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Curso: Psicologia
Cadeira: MIPS
Nome: Jacinto Canguende
Sala: 23
Turno: Pós Laboral
Ano: IV
LUANDA, 2017
1 INDICE
2 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 1
1. DELIMITAÇÃO E LIMITAÇÃO DO OBJECTO DE ESTUDO ...................................................... 3
2. DESCRIÇÃO DA PROBLEMÁTICA .................................................................................................. 4
3. JUSTIFICATIVA (RELEVÂNCIA E VIABILIDADE) ...................................................................... 6
4. IMPORTÂNCIA...................................................................................................................................... 9
5. OBJECTIVOS DE ESTUDOS ............................................................................................................. 11
5.1 Objectivo Geral ................................................................................................................................ 11
5.2 Objectivos Específicos ..................................................................................................................... 11
6. 1.5 HIPOTESE....................................................................................................................................... 12
7. Variáveis dependente e independente .................................................................................................. 13
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 14
2.1 CONCEITO E DIFERENTES PERSPECTIVAS ACERCA DA DELINQUÊNCIA JUVENIL ... 14
2.2 TEORIAS EXPLICATIVAS DA DELINQUÊNCIA JUVENIL .................................................... 16
2.2.1 TEORIA DO LAÇO DE HIRSHI ........................................................................................... 16
2.2.2 LABELING THEORY (TEORIA DA ROTULAGEM) ......................................................... 16
2.3 FACTORES DA DELINQUÊNCIA JUVENIL .............................................................................. 17
2.3.1 CONSEQUÊNCIAS DA DELINQUÊNCIA .......................................................................... 18
2.3.2 CAUSAS DA DELINQUÊNCIA ............................................................................................ 19
2.4 PAPEL DA FAMÍLIA E ESCOLA................................................................................................. 20
2.5 A DEMOGRAFIA E A DELIQUENCIA EM ANGOLA............................................................... 21
2.5.1 CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E OCUPAÇÃO DO ESPAÇO .................................... 21
2.5.2 ESTRUTURA POPULACIONAL .......................................................................................... 24
CONCLUSÃO ............................................................................................................................................. 25
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................... 26
2 INTRODUÇÃO
1
conclusões científicas sólidas que permitam posteriormente fundamentar as intervenções no
terreno, quer em termos de eficácia terapêutica quer em termos de custo/benefício.
É facto sobejamente conhecido pela investigação efectuada nas últimas décadas que os
comportamentos anti-sociais têm uma grande estabilidade ao longo da vida (Farrington,
2004), sendo que o melhor preditor do comportamento anti-social futuro é o comportamento
anti-social passado (Tremblay & LeMarquand, 2001) e a idade em que este se iniciou
(Farrington, Loeber & Van Kammen, 1990).
Actualmente sabe-se que os menores que se iniciam precocemente (i.e., antes dos 12
anos de idade) nas actividades anti-sociais têm um risco acrescido de duas a três vezes
relativamente a tornarem-se delinquentes persistentes que cometem crimes graves de forma
continuada (Loeber & Farrington, 2001; Farrington, Loeber & Kalb, 2001) e a investigação
sugere que os melhores preditores do comportamento anti-social infantil e juvenil se
encontram a nível das características individuais e familiares (Wasserman & Seracini, 2001).
Pretende-se com este projecto aprofundar e consolidar os conhecimentos acerca da
Delinquência juvenil em Luanda propriamente no município de Cacuaco e, simultaneamente,
compreender em que medida a ausência de vínculos, enfatizando os vínculos familiares, têm
influência na adopção de comportamentos desviantes. Para tal, considerou-se pertinente
conhecer um pouco do mundo aparte que é vivido no seio dos jovens institucionalizados, e de
que forma a diminuição dos vínculos por parte dos jovens que nessas instituições residem
poderá estar na base de comportamentos agressivos ou anti-sociais.
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1. DELIMITAÇÃO E LIMITAÇÃO DO OBJECTO DE ESTUDO
1.1.1 - Delimitação
Estará delimitado aos munícipes do município de Cacuaco da província de luanda e ao
gabinete de investigação criminal do Comando de Divisão de Cacuaco.
1.1.2 – Limitação
A pesquisa será realizada no município de Cacuaco, nos bairros Ecocampo, Paraíso,
Kikolo e Augusto Ngangula.
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2. DESCRIÇÃO DA PROBLEMÁTICA
A delinquência juvenil é um dos problemas que preocupa a sociedade e faz com que as
autoridades procurem soluções para se acabar com os casos de jovens envolvidos em crimes.
Em Angola, como em qualquer grande país desenvolvido ou em desenvolvimento, há
infelizmente bastantes jovens em conflito com a lei, pelo que é oportuno que as entidades
competentes prestem a atenção necessária para evitar que muitos adolescentes tenham
condutas perturbadoras da ordem pública. As autoridades têm-se debruçado sobre as causas
da delinquência juvenil e criado as condições para impedir que os índices de criminalidade
aumentem no país, com a adopção de medidas de prevenção da delinquência juvenil, mas
também estudam as causas dos crimes praticados por jovens.
A criminalidade é um fenómeno que obriga a uma actuação transversal para a
combater com maior eficiência, pois não é somente assunto de Polícia. É também de outros
sectores da sociedade que podem, e devem, desempenhar um papel importante na prevenção
de crimes. Para tratar do problema da delinquência juvenil é importante sensibilizar quadros
que, pelos conhecimentos que têm, podem a ajudar a diminuir os índices de criminalidade.
Também é necessário que as várias entidades empenhadas no combate à criminalidade
juntem esforços para mais rapidamente poderem resolver os problemas da delinquência
juvenil.
As principais causas da delinquência são conhecidas, devendo haver acções que
possam ajudar a impedir que as condutas criminosas sejam recorrentes. É bom que a questão
dos jovens em conflito com a lei esteja a ser discutida por muitas pessoas e temos esperança
que nos debates que se realizam surjam ideias que contribuam para a solução de muitos
problemas.
A discussão é sempre salutar, sobretudo quando se trata de questões complexas como
é a delinquência juvenil. Analisar os problemas, por mais complicados que sejam, constitui
um bom exercício para se conseguirem as terapias necessárias às graves doenças que
sofremos.
A transmissão dos valores morais e cívicos à juventude é uma das tarefas que tem de
ser realizada por entidades ligadas ao sector escolar, que devem trabalhar na correcção de
comportamentos para podermos ter uma sociedade onde imperem as boas condutas.
Temos de lutar para termos na nossa sociedade homens e mulheres que desenvolvam
acções que promovam a boa convivência entre os cidadãos.
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Um país constrói-se com bons cidadãos. A prosperidade que queremos para Angola
passa pela criação do homem disponível para a prática de boas acções. Queremos todos que
haja cidadãos angolanos que prossigam o bem comum.
O Estado, a sociedade civil e a família, trabalhando em conjunto, podem criar um
ambiente propício para o surgimento de cidadãos que se preocupem em fazer o bem
permanentemente.
Com isto, levantamos a seguinte problemática:
Quais os factores determinantes da delinquência juvenil no Município de
Cacuaco, Província de luanda?
Que papel o Estado, a Sociedade Civil e a família tem para a criação de um
cidadão exemplar.
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3. JUSTIFICATIVA (RELEVÂNCIA E VIABILIDADE)
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Quando atentamos para a Proposta de Emenda Constitucional - PEC 26/2002, no
tópico que justifica a diminuição da idade penal, com base no grau de maturidade dos
adolescentes contemporâneos, é necessário discutir o nosso contexto sociocultural e nossas
representações sobre os adolescentes e a adolescência, visto que são essas representações que
determinam, implícita ou explicitamente, papéis sociais e comportamentos, apoiando-se em
aspectos fisiológicos, sexuais, afectivos, sociais, políticos e institucionais. Justificando a
discussão da criminalidade juvenil a partir de nosso contexto, tomando por referência
CARLOS (2000), entendemos que a criminalidade é um fenómeno social. Cada sociedade
trata seus adolescentes de forma específica, orientada por sua cultura.
Nossa sociedade espera maturidade do adolescente, porém, quase sempre, não lhe
oferece condições para o pleno desenvolvimento pessoal e social. Fato que retracta a cultura
de transferência de responsabilidades e de penalização das partes menos favorecidas. É
contraditório afirmar que o adolescente contemporâneo possui um nível de maturidade mais
elevado que os seus predecessores, quando eles são excluídos do processo de construção de
projectos sociais que lhes são direccionados. Essa exclusão pode ser traduzida como uma
negação à afirmativa da condição de sujeito maduro e crítico em suas acções, ou, como forma
de negar o lugar social do adolescente.
A prática diária em uma unidade de atendimento a adolescentes em cumprimento de
medida socioeducativa de internação, mostra a necessidade de uma reflexão sobre os
objectivos e aplicação das medidas. Propomos essa reflexão no sentido de contribuir para o
aprimoramento das políticas públicas de prevenção e controle da criminalidade juvenil,
enfatizando que a aplicação das medidas socioeducativas cabe ao governo estadual e
municipal e que não deve ser meramente punitiva e dissociada de intervenções pedagógicas.
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4. IMPORTÂNCIA
E por outra, por ser um dos problemas actuais que afecta toda e qualquer sociedade
moderna e também pelo facto de que a delinquência estar relacionada a diferentes
comportamentos desviantes que são geralmente relacionados à juventude.
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É fato que o crime e a delinquência, em conjunto com a violência, é um dos principais
problemas em nossa sociedade actual. No entanto, não existem explicações simples ou um
entendimento único de suas causas. A diversidade de motivações que são abordadas pelos
estudos sociológicos trazem alguma luz a esse tão complexo comportamento. Está claro que
maiores cuidados devem ser dedicados aos processos de formação do indivíduo, sem
criminalizar o diferente ou excluir as camadas mais fragilizadas de nossa sociedade. Em
especial nossa juventude, que são os mais vulneráveis e expostos aos problemas sociais
relacionados ao crime e à violência.
É também ainda importante falar deste tema, visto que contribui em termos ideias, tanto
da população em geral e em particular os munícipes para pôr fim a essa problemática.
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5. OBJECTIVOS DE ESTUDOS
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6. 1.5 HIPOTESE
Para a boa compreensão do nosso trabalho seleccionamos três hipóteses sobre o tema:
H1 – O elevado número de jovens fora do sistema de ensino poderá ser um dos
factores determinante da delinquência juvenil.
H2 – A falta de apoio dos pais, a pobreza e o acompanhamento na formação do
adolescente poderá ser um dos factores determinantes do crescente número de adolescentes
delinquentes no município de Cacuaco.
H3 – A fraca participação activa da policia, da sociedade civil bem como a não
urbanização dos bairros poderá ser um dos factores da não melhoria da delinquência nos
bairros do município de Cacuaco.
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7. Variáveis dependente e independente
Uma variável pode ser definida como classificação ou medida, quantidade variável,
conceito operacional que expressa valores, aspecto, propriedade ou factor, que pode ser
distinguido em um objecto examinado e que seja susceptível à medição.
A variável independente é definida como a que exerce influência sobre outra variável,
determinando ou afectando o resultado observado na segunda, com precisão e regularidade. É
geralmente manipulada pelo pesquisador em seus experimentos a fim de procurar estabelecer
a sua relação e influência sobre o resultado de um fenómeno observado.
A variável dependente resume-se nos fenómenos ou factores explicados ou
identificados, por serem influenciados ou determinados pela variável independente. É o
elemento que surge, se altera ou desaparece quando o investigador introduz, modifica ou
remove a variável independente.
No contexto da pesquisa a variável independente é o antecedente e a variável
dependente é o consequente.
Sendo que neste trabalho tivemos como:
Variável independente: Jovens adolescentes.
Variável dependente: Factores determinantes da delinquência juvenil.
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CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
DELINQUÊNCIA JUVENIL
O conceito de delinquência é talvez aquele que está mais associado a uma maior
imprecisão. Com, efeito, o termo delinquência tanto pode ser definido em função de critérios
jurídico-penais – sendo delinquente o individuo que praticou actos dos quais resultou uma
condenação pelos tribunais – como pode confundir-se com a definição de comportamento
anti-social (…), assumindo, desse modo, uma muito maior amplitude (Negreiros, 2001, p. 14).
Tal como Moffitt (1993) indica nos seus estudos, o individuo pode ingressar no mundo
da marginalidade em diferentes idades, no entanto, a infância e a adolescência 1 são as mais
frequentes. Os motivos para a prática criminal são diversificados e a continuidade dos
mesmos varia tendo em conta factores externos, sendo estes factores que ultrapassam o
individuo, tais como factores de índole social ou familiar, e internos, os quais por sua vez
traduzem-se em factores inerentes ao individuo.
1
A adolescência é uma fase conturbada na vida do individuo, marcada por alterações a nível físico, afectivo,
social, familiar e psicológico. É também na etapa da adolescência que o jovem desenvolve a sua própria
identidade e constrói a sua personalidade em função das suas vivências, experiências e da sua história pessoal. O
jovem começa a adquirir maior autonomia, o que o permite afastar-se um pouco da retaguarda familiar,
inserindo-se num grupo de pares com o qual se identifica e que terá grande relevo no processo de socialização e
da construção da sua identidade, passando a ser o seu ponto se referência na construção da sua identidade, ao
invés da família (Pral, 2007).
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nomeadamente de oposição parental, que poderão englobar condutas anti-sociais e desviantes
que integram o conceito de Delinquência juvenil (Monteiro & Ferreira, 2007).
De acordo com Born (2005) não há uma única teoria que explique o que é a
delinquência no seu âmago. Trata-se assim um tema amplo, que pode ser definido de diversas
formas, tendo em conta diversas vertentes, como a vertente Sociológica, Legal, Criminológica
ou Clínica/Psicopatológica, em que a vertente Social assume a existência de vários tipos de
acções que podem ser classificadas de diversas formas do ponto de vista social, dando
destaque às acções anti-sociais, onde se inserem os comportamentos delinquentes, sendo estes
comportamentos intencionais e que visam provocar danos a outrem.
Assim sendo considerado crime todos os actos que violam as normas previstas na lei
penal (Cusson, 2002). O fenómeno da Delinquência juvenil engloba os actos qualificados
pela lei como crime praticados por jovens entre os 12 e os 16 anos, os quais necessitam de ser
educados para o Direito bem como ser inseridos de forma digna e responsável na vida em
sociedade. Aos jovens infractores é-lhes aplicada uma das Medidas Tutelares Educativas
previstas no art. 4º da Lei Tutelar Educativa tendo em conta o facto praticado.
Sellin e Wolfgang (cit. in Cusson, 2001) De facto, o factor social tem grande pendor
na definição do conceito de delinquência, a qual varia tendo em conta as expectativas e as
normas sociais.
Cohen (cit. in Dias & Andrade, 1997), por exemplo, define o conceito de delinquência
como uma “violação das expectativas da maioria dos membros duma sociedade”.
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Assim, importa fazer uma distinção entre comportamento anti-social e comportamento
delinquente. Os comportamentos anti-sociais englobam os comportamentos que violam as
normas e expectativas sociais, não sendo necessariamente ilegais. Já o termo “comportamento
delinquente” é utilizado quando se pretende mencionar os comportamentos que violam as leis,
sendo portanto ilegais, e que são tipificados como crime pela lei (Negreiros, 2001; Pral,
2007).
Não poderíamos iniciar este tema sem começar por falar da Teoria do Laço Social de
Hirshi, sendo esta uma teoria fulcral na explicação dos comportamentos desviantes em
adolescentes. De acordo com este autor, a ausência de laços e de uma vinculação firme à
sociedade, nomeadamente com os pais e o grupo de pares, poderá dotar o individuo de maior
pre-disposição para a prática criminal. Assim quanto mais sólidos forem os laços que o
indivíduo possui com a sociedade e quanto maior for a sua conformidade e consenso para com
a sociedade, menos será a tendência para contrariar as normas sociais (Born, 2005).
O laço que o individuo cria com os pais e o respeito pelas regras por si impostas e o
consequente respeito e conformidade para com as normas sociais, ampliar-se-á então à escola,
ao grupo de pares, e à restante sociedade na generalidade. A vinculação é maior quanto maior
quanto maior for a importância que o individuo dê à opinião que os outros possuem de si
(aspecto qualitativo) e quanto maior for o número de instituições convencionais às quais o
individuo está vinculado (aspecto quantitativo) (Siegel, 2012; Hirshi, 2002)
Em suma, Hirshi pretende com esta teoria admitir a possibilidade de cada individuo ser
um “potencial desviante”, no entanto, dependendo de variáveis como os laços sociais, a
vinculação às instituições convencionais, o envolvimento em actividades convencionais ou a
conformidade com as normas sociais, poderá criar uma “intolerância ao desvio”, não
enveredando pela via criminal (Gonçalves, 2008).
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atribuem aos indivíduos. Estabelece-se assim uma união entre o comportamento criminal e o
rótulo que é atribuído ao actor do respectivo comportamento. Os indivíduos rotulados, regra
geral são os indivíduos pobres, com menos influência na sociedade e vitimizados pelas
instancias de controlo (Siegel, 2012; Kelly, 1978).
O individuo desviante, possui plena consciência da condenação social face aos seus
actos marginais e, uma vez rotulado como delinquente, sentir-se-á socialmente estigmatizado
e marginalizado, sendo alvo de uma pressão social que o “obriga” a assumir os rótulos que a
sociedade lhe atribui (Hess, 2010; Kelly, 1978).
De acordo com Edward Lemert’s (1967) o enraizamento criminal explica-se através
do conceito de Desviância Primária e Desviância Secundária. A Desviância Primária envolve
actos desviantes pouco significativos e com pouca influência no seu autor, sendo rapidamente
ultrapassados. O desvio Primário pode transgredir para Desvio Secundário, sendo já estes
actos alvo de uma recriminação social e aos quais a sociedade atribui um rotulo negativo. Na
fase de Desviância Secundária o acto criminal tem tendência a basear-se num mecanismo de
defesa face à reacção social negativa perante o indivíduo (cit. in Siegel, 2012). Lemert (1972)
transmite-nos uma ideia fundamental, sendo considerada uma premissa importante da
Labeling Theory, a qual nos diz que “Esforços para controlar os infractores, seja por
tratamento ou castigo, simplesmente ajudam a prendê-los ao seu papel desviante”.
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O problema da delinquência juvenil é diversificado e deve-se a vários factores, como:
a desigualdade social, o desemprego, a urbanização expansiva e explosiva da sociedade, o
afastamento do adolescente da actividade escolar e desportiva, a falta de assistência familiar
imprescindível na formação e identidade de cada indivíduo.
Em todo o mundo, a violência é um desafio urgente; uma questão de ordem económica
e social, de saúde e estrutural de grande importância.
A criminalidade e a violência afectam negativamente o desenvolvimento económico e
social, aumentam o grau de exclusão social e de pobreza, colocando em risco a cidadania e a
segurança, além de reduzirem a capacidade de governar de forma eficiente e capaz.
O processo acelerado de urbanização e globalização vivido por muitos países, além de
outros factores como a pobreza, a desigualdade social, a violência política, a precariedade dos
serviços públicos, a consolidação de organizações criminosas, o uso e tráfico de drogas
(particularmente Crack, Êxtase Cocaína e Heroína), a desintegração das relações familiares e
das redes sociais, a disponibilidade de armas ao alcance de qualquer um, e em muitos dos
casos resultantes de leilões das já antes apreendidas são frequentemente citados como
causadores do aumento da violência social.
Investigar os principais factores estruturais que estão por trás do crescimento da
violência juvenil e discutir como a desigualdade e o empobrecimento, reforçados por políticas
macroeconómicas neoliberalistas adoptadas por muitos dos países, aliadas à incapacidade
nacional de tratar os problemas da pobreza e da exclusão na distribuição económica, política e
social dos recursos, são de facto as principais razões da multiplicação da delinquência e da
violência juvenil.
2.3.1CONSEQUÊNCIAS DA DELINQUÊNCIA
A morte: assassinado por policiais ou por delinquentes de gang rival. Nunca nos
enfrentamos tanto com o mistério da nossa finitude como no momento em que nos deixas um
ser querido e amado.
Se a morte parece ainda mais escandalosa quando arrebata um ser jovem e cheio de
promessas inacabadas, ela mantém sempre o caráter de uma rotura absurda que vem
contradizer o dinamismo da nossa vida.
Aflição por parte dos pais: porque nenhum pai quer perder o seu filho, mesmo que esse
seja uma questão perturbadora para a sociedade?
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Os pais sempre tencionam coisa boas para os seus filhos, quando tentam transmitir as
suas experiencias ao filho adolescente, afim de evitar que ele sofra.
2.3.2CAUSAS DA DELINQUÊNCIA
Os dados apontam que 30% dos infratores possuem algum tipo de problema familiar. No
grupo de não-infratores apenas 8,7% apresentam o mesmo distúrbio. "Há, principalmente,
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uma grande quantidade de problemas nessa organização familiar que, está na sobrecarga de
atividades para o chefe do núcleo familiar e a atribuição precoce de responsabilidades para o
adolescente.
Muitos dos pais desses infratores tem um grande distanciamento da vida quotidiana de
seus filhos, se mantivermos o conceito de que a educação que é a transmissão de
conhecimentos e valores da geração adulta a geração nova, muitos desses pais, não teriam
dificuldades em responder quem eram os amigos de seus filhos, quais eram os lugares de lazer
que eles mas frequentavam, quais os sonhos e expectativas que eles almejam ser no futuro.
Esses pais, se envolvem pouco com a vida dos filhos e tem uma organização pouco rigorosa,
não sabem a hora que eles chegavam em casa, nem sugeriam um limite aos mesmos.
Os pais devem de certa forma acompanhar o desenvolvimento de seu filho, sempre, sobre
tudo quando se manifesta o inicio da crise moral, devem defender acerrimamente a questão da
moral defendendo o bem do mau, e esclarecendo seus valores, sem encafuar o certo do errado,
isso é uma atitude cômoda que pode influenciar o seu modo de ser, e libertar-se de muitos
comportamentos maquiavélicos.
Aos pais, cabe esclarecer aos filhos que a vida é um linear em busca do desenvolvimento,
e que todo caminho prevê chegar ao um fim, e a vida não é uma eterna competição.
É importante que os pais tentem colocar-se no lugar dos seus filhos, sentindo todo aquele
aparato, das suas tremendas doidices ou confusões, afim de obter diretrizes
abonatórias, conciliadoras e orientadoras que sejam benéficas á família como parte de um
todo.
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A família e a escola estão no centro da problemática em torno da «delinquência juvenil».
Esta centralidade da família e da escola nasce da nossa convicção de que a delinquência é
produto da incapacidade dessas duas estruturas de socialização de levarem, em muitos casos,
a bom termo as responsabilidades e os deveres que socialmente lhes competem realizar.
Vezes á, que os pais pensam que são detentores do saber e da educação, e tentam meter
de parte as opiniões de seus filhos, como pai, a necessidade de colhermos as opiniões dos
mesmo, deixar com que eles falem tudo, as boas coisas tem de servir para ele como fonte de
vida e as más coisas levar ao barco do esquecimento.
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pontos percentuais na quantidade de pessoas que passaram a residir em Luanda (Relatório
Económico 2010 CEIC/ UCAN, Junho 2011)
O CEIC/UCAN alerta para o êxodo rural que o país regista, para o forte ritmo de
urbanização, sobretudo depois de 2002, observado nas principais cidades, em particular
Luanda. Estes fluxos imigratórios internos reflectem a procura de novas oportunidades de
trabalho e de negócios entretanto proporcionados.
Como se sabe está previsto para 2013 a realização do Recenseamento Geral da População
e Habitação, operação estatística que permitirá, certamente, melhor caracterizar a situação
demográfica de Angola. As Nações Unidas apontam no relatório do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de 2010 um quantitativo populacional em Angola, em 2010,
de 19 milhões de habitantes e uma taxa de crescimento natural de 3,25%. Para 2015 prevê -se
um volume global de população em Angola de 21,7 milhões de pessoas de acordo com as
Nações Unidas. As estimativas de Centro de Estudos Investigação Cientifica da Universidade
Católica de Angola (CEIC/UCAN) com base no registo eleitoral de 2007 anotam uma cifra
bem próxima e avaliada em 18 043 mil habitantes considerando uma taxa de crescimento
demográfico anual entre 2,7% e 2,9% e uma taxa media de fecundidade de 5,6 crianças por
mulher (Relatório económico de 2010 CEIC/UCAN Luanda, Junho de 2011.
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2.5.2 ESTRUTURA POPULACIONAL
A fim de identificar alguns cálculos divulgados é possível notar que a faixa etária que
reúne a população mais jovem (menos de 15 anos) apresenta proporções que não se mostram,
substancialmente, diferentes segundo o sexo e o local de habitação que, em todos os casos
correspondem quase à metade da população. No que diz respeito à camada da população
potencialmente activa (15-59 anos), sob o ponto de vista económico, é possível observar
algumas diferenças, tanto em termos de proporções entre os sexos como da participação
própria, relativamente a esta faixa de idade que representa cada um dos totais consideráveis.
Nos meios rurais, a proporção das mulheres em idade activa teria atingido, em 1990, 24,8%
contra 17,6% para os homens. Nos meios urbanos, a diferença seria menos acentuada e
corresponderia a 24,8% e 21,8% respectivamente de mulheres e de homens. A guerra civil
causou enormes estragos no país desde 1975 por um lado, e provocou por outro um
movimento de migração interna orientada principalmente para as grandes cidades do país.
Pode-se deduzir que as diferenças nessas percentagens reflectem uma selectividade por sexo a
nível da população em idade activa que abandonava os meios rurais (FNUAP 93). A
esperança de vida à nascença, é muito baixa, com os indivíduos a não sobreviverem para além
dos 40 anos, como resultado das elevadíssimas taxas de mortalidade infantil (150 óbitos com
menos de um ano por mil 1 000 nados vivos) e de mortalidade infanto-juvenil (250 em 1000
nascimentos)
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CONCLUSÃO
Para terminar, tal como foi possível verificar nas páginas acima deste trabalho; a
Delinquência juvenil é um fenómeno cada vez mais visível e alvo de preocupação social NO
município de Cacuaco. É fundamental que se combata a criminalidade juvenil, sendo esta um
meio para a Criminalidade Adulta, que poderá propagar-se ao longo da vida do indivíduo e
causar danos inigualáveis, podendo o colocar o seu agente na prisão ou mesmo pôr termo à
sua vida.
A Delinquência juvenil ocorre maioritariamente na adolescência, atingindo o seu pico
aos 17 anos, podendo ser causada por diversos factores, de índole familiar, individual, social
ou escolar, denominados de factores de risco. O factor de risco em foco no presente projecto
trata-se da ausência de vinculação parental, nomeadamente a presença de relações afectivas e
vinculativas maternas frágeis ou inexistentes, as quais poderão, juntamente com outros
factores, originar comportamentos anti-sociais, muitas vezes como forma de os jovens
expressarem a revolta e a rejeição que sentem. É nas idades mais precoces que deverá haver
uma actuação face à criminalidade, pois torna-se mais eficaz a prevenção em crianças e
jovens, que se encontram a construir diariamente a sua personalidade e identidade, do que em
adultos, que já construíram o seu próprio “eu” e possuem uma opinião formulada acerca das
normas sociais e se conformam ou não com as mesmas, tornando-se seres sociais ou associais.
Nesses seres associais, que agem contrariamente às normas sociais, já pouco ou nada há a
fazer para prevenir a criminalidade ou, reinseri-los na sociedade.
Assim, é fulcral a criação de estratégias de prevenção de criminalidade em jovens,
nomeadamente os que se encontram em situações de risco de exclusão social, provenientes de
famílias negligentes e desestruturadas, física e economicamente, bairros degradados sem
condições de habitabilidade e higiene, onde o desemprego e a pobreza é uma constante e o
crime é uma forma de assegurar a sua sobrevivência.
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BIBLIOGRAFIA
ALVES, Roque de Brito. Criminologia. Ed. Forense, 1986.
CARVALHO, Francisco Pedreira de Bulhões. Programa da Cadeira do Direito do
Menor. Ed. Forense. P.66 a 71, 112 a 115.
FERREIRA, Zoroastro de Paiva. Criminalidade. Ed. Forense. P. 180 a 183.
PAOLI, Maria Célia Pinheiro Machado. Desenvolvimento e Marginalidade. Ed.
Pioneira, 1974.
Akers & Sellers. (2009). Criminological Theories. Introduction, Evaluation, and
Application. New York, Oxford University Press.\
Born, M. (2005). Psicologia da Delinquência. Lisboa, Climepsi Editores
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