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neal 7a Impaciéncia, imediatismo, inquietude... Esses termos soam familiares? Nas proximas paginas, mées contam como lidam com a pressa dos filhos e especialistas explicam por OKs Lee MOC SMS RU eC eon cu) ORs aa Mle MVNO meV AIS eR Cae diferenga na vida das criangas agora e ld para a frente Emery Perens i ennee sty Me @ (NA Esperar. Vai dizer que no & essa a pri- meira grande ligio que pais € mies aprendem? Vocé ficou na expectativa para saber o sexo do bebs, pelos nove meses de gestagio, pela dilatagao, a pri ‘mera mamada, o engatinhar, o andar, 6 falar, 0 comer com antonomia, o ler 0 escrever... Enfim, aguardar as con- uistas de seu filho rumo ao crescimen- to, Apesar de toda a pacincia que a vida requer, nem sempre esse processo€ la- ro, Em meio A correria moderna, de um dia para 0 outro, os pais podem perce- ber queacrianganiocompreende bemo significado da palavra “espera. No voca- bulirio dela, tudo é para a mesma hora. Esso pode trazer consequeéncias no s6 agora, mas para a vida dela na frente. ‘Por motivos diversos -docontato com asnovas ecnologias superproteso dos familiares -, ha criangas que tém ress: téncia para entender que tudo requer tempo efazparte de um processo, “Meu filho, Joao Pedro, 2 anos e 9 meses, tem ‘uma sede enorme de viver. Ee tem mut ta pressa para tudo. Eu sou calma, mas sempre trabalhei fora, 0 que tornou mi- nha vida corr. Acho que meu filhoen- trou ness ritmo’, conta aadvogada Ligia Cristovam de Moraes, 32 anos. 26 Crescer Ela percebe a aceleragao do menino fem banalidades: se a mamadeira esta esquentando no micro-ondas, ele tt antes de acabaro tempo estipulado; se leva o cachorro passear, sai andando sem esperaro bichinho terminar de fa- zer xixi; se 0s pais pedem uma pizza, ccomega.achorar porque quer comer na ‘mesma hora. "Na primeira vez que isso aconteceu, eu € meu marido ficamos preocupados. Achamos que ele estava com muita fome e decidimos ir até a pizzaria, Joio Pedro voltou para casa com a pizza no colo, comendo no ca- minbo. Percebemos que aquilo nio es- tava certo”, diz Ligia. Agora, ela explica ao filho que tudo tem seu tempo. “Apés algumas vezes, cle tem absorvido. Mas ainda hi estres se quando temos de passar por uma si- ‘tuagao nova e que o deixa ansioso’, diz, ‘Além da rotina corrida, a mae acredita «que outro fator contribuiu com esse com- portamento: possibilidade de ver dese- ‘nhosanimados no momento em que de- sejar, sem precisa esperar 0 horario de cexibigdo. “A primeira vez ue ele se depa- rourcom os comercias, ficou irritado, foi tris de mim aos prantos dizendo que o deseno tinha terminado, Eu disse que © intervalo acabaria logo e que era pre- iso ter paciénca.” GERACAO IMEDIATISTA. Jodo Pedro nao o inico nessa stuagao. le faz parte de uma gerago que nas- ‘ceu imersa no imediatismo, em uma so- Cidade em que as pessoas esto sempre cconectadas e prontamente disponiveis para falar com as outras, em que a tec- nologia reduz etapas e acelera processos ‘ena qual nao hé paciéncia para esperar por resultados a longo prazo. Para essas criangas, éabsolutamente normal com- partlhar momentos nas redes sociais, cescolher miisicas em dispositivos de u- do, ver suas fotos na hora, assstir TV por internet sem intervalos, obter resul- tados instantaneos em telas de tablets € smartphones, ver a comida fcar pronta «em segundos no micro-ondas. Como iio teraimpressiode que tudo deve mesmo funcionar assim, na hora que se deseja, “QUANDO ELE QUER ALGO, TENHO PEDIDO PARA ESPERAR UM POUCO, MAS DEZ MINUTOS PARECEM INTERMINAVEIS’ oudia Costa, profesor, 38 anos ‘ao mais eve toque? Para esses novos ha- bitantes da Terra esperar parece coisa de ‘outraera ede outro mundo. Foi o que aconteceu na casa da blo- gueira Annmarie Kelly-Harbaugh, 41 anos, mie de Katie, 9, Lizzie, 5,e Hen- 1,2, queealevouaescreveroarti- g0"Why My Kids Need to Watch ‘More TV” (Por que Meus Filhos Precisam Assistir Mais TV, em - z tradugo lve), para 0 Hufington “ESPERAR E INIMAGINAVEL Post. Seu fis estavam na casa dos ave munca tinham visto os PARA MEUS FILHOS” programas a TV aberta. Ficaram indignados por ter de esperar 0 co- Ablogueira do Hufington Post Annmarie Kelly-Harbaugh conta CRESCER ‘mercial passar ~ para eles, aquela ‘que motivou artigo em que defende porque seus ils prcisam ver TV ‘era.uma intromissio nao consenti- da. O episédio fez. Annmarie pen- sar sobre como seus fills nao ti- ‘nham mais paciéncia, que viviam ‘uma infancia muito diferente da ‘sua ~ que foi ade esperar pelo fil ‘Quando vocé percebeu que seus filhos no sabiam esperar? Nao temos TV em casa. Eno, note essa impaciéncia pela primeira vez na ‘casa da av deles Eis estavam vendo Toy Story e Lizzie (5 anos) e Henry 2) no conseguiam entender por quo filme ficava “parando™ les estavam Confusos com os comerciais que interrompiam os personagens. E pergunta- vam se eu podiaacelerar ou pular os comerciais- eeu nio podial te nn pa mks | pn rte er Netcool? dpa is com namie | pete ost itn aN tude ema Sesmaprscmareade| gan ns ory pe ais captained eon {iene Mimenapeare - || Tecan aeaciors enim garmimatalinrioes ON as re Se pr Pe |||: ocean tian er inc paivetranea tinaitoars ae arose himagubelponcsmesstbos Tidumacorente decaiice | Comovocteninaa esque reciomespe vers? sclanqusereireameanidora | See owcobi cone lua me gu OX me cose un a prrtrd D0iDeome"Gerapio A | cootesa moecotn oquecls dv sera Maa aaah Er “Esa cera ats teccgcn | te Sars per exemple prengrace Dg cue de tom malr poser de nf weeps 16 Sovoniuad Ana escreemos ces esac HZ miles decliasnacendo | enopebsoreetesqucesgohan Sedona poten ses ‘semanalmente no mundo, afir- Seus filhos podem usar gadgets a hora que querem? ma A CRESCER o pensador e pes- ‘quisador socal australiano Mark Temos um tablet que € avid por toda a familia, Quando eles terminam McCrindle, ue defendeo uso do 4e fazer suas tarefas de casa, podem usé-to por curtosperiodos de tempo. termo, Segundo ele, ssas crian- (Quero que eles sejam crancas ~brinquem l fora, dancer, pulem,andem as so muitarefas e mukiplata de bicicleta, se sujem.E vejam a tecnologia como um método acasional de (eas ace ceric entretenimento, ma ndo um ponto central de suas vidas. des a0 mesmo tempoeem diversos meios, além de terem as tela dos Aispositivos eletrinicos como prin- pal veiculode disseminacioe re- ‘cepgio de conterido, Para elas, énormal ‘iver nessa realidade de tempo fragmen- tada, em que podemos parara pesquisa ‘queestamos fazendona internet para r- alizar outratarefa, ou pausaro filme “> oF Mo site Leia a traducio do artigo “Why My Kids Need to Watch More TV", de Annmarie Kely-Harbaugh, Crescer 27 “EU SOU CALMA, MAS SEMPRE TRABALHE! FORA, O QUE TORNOU A MINHA VIDA CORRIDA. ACHO QUE MEU FILHO ENTROU NESSE RITMO- Lia Cristovam de Moraes, advogada, 32 anos 28 Crescer para intercalar outra atividade, ou mes ‘mo conversar comalguém enquanto res pondemos uma mensagem no celular Naobastasse toda essa enxurradatec- nol6gica, a vida em siesté mais apressa- da. As familias esto cada vez menores, com apenas um ou dois filhos. Antes, as pessoastinham muitos irmaos, e,ndo ra 1 primos, tioseavés conviviam na mes- ‘ma casa, dando suporte& educagao dos ‘menores, cada um de um jeito ena sua velocidade. As criangas podiam assistir 8 av6 preparar um almogo, do descas- car da primeira cebola ao servir na me- sa, ou contar uma histéra no ritmo que sua meméria permitia.Talvez ajudar av6 a fazer um reparo na casa ou ver 0 tio confeccionar uma pipa para ela brin- car maistarde. Hoje, além da redugio de processos e pessoas, boa parte dos pas € ‘mies trabalha fora econvive menos com 65 filhos. “Com isso eles se enchem de capa e recompensam a falta de tempo atendendo a todos os seus pedido {gumenta o médico José Paulo Vase: cellos, do Departamento de Pediatria do Comportamento e Desenvolvimen- to da Sociedade Brasileira de Pediatria, Segundo ee, desde o primeito dia de vida, o bebe jé&capaz de entender aes pera, mas isso depende de como os pais lidam como seu choro. Se eles pegam a crianga no colo ou oferecem o peito pa ra qualquer resmungo, esto ensinando aque todasas suas soi atendidas de ime do da capacidade de frustragdo. Os pais «que nao deixam o filho chorar nem um pouco formam uma crianga que acredi- ta que o mundo foi criado para ela. S6 que ela, certamente, enfrentarédificul- dades se no entender que é apenas uma centre 7 bilhdes de habitantes no mun- do" diz Vasconcelos. Seesperar écomplicado até para ad ‘os, imagine para uma crianga, que tem ‘menos vivénciae experiéncia. Que o di- ‘20 filho da professora Keudma Cos ta, 33 anos. Theodoro, 6, € carinhoso ‘© amoroso, mas, nas palavras da mae, também é imediatista, mando e nao sabe esperar. “Ao pedir algo para nés, cle sempre diz ‘agora: Quando fazemos refeigGes em restaurantes eele termina, {quer logo embora’, conta Keudma. Na ‘opinio dla, ofato de o menino ter nas- ‘ido prematuro fez.com que a familia ti- vvesse cudados excessivose, hoje, ele no aceitaa espera. “O que ele peda, a gen- tedava na hora, desde um copo de égua até um bringuedo. Tudo para tender as suas necessidades. Meu filo comegou a achar que todos deviam viver em fun- ‘gio dele, Na escola, aprofessora diz. que cle no consegue ficar na fila na hora do lanche. Se nio€ 0 primeiro, fazbirra” NOVA ATITUDE ‘Theodoro passa a manha no colégio e, a tarde, sob os cuidados da babs, brin- ‘ano computador, no tablet e assste & ‘TV. Como j sabe lr, acessa os canais de video sozinho e vé os desenhos na hora ‘que quer. Segundoamie,elaeomarido ‘conversam muito.com ofilho eexplicam ‘que cada coisa tem seu tempo, s6 que ele responde: “Mas eu nio posso esperar. E cchato!”, Agora, para tentar reverter es se comportamento, os pais pararam de tender a seus desejos na hora. “A gente ‘se preocupa muito com o tipo de aduilto {que vamos formar para o mundo. Que- remos muda isso. Quando elequer algo, tenho pedido para esperar, mas dez mi- ‘nutos parecem intermindveis para ele” Esperar & mesmo complicado, “Nas- ‘cemos com um espirito de sobrevivén- ‘aque nos impulsionaa resolver na hora tudo que vemos como necessidade. Es- pear 86 parece razodvel quando temos ‘uma visio mais abrangente da situacio", cexplicaa psicéloga Tania Pars, presiden- ‘te da Associagdo pela Sa‘ide Emocional ddas Criangas (Asec). Ela diz.que osadal- tos, em geral, nfo querem ver as crian- a8 sofrendo e, as vezes, atropelam eta- pas para minimizar frustragies. Mas clas precisam descobrir maneiras de li- dar com o que nao as agrada. “Os pais no devem se sentir culpados por no prover os desejos na hora. O momento fem que nao € possivel atender de ime- diato pode ser visto como uma oportu- nidade para ofilho se desenvolver e en- contrar meios de lidar com a situagio.” Por volta de 6 anos, acrianga jé com preende que tudo € re- sultado de um processo = mas nio custa praticar a espera desde cedo, em niveis erescentes de dif culdade. “f assim que se desenvolve empatia, auto- estima, autonomia, perse- ‘veranga, paciéncia ea per cepgiode que o mundovai além de si, diz Tania ‘Uma parte desse ime- diatismo esta relaciona- do as caracteristcas biolé- ¢gicas do amadurecimento infantil, segundo 0 neuro- pediatra Antonio Carlos de Farias, do Hospital Peque- no Principe (PR). “Mui- tas criangas sio impulsi- ‘as porque ainda nao temo controle inbitrio da parte frontal do cérebro. Isso co- ‘mega a mudar aos 4 ou 5 anos’ esclarece. Caso 0 comportamen- to persista além disso, € preciso avaliarasituagao, Se ela esté visivelmen- te estressada, sente dores recorrentes pelo corpo, NNinguém quer que o filo sea estressado ‘eansioso, mas também ndo quer que se- ja acomodado. Como encontrar 0 meio-ter- ma? O neuropediatra Antonio Carlos de Fa- ria, do Hospital Pequeno Principe (PR, diz ‘que rotinasagitadas e agendas superlota- das, como se a crianca fosse um pequeno ‘executivo, ndo condizem com a primeira in- fancia econtribuem para aumentar a ansie~ dade, “Se aagenda &corrida, claro que a ‘riangateré nocdo de antecipacéo e poder’ ficar ansiosa, Por outro lado, ter um pouco deansiedade faz bem, para ensind-laando se acomodar.€ necessirio considerar os li mites’, ensina, Ou sea, seo seu filo esta fa- zendo tudo por fazer, as notas no sio boas ‘ele ndo se dedica a nenfuma aula extra, é preciso cuidado, pois ele pode estar sobre- ‘cartegado. “A crianga precisa se divertir com asatividades. O ponto de equiirio é que la tenha o desempenho adequado ese sin ta feliz, imeragindo socialmente” apresenta fobias, ndo quer ir paraaes- cola e tem medo de sair de casa, pode ser que esteja caminhando para uma patologia, explica Farias. Quando isso acontece, um médico identifica 0 que causa a ansiedade. O problema pode ser trabalhado com tera pias, esportes e tratamentos cognitivos para queacrianga desenvolva habili- > Crescer 29 @ (NA CONECTADOS, MAS MUITO DISTRAIDOS Como titulo cima, io maisrecente do especalsta em confitos de geracbes Snel Olvera fala sobrea istria real deseis ovens aque seformaram, tomaram decisbes pessoas profisionai, mas no arcam comasconse- quénciasntegrare 3490). "lsja fizeram muita coisas, mas ainda ndo alcancaram o que queiam, Poss, tercétizama culpaese viiizam. Iso tem aconecio com a gerarao Yee€umalerta paraasproxinas gerages” 30 Crescer dades como resligncia em situagées ad- versas. Se essas medidas niio funciona- rem, recorre-se a medicamentos. EO FUTURO? Porém, a maioria dos casos nao requer esse tipode intervenga0e est mais para ‘uma mudanga na postura dentro de ca- sa. “Omelhor que os pais podem fazer & ensinar aos filhos a lidar com as conse- quéncias de suas proprias escolhas, mas, nos ltimos 20 anos, parece que nos es- quecemos disso. Fazemos atéaligdo de casa para eles, Estamos errando, Esse ccomportamento, somado & atu alrealidade econdimica (de faci lidade de consumo) ¢ & tecno- logia avangada, potencializa a «questo do suprimento dos de- sejos da crianga, 0 que provoca distorgesimportantes’,explca ‘oconsultor, escrtor, palestrante ceestudioso de conflitos de gera- Ges Sidne Oliveira, Ele diz que a primeira gera- 420 que recebeu uma grande dose desse protecionismo foi Y (pessoas que hoje tém en- tre 15¢ 35 anos). Muitos estao no mercado de trabalho e cos- ‘tumam querer resultados e re- conhecimento imediatos. Ou seja, nao tém paciéncia de es- perar as coisas acontecerem e, até por isso, trocam mais cons- tantemente de emprego. Mesto s feitos com o trabalho, eles querem mu- dar seis meses a dois anos fi o prazo dado para sair do emprego por quase ‘metade dos entrevistados em uma pes- quisa da empresa britanica de consulto- ria Deloitte, de 2009. f caracteristica também dessa geracio ter relaciona- ‘mentos afetivos menos duradouros, com troca mais frequente de parceiros. “Todo jovem é ansioso, mas.ageragio Yee, recentemente, aZ (menores de 15 anos), esto além do normal, pois nao sabem lidar com a frustragio. $6 que & inevitivel ques frustrem no mundo do trabalho, Precisamos de cicatrizes para cxescer, pois elas trazem aprendizados. Claro que os pais nao devem provocé- as trazendo sofrimento, mas também ino podem proteger seus filhos de tu- do", defende Oliveira. Segundo o escritor, para criar adul- tos equilibrados, os pais precisam ex: plicar que nao sio seus assistentes pes- soais. Isso significa que, se eles ndo fizerem a ligdo ou esquecerem de ano- tar o contetido da prova, terdo de ar carcomas consequéncias. Nocaso das ‘mais novas, uma forma de aprenderem sobre causa e efeito, e ganharem res- ponsabilidade, por exemplo, & deixar ‘com que procurem pelos seus bringue- dos ou naninhas antes de os pais para- rem tudo 0 que esto fazendo para en- contrar 0 objeto no lugar do filo. ENSINAR A ESPERAR Atudes simples como essasjé ajudam a amenizar 0 imediatismo e a ansieda- dedas criangas, Muitas vezes, o que elas querem ao pedir algo e exigir que seja feito naquela hora é simplesmente cha- mar a atengio dos pais. E se elas sem- pre sio atendidas de imediato, 0 recado «que recebem é exatamente este: 56 pe- dlirpara ganhar. “Nao é preciso dar pre- sentes caros ea todo momento para que ‘uma crianga goste dos adultos nem para ccompensar alguma culpa. Bastam aitu- des simples no daa dia que fortalegam © vinculo, como ler uma histéria, brin- car no chio, fazer cécegas e dar atengi0 ela’ explca o pediatra Vasconcelos. A tatica da pedagoga Cristine Flo- res, 27 anos, para deixar o filho Cris- t6vdo, 2 anos e 9 meses, mais calmo é a conversa: ela explica que existe ho- ra para tudo. As situagdes campeas de impaciéncia sio quando ele quer brin- car na praga e ir embora de restau- rantes. “A comunicagao, geralmente, funciona, Mas utilizo também outros recursos. Para ensinar sobre o horario de dormir, por exemplo, comprei um livro sobre a rotina de um urso até a hhora de ir para cama. Depois da leitu- 1a, faziamos um exercicio de lembrar tudo que meu filho havia feito naquele dia eeu dizia que outras coisas legais aconteceriam no dia seguinte, mas, para isso, era necessério dormir. Ago- racle entendeu’, conta Cristine Limitar 0 acesso aos jogos eletroni- cos também é uma atitude que pode reduzir aimpulsividade ea ansiedade. E claro, hi games que tém abordagens «e desafios interessantes para as crian- ‘25, mas os que contém violencia po- dem piorar a situagao. Vale salientar ‘a recomendagio médica da Academia ‘Americana de Pediatria: até os 2 anos, evitar 0 contato com as telase, depois disso, 0 uso diario se limita a, no maxi- ‘mo, duas horas. “Essa primeira fase da vida é muito sensorial. Correr, pegar, cheirar e testar os sentidos melhoram as conexdes cerebrais’ diz 0 neurope- dliatra Farias. O alerta da Agéncia In- lesa de Savide Piblica & que criangas {que passam muito tempo na frente de gadgets tendem ater mais estresse, an- siedade e depressio, uso das telas deve ser sempre mo- derado intercalado com brincadeiras fora do mundo virtua. Passar horas se- guidas sentado jogando, nem pensar. E, & noite, préximo a hora de dormir, 6 preferivel evitar. “O uso noturno & ‘um forte estimulo para distirbios do sono” alerta Farias. Um estudo da uni- versidade canadense Dalhousie com- provou que a presenga de televisio, ‘computador, videogame e outros ele- trénicos no quarto contribuem para a 2d %0 DOS BEBES COM MENOS DE 2 ANOS USAM TABLETS OU SMARTPHONES ansiedade e inibem o sono. A pesqui- sa mostrou que 0 cérebro relaciona 0 quarto com esses objetos a um local de lazer em vez de descanso. TATICAS PARA ACALMAR Outra ogo contra o imediatismo & a ioga. Pesquisadores da universidade ale. ride Leipzigestudaram 48 criangasde Wanose descobriram que aioga melho- 10 equilibrio emocional e diminui os ‘medos, o sentimento de desamparo e a agressividade, “Com a pritica, os exer Cicios respiratrios ajudam na concen- tragio’, explca Joo Carlos Soares, ria dor do projeto Yoga com Hist “ACOMUNICACAO GERALMENTE FUNCIONA. MAS UTILIZO OUTROS RECURSOS, COMO DAR UM LIVRO SOBRE O ASSUNTO” Cstine ores, pedagoga, 27 anos se apoia em narraivas para estimular a Joga entre criangas. Focadas noexercicio que estdo fazendo, elas aprendem a se concentrar no momento que esto viven- ciando ea perceber melhor o ambiente, sem ansiedade, dando a cada atividade ‘ tempo necessirio para serrealizada. Soares afirma que a pratica pode co- ‘megar aos 4 anos. A principio, as anlas duram, no maximo, 30 minutos. “O ide- al seria pratcar todos os dias, mas duas vezes por semana é um bom comeso", diz, Na casa da pedagoga e professora de ioga Cassia Parmeggiani, 32, a préti- «a faz parte da rotina. “Quando a crian- «2 faz birra, ela € étima para acalmar. Antes de dormir e das provas, também ajuda. Funciona muito com meus filhos. Sinto que a pritica eas leturas de livros relacionados ao tema os deixaram mais concentrados na escola e nas atividades do diaa dia’, relata ela, que é a mae de Kyron, 4 anos, e madrasta de Mirko, 13. Na tentativa de acalmar os peque- nos, vale também testar a meditagio. A ‘ONG gaticha Mente Viva acredita no po- der dessa pritica para melhorar a qual- dade de vida infantile difunde o método em escolas. “Pais e professores relatam ue os alunos comegaram a se colo- Crescer 51 ‘armaisnolugardo outro ea refletirantes de tomar algumaatitude’,afirma Roberto Matheus Durli di- retor administrativo da ONG, que jf atendeu mais «de 150 escolas em todo o pais. Liicio Sausen, diretor da Escola Estadual Hiroshi- ma, em Eldorado do Sul (RS), conta que desde que © projeto comegou, h quatro anos, houve grande rmelhora na convivéncia entre os estudantes ~ em sala, eles fcaram mais tranquilos eno recreio, me- nos _agitados “As brincadei- ras_mndaram, Antes, a preferi- ATENCAO E AMOR dacabanioe 52 Crescer policiae eles fic cavam_medine do Forgas. Ago- ra, jogam bola, brincam de es- conde-esconde -se divertem com jogos de ' ; tabuleiro” : : Um estudo recente — feito nas escolas de , Gramado (RS) que aderiram a meditagiocom- Prova que a pré- tica auxilia di- vversos aspectos nas criangas. “Blasmelhoram ‘ovocabuilirio e a velocidade de pensamento, prestam mais atengioeconse- ‘guem entender melhor informagées implicitas nas ‘conversas’, relata Hosana Alves Gongalves, uma das autoras doestudo e mestranda da PUCRS, Conversas, brincadeiras, ioga, meditagdo, espor- te, livtos... Independentemente dos métodos para promover bem-estar emocional nas eriangas e di- ‘minuira ansiedade e a impaciéncia delas, tenhaem mente que é preciso fortaleer sua autoridade como pai ou mae. “Os pais precisam saber que tém o di- reito de falar nio’ airma o pediatra Vasconcelos. “Eles devem ponderar e dizer, de vez em quando: ‘Filho, eu te amo, mas vocé nao vai ter 0 que quer neste momento.” Que tal tentar? Seu filho acha que um ano passa em dez minutos? Confira as su- gestées de Zena Eisenberg, especialista em educacéo infantil e professora da PUC-Rio, para ele compreender melhor a espera ‘como pio e pizza, é uma étima maneira de mostrar que é necessario ter dedicagao, planejamento, trabalho e paciéncia para que as coisas se realizem: de ir comprar os ingredientes no supermercado até esperar a massa assar. Seu filho no s6 vivencia 0 processo, como vé o resultado conereto, 2: partir de 3 anos, crianga jé écapaz de acompanhar ocrescimento da plan- ta ainda que nio consigaentendéo totalmente. Chame aatengio do seu filho paraasdiferentes etapas: a formacio de raizes,o aparecimento do broto, das flhas.0 crescimento, E, claro, envolva-o nos cuidados:regar, deixar ao so, pér mais algodao. 3 tporaoesusbrgs disper came een qu os acontecimentos tém certa frequéncia e duragio. Fotografe seu filho nas principaistarefas do dia: acordando, escovando os dents, tomando café da ma- ‘nha, vestindo o uniforme. Imprima as fotos, monte um painel ou um varal e pega para que ele coloque os eventos em ordem. Assim, ele adquire a nogo do que vem antes, depois e de tudo 0 que cabe em um dia. Lh vnte nisl anaes Cal en, Naa Das igus an gop ea pense) Apurrde ans ocean Soa: Eumcurno aqua cn encod ut ctenpopavopetoanness quis es opts user Deixar seu filo desconstruir um reldgio ou um brinquedo velho daré.aelea possibilidade de ver que eles funcionam por mecanismos. Cada pega impor- tante, tem seu papel e precisa estar no lugarexato, trabalhando em conjunto. Seuflho vaientender que algumas coisas si0 mais complexas do que le imaginava. QP eee estsnescoes cnimngnenitgt relacionada ao universo dela. Se seu filho quer brincar enquanto voce vé um filme, no diga: "Ia, eu vou” ou“Espere um pouco’. Responda que vai assim que ofl ‘me acabar. Paradar uma dimensio ainda mais precisa, use programas de que ele gosta: “Vou demorar dois epis6ios da Dora’ ouVoc® precisa esperar otempo do Rei Lec” Crescer 55

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