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R ELATÓRIO DE A UTO

AVALIAÇÃO

Carla Gomes – Funcionária nº 3550


Agrupamento de Escolas Júlio Dinis
Jardim de Infância de Vendas
Outubro de 2010
Outubro de 2010

Numa altura em que o tempo é escasso e a escola ocupa


quase 100% do tempo das crianças, … é “urgente” dar
espaço aos mais novos para brincar.
Maria José Araújo

Com este relatório pretendo, de uma forma global, analisar e avaliar os


últimos 6 meses de trabalho como Assistente Técnica de Animação, no
Jardim de Infância de Vendas.

Antes de mais e para contextualizar esta avaliação, devo referir que já


estava a desempenhar funções, neste estabelecimento de ensino, há 3 anos,
pelo que já tinha desenvolvido ligações, quer com a comunidade envolvente,
quer com os pais, quer, ainda, com os docentes e não docentes do
agrupamento.

Posto isto, procurei sempre orientar a minha intervenção no sentido de


oferecer um atendimento e tempo de qualidade às crianças, promovendo o

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desenvolvimento de aptidões sociais e pessoais necessárias a uma cidadania


activa e consciente.

Fazem parte das minhas tarefas acompanhar, orientar e educar as crianças


durante o almoço, acompanhar e dinamizar as crianças durante os recreios
e, também, o tempo não lectivo (prolongamento de horário e interrupções
lectivas).

Em relação ao acompanhamento dos almoços, recorri a regras e


rotinas diárias que ajudaram as crianças a, por um lado, se tornarem mais
autónomas nas refeições (comendo sozinhas e respeitando as regras básicas
do estar á mesa) e, por outro lado, promoveram junto da criança o
desenvolvimento da confiança no adulto, nos pares e ainda em si mesmas.

Tive que ultrapassar algumas limitações, nomeadamente o facto de ter que


levar o grupo de crianças (36/40 crianças) do Jardim de Infância para a EB1,
a falta de auxiliares através de Contratos de emprego e inserção, o que
implicava que, em alguns momentos, estivesse sozinha com o grupo de
crianças. Estas dificuldades foram ultrapassadas, quer graças às minhas
capacidades de organização e versatilidade, quer graças ao bom ambiente de
trabalho com todos os colegas, tanto do Jardim de Infância, como da EB1.

Em relação ao acompanhamento dos recreios e do tempo não lectivo,


criei um conjunto diversificado de oportunidades, para promover a partilha,
a entreajuda e o espírito de grupo, entre os meninos, assim como o reforço da
autonomia e confiança de cada criança.

Evitei as actividades demasiadamente programadas, pois para as crianças


constituem apenas um espaço de execução e não uma intervenção activa na
escolha das actividades a realiar. O tempo da infância é um tempo livre
prolongado, um tempo longo para ser vivido. Se não resistirmos à
homogeneização do tempo livre (um tempo que tem de ser vivido e não
medido pela sua utilidade) estaremos a prestar um mau serviço às crianças
e, por consequência, a toda a sociedade.

Por esta razão, as actividades foram pensadas com as crianças, dando-lhes a


oportunidades de exprimirem sentimentos e exteriorizarem a sua
subjectividade, pois como afirma Maria José Araújo, “é através da
brincadeira que as crianças aprendem a escolher, tomar decisões, avaliar,
distinguir, decidir. Para um adulto, a leitura de um livro, de um romance, é
importante para a sua imaginação, ajuda a pensar e escrever. Para as

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crianças, o brincar ajuda a ler a realidade social, interpretá-la e a agir sobre


ela.”

Cada vez mais, procuro resistir à tentação natural de corresponder a


expectativas sociais, que se preocupam mais com a existência de um
produto, do que com o prazer de estar e conviver, isto é, o grau de
envolvimento e satisfação das crianças.

Esta postura nasce da avaliação contínua do meu trabalho através da auto-


reflexão assim como da avaliação (por observação e oral) feita junto das
crianças.

Esta postura também me tem ajudado a enfrentar uma limitação que surgiu
em Setembro: ainda não foi definido como chegará o valor das mensalidades,
pagas pelos pais à Associação de Pais, razão pela qual neste momento os
pais não estão a efectuar o pagamento das mensalidade e, portanto, procuro
ter alguma contenção económica.

Criei, assim, ao longo deste tempo, um ambiente caracterizado pelo bem-


estar das crianças, com condições ambientais e de lazer favoráveis ao
relaxamento e ao desenvolvimento afectivo, social e físico destas.

Recorri com frequência ao uso de material reciclável, que foi solicitado aos
pais e que permitiu, não só gerir de forma parcimoniosa os recursos
económicos da CAF, como desenvolver nas crianças a responsabilidade social
e comportamentos ecológicos.

Procurei adquirir brinquedos diferentes daqueles que as crianças usam


durante o tempo lectivo, bem como desenvolver as actividades ligadas às
novas tecnologias, que muito interessam, actualmente, às crianças e que não
têm a oportunidade de desenvolver durante o tempo lectivo. No geral, as
planificações, que foram pouco estruturadas, foram cumpridas, pelo que
considero que atingi os objectivos que me tinha proposto.

O meu relacionamento com a Comunidade Educativa é salutar.


No Jardim de Infância, colaboro em todas as tarefas que me são solicitadas,
ajudando todos os colegas no desenvolvimento do nosso trabalho. Reúno
frequentemente com as educadoras, para troca de impressões sobre as
crianças assim com os sobre as actividades planeadas/ executadas, criando
uma rede de partilha de experiências e informações muito rica.

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Ao longo do ano, não dei uma única falta. Colaborei na elaboração das
planificações trimestrais da CAF, ao nível do agrupamento. Nesse âmbito,
realizei com as crianças uma visita ao JI de Santo António, para comemorar
e partilhar o Dia dos Afectos (19 de Fevereiro).

Com os pais, mantenho um relacionamento próximo, que contribui para um


melhor conhecimento das crianças assim como para uma colaboração mútua
no desenvolvimento das crianças. Por exemplo, este ano lectivo implementei
a hora do descanso, das 15:30 às 16:30 e neste período algumas crianças
adormecem. Há pais que agradecem, pois as crianças levantam-se muito
cedo e costumavam chegar a casa muito cansadas e irritadas, tornando
impossível aos pais a possibilidade de passar um tempo agradável com os
filho. Outros pais pediram para evitar que as crianças adormessem, pois, à
noite, demoravam muito tempo a adormecer e, de manhã, não se queriam
levantar. O que prontamente atendi.

Em relação ao Agrupamento, às colegas animadoras e à EB1, onde


almoçamos e com quem frequentemente desenvolvemos actividades de
articulação, durante as horas lectivas, procurei manifestar, ao longo de todo
este tempo, empatia, congruência, amizade e disponibilidade. Participei em
todas as reuniões para as quais fui convocada, fiz as actas, sempre que tal
me foi solicitado e colaborei dando sugestões e identificando problemas.

Procurei desenvolver algumas actividades com a comunidade local, nas


quais não fui tão bem sucedida como gostaria, principalmente devido a duas
razões : a primeira prende-se com a indisponibilidade dos pais ou familiares
para irem à escola partilhar com as crianças uma actividade ou um tempo
de convívio (é esta a principal razão para as crianças estarem inscritas no
Prolongamento de Horário), a outra prende-se com o facto de o grupo de
crianças ser constituído por mais de 20 crianças, várias com menos de 3
anos, a disponibilidade de pessoal se limitar a dois adultos e estarmos
ladeados a este e a oeste por duas vias de grande tráfego, o que limita os
passeios a pé. No entanto, foi possível, como já referi, visitar o Jardim de
Infância de Santo António e espero poder vir a criar outras estratégias que
me permitam melhorar esta relação.

Tenho procurado enriquecer os meus conhecimentos nomeadamente


através da participação no Curso de Iniciação Pedagógica do Corpo Nacional
de Escutas, onde muito se aprendi acerca de animação de grupos. Participei,
também, no Curso de Primeiros Socorros, ministrado pela Câmara
Municipal de Vila Nova de Gaia. Recorro ainda com frequência a

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publicações, de sítios na internet, sobre animação e sobre as crianças em


idade escolar.

Se me for possível, procurarei, no próximo trimestre, aplicar algumas das


ideias aprendidas no Curso de Iniciação Pedagógica, anteriormente referido,
nomeadamente na organização do grupo e no planeamento das actividades,
que preconiza o dar cada vez mais liberdade de escolha das actividades à
criança.

Em conclusão, considero estes 6 meses de trabalho extremamente


positivos, quer para mim, quer para as crianças, que comigo partilham o seu
tempo e as suas refeições, assim como para toda a comunidade educativa.

A animadora, Carla Gomes

Seixezelo Outubro de 2010.

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