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Uma das características mais marcantes do regime ditatorial instaurado em Portugal em 1933, o
Estado Novo, foi a da manutenção da sua política colonial desde a sua implantação até o seu
término. Foi governado por Oliveira Salazar e Marcelo Caetano a partir de 1968. Havia-se criado o
Ato Colonial em 1930, documento que atesta a importância dos territórios coloniais de Portugal e o
carácter civilizacional dos colonos para com os nativos. No entanto, os territórios coloniais para
pouco mais serviram além de fontes de matérias-primas para o desenvolvimento interno e mercado
de escoamento de produtos nacionais.
Iniciando-se no Norte de África, movimentos nacionalistas inflamam o resto do continente africano, como o PAIGC
(Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) e o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).
No final da II Guerra Mundial, surge a ONU, Organização das Nações Unidas, que rapidamente se
torna um impulsionador da descolonização devido ao princípio por ela estabelecido do direito de
todos os povos à auto-determinação. A pressão exercida pela ONU a Portugal vai levar a uma
revisão do Ato Colonial que se realiza em 1951. Nesta revisão, o termo “Colónia” passa a
“Província Ultramarina”, assumindo-se como sendo parte integral do território nacional. Abole-se
completamente o termo “colónia” de todos os documentos legislativos portugueses.
Em Portugal, a população está afastada destes assuntos, facto que muda quando rebenta a Guerra
Colonial, em Angola, em 1961, seguida nos anos seguintes na Guiné e Moçambique. Apesar das
tentativas do governo em silenciar a questão e impedir que se lhe fosse dada muita importância, a
Guerra Colonial estendeu-se até 1974. A manutenção da guerra até ’74 excluiu Portugal de vários
organismos da ONU, bem como levou a grande esforço humano e económico para a suster.
Internamente o descontentamento ia crescendo.
Em 1970, num evento desprestigiante para Portugal, e que contribui para o seu isolamento
internacional, os representantes dos movimentos independentistas são recebidos pelo Papa Paulo
VI.
Surtos Migratórios:
Existiam,negáveis dificuldades económicas resultantes,essencialmente, do acréscimo das despesas
públicas. A Guerra Colonial era umsorvedouro dos dinheiros do Estado e um das principais razões p
ara umaproblemática quebra da mão de obra agravada pela forte vaga de emigração,provocando o a
umento salarial.
A emigração não é um fenómeno exclusivo deste período, mas nesta décadaos valores atingidos em
Portugal foram bastante alarmantes, pois causaram a
deertificação das regiões mais carenciadas do país, onde os números daemigração atingiram valores
mais elevados.
Os fatores determinantes para esta emigração massiva foram: a crise do setoragrícola, a total incapa
cidade dos outros setores económicos absorverem apopulação rural que abandonava os campos, a fa
lta de mão de obra em muitospaíses da Europa e a fuga à Guerra Colonial e à repressão política. A a
griculturacontinuava a ser um setor tecnicamente atrasado, que sofria os efeitos de umadeficiente di
stribuição da propriedade e do êxodo da população rural para oscentros urbanos, mas que não foi ab
sorvida pelos outros setores económicos.Esta população, oriunda do campo, foi compelida a procur
ar novasoportunidades no exterior. Alguns países da Europa, como a França, que nopós-guerra conh
eceram uma fase de prosperidade económica, atraírammilhares de Portugueses, que aí procuraram v
antajosas condições salariais euma melhoria da qualidade de vida. Outro ponto fundamental da anál
ise destefenómeno é a situação política do país. Muitos cidadãos procuravam fugir nãoà miséria, ma
s à terrível guerra colonial e à forte repressão políticadesencadeada pelo regime contra os seus incó
modos opositores.
Este surto de emigração teve reflexos imediatos na economia portuguesa.Conduziu à redução e ao e
nvelhecimento da população, sobretudo nas regiõesdo interior, provocou uma diminuição da mão de
obra e operou uma mudançacultural e material no país com as remessas dos emigrantes. Nos países
deacolhimento os emigrantes tinham um nível de vida mais elevado, apesar daemigração, em especi
al a clandestina, se ter efetuado em condições extremamente difíceis.
Ficou conhecida como Primeira crise do petróleo uma crise econômica e comercial de proporções
mundiais desencadeada pelos maiores países produtores de petróleo, em geral, localizados no
Oriente Médio.
A partir da segunda metade do século XIX, este material, até então, sem um uso importante em
qualquer setor da economia desponta como importante produto de consumo, tornando-se a principal
fonte de energia no mundo, em especial depois da invenção do motor a combustão, que requeria um
produto exatamente com as características do óleo negro. Além do uso conhecido como combustível
de automóveis, o petróleo é utilizado em centenas de outros produtos, fazendo deste "óleo de pedra"
uma peça capital na composição da economia mundial, dando ainda um poder imenso a quem
tivesse a posse de fontes de tal produto. Tal fato se reveste de mais importância ao levar-se em conta
ainda que tal elemento não é renovável, isto é, as fontes de petróleo logo se esgotam, não se
podendo obter mais do produto daquela determinada fonte. Somente após a Segunda Guerra
Mundial os principais produtores de petróleo iriam se aperceber do poder que tinham em mãos, e as
perspectivas de barganha que a posse de tal riqueza proporcionava.
É sob tal ótica que se instala, em 1960, a OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo,
criação de Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque e Venezuela, com a finalidade de defender os seus
interesses como produtores de tão rica matéria-prima. Finalmente, numa reunião da OPEP, em
outubro de 1973, os países membros, detentores praticamente de toda a produção mundial,
resolveram, de repente, aumentar o preço de modo significativo, bem como estabelecer uma
diminuição na produção. Entre os motivos que causaram tal decisão estão a composição da base da
economia dos países da OPEP, o preço extremamente baixo do barril, o consumo em aumento
constante em todo o mundo, e a grande dependência dos países não-produtores, que preferiam
importar a explorar possíveis jazidas em seus territórios.
Além destas alegações de natureza logística, a decisão de aumentar o preço do petróleo de maneira
repentina escondia um motivo político: o rearmamento de Israel pelos Estados Unidos durante
a Guerra do Yom Kippur. Israel fora atacado por uma coalizão de países árabes, liderados por Egito
e Síria, mas conseguiu repelir a ofensiva com o apoio dos EUA. Enfim, tratava-se de mais um
episódio na longa disputa entre israelenses e árabes pelos territórios ocupados pelos judeus.
Cansados do constante apoio dos norte-americanos aos israelenses, os países produtores de petróleo
enfim compreendiam o poder político que tinham em mãos, e como forma de pressão para um
equilíbrio maior na política das potências em relação ao Oriente Médio, resolveu-se pela primeira
vez usar o petróleo como instrumento de pressão política.
Os estragos foram enormes, causando falta do produto em muitos postos em várias partes do
mundo. O racionamento virou palavra de ordem, e em países periféricos como o Brasil, o estrago
foi imenso, pois sua balança comercial ficou em enorme desequilíbrio, iniciando um ciclo de
hiperinflação que duraria quase 20 anos.
A crise só terminaria cerca de um ano depois com as conversações entre Henry Kissinger e os
líderes israelenses, que se retiraram de áreas ocupadas como resultado da vitória na Guerra do Yom
Kippur. Tal gesto fez os países árabes suspenderem o embargo, reequilibrando o preço do produto
no mundo inteiro, mas não sem antes deixar sequelas. Desde a quebra da bolsa de Nova Iorque, em
1929, o mundo não havia presenciado uma crise econômica de proporções tão drásticas.