Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGAd)
Mestrado Acadêmico em Administração da UFF
Disciplina de Epistemologia do Pensamento em Administração Professor: Sérgio Montalvão Acadêmico: Celso Fraga da Silva - Turma: 2017/1
Resenha do Capítulo do Livro de, “SANTOS, Boaventura de Sousa. Sociologia da
Ciência e Dupla Ruptura Epistemológica. 5ª ed. São Paulo: Cortez; 2008. 93 p.”
Celso Fraga da Silva
O capítulo intitulado, “ Sociologia da Ciência e Dupla Ruptura Epistemológica,
Boaventura de Sousa Santos, afirma que a sociologia da ciência e a política científica estão indissociavelmente ligadas. No decorrer do texto, o autor discorre sobre a descontinuidade entre a sociologia do conhecimento realiza entre os finais do século XIX até o início da década de trinta do século XX, e a sociologia da ciência fundada no início da década de quarenta nos EUA; dando destaque para Merton e seus estudos teóricos funcionalistas. Merton liderou uma corrente de estudos que procurava compreender quis eram as funções sociais da ciência. Boaventura destaca no início do século XX, os cientistas americanos tinha uma posição difusa e ao mesmo tempo contrária ao modelo de ciência reinante, isto por causa da “prostituição da ciência” à máquina de guerra e a desenvolvimento tecnológico desumanizante. Muitos destes cientistas perderam a ideologia que a ciência e progresso científico poderiam cria condições para paz e prosperidade. Questionamentos sobre a função social da ciência começaram a surgir. Ainda neste capítulo, Boaventura que a investigação sociológica da ciência dos anos cinquenta e do princípio da década de sessenta do século XX, é balizada pelas concepções de Mertoniana, tanto no domínio da sociologia da ciência como a teoria da sociedade. A ideia de função latente e função manifesta criado por Merton, se demonstra o comportamento dos cientistas – a excessiva concorrência e a prioridade são exemplos de função manifesta , e a o desenvolvimento científico de função latente. Boaventura tenta levar o leitor a compreender o processo de industrialização da ciência e sua subserviência das universidades e grandes empresas ao complexo industrial- militar controlado pelo Estado. O cientista passa ser a um mero proletário que trabalha de acordo com métodos, projetos de um chefe, e com equipamentos que pertencem aos donos da ciência. Boaventura estabelece as condições teóricas de uma ciência pautada pelo princípio da dupla ruptura epistemológica. E adverte que as condições teóricas não terão eficácia se não estiverem realizadas certas condições sociais. Para definir o conhecimento de dupla ruptura epistemológica, o autor, explica que somente encontra sentido na criação de um novo conhecimento se este estiver em confronto com o senso comum, o qual ele denomina – primeira ruptura. A segunda ruptura se refere a transformação do senso comum pelo conhecimento e a transformação deste novo conhecimento em senso comum. Para Boaventura, a acumulação de conhecimento deveria ser transformada em sabedoria. Segundo Boaventura, o conhecimento ficou reduzido a práxis técnica, e o os outros saberes como o saber religiosos, artístico, literário, mítico, poético e político ficaram marginalizados ao saber científico.
s “Um discurso sobre as ciências", de Boaventura de Sousa Santos, apresenta uma
crítica à epistemologia positivista, tanto nas ciências físico-naturais, como nas ciências sociais, com um debate à luz de autores clássicos da física e da matemática. Nos capítulos comentados a seguir, Boaventura traz um conjunto de ideias que subvertem a ordem de pensamento estabelecida na ciência moderna. No capítulo, “O paradigma dominante”, Boaventura de Sousa Santos traz um conjunto de ideias que emergiram a partir da revolução científica do século XVI e se consolidaram como um paradigma global de racionalidade científica no século XIX, finalizando um ciclo de hegemonia de uma velha ordem científica. Uma das características desse modelo, que teve início com as ciências naturais e se estendeu as ciências sociais emergentes no século XIX, é o totalitarismo, pois, esse modelo nega toda forma de conhecimento que não se pauta pelos seus princípios epistemológicos e pelas suas regras metodológicas. Neste diapasão, Boaventura destaca que o paradigma dominante coloca o senso comum e os chamados estudos humanísticos (em que se incluem, os estudos históricos, jurídicos, literários, filosóficos e teológicos) como fronteiras potencialmente perturbadoras do modelo global. Para Merton, a sociologia não deveria se concentrar em teorias gerais. Uma teoria seria bem sucedida se conseguisse contariar o senso comum e se revelasse válida empiricamente Boaventura destaca ainda, que neste novo campo de saber da ciência moderna ocorre o predomínio da física e da matemática newtoniana em busca de um racionalismo cartesiano. Deste lugar central derivam duas ideias, a saber: a primeira é que conhecer significa quantificar, o que não é quantificável é cientificamente irrelevante; a segunda é o reducionismo, conhecer significa dividir e classificar para determinação de relações sistemáticas e regularidades com vista a prever o comportamento futuro dos fenômenos O autor ainda apresenta em seu texto, que os obstáculos das ciências sociais acabam se adequando aos critérios de cientificidade das ciências naturais devido não disporem de teorias sólidas explicativas de abstração da realidade. As ciências sociais são historicamente condicionadas e culturalmente determinadas. Mediante a isto, são incapazes da objetividade cartesiana, pois, os seres humanos são seres subjetivos e valorativos. Isto que significa, que os cientistas sociais influenciam suas práticas com seus valores. No final do capítulo, Boaventura discute a ideia do atraso das ciências sociais em relação as ciências naturais. Como obstáculo do avanço, o autor coloca que nas ciências sociais não há consensos paradigmáticos. Para Boaventura, as ciências sociais serão sempre subjetivas e não objetivas como as ciências naturais. No capítulo, “A crise do paradigma dominante”, Boaventura assume que o modelo de racionalidade científica da ciência moderna atravessa uma crise irreversível, todavia, não se pode afirmar o que emergirá após o colapso do paradigma dominante. Outro ponto destacado pelo autor, trata-se do fenômeno da industrialização da ciência e o acordo desta com os centros de poder político, econômico e social, que passaram a definir as prioridades científicas. Boaventura faz uma denúncia que este modelo produziu um fosso entre países periféricos e centrais, devido as desigualdades econômicas e estruturais que proletarizam os laboratórios e centros de investigação. Como consequência disto, podemos inferir, que o desenvolvimento desigual dos países periféricos em relação aos centrais é fruto desta comoditização das ciências, que define as aplicações da ciência e a organização da investigação científica para interesses militares e sem vinculação social. Temos então, o perigo associado de estar distribuindo os benefícios da ciência de uma maneira regional e desigual. Referências Bibliográficas
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 5ª ed. São Paulo: