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Estudo do potencial de geração de biocombustíveis líquidos a partir de microalgas: Utilização

de efluentes agroindustriais e domésticos no desenvolvimento da Chlorella sp

Thiago Santos de Almeida Lopes1, André Luíz Alves da Silva2, Andreia Freitas Silva3, Gabriely Dias Dantas4 e
Weruska Brasileiro Ferreira5
1
Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental, CCT/UEPB, thiagosantos_al@outlook.com
2
Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental, CCT/UEPB, nadre.alas@gmail.com
3
Graduanda em Engenharia Sanitária e Ambiental, CCT/UEPB, andreiafreitassilva@gmail.com
4
Graduanda em Engenharia Sanitária e Ambiental, CCT/UEPB, gabrielydias4@gmail.com
5
Professora Doutora do Dept. de Engenharia Sanitária e Ambiental, CCT/UEPB, weruska.brasileiro@pq.cnpq.br

Resumo – Sabendo-se que os combustíveis fósseis não of space for their cultivation. The respective work has
são renováveis e estão aptos ao esgotamento, os had as objective to maximize the development potential
biocombustíveis surgem como alternativa promissora of the microalgae Chlorella sp, aiming at the production
para substituir parcialmente o petróleo e alongar sua of biofuels in a culture media supplemented with
vida útil. Nesse sentido as microalgas apresentam-se industrial effluents and of sewage anaerobic treatment
como uma versátil alternativa para a produção de of sanitary sewage system, with a view to reduce the
biocombustíveis, uma vez que assimilam grande taxa de cultivation cost and promote a suitable destination to
CO2, possuem um teor de óleo maior que as oleaginosas these waste liquids. The microalgae in study was
e não necessitam de grandes extensões de espaço para cultivated using the synthetic culture medium Bold's
seu cultivo. O respectivo trabalho teve como objetivo Basal Medium (BBM), added the different proportions
elevar ao máximo o potencial de desenvolvimento da of vinasse, effluent of reactor type and UASB effluent
microalga Chlorella sp, visando a produção de from anaerobic filter, in the midst mixotrophic. It was
biocombustíveis em meios de cultura suplementados observed that the culture media supplemented with these
com efluentes industriais e efluentes de tratamento effluents offered characteristics for the development of
anaeróbico de esgoto sanitário, com vistas a reduzir o the microalgae. After reaching the maximum cell
custo dos cultivos e promover um destino adequado a density, it was held centrifugation of cultures
esses resíduos líquidos. A microalga em estudo foi supplemented with vinasse and used the supernatant for
cultivada utilizando-se o meio de cultura sintético composition of new media culture, which allowed the
Bold’s Basal Medium (BBM), adicionado a diferentes growth of microalgae, showing the possibility of reuse
proporções de vinhaça, efluente de reator tipo UASB e of culture media as nutritional supplementation. In this
efluente de filtro anaeróbio, em meio mixotrófico. way, it was concluded that there is viability in the
Observou-se que os meios de cultivo suplementados com cultivation of microalgae through the addition of liquid
esses efluentes ofereceram características propícias waste, thus enabling the production of biofuels with a
para o desenvolvimento da microalga. Após o alcance lower production cost.
da máxima densidade celular, realizou-se centrifugação
dos cultivos suplementados com vinhaça e utilizou-se o Keywords: Microalgae, biofuels, reuse, effluents,
sobrenadante para composição de novos meios de Chlorella sp.
cultura, que permitiram o crescimento das microalgas,
mostrando a possibilidade da reutilização dos meios de I. INTRODUÇÃO
cultivo como suplementação nutricional. Desta forma,
concluiu-se que há viabilidade no cultivo de microalgas O crescente aumento do preço do petróleo, somado
por meio da adição de resíduos líquidos, possibilitando aos problemas ambientais causados pela intensificação
do efeito estufa, compõem um cenário no qual a
assim a produção de biocombustíveis com menor custo
utilização de fontes renováveis de energia se torna
de produção.
fundamental para garantir a sustentabilidade das futuras
gerações e o equilíbrio do ambiente [1].
Palavras-chave: Microalgas, biocombustíveis, reuso,
efluentes, Chlorella sp. A demanda por novas matrizes energéticas no
mundo tem impulsionado investimentos nas últimas
décadas em diversos países na busca de fontes
Abstract – Knowing that fossil fuels are not renewable
alternativas de energia. Neste cenário, a produção de
and are fated to exhaustion, biofuels are emerging as a
biocombustíveis, neutros em emissões nocivas e sem
promising alternative to partially replace the petroleum
riscos ambientais, configuram uma alternativa de ampla
and lengthen its life. In this sense, the microalgae exhibit
as a versatile alternative for the production of biofuels, abrangência no contingente de propostas em
once they absorb large rate of CO2, have an oil content substituição ao uso dos combustíveis fósseis [2].
Os biocombustíveis, por serem energias renováveis,
greater than oilseeds, and do not need large extensions
são apresentados como alternativa aos combustíveis

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fósseis, contribuindo para a estabilização da elaborar processos eficientes para extração de óleo
concentração de CO2 na atmosfera e permitindo a aproveitando integralmente a biomassa gerada, e
ciclagem da matéria na natureza. Derivados geralmente identificar as espécies de maior produtividade e fácil
de produtos vegetais, podem ser produzidos utilizando cultivo [7].
matérias-primas como cana-de-açúcar, mamona, milho, Este trabalho teve como objetivo maximizar o
soja, além de outros resíduos agrícolas e excrementos de potencial da microalga Chlorella sp visando a produção
animais. de biocombustíveis utilizando como meio de cultura
Devido ao mercado de alimentos, o biodiesel efluentes industriais e de tratamento de esgoto
derivado de oleaginosas não supre a demanda existente doméstico com vistas a reduzir o custo dos cultivos, bem
por combustível para motores a diesel no país. A como promover um destino adequado para esses
necessidade de grandes áreas para cultivo torna a resíduos líquidos, que, se lançados em corpos hídricos,
produção em larga escala uma realidade distante e poderão dar início ao processo de eutrofização devido as
contribui para destruição da flora natural, esgotamento altas concentrações de nutrientes.
da capacidade dos solos e erradicação de espécies.
Dentre as propostas em foco, uma série de estudos II. MICROALGAS
tem demonstrado as microalgas como a mais promissora
As microalgas pertencem a um grupo muito
fonte de biomassa para a produção de biocombustíveis,
heterogêneo de organismos. São predominantemente
devido ao seu rápido crescimento e eficiência
aquáticas, unicelulares com estrutura e organização
fotossintética, permitindo produtividades em óleos
simples, constituindo a base da cadeia alimentar.
muito superiores às outras espécies terrestres utilizadas
na produção de biocombustíveis [2]. Apresentam crescimento rápido podendo formar
As algas também apresentam potencial para colônias. Sua coloração varia de acordo com o
mecanismo fotoautotrófico e pigmentação presentes.
produção de outras fontes energéticas como metano,
Podem prosperar em águas hiposalinas e hipersalinas,
etanol e hidrogênio, assim como de biomassa para
em uma faixa larga de temperatura, suportando
gaseificação e combustão. A energia proveniente do teor
lipídico elevado dessas algas (20% - 50%) é obtida diferentes intensidades luminosas e diferentes valores de
naturalmente convertendo o dióxido de carbono pH.
São consideradas “matéria-prima” do futuro devido à
atmosférico por meio da fotossíntese [3].
sua multiplicidade de aplicações em áreas altamente
A produção de biomassa algal em larga escala
relevantes, tais como: alimentação humana e animal,
começou a ser estudada no século XX por meio de
biocombustíveis, biorremediação ambiental,
tecnologias de cultivo realizadas em tanques abertos e
em fotobiorreatores fechados. Nos anos 60, sua dermatologia/cosmética, medicina, entre outras. A
produção comercial se voltou principalmente para o uso caracterização e seleção das espécies mais promissoras
para cada tipo de aplicação são fatores que contribuem
em suplementos dietéticos e aquicultura, assim como,
para o sucesso da utilização de biotecnologia algal.
para pesquisas relacionadas à utilização das microalgas
As microalgas são responsáveis pela produção
para reciclagem de águas residuais.
primária de pelo menos 60% de oxigênio da Terra [3].
É geralmente reconhecido que as microalgas
desempenham um papel importante na purificação de Ao realizar fotossíntese, produzem lipídios de maneira
águas residuais, uma vez que podem ser cultivadas em mais eficiente que as plantas terrestres, transformando a
energia solar em matéria orgânica [8]. O número exato
diferentes meios de cultura e substratos, atuar em
de espécies microalgais ainda é desconhecido, no
processos de tratamento de efluentes e biorremoção de
entanto, pesquisas indicam que podem existir cerca de
metais pesados [4].
A possibilidade de utilizar nutrientes presentes em 200.000 até alguns milhões.
efluentes industriais e de tratamento de esgoto
doméstico pode reduzir os custos dos cultivos de A. Produção de biocombustíveis a partir de
microalgas, e ainda evitar eutrofização nos corpos microalgas
receptores [5]. Para a obtenção dos biocombustíveis, as microalgas
Esgotos sanitários urbanos contêm em média 50 podem ser convertidas por métodos termoquímicos e
g/m3 de nitrogênio, sendo que cada m3 pode contribuir bioquímicos, o que não é uma ideia nova, mas que agora
para a formação de 0,5 kg de biomassa para extração de se difunde devido ao aumento do custo do petróleo, bem
biocombustível. Por outro lado, dentre os sistemas como a preocupação sobre o aquecimento global
biológicos de tratamento de esgotos, destacam-se os decorrente da queima de combustíveis fósseis [9].
anaeróbios pela possibilidade de produção de metano na Para produção de etanol são utilizadas espécies que
forma de biogás dentro da própria ETE. Os reatores produzem altos níveis de carboidratos. Estima-se que a
UASB incluem amplas vantagens, principalmente no produção a partir das microalgas seja em torno de 46.760
que diz respeito a requisitos de área, simplicidade e – 140.290 L/ha [10]. Essa eficiência é maior que a de
baixos custos de projeto, operação e manutenção [6]. outras matérias-primas, como está apresentado na
Com base nessa perspectiva, muitos países vêm Tabela 1.
desenvolvendo programas de pesquisa para propiciar
produção de microalgas em larga escala buscando

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Tabela 1 – Rendimento de etanol a partir de diferentes fontes. O cultivo mixotrófico garante maior rendimento de
Rendimento de Etanol biomassa, no qual atuam o metabolismo heterotrófico e
Fonte autotrófico. A microalga ao mesmo tempo assimila o
(L/ha)
Trigo 2.590 CO2 autotroficamente e o carbono orgânico disponível.
Mandioca 3.310 Algumas espécies de microalgas estabelecem
Sorgo doce 3.050-4.070 rendimento muito maior quando cultivadas em regime
Milho 3.460-4.020 mixotrófico. A fonte de carbono é um dos principais
Beterraba açucareira 5.010-6.680 componentes na produção de biomassa microalgal [13].
Microalgas 46.760-140.290 O dióxido de carbono (CO2) é a fonte de carbono
Fonte: [10].
preferencial das microalgas, difundindo passivamente
A produção de bioetanol a partir de algas marinhas do meio de cultivo ao meio intracelular e sendo utilizado
tem um grande potencial para o desenvolvimento diretamente nos processos de fixação de carbono [14].
sustentável. No entanto a produção de energia a partir de Portanto, com a adição de CO2 no meio de cultivo pode-
microalgas só será viável economicamente se os custos se aumentar em até sete vezes a multiplicação celular,
de produção forem baixos. enquanto que a redução da disponibilidade de carbono
Microalgas podem oferecer vários tipos de pode ser fator limitante para o crescimento microalgal
biocombustíveis renováveis. Estes incluem o metano ou [15].
biogás, produzidos pela digestão anaeróbica da Em condições favoráveis as microalgas podem
biomassa, o biodiesel derivado de óleo de microalgas, crescer rapidamente, duplicando seu número de células
diohidrogênio produzido pela lignina celulósica por por um período de 24h ou menos durante a fase de
meio da fermentação, e o bioetanol e biobutanol obtido crescimento exponencial. Um dos métodos para avaliar
do açúcar da biomassa por meio da fermentação [11]. o crescimento é o aumento da densidade celular, que
A Tabela 2 lista as principais fontes de óleo para pode ser percebida através da curva de crescimento
produção de biodiesel, mostrando que as microalgas tem apresentada na Figura 1.
potencial para substituir completamente as oleaginosas
na produção desse biocombustível. Figura 1 – Curva de crescimento de uma cultura microalgal em
relação à disponibilidade de nutrientes.
Tabela 2 – Comparação das microalgas com diferentes culturas na
produção de biodiesel.

Rendimento de Óleo
Fonte
(gal/ha.ano)
Girassol 102
Amendoim 113
Canola 127
Coco 287
Palma 635
Microalgas 5.000-20.000
Fonte: [12].

As microalgas apresentam rendimentos, tanto em


termos de biomassa quanto em produção de óleo, muito Fonte: [16].
superiores aos das principais culturas para a produção de Na construção da curva de crescimento, podem ser
biocombustíveis. No entanto necessita-se de grande identificadas seis fases principais: Fase de adaptação ou
investimento para a implementação dessa tecnologia. lag (1) - caracterizada por intensa atividade celular, a
taxa específica de crescimento é nula; Fase de
B. Crescimento das microalgas aceleração (2) - taxa de crescimento específico entre
Conforme a fonte de carbono empregada, os nula e máxima; Fase de crescimento exponencial (3) -
cultivos de microalgas podem ser classificados em três taxa específica de crescimento máxima; Fase de
tipos: heterotrófico, onde o fornecimento de carbono é desaceleração (4) - caracterizada pela diminuição da
realizado pela introdução de compostos orgânicos taxa de crescimento; Fase estacionária (5) -
apropriados ao meio de cultura (glicose, glicerol, entre concentração celular máxima e redução contínua da taxa
outros); mixotrófico, onde o carbono é disponibilizado de crescimento específico (até se anular); Fase de
tanto por meio de compostos orgânicos quanto pelo CO2 declínio (6) - caracterizada pela diminuição de células
atmosférico (CO2 inorgânico); autotrófico, onde a única viáveis possibilitando a lise celular.
fonte de carbono disponibilizada é o CO2 inorgânico. A curva demostra o potencial de crescimento das
Neste caso, o carbono inorgânico pode estar na forma de microalgas, sendo consideradas possíveis fontes de
CO2, ácido carbônico (H2CO3), bicarbonato (HCO3) ou matéria-prima para produção de biodiesel devido a sua
carbonato (CO3). alta produtividade por litro e fácil adaptação às
A maioria das espécies das microalgas são diferentes formas de cultivo.
fotoautotróficas, ou seja, podem obter energia da luz do
sol utilizando a atmosfera como fonte de carbono.

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C. Resíduo líquido da indústria sucroalcooleira dividido em duas modalidades: os tratamentos aeróbios
e os tratamentos anaeróbios [21].
A vinhaça é um efluente originado do processo de
Os reatores anaeróbios podem ser considerados a
destilação do álcool. Dentre todos os resíduos gerados
opção mais utilizada como alternativa de tratamento de
pela indústria sucroalcooleira é o que apresenta o maior
esgotos sanitários, principalmente por não exigir grande
impacto ambiental, uma vez que é gerado na proporção
área para seu funcionamento [22].
de cerca de 10 litros para cada litro de etanol produzido
Os sistemas anaeróbios geralmente são constituídos
a partir de processos convencionais de fermentação
por um reator anaeróbio em um tanque fechado que
utilizados no Brasil [17]. A aplicação da vinhaça nos
promove a remoção da matéria orgânica, desprendendo
canaviais como fertirrigação é uma prática antiga e
o metano para a atmosfera em função da presença de
muito difundida, sendo relatados diversos benefícios de
microrganismos. Esse processo é realizado em quatro
ordem química, física e biológica ao solo, bem como o
etapas (hidrólise, acidogênese, acetogênese e
aumento da produtividade da cultura da cana-de-açúcar.
metanogênese), sendo mais indicado para efluentes com
O valor fertilizante da vinhaça advém
uma alta concentração de substâncias orgânicas.
fundamentalmente do elevado teor de potássio, e em
Entre os sistemas de tratamento anaeróbio
segundo plano, da matéria orgânica contida no efluente.
encontram-se os reatores tipo UASB (Upflow Anaerobic
Entretanto, os mesmos elevados teores de potássio e
Sludge Blanket), também chamado de Reator Anaeróbio
matéria orgânico solúvel, aliados a elevada DQO
de Fluxo Ascendente (RAFA), e os filtros anaeróbios.
(demanda química de oxigênio) e baixo pH desta água
No reator UASB o esgoto passa em fluxo
residuária, sugerem que sua aplicação no solo deve ser
ascendente por uma manta de lodo de elevada atividade
feita de maneira criteriosa [18].
microbiana. A ação dos microrganismos sobre os
Sua carga poluidora sempre elevada varia em
componentes dos esgotos torna-se mais fácil devido a
função das características da usina e da eficiência do
presença do lodo em suspensão [23]. O esgoto é
processo de produção. Possui composição complexa,
biologicamente degradado na manta de lodo do reator.
com características variáveis de parâmetros não
O compartimento de decantação forma uma zona
controlados como: tipo de solo onde é plantada a cana-
tranquila que facilita o processo de retorno das partículas
de-açúcar, tipo de cultivo e manejo da lavoura, formas
suspensas mais pesadas para o interior do reator
de colheita, dentre outros fatores. Em média, esse
eliminando as partículas mais leves junto com o efluente
efluente tem elevado teor orgânico (aproximadamente
final. O gás proveniente da mistura é desprendido pelo
45 g/L, expressa em DQO, baixo pH (em torno de 4,5) e
separador de fases.
elevada temperatura (90 ºC).
Apesar das vantagens do processo, principalmente
Apesar do potencial da vinhaça como meio
no que diz respeito ao baixo custo de operação e
nutritivo, existem poucos estudos na literatura sobre sua
manutenção, requisitos de área e simplicidade
utilização como meio de cultivo para micro-organismos.
operacional, o sistema ainda apresenta algumas
No tocante as microalgas, os pioneiros relatam a
desvantagens como sensibilidade a mudanças nas
utilização da vinhaça de cana-de-açúcar como
condições ambientais, baixa capacidade em tolerar
complemento do meio de cultivo para espécies de água
cargas tóxicas, elevado intervalo de tempo para a partida
doce, em pesquisa realizada na Universidade Federal de
do sistema e necessidade de uma etapa de pós-
São Carlos [19; 20].
tratamento [23; 24].
Dessa forma, o aproveitamento de resíduos líquidos
Os filtros anaeróbios são utilizados para tratamento
ricos em nutrientes no cultivo de microalgas alicerça
de esgotos desde 1950, sendo os primeiros trabalhos
uma possibilidade promissora na obtenção de
datados da década de 60. Desde então, tem tido uma
compostos com potencialidade para a geração de
aplicação crescente, promovendo hoje uma tecnologia
energia, ao mesmo tempo em que mitiga os impactos
avançada para o tratamento dos esgotos domésticos e
negativos desses resíduos no ambiente.
efluentes industriais [6].
O filtro consiste de um tanque que funciona como
D. Tratamento anaeróbio de esgoto doméstico
reator que estabiliza a matéria orgânica por meio de
Antes de ser lançado em corpos de água é microrganismos que formam o biofilme aderidos ao
necessário que o esgoto seja tratado de forma adequada. leito filtrante, constituído basicamente de pedra ou outro
A busca por melhores condições ambientais tem exigido material inerte operando em fluxo vertical, tanto
das unidades produtoras de águas residuárias a adoção ascendente como descendente [25].
de políticas ambientais que prevejam, entre outros O efluente do filtro anaeróbio é geralmente bastante
fatores, a instalação de sistemas de tratamento, sejam clarificado apresentando baixa concentração de matéria
eles físicos, químicos ou biológicos. orgânica, inclusive dissolvida, porém é rico em sais
O tratamento biológico de águas residuárias vem minerais. Sendo indicado para uso (reuso) em
sendo bastante utilizado e consiste na remoção de hidroponia ou para irrigação com fins produtivos [6].
nutrientes, sólidos em suspensão, material carbonáceo e A importância de introduzir o cultivo de microalgas
organismos patogênicos, promovendo a estabilização do no tratamento de águas residuárias é que elas necessitam
esgoto para que não haja o consumo de oxigênio de compostos orgânicos em sua nutrição, favorecendo a
presente nos corpos d’água receptores, podendo ser redução dos compostos de nitrogênio e fósforo. Com

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isso, as microalgas reduzem as concentrações desses para o efluente de UASB e 5, 10, 20, 40, 60, 80 e 100%
nutrientes nas águas residuárias, prevenindo a para o efluente de filtro anaeróbio.
eutrofização de corpos aquáticos [15]. Objetivando uma maior redução com os custos de
Neste sentido, uma boa alternativa é aliar a cultivos foi também estudada a reutilização do meio de
produção de microalgas com meios de cultura cultura após separação das microalgas nas proporções de
alternativos, entre os quais é possível destacar: águas 25, 50, 75 e 100%. Essa reutilização foi realizada apenas
residuárias, efluentes de biodigestores, lodo digerido, nos cultivos suplementados com a vinhaça, que, dos três
vinhaça de cana-de-açúcar, dentre outros. efluentes, é a mais tóxica. Assim, caso a Chlorella sp
obtivesse um bom desenvolvimento com a
III. METODOLOGIA suplementação de vinhaça, provavelmente também
obteria bom desenvolvimento nos demais efluentes
A. Microalga Chlorella sp estudados.
O presente estudo foi realizado no Laboratório de
D. Aclimatação dos cultivos
Saneamento do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT)
da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) utilizando A aclimatação dos cultivos foi realizada de modo a
cepas da microalga de espécie Chlorella sp fornecidas estabelecer um ambiente propício para a otimização do
pelo Laboratório de Biologia Marinha da Universidade crescimento da Chlorella sp. Cada unidade experimental
Federal Fluminense e pelo Laboratório de Biotecnologia (fotobioreator) consistiu de uma cultura microalgal
Alimentar da Universidade Federal de Santa Catarina. desenvolvida em frasco de vidro do tipo Erlenmeyer. Os
A Figura 2 representa a fotomicrografia das cepas fotobioreatores foram mantidos a temperatura de
da microalga Chlorella sp. 26°C±2 sob agitação, devido à injeção de ar comprimido
(aeração), e expostos por um período de 12 horas à
Figura 2 – Fotomicrografia da microalga Chlorella sp. iluminação de lâmpadas fluorescentes de 40W.
A Figura 3 ilustra as condições de aclimatação
adotadas para o desenvolvimento das microalgas.

Figura 3 – Aclimatação dos cultivos.

Fonte: Autor, 2015.

B. Meio de cultivo
Para o cultivo da Chlorella sp utilizou-se o meio
sintético Bold’s Basal Medium (BBM), recomendado
pelo Centro de Cultura de Algas e Protozoários de
Cambridge, suplementado com extrato de levedura.
Para avaliação do crescimento da Chlorella sp Fonte: Autor, 2015.
foram desenvolvidas culturas em meio líquido por meio
de repiques de culturas algais mantidas em meio sólido.
E. Avaliação do crescimento da Chlorella sp

C. Resíduos líquidos suplementados ao meio de Com o auxílio da microscopia óptica foi possível
cultivo determinar o crescimento das microalgas avaliando-se a
densidade celular em função do tempo de cultivo em
O estudo foi realizado utilizando resíduos líquidos cada uma das unidades experimentais. As amostras
de grande impacto ambiental: vinhaça e efluentes de foram retiradas a cada 24 horas após o início dos cultivos
tratamento anaeróbio de esgoto sanitário provenientes para contagem de células em câmara de Neubauer,
de reator tipo UASB e de filtro anaeróbio. Para melhor determinando, desse modo, a densidade celular expressa
avaliação, devido as grandes quantidades utilizadas, o em número de células por mililitro de cultivo
pH da vinhaça foi corrigido para a neutralidade e os (células.mL-1).
efluentes de tratamento anaeróbio foram filtrados, A contagem de células foi realizada em triplicata. O
retendo sólidos suspensos. Todos foram armazenados número de células corresponde à média geométrica das
sob refrigeração. três contagens. O tempo de cultivo foi expresso pela
Com o intuito de verificar a concentração de melhor quantidade de dias decorridos desde o início da
adaptação da Chlorella sp, os efluentes foram inoculação (período de adaptação – fase lag) até o
adicionados em diferentes proporções ao meio de alcance máximo da densidade celular (fase
cultura. As proporções, em volume, adicionadas, foram estacionária). Os gráficos de dispersão foram plotados
de 5, 10 e 15% para a vinhaça, 10, 30, 50, 70 e 100% para representar as curvas de crescimento da Chlorella

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sp, onde o eixo das abscissas corresponde ao o tempo de que serviu para acompanhar o crescimento das
cultivo em dias e o eixo das ordenadas ao número de microalgas, separou-se a biomassa dos cultivos por meio
células.mL-1. da centrifugação e analisou-se a DQO dos
sobrenadantes. Desse modo, foi possível comparar os
F. Separação do resíduo de cultivo valores de DQOinicial e DQOfinal para verificar se a
microalga Chlorella sp promoveu redução.
A separação do resíduo de cultivo foi realizada pelo
As análises foram realizadas em triplicata e as
método da centrifugação utilizando, para tal, uma
porcentagens de remoção de DQO foram calculadas
centrífuga de alta rotação da marca TARFEC - Mod - segundo a Equação 3, onde DQOinicial é a Demanda
CP0603 mantendo, por um período de 8 minutos, uma Química de Oxigênio do meio de cultivo com adição de
rotação de 3000 RPM.
vinhaça e DQOfinal é a Demanda Química de Oxigênio
O resíduo de cultivo, então separado da biomassa,
do sobrenadante do cultivo, após o desenvolvimento e
foi armazenado sob refrigeração para posterior
separação das microalgas.
reutilização.
𝐷𝑄𝑂𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 −𝐷𝑄𝑂𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙
G. Cálculo da velocidade específica de crescimento %remoção𝐷𝑄𝑂 = × 100. (3)
𝐷𝑄𝑂𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

A velocidade de crescimento é diretamente


proporcional à concentração de microrganismos em um
dado instante. A fração pela qual a população cresce na IV. RESULTADOS E DISCUSSÕES
unidade de tempo é dada por μmáx, que representa a Este estudo teve como base o aproveitamento de
velocidade específica de crescimento e tem unidade de resíduos líquidos, de alto impacto ambiental, para o
tempo h-1. Na fase exponencial (ou logarítmica) a desenvolvimento da microalga Chlorella sp em
velocidade específica de crescimento é constante e fotobioreatores visando à obtenção de biocombustível.
máxima, sendo μx igual a μmáx. A velocidade de Com o intuito de estudar o crescimento celular em
crescimento pode ser calculada através da Equação 1, função das diferentes concentrações e formulações do
onde t e x correspondem, respectivamente, ao tempo e à meio de cultura utilizado, foram plotadas curvas de
concentração de microrganismos no final da fase crescimento para cada experimento, analisando a
exponencial de crescimento. Já ti e xi são os parâmetros densidade celular obtida pela contagem diária de
relacionados ao início dessa fase. células.

𝑙𝑛(𝑥) = μ𝑚á𝑥 (𝑡 – 𝑡𝑖) + 𝑙𝑛(𝑥𝑖) (1) A. Crescimento da Chlorella sp em meio de cultivo


BBM suplementado com vinhaça
A representação gráfica de ln(𝑥) versus o tempo de
cultivo, na fase exponencial, resulta em uma reta com Com o intuito de verificar a concentração de melhor
coeficiente angular igual à velocidade específica adaptação da Chlorella sp, a vinhaça foi adicionada nas
máxima de crescimento μ𝑚á𝑥 . A fase exponencial proporções de 5, 10 e 15%. Devido à sua alta toxicidade,
também é caracterizada pelo tempo de geração (𝑡𝑔 ), que concentrações maiores que 15% de vinhaça adicionadas
ao meio de cultivo resultaram na inibição do
é o tempo necessário para dobrar o valor da
desenvolvimento da espécie estudada.
concentração celular (x = 2xi). O tempo de geração, 𝑡𝑔 ,
No estudo ilustrado, na Figura 4, observa-se o
pode ser calculado através da Equação 2. crescimento da Chlorella sp, em meio de cultivo BBM
𝑙𝑛(2) 0,693
contendo 5% de vinhaça, sendo essa a concentração que
𝑡𝑔 = = (2) desenvolveu o maior número de células. Verifica-se que
μ𝑚á𝑥 μ𝑚á𝑥
o cultivo teve uma ótima taxa de crescimento, atingindo,
H. Análise de remoção da Demanda Química de como média das três contagens, uma densidade celular
Oxigênio (DQO) de 1,25×108 cél.mL-1 em um tempo de cultivo de 7 dias,
e no oitavo dia apresentou declínio que pode ter ocorrido
As análises de DQO foram realizadas nos cultivos pela escassez de nutrientes devido o consumo acelerado
suplementados com vinhaça, que dos três efluentes por sua alta população.
estudados é a mais tóxica. Uma vez que a Chlorella sp
promoveu boa remoção de DQO nos meios de cultivo
suplementados com vinhaça, provavelmente também
promoveria boa remoção de DQO nos demais efluentes
estudados.
O equipamento utilizado foi o Fotocolorímetro
Digital AquaColor – DQO, onde os reagentes utilizados
foram fornecidos pelo fabricante. As análises foram
realizadas nos meios de cultivo (BBM suplementado
com vinhaça nas proporções de 5, 10 e 15%) antes do
inóculo das microalgas, para evitar interferências nas
leituras causadas pelas células. Após o tempo de estudo

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Figura 4 – Curva de crescimento da Chlorella sp em cultivo BBM Utilizando-se a concentração de 10% de vinhaça
com 5% de vinhaça.
para a produção de biocombustíveis ocorrerá uma maior
redução de custos dos cultivos, ao mesmo tempo em que
promove uma destinação adequada para esse efluente
industrial. Então, a concentração de vinhaça mais
recomendada para o cultivo da Chlorella sp é a de 10%.
A Tabela 3 também apresenta o coeficiente de
determinação (R²), cujos valores elevados indicam que
houve um excelente ajuste amostral ao modelo de estudo
utilizado.

Tabela 3 – Velocidades específicas de crescimento máximas e


tempos de geração da Chlorella sp em cultivo mixotrófico sob
diferentes concentrações de vinhaça.
Fonte: Autor, 2015.
Velocidade
Tempo de
Estudos do crescimento da Chlorella vulgaris em Vinhaça (%) específica R²
geração (h)
meio de cultura Conway modificado com fotoperíodo de μmáx (h-1)
12 horas em fotobioreatores de vidro de 250 mL com 5 0,020 0,972 34,657
intensidade luminosa de 4000 lux, obtiveram a 10 0,018 0,987 38,508
densidade máxima celular no oitavo dia cultivo de 15 0,008 0,979 86,643
2,5×107 cel.mL-1. Porém, estes estudos alcançaram
melhores resultados quando realizados com fotoperíodo A microalga Chlorella sp proporcionou uma alta
integral, atingindo o número máximo de células no nono remoção da carga poluidora dos meios de cultura
dia de cultivo com um valor de 9,43×107 cél.mL-1 [26]. suplementados com vinhaça. Na Tabela 4 pode-se
Comparando-se esses estudos com a suplementação de observar que as porcentagens de remoção de DQO
vinhaça verifica-se que ela proporciona um maior foram satisfatórias e praticamente constantes, não
rendimento celular. sofrendo variação com o aumento da concentração de
A Figura 5 representa o comparativo entre os vinhaça. Essa observação provavelmente não ocorreria
cultivos obtidos com suplementação de 5, 10 e 15% de se as concentrações fossem superiores a 15%, visto que
vinhaça. Os melhores resultados foram obtidos a partir o crescimento da microalga seria afetado negativamente.
das menores concentrações de vinhaça, que Como prova disso, estudos com a Chlorella
apresentaram semelhante produção de biomassa e vulgaris em 100% de vinhaça obtiveram apenas 25% de
excelente crescimento celular, na grandeza de 10 8 remoção de DQO e baixo crescimento celular [17].
cel.mL-1.
Tabela 4 – Remoção de DQO dos cultivos suplementados com
vinhaça.
Figura 5 – Comparativo entre os cultivos suplementados com
vinhaça nas proporções de 5, 10 e 15%. Vinhaça DQOinicial DQOfinal Remoção de
(%) (mg.L-1) (mg.L-1) DQO (%)
5 1528,33 190,00 87,57 ± 1,67
10 3125,00 528,33 83,09 ± 2,60
15 4583,33 705,00 84,62 ± 3,36

Após definir a melhor concentração de vinhaça a ser


utilizada para produção de biocombustíveis, foi também
estudada a reutilização do meio de cultura após a
extração das microalgas, que ocorreu por meio da
centrifugação.
Reutilizou-se nas proporções de 25, 50, 75 e 100%
o sobrenadante do cultivo suplementado com 10% de
Fonte: Autor, 2015. vinhaça, para realização de novos cultivos.
A Figura 6 ilustra a curva de crescimento da
A Tabela 3 mostra as velocidades específicas de microalga em meio BBM com adição de 25% de
crescimento máximas e os tempos de geração dos sobrenadante. A microalga apresentou rápida adaptação
cultivos com suplementação orgânica de vinhaça. Os e o cultivo chegou a uma média de densidade celular
cultivos realizados com vinhaça nas proporções de 5 e máxima de 3,78×107 cel.mL-1, partindo de uma
10% apresentaram taxas de crescimento semelhantes, população de 1,82×106 cel.mL-1. Dentre as proporções
assim como de produção de biomassa. de sobrenadante utilizadas, a de 25% foi a que resultou
no melhor crescimento da Chlorella sp.

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Figura 6 – Curva de crescimento da Chlorella sp em cultivo BBM maior taxa de crescimento e o melhor tempo de geração,
com 25% de sobrenadante do cultivo de 10% de vinhaça.
mostrando que a microalga desenvolveu um bom
crescimento nessa concentração.
Analisando-se as variáveis de crescimento e
verificando-se que não houve diferença significativa
entre o número final de células dos cultivos com 25 e
50% de sobrenadante, recomenda-se a utilização da
proporção de 50% para a produção de biocombustíveis,
pois promoverá maior redução de custos.

B. Crescimento da Chlorella sp em meio de cultivo


BBM suplementado com efluente de UASB
Com o intuito de verificar a concentração de melhor
adaptação da Chlorella sp, o efluente de UASB foi
Fonte: Autor, 2015. adicionado como suplemento ao Bold’s Basal Medium
(BBM) nas proporções de 10, 30, 50, 70 e 100%.
A Figura 7 representa o comparativo entre os A Figura 8 representa a curva de crescimento do
cultivos obtidos com suplementação de 25, 50, 75 e cultivo realizado com efluente do reator tipo UASB na
100% de sobrenadante do cultivo de 10% de vinhaça. proporção de 30%, que foi a que gerou o maior número
Todos os cultivos obtiveram ótimo crescimento celular, de células da microalga Chlorella sp. Pode-se observar
na ordem de 107 cel.mL-1, confirmando assim a alta que ao término do experimento o número máximo de
concentração de nutrientes e a eficiência de se reutilizar células alcançado foi de 1,85×108 cel.mL-1.
o meio de cultura após extração das microalgas.
Figura 8 – Curva de crescimento da Chlorella sp em cultivo BBM
Figura 7 – Comparativo entre os cultivos suplementados com com 30% de efluente de UASB.
sobrenadante nas proporções de 25, 50, 75 e 100%.

Fonte: Autor, 2015.

A Tabela 5 ilustra as velocidades específicas de


Fonte: Autor, 2015.
crescimento máximas e os tempos de geração dos
cultivos suplementados com o sobrenadante do cultivo
A Figura 9 representa o cultivo suplementado com
de 10% de vinhaça.
50% de efluente do reator UASB, sendo essa a
Tabela 5 – Velocidades específicas de crescimento máximas e concentração de efluente que proporcionou a maior
tempos de geração da Chlorella sp em cultivo mixotrófico sob velocidade de crescimento da Chlorella sp. O cultivo foi
diferentes concentrações de sobrenadante. iniciado com uma concentração celular de 1,26×106
Velocidade cel.mL-1 e finalizou com 5,53×107 cel.mL-1.
Sobrenadante Tempo de A Figura 10 representa o comparativo entre os
específica R²
(%) geração (h) cultivos obtidos com suplementação de 10 a 100% de
μmáx (h-1)
25 0,035 0,996 19,80 efluente de UASB. O cultivo realizado com efluente do
50 0,057 0,930 12,16 reator tipo UASB na porcentagem de 30% apresentou
75 0,031 0,969 22,36 maior desempenho para produção de biomassa, porém
100 0,039 0,967 17,77 as outras concentrações não devem ser desprezadas e
podem ser utilizadas.
O cultivo realizado com 25% de sobrenadante
apresentou o maior número de células, indicando que
nessa concentração houve uma melhor adaptação da
microalga em estudo. Por outro lado, o cultivo realizado
com sobrenadante na proporção de 50% apresentou a

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Figura 9 – Curva de crescimento da Chlorella sp em cultivo BBM recomendada para o cultivo da Chlorella sp é a de 30%
com 50% de efluente de UASB. de efluente de UASB.
Na Tabela 6 também é possível observar os tempos
de geração dos cultivos estudados e verifica-se que ao se
adicionar o efluente de UASB, em concentrações de até
50% do meio de cultura, o tempo de geração diminui.
Após o percentual de 50% as células apresentam maior
dificuldade para o seu desenvolvimento, que pode ser
comprovado pelo tempo de geração da célula que
aumenta à medida que a suplementação de efluente de
UASB no cultivo é aumentada. Isto fica mais evidente
quando se compara o melhor tempo de geração obtido,
cerca de 16 horas, com o do máximo de efluente UASB
utilizado, cerca de 31 horas. O mesmo pode ser
Fonte: Autor, 2015. observado com as velocidades específicas de
crescimento.
Figura 10 – Comparativo entre os cultivos suplementados com
efluente de UASB nas proporções de 10 a 100%.
C. Crescimento da Chlorella sp em meio de cultivo
BBM suplementado com efluente de filtro
anaeróbio
Com o intuito de verificar a concentração de melhor
adaptação da Chlorella sp, o efluente de filtro anaeróbio
foi adicionado como suplemento ao Bold’s Basal
Medium (BBM) nas proporções de 5, 10, 20, 40, 60, 80
e 100%.
A Figura 11 ilustra os dados experimentais do
cultivo realizado com efluente de filtro anaeróbio que
obteve melhor desenvolvimento da Chlorella sp, que foi
aquele na proporção de 10%. O cultivo teve seu início
com uma densidade populacional de 1,10×106 cel.mL-1
Fonte: Autor, 2015. e apresentou no quinto dia uma população de 3,13×107
cel.mL-1. Verificou-se no cultivo um crescimento
A Tabela 6 mostra as velocidades específicas de crescente e contínuo.
crescimento máximas e os tempos de geração dos É importante ressaltar que as demais concentrações
cultivos com suplementação orgânica de efluente de de efluente de filtro anaeróbio utilizadas nos cultivos
UASB. Os dados indicam um melhor crescimento das também proporcionaram resultados satisfatórios,
microalgas nas concentrações de 30 e 50%, cujas possibilitando o desenvolvimento das microalgas em
amostras foram as que melhor se ajustaram ao modelo estudo.
de estudo utilizado, como indicam os elevados valores
de R². Figura 11 – Curva de crescimento da Chlorella sp em cultivo BBM
com 10% de efluente de filtro anaeróbio.
Tabela 6 – Velocidades específicas de crescimento máximas e
tempos de geração da Chlorella sp em cultivo mixotrófico sob
diferentes concentrações de efluente de UASB.

Velocidade
Efluente de Tempo de
específica R²
UASB (%) geração (h)
μmáx (h-1)
10 0,0262 0,9063 26,4560
30 0,0407 0,9962 17,0306
50 0,0439 0,9999 15,7892
70 0,0285 0,9317 24,3210
100 0,0222 0,9312 31,2228

O cultivo suplementado com 30% de efluente de Fonte: Autor, 2015.


UASB, apesar de uma menor taxa de crescimento
quando comparado ao de 50%, desenvolveu um número Estudos sobre a utilização de efluente de suíno, rico
bem maior de células. Isso ocorreu porque a célula se em fósforo e nitrogênio inorgânicos, para a produção de
adaptou melhor ao meio com concentração de 30%, pois biomassa de microalga Spirulina platensis resultaram
houve uma fase lag menor quando comparado com o em remoção de DQO e fósforo, além da produção de
cultivo de 50%. Então, a concentração mais biomassa [27]. Igual semelhança com a utilização do

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efluente do filtro anaeróbio destaca a solução para o espécie Chlorella sp desenvolveram-se de forma
impacto ambiental gerado pelo lançamento de efluentes semelhante nas diversas concentrações do efluente de
em fontes naturais. filtro anaeróbio e tendo um crescimento mais acelerado
Outros estudos revelaram que algas isoladas de na concentração de 40%.
estações de tratamento de águas residuárias ou de corpos
d’água adaptam-se melhor às condições práticas de Tabela 7 – Velocidades específicas de crescimento máximas e
tempos de geração da Chlorella sp em cultivo mixotrófico sob
cultivo e demonstram maior eficiência na remoção de
diferentes concentrações de efluente de filtro anaeróbio.
nutrientes inorgânicos [28].
A Figura 12 apresenta o comparativo entre os Efluente de f. Velocidade
Tempo de
cultivos suplementados com efluente de filtro anaeróbio anaeróbio específica μmáx R²
geração (h)
nas proporções de 5 a 100%, destacando-se maior (%) (h-1)
eficiência para produção de biocombustível as 5 0,0140 0,6937 14,317
10 0,0291 0,9928 14,085
concentrações de 10 e 80%. O efluente pode ser
20 0,0277 0,9957 13,939
utilizado em sua totalidade sem adição do meio
40 0,0728 0,8025 10,290
sintético, com objetivo de tratamento do mesmo, 60 0,0373 0,9056 14,104
favorecendo a redução dos nutrientes presentes em tais 80 0,0380 0,9896 13,097
efluentes, assim como o desenvolvimento das 100 0,0548 0,9698 12,472
microalgas.
A adição do efluente de filtro anaeróbio forneceu
Figura 12 – Comparativo entre os cultivos suplementados com
efluente de filtro anaeróbio nas proporções de 5 a 100%. matéria orgânica e suplementação nutritiva ao meio,
fazendo com que as microalgas pudessem se
desenvolver acima do esperado tendo em vista o
aumento na densidade populacional das mesmas.
É importante ressaltar que a velocidade específica
de crescimento e o tempo de geração estão diretamente
ligados ao bom crescimento da microalga. Analisando
essas variáveis em conjunto com o número final de
células, recomenda-se o uso de concentrações de 40%
de efluente de filtro anaeróbio nos cultivos.

D. Análise comparativa do desenvolvimento da


microalga Chlorella sp nos efluentes estudados
Fonte: Autor, 2015. A Figura 13 apresenta o comparativo das melhores
proporções dos efluentes estudados na suplementação
A Tabela 7 mostra as velocidades específicas de do meio de cultura da microalga Chlorella sp. As
crescimento máximas e os tempos de geração dos melhores concentrações foram definidas levando-se em
cultivos com suplementação orgânica de efluente de consideração o número final de células, a taxa de
filtro anaeróbio. Os dados indicam um ótimo crescimento das microalgas e a possibilidade de maior
crescimento das microalgas nas concentrações redução de custos nos diversos cultivos estudados.
superiores a 10%. O cultivo suplementado com 10% de
efluente de filtro anaeróbio, apesar de possuir a terceira Figura 13 – Comparativo entre os cultivos suplementados com
menor taxa de crescimento quando comparado com as vinhaça, efluente de UASB e efluente de filtro anaeróbio.
demais concentrações, desenvolveu um maior número
de células. Isso ocorreu porque a célula se adaptou
melhor ao meio com concentração de 10%, pois houve
uma fase lag menor quando comparado os demais
cultivos.
Observou-se que os cultivos de concentração igual
ou superiores a 40% de efluente de filtro anaeróbio
apresentaram excelentes velocidades específicas de
crescimento, além do desenvolvimento de um número
considerável de células. Isso indica que o efluente de
filtro anaeróbio pode compor parte ou até a totalidade do
meio de cultura da espécie estudada, reduzindo o custo
do cultivo com a redução da utilização do meio sintético Fonte: Autor, 2015.
e ainda destinando de forma adequada os resíduos
líquidos provenientes do filtro anaeróbio. Dentre todos os experimentos realizados, os que
Observando-se os tempos de geração na Tabela 7 apresentaram melhor rendimento foram os cultivos
percebeu-se que todos os cultivos resultaram em tempos suplementados com efluente de UASB na concentração
de geração parecidos, mostrando que as microalgas da de 30% e com vinhaça na concentração de 10%, sendo

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essas as substituições mais viáveis para produção de crescimento celular da Chlorella sp, na ordem de 107
biomassa, e assim de biocombustíveis. Porém, o uso do células.mL-1;
efluente de filtro anaeróbio não deve ser desprezado, • A produtividade elevada da biomassa de
pois o mesmo promove uma maior redução nos custos microalgas a partir de águas residuárias sugere que este
do cultivo de microalgas, uma vez que pode substituir método de cultivo favorece a viabilidade de geração de
totalmente o meio sintético, e ainda promove ótimo biocombustíveis, sendo assim avaliado como uma
crescimento celular, na ordem de 107 células.mL-1. abordagem sustentável e renovável para produção de
A reutilização do meio de cultura dos cultivos com energia.
vinhaça, ou seja, a utilização do seu sobrenadante após
separação das microalgas, proporcionou ótimo REFERÊNCIAS
crescimento celular, na ordem de 107 células.mL-1,
[1] GARCILASSO, V. P. Análise entre processos e
mostrando assim a alta concentração de nutrientes e a
eficiência de utilizar esse resíduo pela segunda vez, matérias-primas para a produção de biodiesel.
Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
onerando custos energéticos, contudo diminuindo com a
utilização do meio sintético. 2014.
Os reatores UASB e os filtros anaeróbios, além de [2] CORREA, N. F.; MINILHO, A. Cultivo de
microalgas em diferentes fontes de carbono e sua
serem sistemas simples e de baixo custo para o
viabilidade para produção de biodiesel. In: Anais do
tratamento de esgotos domésticos, quando aliados à
Encontro de Iniciação Científica - ENIC, n. 6,
produção de microalgas promoverão a produção de
2015.
biocombustíveis, que gerarão energia e reduzirão ainda
mais os custos de tratamento. Então, além da destinação [3] CHISTI, Y. Biodiesel from microalgae beats
ambientalmente adequada para os efluentes desses bioethanol. Trends in Biotechnology, v. 26, n.3,
p.126-321, 2007.
sistemas através de sua utilização no cultivo de
[4] MATOSI, A. P. et al. Teores de proteínas e lipídeos
microalgas, o uso dos efluentes de UASB e filtro
de Chlorella sp. cultivada em concentrado de
anaeróbio poderão ser uma alternativa para incentivar o
tratamento de esgoto doméstico nos municípios que dessalinização residual. Ciência Rural, v. 45, n. 2,
ainda não possuem esse sistema, principalmente na 2015.
[5] DE JESUS TORRES, H. S.; CASSINI, S. T. A.;
região Nordeste, que apresenta o maior déficit no que
GONÇALVES, R. F. Isolamento, sobrevivência e
diz respeito à coleta e tratamento de esgotos sanitários.
caracterização da biomassa de microalgas
cultivadas em efluente de tratamento de esgoto
V. CONCLUSÕES
sanitário visando a produção de biocombustíveis.
Perante a avaliação do desenvolvimento da In: IX Simpósio Internacional de Qualidade
microalga Chlorella sp por meio do uso de vinhaça, Ambiental, Porto Alegre: ABES, 2014.
efluente de reator UASB e efluente de filtro anaeróbio [6] CHERNICHARO, C. A. L. Princípios do
como suplementação nutricional, visando a produção de tratamento biológico de águas residuárias:
biocombustíveis, pôde-se concluir que: Volume 5 - Reatores Anaeróbios. 2. ed. Belo
• O uso do cultivo de microalgas para o tratamento Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e
de efluentes acoplado à geração de biocombustíveis é Ambiental (DESA/UFMG), 2007. 380p.
uma opção atrativa na medida em que possibilita [7] MAYFIELD, S. Algal Model, National Renewable
redução de custos energéticos e de emissão de gases de Energy Laboratory – Air Force Office of Scientific
efeito estufa, assim como a minimização de nutrientes Research Workshop on Algal Oil for Jet Fuel
lançados aos corpos hídricos que favorecem a Production. 2008.
eutrofização; [8] RAVEN, P.H.; EVERT, R.F;. EICHHORN, S.E.
• Os cultivos suplementados com 10% de vinhaça Biology of Plants. 7. ed. New York: Worth
e 30% de efluente do reator UASB apresentaram Publishers, 2005.
excelente desenvolvimento celular, alcançando [9] SAWAYAMA, S.; INOUE, S.; DOTE, Y.;
densidades máximas na ordem de 108 células.mL-1. O YOKOYAMA, S. Y. CO2 fixation and oil
desenvolvimento da biomassa com elevada production through microalga. Energy Convers, v.
produtividade permite a extração de grandes 36, p. 729-731, 1995.
concentrações de lipídios viabilizando a produção de [10] NGUYEN, T. H. M. et al. Bioethanol production
biocombustíveis; from marine algae biomass: prospect and troubles.
• A reutilização do meio de cultura oriundo dos Journal of Vietnamese environment, v. 3, n. 1, p. 25-
cultivos com vinhaça proporcionou ótimo crescimento 29, 2012.
celular, na ordem de 107 células.mL-1, mostrando a [11] SPOLAORE, P.; JOANNIS-CASSAN, C.;
eficiência de utilizar esse resíduo pela segunda vez, DURAN, E.; ISAMBERT, A. Commercial
reduzindo custos energéticos; applications of microalgae. Journal of Bioscience
• O uso do efluente de filtro anaeróbio apresentou and Bioenginering, v. 101, p. 87-96, 2006.
a possibilidade de uma maior redução nos custos dos [12] KHAN, S. A.; HUSSAIN, M. Z.; PRASAD, S.;
cultivos de microalgas, uma vez que, ao substituir BANERJEE, U. C. Prospects of biodiesel
totalmente o meio sintético, promoveu ótimo production from microalgae in India. Renewable

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Mixotrófico da microalga Spirulina sp. LEB-18 Rápida no Polimento de Efluentes de Processo
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