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UNIVERSIDADE PAULISTA

MARIA DE JESUS CARVALHO ARAÚJO SOUSA

DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA ADOLESCÊNCIA E O IMPACTO FAMILIAR

SÃO PAULO

2017
MARIA DE JESUS CARVALHO ARAÚJO SOUSA

DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA ADOLESCÊNCIA E O IMPACTO FAMILIAR

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de especialista em
Saúde Mental para Equipes
Multiprofissionais apresentado à
Universidade Paulista - UNIP.
Orientadores:
Profa. Ana Carolina S. de Oliveira
Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

SÃO PAULO

2017
MARIA DE JESUS CARVALHO ARAÚJO SOUSA

DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA ADOLESCÊNCIA E O IMPACTO FAMILIAR

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de especialista em
Saúde Mental para Equipes
Multiprofissionais apresentado à
Universidade Paulista - UNIP.
Orientadores:
Profa. Ana Carolina S. de Oliveira
Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_______________________/__/___

Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___

Profa. Ana Carolina S. Oliveira


DEDICATÓRIA

A Deus, aos meus familiares, aos professores e todos os meus amigos...


companheiros de todas as horas...
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me dar sabedoria, oportunidade de viver,


paciência e fôlego de vida; a cada amanhecer.

Ao meu pai Francisco (In memoriam), a minha mãe Luzia e aos meus
irmãos pela força e pelo incentivo a lutar pelos meus ideais.

Ao meu esposo Francisco, que durante todos estes anos tem sido meu
amigo e juntamente comigo compartilhou os momentos de alegrias e tristezas
durante todo o percurso de minha vida acadêmica.

A minha filha Caroline, por me dar força e motivação nos momentos


mais difíceis em que pensei em desistir.

A minha orientadora Ana Carolina, por contribuir com seus


ensinamentos, paciência e dedicação.

A todos os professores que de alguma forma contribuíram para meu


conhecimento e concretização do presente trabalho.
“Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor
lembre-se se escolher o mundo ficará sem o amor, mas
se escolher o amor com ele você conquistará o mundo”.

(Albert Einstein)
RESUMO

A dependência química é um fenômeno cada vez mais presente na sociedade,


que resulta em desordem nas mais variadas classes sociais. Estudos têm
mostrado que o consumo de substâncias psicoativas vem aumentando
gradativamente de modo que o envolvimento familiar se apresenta fortemente
entre os fatores de risco. Diante disto, este artigo buscou compreender a
dependência química na adolescência e o impacto familiar através do método
de revisão bibliográfica ampla, pesquisando na literatura cientifica dos últimos
cinco anos, constatando assim o desajuste familiar como um dos fatores de
risco ao passo que crianças/adolescentes convivendo com familiares que
fazem uso de substâncias químicas, têm grande probabilidade de desenvolver
a doença. Além disso, a convivência em ambientes movidos por conflitos e
violências podem ser fundamentais no desenvolvimento de diversos tipos de
transtornos psiquiátricos como a depressão, baixa autoestima, queda na
qualidade de vida e até mortes precoces.

Palavras-Chave: Dependência química, adolescência, envolvimento Familiar.


ABSTRACT

Chemical dependency is an increasingly present phenomenon in the society,


resulting in disorder in the most varied social classes. Studies have shown that
the consumption of psychoactive substances has gradually increased so that
family involvement is strongly present among the risk factors. This article aimed
to understand the chemical dependency in adolescence and the family impact
through the method of extensive bibliographic review, researching in the
scientific literature of the last five years, thus noting the familial maladjustment
as one of the risk factors, whereas children / adolescents living with relatives
who use chemical substances, are very likely to develop the disease. In
addition, coexistence in environments driven by conflict and violence may be
fundamental in the development of various types of psychiatric disorders such
as depression, low self-esteem, a drop in quality of life and even early deaths.

Keywords: Chemical dependence, adolescence, Family involvement.


9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10

2. OBJETIVOS ................................................................................................. 13

3. METODOLOGIA .......................................................................................... 14

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 15

4.1. O uso de drogas na adolescência e a influência familiar ....................... 15

4.2. As drogas e os fatores de riscos ............................................................ 17

4.3. O impacto das drogas e a codependência familiar ................................ 19

5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 21

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 22
10

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo discorrerá sobre o abuso de substâncias e


dependência química, um fenômeno cada vez mais presente em nossa
sociedade causador de desordem em todas as esferas sociais.

Para Organização Mundial da Saúde (OMS), o abuso de substâncias se


refere ao uso perigoso de substâncias psicoativas, incluindo álcool e drogas
ilícitas. O uso de substâncias psicoativas pode levar à síndrome da
dependência – um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e
fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de substâncias e que
tipicamente incluem um forte desejo de seu consumo, dificuldades em controlar
seu uso e apesar das consequências prejudiciais, é concedida uma prioridade
dada ao uso de drogas do que a outras atividades e obrigações, além do
aumento da tolerância e as vezes um estado de retirada física (WHO, 2017).

Estudos têm mostrado que o consumo de substâncias psicoativas vem


aumentando gradativamente. O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e
Crimes (UNODC) em seu último Relatório Mundial no ano de 2016, apontou
que o número de pessoas descritas como “dependente de drogas” em todo o
mundo aumentou de 27 milhões (2013) para 29 milhões (2014).

Outro relatório, gerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que


aborda a “Carga Global das Doenças” (Global Burden of Disease -GBD),
comprova que o uso abusivo de álcool e drogas está entre os maiores
responsáveis pela morte prematura e pela perda de vida saudável e produtiva
nas Américas, causando um grande impacto social, econômico e de saúde
pública dessas nações.

Aprofundando-se no Brasil, o II Levantamento Nacional de Álcool e


Drogas (II LENAD), executado pelo Instituto Nacional de Políticas Públicas do
Álcool e outras drogas (INPAD), apontou que aproximadamente 6 em cada 100
brasileiros são dependentes de álcool e/ou maconha e/ou cocaína, o que
resulta em cerca de 8 milhões de indivíduos. Este levantamento concluiu ainda
que os domicílios no Brasil são constituídos de uma média de 3.5 pessoas.
11

Tendo em vista estas informações, estima-se que pelo menos 28 milhões de


pessoas vivem hoje no Brasil com um dependente químico.

Entretanto, apesar da gravidade dos fatos, estas informações


compreendem uma análise meramente estatísticas sem a devida profundidade,
desconsiderando todas as dimensões do transtorno do consumo de álcool e
drogas, a exemplo dos problemas biopsicossociais dos dependentes, do
sofrimento familiar e da codependência.

No tocante aos fatores biológicos dos indivíduos, não se deve


desconsiderar os aspectos genéticos. Tais aspectos desempenham papel
importante no desenvolvimento da dependência química. Estudos
epidemiológicos têm estabelecido há muito tempo que o alcoolismo, por
exemplo, possui um componente familiar preponderante, com uma estimativa
de 40% a 60% do risco para o desenvolvimento desse transtorno. Parte dessa
influência é devida a características herdadas por meio dos genes, ou seja, há
predisposição genética relacionada a algumas doenças psiquiátricas ou o nível
de prazer sentido pelo consumo da droga, o que pode catalisar o processo de
dependência (FORMIGONI, 2016).

Conforme Prevedello et. al. (2016) a estrutura familiar, o ambiente em


que o adolescente vive, as relações de amizade e os colegas da escola podem
colocá-lo em maior ou menor situação de vulnerabilidade ao uso do álcool. Os
mesmos autores enfatizam que o uso de substâncias psicoativas entres os
adolescentes torna-se questão de saúde pública quando não há medidas
suficientes que os retirem de tal situação de vulnerabilidade.

Bassan et. al. (2016) reiteram os pressupostos supracitados apontando


que a falta de estrutura familiar pode favorecer para o uso de drogas entre os
adolescentes, principalmente em casos de separações dos pais e situações de
instabilidade social ao extremo.

O consumo de drogas influencia inclusive a saúde sexual dos


adolescentes, pois em alguns casos esta pode conduzir a relações sexuais
com pessoas desconhecidas, sem a devida utilização do preservativo, além de
12

favorecer o compartilhamento de materiais contaminados. (VALENÇA, et. al.,


2013).

Como pôde-se compreender através de comprovações estatísticas o


uso abusivo de álcool e outras drogas é um sério problema atual, que é
agravado quando atinge os indivíduos que estão em fase de desenvolvimento
físico e mental, causando assim danos que podem ser irreparáveis, o que
justifica a importância deste estudo. Dessa forma, cabe-se a seguinte questão:
O que motiva os adolescentes a se envolverem com as drogas? Quais as
consequências do consumo de álcool e drogas entre os adolescentes e os
principais impactos na relação familiar?
13

2. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é compreender o impacto do consumo de


álcool e drogas em meio ao público adolescente. Para tanto, serão respondidos
os seguintes objetivos específicos: a) identificar os motivos que levam os
adolescentes a fazerem uso de drogas; b) verificar os fatores de riscos com
uso de drogas; c) verificar o impacto causado pelas drogas e a dependência
familiar.
14

3. METODOLOGIA

Como método para pesquisa, este estudo optou pela revisão


bibliográfica ampla, com enfoque na literatura científica dos últimos sete anos.
Os descritores utilizados foram: adolescência, família, codependência, álcool e
drogas, e riscos relacionados ao uso de substâncias químicas. Para compor as
referências utilizou-se a base de dados Google acadêmico e sites como
CEBRID, OBID, INPAD, SENAD, UNODC, World Health Organization, OMS.

As fases de elaboração se iniciaram com uma busca de artigos


científicos que comtemplassem a temática da drogadição na adolescência,
através do Google acadêmico, ao qual localizou 14.903 artigos, sem patentes
ou citações. Contudo, após filtro apenas 22 artigos efetivamente continham
relação direta com o conteúdo desejado, método para filtro final. Em seguida foi
realizada leitura e fichamento das informações pertinentes ao tema.
15

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A dependência química é considerada um transtorno cuja etiologia é de


natureza multifatorial, ou seja, é composta por um conjunto de fenômenos
fisiológicos e comportamentais que se desenvolvem com o uso de substâncias
psicoativas específicas ou diferentes, modificando os valores pessoais,
familiares e sociais. Desta forma há diversos componentes que somam para o
desenvolvimento da dependência química e podem estar relacionados a
genética, fatores sociais, culturais, crenças ou até mesmo a própria
personalidade do sujeito (PERRENOUD e RIBEIRO, 2011).
Observa-se que os problemas relacionados ao consumo de drogas
sempre existiram: Perrenoud e Ribeiro (2011) em seus estudos apontam que o
conceito de dependência química é extremamente recente se comparado ao
consumo de substâncias psicoativas que compreende vários milénios. A
literatura médica com Hipócrates por volta do ano 385 a.c. descreveu o uso do
álcool como fator predisponente a várias doenças, chegando a relatar delirium
tremens em seu livro sobre as epidemias.
Contudo, Chaim (2015) ressalta que embora seja elevado o número de
indivíduos que experimentam algum tipo de droga, ainda assim é pequena a
parcela dos que se tornam dependentes. Tendo em vista um transtorno, a
dependência química desenvolve um quadro de patologias que leva a
situações desagradáveis interferindo nos relacionamentos familiares e
interpessoais.

4.1. O uso de drogas na adolescência e a influência familiar

De acordo com Silva et. al. (2013), Prevedello et. al. (2016) e Moura,
Monteiro e Freitas (2016) a adolescência é uma fase de transição entre a
infância e a vida adulta e com ela surgem grandes mudanças. Sob a ótica
biopsicossocial, descobertas e curiosidades, onde acontecem ainda
consideráveis experiências que são fundamentais no desenvolvimento da
personalidade e da individualidade, de modo que muitas vezes os adolescentes
não conseguem mensurar os riscos oferecidos, principalmente ambientais, que
podem induzir ao uso de substâncias psicoativas e, por conseguinte leva-los à
dependência química.
16

A dependência química traz consequências que abalam a estrutura


familiar e social do indivíduo. Para Vasconcelos et. al. (2015) “a família é um
sistema aberto, cujos membros se relacionam, criam laços emocionais e
compartilham suas histórias e experiencias”.
Com isso, é possível identificar que o uso de drogas interfere de forma
negativa na vida do indivíduo, no ambiente familiar e no meio social, em que o
usuário camufla situações para que as pessoas não percebam seu problema.
Vasconcelos et. al. (2015) afirma que as relações interpessoais conflitantes
podem influenciar no consumo de substâncias químicas, o que por sua vez
ocasiona desgastes familiares e gera sobrecarga para o dependente químico.
Os autores asseveram que problemas familiares tendem a ser
determinantes para consumo de drogas existindo vários elementos cotidianos
destas relações que impactam neste uso.
Porém, a situação inversa é uma razão diretamente proporcional. Se por
um lado os desajustes familiares atrapalham no desenvolvimento do
adolescente podendo levar ao consumo de drogas, por outro, de acordo com
Nimtz et. al. (2014), em situação adequada a família pode tornar-se um fator de
proteção às drogas, evitando a exposição do indivíduo a eventos exaustivos
que favorecem problemas estressantes e emocionais. Para as autoras dentre
os danos causados pelo álcool, a desestruturação familiar é um dos mais
severos pois, conviver em uma atmosfera permeada pelo consumo de álcool
estimula outros descendentes alcoolistas.
Para Vasconcelos, et. al. (2015) um dos elementos que pode estimular
ao consumo ou recaída para álcool e drogas, tanto na adolescência quanto na
vida adulta, é a incapacidade familiar de lidarem com o dependente,
necessitando e justificando o devido acompanhamento, evitando que neste
processo a família seja exclusa.
Decerto et. al. (2013) complementa que é no seio familiar se clarificam
as interações e os conflitos responsáveis pela organização e reorganização de
seus membros, “influenciando diretamente na saúde de seus integrantes”
(Decerto et. al., 2013).
Neste sentido, Henriques et. al. (2016) considera que a partir da
exposição de uma criança e/ou adolescente a situações de conflitos familiares,
tais como violência, é possível estimular tais indivíduos ao uso de drogas de
17

forma precoce. Sobre esse assunto Vasconcelos et. al. (2015) afirma que “as
relações familiares e hábitos dos mesmos podem ser preponderantes a
iniciação do uso de drogas”.
De acordo com Valença (2013), pode-se concluir que “o envolvimento do
pais com o álcool e outras drogas” é um possível estimulante para o consumo
destas substâncias por parte dos adolescentes.

4.2. As drogas e os fatores de riscos

De acordo com os estudos de Parada (2013) a medida que o consumo


de substâncias químicas aumenta, maior a probabilidade de agravos físicos e
psíquicos, além do expressivo aumento na probabilidade de desenvolver
dependências, e de ocorrerem acidentes ligados ao consumo desta classe de
substâncias. Além dos resultados supracitados, o consumo de drogas, tanto
lícitas quanto ilícitas, pode levar à gravidez, doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs) e envolvimento com as mais variadas infrações legais
(PARADA, 2013).

O álcool, por se tratar de uma droga de venda liberada e aceita pela


sociedade, se torna de fácil alcance aos adolescentes e, por conseguinte, se
transforma em uma ponte para outras drogas.

As consequências deste consumo são severas. Estudos da Organização


Mundial da Saúde (OMS) estimam que dos 2 bilhões de pessoas que
consomem bebidas alcoólicas, cerca de 76,3 milhões são diagnosticadas com
alguma doença que pode evoluir ao óbito.

O relatório global sobre Álcool e Saúde (2014) apontou que 6 em cada


10 casos de cirrose hepática estão ligados ao consumo excessivo de álcool,
assim como cerca de 2 em cada 100 indivíduos com transtorno mental
preenchem critérios por abuso deste tipo de droga.

Além dos danos físicos e psicológicos individuais, há danos coletivos e


sociais derivados do uso abusivo do álcool. Nimtz et. al. (2016) esclarece que o
uso das drogas afeta não somente as relações familiares como as relações
sociais sobretudo o trabalho, estendendo para o financeiro do indivíduo e do
18

Estado (no tocante a aposentadorias, indenizações, custas hospitalares, entre


outros).

Apesar do uso de drogas lícitas ou ilícitas provocar um “bem-estar”


temporário, o fato é que o resultado de seu consumo está intrinsicamente
ligado a acidentes de trabalho, afastamentos, violência e ao risco de vida
pessoal e dos familiares diante do tráfico de drogas (HENRIQUES et. al.
2016).

Sabe-se que no âmbito familiar há uma grande probabilidade de risco


para tal problemática e que os maiores fatores podem estar ligados ás relações
afetivas conflitantes entre seus membros e situações de violência física de pais
diante de seus próprios filhos (MACIEL et. al. 2013). Estas situações de
violência expressas nas agressões físicas e/ou emocionais aos quais as
crianças e adolescentes são expostas convergem em “fatores de risco para
que essa população também passe a fazer uso de substâncias psicoativa”
(MACIEL et. al. 2013).

Nesse sentido, características de sua personalidade podem ser


elementos que predispõe os adolescentes ao consumo e abuso de alguma
substância química: “timidez excessiva, baixa autoestima, baixo limiar para
tolerar frustrações, baixo nível de resiliência, pouca responsabilidade e
autonomia, agressividade” (PARADA, 2013).

Pode-se clarificar ainda que apesar da violência estar entre os fatores


etiológicos para a drogadição dos jovens, ela por si só não completa os fatores
de risco, havendo necessidade de um olhar de lupa sobre sua etiologia e
impacto social (VALENÇA, et. al. 2013).

Além disso, a autora acrescenta que as mudanças sociais, grupos,


tecnologia, marketing e mídia são elementos altamente influenciadores aos
comportamentos adoecedores para os jovens. Silva, Padilha e Araújo (2013)
reiteram esta linha de raciocino ao observar que muitos adolescentes começam
a fazer uso de substâncias químicas movidos pelas amizades e dentre os mais
diversos resultados, há uma superexposição a maiores situações de risco.
19

De acordo com Parada (2013), o consumo de drogas prejudica todas as


etapas da vida de um indivíduo. Na infância e adolescência, atrapalha no
desenvolvimento, cria isolamento e de maneira objetiva é elemento chave para
os resultados na vida adulta, podendo sobremaneira influenciar nos mais
diversos acidentes, homicídios e suicídios.

A propósito Parada (2013) acrescenta quanto mais cedo a iniciação ao


consumo destas substâncias, maior a probabilidade do adoecimento mental,
afetando assim suas funções neurocognitivas.

4.3. O impacto das drogas e a codependência familiar

A codependência é definida pelo fato de um indivíduo ficar tão focado no


dependente químico a ponto de esquecer de si.
Na maioria das vezes o tratamento do dependente químico começa pela
família aprendendo a importância de tratar a codependência para que através
da mudança de postura possam efetivamente contribuir para a recuperação do
dependente.
Por outro lado, Garcia (2017) complementa que na maioria dos casos
quando um familiar ou especificamente a figura materna assume o papel de
protetora sem a devida estrutura de tratamento, pode agravar fortemente
outros membros da família transformando-os em codependentes.
Nota-se que na codependência a pessoa tende a buscar aceitação do
dependente para que haja uma relação de cuidador, porém, na maioria dos
casos tais relações são marcadas por conflitos, haja vista que o cuidador acaba
adotando uma postura supercontroladora (GARCIA, 2017). O mesmo autor
afirma que quando o adolescente começa a fazer uso de substâncias químicas
e não há abordagem terapêutica devida, este ato se transforma em uma fonte
de estresse, trazendo sofrimento para todos os envolvidos, de modo que esta
abordagem deva ser estendida a todos os integrantes da família, possibilitando
assim meios para evitar o sofrimento psíquico e assim continuarem suas vidas
de maneira mentalmente saudável.
Para Vasconcelos et. al. (2015) por si só a desorganização provocada
dentro da família em decorrência de um membro dependente químico já é
20

justificativa suficiente para comprovar a necessidade de que a família precisa


ser tratada, haja vista que todos adoecem.
O exagero de cuidado manifestado pelo codependente se apresenta de
maneira a afetar tanto o emocional como social a ponto de se transformar em
uma doença a medida que o codependente vive em função de cuidar do outro,
comprometendo todas as demais áreas de sua vida. O codependente pode
apresentar dificuldades para o estabelecimento e manutenção de relações e
outra característica percebida é o perfeccionismo com enfoque principal na
moldagem do comportamento do dependente. Como resultado o codependente
se sente envergonhando, com baixa autoestima, ansioso, com dores crônicas,
evidenciando somatização, angústia e depressão (DIAS, 2014).
21

5. CONCLUSÕES

Muitos são os fatores de risco para o consumo de drogas na


adolescência. Este trabalho se concentrou no impacto familiar e como a família
pode intervir positiva e negativamente, tornando-se um fator de proteção para o
indivíduo como também um fator de risco para o desenvolvimento da
dependência química (Henriques et. al., 2016).

Pôde-se constatar que o desajuste familiar tem sido um dos fatores de


risco ao passo que crianças e adolescentes façam uso de substâncias
químicas (Vasconcelos et. al., 2015). Além disso, de acordo com Dias (2014)
ambientes movidos por conflitos e violências podem desenvolver diversos tipos
de transtornos psiquiátricos como depressão, baixa autoestima, queda na
qualidade de vida chegando ao extremo de mortes precoces.

O estudou apontou que o reconhecimento da codependencia é de


extrema importância, haja vista que a relação família x dependente é
considerada patológica e que os esforços para proteger o dependente
convergem em algum tipo de frustração ou doença, sendo comprovado que o
tratamento para o dependente químico começa primeiro pela família (GARCIA,
2017).

Diante deste contexto, destaca-se a necessidade de estudos mais


aprofundados sobre a questão das drogas, uma vez que tal problemática está
fortemente inserida em nossa sociedade, independentemente da classe social.

Portanto, o estudo aponta para importância da busca por estratégias e


medidas resolutivas para este tipo problema. Dessa forma, sugere-se
investimento para conscientização familiar com foco na magnitude dos valores
morais e práticas da família, sem desconsiderar o investimento em medidas de
prevenção ao uso abusivo de substâncias químicas pelos adolescentes.
22

REFERÊNCIAS

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