinhos
Onde meu olhar se ilumina no seu corpo de menina
o calor do meu beijo descansa doce nos seus lábios

Sinto o desejo nos seus lábios


como a tarde que arde ao sol
Sol que sempre serei em seus lábios
Sol que nunca serei em sua vida

Minha mão acaricia com malícia


suas pernas ternas, seu cio meu vício
te penetro feito um amante errante
rasgo-lhe tal e qual folha de papel

Te abro como uma preciosa rosa formosa


faço-lhe tremer em suas carnes macias
e me perco nas suas gotas de suor
com passos embriagados de prazer

Você me procura como quem busca a cura


sacia os seus lábios nos meus lábios avios
e parte sozinha na madrugada ferida
com calma na alma para o Sol da sua vida
Fim de tarde que já arde covarde ao sol, cai a noite
no acalento lento do vento vem a madrugada apiedada
Na boca loca do mundo onde tudo passa com graça
de boteco em boteco, esperança mansa e muita vida vivida
Na esquina a pálida Margarida vende suas flores e suas dores
na mesa azul turquesa ao lado trocam olhares, bocas e amores
Amantes errantes que amenizam com seus burburinhos de carinhos
o grave sobre o suave, são palavras lavradas, cravadas na paixão
Amores tentadores que suavizam e fogem do antigo e cruel castigo
do gato sobre o rato, ao som do velho e bom, bolero de Ravel
Instante brilhante de magia fantasia e poesia ardente

Mas não inocente aos olhos do marido ferido, banido


chegou trazendo a fúria dos infernos infernais
louco, rouco, fala pouco “- Corno jamais!”

Gritos aflitos e os tiros perfeitos


É triste mais existe, o passional
Em dois minutos a polícia no local
Sem uma lágrima a notícia no jornal
Duas vidas foram perdidas sem reza, nem defesa
e um marido traído, preso
sem Deus no coração
Em silencio solidão
sem calma na alma
o brilho dos meus olhos
apagaram-se em noite escura

Minha tristeza deságua


em lágrimas sonoras
serpenteando o meu rosto
como um rio amargo

Buscando a beira mar


na tarde que arde ao sol
as ondas torturadas
pela vida vivida

No acalento do vento
a vida insiste e passa triste
Pergunto a luz do sol
onde ficaram as alegrias?

Talvez na lembrança que descansa


doce nos seus lábios vermelhos
Talvez nas flores da primavera
cores que coloriram a minh'alma

Onde ficaram as alegrias?


Talvez na esperança mansa
que se acabou e levou
o brilho dos meus olhos
Pode me chamar de poeta
entrego-me aos versos meus
com o coração incendiado
das antigas amantes errantes

Pode me chamar de bêbado


mas negarei até a última dose!
O que faço com a minha lucidez
que atrapalha a minha embriaguês?

Escreva poemas, as palavras deslizaram


como uvas suaves ou barcos carregados
com potes de mel sobre o branco do papel
rumo as mãos e aos corações apaixonados

Vou afogar as minhas mágoas


nas águas feridas dos versos teus
pois no volátil álcool dos copos meus
minhas mágoas aprenderam a nadar

Adeus amigo bêbado de palavra lavrada


Adeus amiga poeta de poesia e fantasia
Quem já viveu na pele o desengano
Nos lábios sentiu
o grito do desespero vivo
Sabe o que meus versos
estão cantando

Quem já viveu na pele o limite


No coração a Fé
porque só lhe restou a Fé
Na alma recebeu o desprezo
porque só lhe sobrou o desprezo
Sabe o que meus versos
estão cantando

Sabe que a dor cala


e a sabedoria fala
transformando a inteligência sábia
em sábia sabedoria

Quem já viveu nos olhos o vazio


Sabe o que meus versos
estão cantando

Sabe e vive vivo


com a esperança viva No acalento lento do
com o desespero morto vento
Tem Fé, tem gratidão Meu verso ficou resfriado
tem amor e Perdão de Sobra Atchim, Atchim, Atchim
para o canto dos meus versos. Saúde verso
Nem todo leão é rei,
agressivo é tigre
Esmeralda pedra
Nem todos amores são dores

Todo dragão é fogo


pássaro é vôo
beijo mel
Todos os carinhos são caminhos

Nem todas as cegonhas


trazem as crianças
Nem toda natureza é morta
pede socorro!

Toda cebola se fosse bola pulava


não ardia noite e dia
Nem toda a consciência se bola fosse
pula ou arde como cebola

Nem todas as guerras juntas trazem a paz


A paz é uma beleza cristalina
uma delicada flor de amor sem dor
que precisa ser regada com carinho dia a dia
Pobre homem bastava-lhe
as folhas, os frutos, as raízes
Com fúria humana destruiu
as florestas, os bosques, as arvores

Pobre arvore bastava-lhe


as sementes dos frutos caídos
a terra ao sol com água cristalina
e a ternura da lua acima das nuvens

Pobre homem bastava-lhe


desfrutar da natureza com sabedoria
saborear os seus frutos com respeito
e descansar em paz as suas sombras

Pobre verso meu bastava-lhe


transformar cinzas em folhas verdes
No fio da navalha o pão e o suor
do trabalhador braçal, pobre mortal
gado marcado onde os carrapatos
do poder, verdadeiras raposas velhas
pastam com a fúria dos lobos humanos

Indo e vindo tal qual camelos


barcos marrons do deserto
sugando o sumo do suor e do pão
O trabalho sempre foi o máximo
o salário sempre foi o mínimo

Carrapatos do poder, sanguessugas


saciando sua sagaz sede voraz
de pão amanhecido e lágrimas de suor
Verdadeiros sacos sem fundo
que não sabem ler com o coração

Se soubessem saberiam significado


nobre da palavra HUMANIDADE
E lá vem ele, com seu vermelho nariz
o colarinho folgado, o casaco colorido
E dentro do peito um coração feliz
bem maior do que o mundo vivido

Hoje tem goiabada? Tem sim senhor!


O palhaço o que é? É ladrão de mulher!
Que história é essa? Ladrão de mulher?
O palhaço é apenas o ladrão da tristeza!

Com seu nariz vermelho, o seu colarinho folgado


calhambeque ferro-velho, o seu jeito desengonçado
Ele transforma o mundo numa grande bola engraçada
onde todos podem rir e brincar de forma enfeitiçada

Palhaço nobre mensageiro da paz


do amor, da gargalhada, do sonho
Faz da vida uma poesia com fantasia
onde todos ficamos iguais na alegria
Sou brasileiro cancioneiro Abrigou-se entre suas folhas
lá do interior do Paraná saciou sua sede e fome
com muito orgulho refrescou-se do calor livre do solão
e estória pra contá amaldiçoou com sua mão, as canas!
Hoje dos amigos eu vou falá E depois partiu rumo ao inferno

Certa vez Jesus É por isso que a cana


aquele que pregou dá o açúcar
o Amor por causa da Benção do Nosso Senhor
e morreu e a cachaça
na Cruz por causa da maldição do diabo

Vinha pela estrada E não é que andando


mortinho de fome pela estrada da vida
sequinho de sede eu encontrei um limoeiro
quando viu um canavial e como todo bom brasileiro
com verde cana caiada misturei açúcar, limão e cachaça

Abrigou-se entre suas folhas É como dizia Don Juan:


saciou sua sede e fome Mais vale um peito na mão
refrescou-se do calor livre do solão do que dois no sutiã
abençoou com sua mão, as canas! A primeira caipirinha de limão
E depois partiu rumo ao céu a gente nunca se esquece

Porém o diabo Sou brasileiro cancioneiro


aquele chifrudo malvado lá do interior do Paraná
no outro dia, invejoso Caipira do mato sim senhor
pegou a mesma estrada com muito orgulho
e viu a mesma cana caiada e estória pra contá
Alguma Poesia & Imagem Sem Fantasia

POEMAS
Midu Gorini
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As imagens fotográficas e os poemas de Neruda,
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Gorini, Romildo Filho, 1955
Alguma poesia ® primeira edição
l. poesia brasileira. l. título
 

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