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Portugal pré- 25 de Abril caracterizava-se por:

Guerra Colonial e consequente isolamento internacional:

Uma das características mais marcantes do regime ditatorial instaurado em Portugal em 1933, o
Estado Novo, foi a da manutenção da sua política colonial desde a sua implantação até o seu
término. Foi governado por Oliveira Salazar e Marcelo Caetano a partir de 1968. Havia-se criado o
Ato Colonial em 1930, documento que atesta a importância dos territórios coloniais de Portugal e o
carácter civilizacional dos colonos para com os nativos. No entanto, os territórios coloniais para
pouco mais serviram além de fontes de matérias-primas para o desenvolvimento interno e mercado
de escoamento de produtos nacionais.
Iniciando-se no Norte de África, movimentos nacionalistas inflamam o resto do continente africano, como o PAIGC
(Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) e o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).

No final da II Guerra Mundial, surge a ONU, Organização das Nações Unidas, que rapidamente se
torna um impulsionador da descolonização devido ao princípio por ela estabelecido do direito de
todos os povos à auto-determinação. A pressão exercida pela ONU a Portugal vai levar a uma
revisão do Ato Colonial que se realiza em 1951. Nesta revisão, o termo “Colónia” passa a
“Província Ultramarina”, assumindo-se como sendo parte integral do território nacional. Abole-se
completamente o termo “colónia” de todos os documentos legislativos portugueses.

Há uma crescente pressão internacional no sentido da descolonização portuguesa, como é o caso da


proposta por parte da administração Kennedy, dos Estados Unidos – proposta de apoio económico a
Portugal (próximo dos 90 milhões de dólares) com vista a que Salazar cedesse. Salazar não cede,
declarando que “O país não está à venda” e “A Pátria não se discute”. Kennedy financiou a UNITA
Angolana.

Em Portugal, a população está afastada destes assuntos, facto que muda quando rebenta a Guerra
Colonial, em Angola, em 1961, seguida nos anos seguintes na Guiné e Moçambique. Apesar das
tentativas do governo em silenciar a questão e impedir que se lhe fosse dada muita importância, a
Guerra Colonial estendeu-se até 1974. A manutenção da guerra até ’74 excluiu Portugal de vários
organismos da ONU, bem como levou a grande esforço humano e económico para a suster.
Internamente o descontentamento ia crescendo.

Em 1970, num evento desprestigiante para Portugal, e que contribui para o seu isolamento
internacional, os representantes dos movimentos independentistas são recebidos pelo Papa Paulo
VI.

Surtos Migratórios:
Existiam,negáveis dificuldades económicas resultantes,essencialmente, do acréscimo das despesas
públicas. A Guerra Colonial era umsorvedouro dos dinheiros do Estado e um das principais razões p
ara umaproblemática quebra da mão de obra agravada pela forte vaga de emigração,provocando o a
umento salarial.
A emigração não é um fenómeno exclusivo deste período, mas nesta décadaos valores atingidos em
Portugal foram bastante alarmantes, pois causaram a
deertificação das regiões mais carenciadas do país, onde os números daemigração atingiram valores
mais elevados.
Os fatores determinantes para esta emigração massiva foram: a crise do setoragrícola, a total incapa
cidade dos outros setores económicos absorverem apopulação rural que abandonava os campos, a fa
lta de mão de obra em muitospaíses da Europa e a fuga à Guerra Colonial e à repressão política. A a
griculturacontinuava a ser um setor tecnicamente atrasado, que sofria os efeitos de umadeficiente di
stribuição da propriedade e do êxodo da população rural para oscentros urbanos, mas que não foi ab
sorvida pelos outros setores económicos.Esta população, oriunda do campo, foi compelida a procur
ar novasoportunidades no exterior. Alguns países da Europa, como a França, que nopós-guerra conh
eceram uma fase de prosperidade económica, atraírammilhares de Portugueses, que aí procuraram v
antajosas condições salariais euma melhoria da qualidade de vida. Outro ponto fundamental da anál
ise destefenómeno é a situação política do país. Muitos cidadãos procuravam fugir nãoà miséria, ma
s à terrível guerra colonial e à forte repressão políticadesencadeada pelo regime contra os seus incó
modos opositores.
Este surto de emigração teve reflexos imediatos na economia portuguesa.Conduziu à redução e ao e
nvelhecimento da população, sobretudo nas regiõesdo interior, provocou uma diminuição da mão de
obra e operou uma mudançacultural e material no país com as remessas dos emigrantes. Nos países
deacolhimento os emigrantes tinham um nível de vida mais elevado, apesar daemigração, em especi
al a clandestina, se ter efetuado em condições extremamente difíceis.

Fatores que conduziram Portugal à revolução (triunfo da democracia devido a...):

Crise Petrolífera de 1973:

Ficou conhecida como Primeira crise do petróleo uma crise econômica e comercial de proporções
mundiais desencadeada pelos maiores países produtores de petróleo, em geral, localizados no
Oriente Médio.

A partir da segunda metade do século XIX, este material, até então, sem um uso importante em
qualquer setor da economia desponta como importante produto de consumo, tornando-se a principal
fonte de energia no mundo, em especial depois da invenção do motor a combustão, que requeria um
produto exatamente com as características do óleo negro. Além do uso conhecido como combustível
de automóveis, o petróleo é utilizado em centenas de outros produtos, fazendo deste "óleo de pedra"
uma peça capital na composição da economia mundial, dando ainda um poder imenso a quem
tivesse a posse de fontes de tal produto. Tal fato se reveste de mais importância ao levar-se em conta
ainda que tal elemento não é renovável, isto é, as fontes de petróleo logo se esgotam, não se
podendo obter mais do produto daquela determinada fonte. Somente após a Segunda Guerra
Mundial os principais produtores de petróleo iriam se aperceber do poder que tinham em mãos, e as
perspectivas de barganha que a posse de tal riqueza proporcionava.
É sob tal ótica que se instala, em 1960, a OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo,
criação de Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque e Venezuela, com a finalidade de defender os seus
interesses como produtores de tão rica matéria-prima. Finalmente, numa reunião da OPEP, em
outubro de 1973, os países membros, detentores praticamente de toda a produção mundial,
resolveram, de repente, aumentar o preço de modo significativo, bem como estabelecer uma
diminuição na produção. Entre os motivos que causaram tal decisão estão a composição da base da
economia dos países da OPEP, o preço extremamente baixo do barril, o consumo em aumento
constante em todo o mundo, e a grande dependência dos países não-produtores, que preferiam
importar a explorar possíveis jazidas em seus territórios.
Além destas alegações de natureza logística, a decisão de aumentar o preço do petróleo de maneira
repentina escondia um motivo político: o rearmamento de Israel pelos Estados Unidos durante
a Guerra do Yom Kippur. Israel fora atacado por uma coalizão de países árabes, liderados por Egito
e Síria, mas conseguiu repelir a ofensiva com o apoio dos EUA. Enfim, tratava-se de mais um
episódio na longa disputa entre israelenses e árabes pelos territórios ocupados pelos judeus.
Cansados do constante apoio dos norte-americanos aos israelenses, os países produtores de petróleo
enfim compreendiam o poder político que tinham em mãos, e como forma de pressão para um
equilíbrio maior na política das potências em relação ao Oriente Médio, resolveu-se pela primeira
vez usar o petróleo como instrumento de pressão política.
Os estragos foram enormes, causando falta do produto em muitos postos em várias partes do
mundo. O racionamento virou palavra de ordem, e em países periféricos como o Brasil, o estrago
foi imenso, pois sua balança comercial ficou em enorme desequilíbrio, iniciando um ciclo de
hiperinflação que duraria quase 20 anos.
A crise só terminaria cerca de um ano depois com as conversações entre Henry Kissinger e os
líderes israelenses, que se retiraram de áreas ocupadas como resultado da vitória na Guerra do Yom
Kippur. Tal gesto fez os países árabes suspenderem o embargo, reequilibrando o preço do produto
no mundo inteiro, mas não sem antes deixar sequelas. Desde a quebra da bolsa de Nova Iorque, em
1929, o mundo não havia presenciado uma crise econômica de proporções tão drásticas.

Medidas do pós- 25 de Abril:

Eleições a 25 de Abril de 1975:


As eleições para a Assembleia Constituinte foram as primeiras eleições livres com
sufrágio universal realizadas no país. Foram também as primeiras eleições após a
Revolução de 25 de abril de 1974. Realizaram-se no dia 25 de abril de 1975 e elegeram os
250 deputados da Assembleia Constituinte, e tiveram a maior participação de sempre.
O principal objectivo da eleição foi a eleição de uma Assembleia com o fim de escrever
uma nova Constituição para substituir a do regime do Estado Novo - a Constituição de
1933 - e, portanto, o parlamento eleito tinha um mandato único de um ano. Nenhum
governo foi baseado a partir do apoio parlamentar, e o país continuou a ser governado por
um governo provisório militar-civil.
Os resultados deram maioria aos partidos do centro: Partido Socialista e Partido Popular
Democrático. A Assembleia Constituinte entrou em funções em 2 de junho de 1975 e foi
dissolvida em 2 de abril de 1976, data de conclusão dos trabalhos de elaboração
da Constituição.
Negociação da paz nas colónias:
O processo de independência na região central do continente africano iniciadoe
m finais dos anos 50 do século XX parou com a capitulação do Biafra (1967-70), t
endo o processo de descolonização no Sul da África também ficadoatrasado. Moç
ambique e Angola, duas colónias portuguesas, situadasrespetivamente no Ocea
no Índico e no Oceano Atlântico, depois de umperíodo de lutas de guerrilha torna
ram-se independentes de Portugal (1975-1976).
O processo de independência destas ex-colónias ocorreu numa altura em quePor
tugal vivia na "ressaca" política de um golpe de Estado, que depôs o regimeditat
orial e o substituiu por uma nova República, inicialmente de tiposocialista. A Rev
olução do 25 de abril possibilitou a descolonização, que sefazia com grande atras
o relativamente a outras ex-colónias europeias. Esteatraso devia-se às dificuldad
es e entraves do Estado Novo e do processo dedemocratização do país antes de
1974.
Neste processo foram libertadas todas as ex-colónias portuguesas, excetoTimor,
e voltaram para Portugal, em circunstâncias dramáticas, cerca de ummilhão de p
ortugueses que se tinham fixado no ultramar.
Angola conseguiu a independência em 1975, antes de Moçambique (1976), elog
o de seguida estes dois países instauraram um regime político pró-soviético, enq
uanto que em Portugal, o modelo socialista pós-revolução eraprogressivamente
abandonado, dando lugar a um regime democrático.
As outras ex-colónias africanas, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé ePríncipe,
também enveredaram por este tipo de regime. Embora partissem domesmo mo
delo, cada uma das novas nações adaptou-o consoante as suasexperiências e as
exigências conjunturais.
O processo de independência em Angola rebentou, logo após uma guerra civilent
re as diversas fações independentistas. De um lado estava o MPLA(Movimento P
opular de Libertação de Angola), o partido no poder, pró-soviético, e do outro a U
PA (União dos Povos de Angola) e a UNITA (MovimentoNacional para a Independê
ncia Total de Angola), para além da FNLA (FrenteNacional de Libertação de Angol
a), estes três últimos mais próximos doOcidente.
Apesar do esforços de paz internacionais, esta guerra ainda se mantém nosnoss
os dias. O MPLA, o partido do governo e a UNITA, o partido do "GaloNegro", pross
eguem as hostilidades num país muito rico em matérias-primas,mas totalmente
devastado por esta guerra fratricida que longe de cimentar apaz traz destruição,
fome e mutilações. O flagelo da fome atinge diariamenteesta população que, ap
esar de alguma ajuda humanitária, continua a morrer.
No caso moçambicano encontramos algumas similaridades. Logo após aindepen
dência os grupos armados que haviam lutado contra os portugueses, aFRELIMO (
Frente de Libertação de Moçambique) e a RENAMO (ResistênciaNacional Moçam
bique), entretanto transformados em partidos políticos,envolveram-se em confro
ntos que geraram uma guerra civil. Moçambique,também detentor de boas pote
ncialidades, tornou-se mesmo no país maispobre do Mundo. Nos últimos anos, co
ntudo, as negociações entre os partidosrivais levaram ao fim da guerra e à consc
iencialização da necessidade de umtrabalho conjunto que retire a nação da delic
ada situação em que ainda hoje seencontra.
Apesar das dificuldades e dos insucessos, a descolonização abriu caminho auma
cooperação com os novos países de expressão portuguesa.

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