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↝ As medidas de segurança:
- Privativas da liberdade
- Não privativas da liberdade
Reacções criminais previstas no nosso sistema sancionatório
Nota: pode haver situações em que ao mesmo agente seja aplicada uma pena e uma
medida de segurança, desde que esta não seja privativa da liberdade.
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Direito Penal III 2
√ Tipos de penas
∙ Penas principais: são aquelas que estão expressamente previstas no tipo legal de crime
e que podem ser fixadas pelo juiz na sentença independentemente de qualquer outra pena.
Só temos dois tipos de penas principais para as pessoas singulares:
⁃ Pena de prisão p.ex. art.131
⁃ Pena de multa, poder ser; p.ex. art.217
Alternativa: quando no tipo legal de crime surge a alternativa à pena de
prisão (p.ex.art.143/1)
Autónoma: quando é a única pena prevista no tipo legal de crime (p.ex.
art.268/3, 366/2)
Para as pessoas colectivas temos: ⁃ Pena de dissolução p.ex. Art.90-A nº1, 90-
⁃ Pena de multa B, 90-F
Antes de 1995, havia a multa complementar (multa + pena de prisão ao mesmo tempo).
Hoje isso não é possível no CP, mas é possível em legislação penal extravagante.
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Direito Penal III 3
√ Medidas de segurança
∙ Privativas de liberdade
Aplicável a inimputáveis por anomalia psíquica
art.99 art.91: internamento
∙ Não privativas de liberdade
Aplicável a imputáveis como inimputáveis
art.100: interdição de actividades
art.101: cassação do título de condução de veículo com motor
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Direito Penal III 4
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Direito Penal III 5
▪ Não automaticidade dos efeitos das penas (art.30 nº4, CRP e art.65, CP)
Nenhuma pena envolve como efeito necessário a perda de direitos civis, profissionais
ou políticos.
Entre nós, o afastamento dos efeitos automáticos das penas só se efectivou com o CP de
1982
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Direito Penal III 6
Inimputável Imputável
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Direito Penal III 7
Por vezes, a simples aplicação de uma pena não é suficiente para responder a essa
criminalidade, tornando-se necessário aplicar também uma medida de segurança.
O delinquente vê a sanção sempre da mesma forma, as regras de execução é que
mudam:
1ª Fase: cumprimento da pena de prisão
2ª Fase: execução como se fosse uma medida de segurança.
Se cessar a perigosidade, cessa a medida de segurança. Temos uma sanção única, mas
que vai sendo executada de duas formas diferentes. Tem uma natureza híbrida, pois partilha
características da pena e das medidas de segurança.
O limite máximo da pena relativamente indeterminada é de 25 anos. Quando chegue aos
25 anos, o delinquente imputável deve ser colocado em liberdade.
Art.90 nº3 art.92 nº3
Esta caracterização do sistema pressupõe que seja tido em conta o regime da pena
relativamente indeterminada (art.83 e ss), do qual decorre a natureza mista desta sanção; a
declaração de inimputabilidade (art.20 nº2), como resposta à especial perigosidade dos
delinquentes de imputabilidade diminuída; e o regime de execução da pena e da medida de
segurança privativa da liberdade, prevista no art.99.
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Direito Penal III 8
Nos casos em que se prevê a pena de prisão, a pena de multa principal a aplicar à PC,
não está directamente prevista no tipo legal de crime, porque é necessário converter a prisão em
multa de acordo com a regra do art.90-B nº2.
Mas se o tipo legal de crime previr a multa como pena principal, então à PC será
aplicada uma multa de acordo com a moldura penal prevista nesse tipo legal de crime.
A pena principal de dissolução não está prevista em nenhum tipo legal de crime, por
isso é um desvio. A pena de multa estará prevista indirectamente no tipo legal de crime, quando
este tipo prever apenas pena de prisão. E está prevista directamente no tipo legal de crime
quando ele previr a culpa.
Há também penas de substituição que podem ser aplicadas às PC e que podem ser
substituídas: A admoestação: art.90-C
Caução de boa conduta: art.90-D Injunção judiciária
Vigilância judiciária: art.90-E Interdição do exercício de actividades
Há também penas acessórias: Art.90-A, nº2 Proibição de celebrar contratos
Art.90-G e ss Privação do direito a subsídios
Encerramento do estabelecimento
Publicidade da sentença
condenatória
▣ Princípios gerais
▪ Princípio da legalidade
Art.29 CRP art.1
▪ Princípio da congruência entre a ordem axiológica constitucional e os bens jurídico-
penalmente protegidos
Decorre daqui a exigência da necessidade e subsidiariedade da intervenção penal
(art.18, CRP) e a ideia de que o direito penal é um direito de protecção de bens jurídicos.
▪ Princípio da proibição do excesso
Manifesta-se através do princípio da culpa: não há pena sem culpa, nem pena superior à
medida de culpa.
O princípio da culpa não tem consagração expressa na CRP, mas ele assume-se como
princípio constitucional de protecção da dignidade da pessoa humana (art.1, 13, 26, CRP)
O art.40/2 e 74, em caso algum a pena pode ultrapassar a medida da culpa. A culpa é como
pressuposto e limite, não é fundamento nem medida da pena.
Não pode haver pena sem culpa, nem pena superior à medida da culpa. Mas pode haver culpa
sem pena; princípio da culpa ou da unilateralidade da culpa.
A pena pode ficar aquém da culpa
Só esta concepção da culpa é que permite entender o instituto do CP: a dispensa de pena
(art.74) é um caso especial de determinação da pena. No fundo é declaração de culpa sem declaração de
pena. Não dá origem à absolvição do arguido, porque a sentença que decreta a dispensa de pena é uma
sentença condenatória. P.ex. pagamento de custas judiciais. O arguido é condenado mas não se fazem
exigir necessidades de prevenção. A pena aqui, não é necessária, daí que haja dispensa de pena. Os
pressupostos da dispensa de pena estão no art.74.
Em relação às medidas de segurança, o princípio da proibição do excesso, manifesta-se através
do princípio da proporcionalidade (art.40/2/3)
▪ Princípio da socialidade
A CRP consagra o estado de direito social (art.2 e 9, CRP) o estado deve proporcionar
ao condenado um programa de ressocialização, que lhe permita conduzir a sua vida futura, sem
cometer crimes
▪ Princípio da preferência pelas reacções criminais não detentivas
É uma consequência das ideias de necessidade e de proporcionalidade /subsidiariedade
da intervenção penal (art.18 e 70: em relação às penas; e no art.98; em relação às medidas de
segurança.
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Direito Penal III 9
▣ Teorias absolutas
Para as teorias absolutas ou retributivas a pena visa a retribuição, a expiação ou a
compensação pelo mal do crime. Tiveram um grande mérito, o princípio da culpa, negando a
aplicação de uma pena que viole a dignidade da pessoa humana.
No entanto, a teoria absoluta é recusada como teoria dos fins das penas pelo CP
português e pela doutrina portuguesa dominante.
A relação entre pena e culpa não é uma relação biunívoca. As teorias retributivas
entendem que a culpa é pressuposto, limite, medida e fundamento da pena; fase bilateral da
culpa.
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Direito Penal III 10
À questão das finalidades das penas dá-nos resposta o art.40, introduzido no CP, com a
revisão de 1995, e a sua introdução no CP, foi muito polémica, porque o legislador tomou uma
opção clara em relação a esta matéria: as penas têm uma finalidade preventiva e não retributiva.
Estabelece que a aplicação das penas visa a protecção de bens jurídicos (prevenção
geral) e a reintegração do agente na sociedade (prevenção especial positiva).
De acordo com o nosso o CP, a finalidade primordial da pena é a de prevenção geral
positiva ou de integração. Não obstante a norma ter sido violada com a prática de um crime, ela
continua válida.
A finalidade secundaria é a prevenção positiva ou de ressocialização do agente
O nº2 do art.40 diz que temos aqui o princípio da culpa, em caso algum a pena pode
ultrapassar a medida da culpa.
As penas têm uma finalidade preventiva. A aplicação das penas visa a protecção de
bens-jurídicos e a reintegração do agente na sociedade. Pois, não obstante a norma ter sido
violada, ela continua válida.
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Direito Penal III 11
Penas principais
√ Pena de prisão
A pena de prisão é uma pena única e simples.
É uma pena única porque com o actual CP de 1982, desapareceram as formas
diversificadas de prisão. Hoje, as formas de prisão só se distinguem umas das outras, em
função da sua maior ou menor duração. É única por não haver formas diversificadas
É uma pena simples porque à condenação em qualquer pena de prisão se não
ligam efeitos jurídicos necessários ou automáticos que vão para além da sua execução
(art.30, CRP art.65). A pena de prisão não envolve como efeito necessário a perca de
direitos civis, políticos ou profissionais. A perda destes direitos pode ocorrer por meio
da aplicação de penas acessórias.
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Direito Penal III 12
√ Pena de multa
A pena de multa pode surgir como pena principal ou como pena de substituição.
A pena de multa principal pode surgir como pena autónoma ou como pena alternativa.
▣ Características
A pena de multa pressupõe que seja figurada como autêntica pena criminal, esta não é
um direito de crédito por parte do estado, nem é uma taxa, nem um imposto. É uma verdadeira
pena, tem um carácter pessoalíssimo.
A pena de multa é um efeito de natureza pessoalíssima. A responsabilidade criminal não
é transmissível (art.30/3) pelo facto de ter um carácter pessoal, se um terceiro pagar a multa
comete um crime de favorecimento pessoal (art.367).
Face ao efeito pessoalíssimo da pena de multa são censuráveis disposições legais que
consagram a responsabilidade subsidiária e solidária de terceiros pelo pagamento das penas de
multa (art.30/3, CRP)
Torna-se particularmente necessário que esta pena seja legalmente conformada e
concretamente aplicada de forma a permitir a plena realização das finalidades das penas
(art.40/1).
O que conduz ao estabelecimento de limites mínimos e máximos para que a
determinação concreta da pena possa fazer dela uma pena com eficácia politica-criminal e a
consagração de mecanismos que permitam reportar a situação económica e financeira do
condenado e os seus encargos pessoais ao momento em que a este haja de cumprir a pena.
A multa é uma pena criminal
≠
Coima: sanção administrativa
≠
Dividas: podem ser pagas por terceiros, com a herança
A responsabilidade criminal extingue-se com a morte do agente (art.127)
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Direito Penal III 13
▣ Valoração político-criminal
∙ Vantagens
Não quebra a ligação do condenado aos seus meios familiar e profissional
Permite uma execução mais elástica (art.47/3/4)
Reduz os custos administrativos e financeiros do sistema de justiça penal (art.130/3)
À diminuição dos casos de aplicação de penas de prisão efectiva corresponderá uma
melhoria significativa do sistema penitenciário.
∙ Desvantagens
O peso desigual que apresenta para os pobres e os ricos
Só que tal inconveniente pode ser diminuído através da operação de
determinação da pena que visa adequar o quantitativo diário à situação económico-
financeira do condenado e aos seus encargos pessoais (art.47/2)
Consequências familiares desfavoráveis
Um efeito secundário criminógeno
Uma eficácia preventiva de grau menor por comparação com a pena de prisão
▣ Âmbito de aplicação
A aplicação da pena de multa surge quer como pena principal quer como pena de
substituição (art.43/1).
Enquanto pena principal a pena de multa aparece na veste de:
∙ Pena autónoma
Multa autónoma é a que se encontra expressamente prevista para o
sancionamento dos tipos de crime como única espécie de pena (surge nos
arts.268/3/4 e 366/2)
∙ Pena alternativa
Multa alternativa é a forma, por excelência, de previsão da pena de
multa, surgindo em diversos tipos legais de crime como alternativa à pena de
prisão (p.ex.art.139, 143/1, 173, 180, 203 e 247)
▣ Limites
∙ Limites em relação ao número de dias de multa
De acordo com o art.47 nº1, o limite mínimo é de 10 dias e o máximo é de 360 dias
Mas, há situações em que a pena de multa pode ir até aos 600 dias (art.204 e 218). E no
caso do concurso de crimes a multa pode ir até aos 900 dias (art.77/2)
No que concerne às pessoas colectivas é necessário ter em atenção ao critério de
conversão do art.90-B nº2 (10 dias de multa corresponde a 1 mês de prisão). O critério de
conversão aqui pode ir até aos 3000 dias de multa.
Podemos concluir que o art.47 vale para a pena de multa, tal como o art.41 vale para a
pena de prisão, quando não há limites na moldura legal
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Direito Penal III 14
Pena de substituição
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Direito Penal III 15
Pena acessória
Para que estejamos perante uma verdadeira pena, ela tem de estar ligada ao facto e tem
de ser limitada no tempo, no seu limite máximo e no mínimo.
Penas acessórias são penas cuja aplicação pressupõe a fixação na sentença condenatória
de uma pena principal ou de uma pena de substituição, ou seja, são aplicadas conjuntamente
com uma pena principal ou com uma pena de substituição
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Direito Penal III 16
Determinação da pena
Ao legislador cabe:
Estatuir as molduras penais cabidas a cada tipo de factos, valorando a
gravidade máxima e mínima que cada um daqueles tipos de factos pode
presumivelmente assumir;
Prever as circunstancias (modificativas) que podem agravar ou atenuar os
limites previamente fixados;
Fornecer os critérios de determinação concreta e de escolha da pena.
Ao juiz cabe:
Determinar a moldura penal cabida aos factos dados como provados no
processo;
Encontrar aí a pena concreta em que o arguido deve ser condenado
Escolher a espécie ou o tipo de pena a aplicar concretamente
E determinar, em sede de execução a pena, aquela que é efectivamente
aplicada
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Direito Penal III 17
√ Circunstâncias modificativas
Pode acontecer que num caso concreto surjam circunstâncias que levam à modificação
da moldura penal – as circunstâncias modificativas.
As circunstâncias modificativas são tidas em atenção logo na 1ª fase de determinação da
pena. Quando no caso concreto existem circunstâncias modificativas, o juiz tem de as ter em
conta quando está a procurar a moldura legal aplicável ao caso.
As circunstâncias modificativas são pressupostos que não dizem respeito nem ao tipo de
ilícito, nem ao tipo de culpa, mas que contendem com a maior ou menor gravidade do crime
como um todo. Relevando por isso, directamente para a doutrina da determinação da pena.
As circunstâncias modificativas são diferentes dos factores de medida da pena.
Circunstâncias modificativas: Factores de medida da pena:
intervêm atenuando ou agravado a intervêm na determinação da
moldura penal abstracta, no seu medida concreta.
limite mínimo ou máximo, ou em Art.71 nº2
ambos.
Ex. Reincidência (art.75)
Comissão por omissão (art.10/3)
≠ Ex. Grau de ilicitude do facto
Tentativa (art.23/2)
Cumplicidade (art.27/2)
Regime especial do jovem adulto
(art.4 do DL nº401/82)
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Direito Penal III 18
Encontrada a moldura legal, o juiz vai ter de determinar a pena que concretamente vai
aplicar ao caso.
A determinação da pena concreta é feita, de acordo com o art.71 nº1, em função da
culpa do agente e das exigências de prevenção.
Os critérios de determinação concreta da pena são a prevenção e a culpa (art.40).
O art.40 refere claramente que as finalidades das penas são preventivas e afirma
também o princípio da culpa. Por isso, quando o legislador se refere no art.71 nº1 à prevenção,
tem o mesmo sentido que no art.40; prevenção geral e especial. A culpa do art.71 é igual à do
art.40, a culpa é critério de determinação da medida concreta da pena. A culpa é o limite da
pena e não o seu fundamento.
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Direito Penal III 19
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Direito Penal III 20
Nos casos em que estivermos perante um agente em relação ao qual está excluída
qualquer possibilidade de ressocialização, a prevenção especial vai cumprir a sua função de
inocuização e a pena vai situar-se perto do limite máximo da moldura penal.
A culpa é sempre um limite da pena, quer das exigências de prevenção especial, quer
geral. E podem surgir conflitos entre a culpa e as exigências de prevenção especial mas, por
regra, não existem conflitos entre a culpa e as exigências de prevenção geral positiva, pois não
será fácil encontrar situações em que o ponto óptimo ou ainda aceitável de tutela dos bens
jurídicos venha a situar-se acima daquilo que a adequação à culpa permite. Isto porque as
razões de diminuição da culpa são em principio comunitariamente compreensíveis, e
determinam que no caso concreto as exigências de tutela dos bens jurídicos e de estabilização
das normas sejam menores. É para isso que, em regra, não existem conflitos entre a culpa e as
exigências de prevenção geral positivo.
Ex. Crime de furto (art.203)
3 anos
2 anos
Tendencialmente, o
limite máximo coincide
com a culpa do agente Prevenção Moldura de
especial prevenção geral
(de 1 mês a 3 anos)
6 meses
Defesa da ordem
jurídica
1 mês
A culpa é sempre um limite da pena, quer das exigências de prevenção especial, quer
geral (art.40 nº2)
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Direito Penal III 21
Mas, além disso, este princípio vale ainda na medida em que o próprio juiz não pode
avaliar a mesma situação duas vezes.
Este princípio, nesta vertente, é importante em três matérias:
- Determinação da medida concreta da pena
- Reincidência
- Concurso de crimes
O princípio da proibição da dupla valoração não impede, no entanto, que o juiz atenda à
intensidade ou aos efeitos do preenchimento do tipo legal de crime. Ex.art.144; 158.
Os factores de medida da pena que deponham a favor ou contra o agente têm de
começar por ser identificados como relevantes para o efeito da culpa ou da prevenção.
Em seguida, cada um dos factores tem de ser pesado em função do seu concreto
significado à luz daqueles princípios regulativos.
Finalmente, os factores vão ser reciprocamente avaliados em função da quantificação da
espécie de pena que se decidiu aplicar
Importante:
Os factores de medida da pena são ambivalentes, significa que o mesmo factor pode
relevar para a culpa e para as exigências de prevenção, e esta ambivalência pode ser dupla; os
factores de medida da pena podem ser duplamente ambivalentes, isto é, um mesmo factor pode
ter um efeito agravante quando considerado ao nível da culpa e pode ter um efeito atenuante
quando considerado ao nível da prevenção e vice-versa.
No entanto, nem todos os factores são ambivalentes. Os factores que estão relacionados
com comportamentos posteriores à prática do facto, art.71 nº2 al.e), nunca podem contribuir
para a determinação da culpa do agente.
Note: Art.71 nº1 Critérios
Art.71 nº2 Factores
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Direito Penal III 23
No caso da pena de multa, como a situação económica do agente vai ter depois um
tratamento autónomo, aquando da operação de fixação do quantitativo diário, não faz sentido
atendermos à situação económica do agente logo na 1ª operação de determinação do número de
dias de multa. Se o juiz considerasse a situação económica do agente nesta 1ª fase, estaria a
violar o princípio da proibição da dupla valoração, porque teria de atender novamente à
situação económica do agente aquando da determinação do quantitativo diário.
No entanto, é consensual que o juiz deve atender à situação económico-financeira do
agente aquando da determinação dos dias de multa, nas situações em que a situação económica
do agente for determinante da culpa deste.
Ex. Duas senhoras furtam 2 latas de leite num supermercado.
Uma furta a lata de leite porque tem um bebé e não tem dinheiro para a pagar
Aqui a situação económica dela faz baixar a culpa do agente, porque está
directamente relacionada com a culpa, excepcionalmente é que a situação económica
deve ser valorada na 1ª operação; operação de determinação dos números de dias de
multa.
A outra rouba para vender e depois vai compra droga
Aqui a situação económica dela não é relevante.
⇒ Concluindo, todas as considerações atinentes quer à culpa, quer à prevenção geral e
especial devem influenciar apenas a 1ª operação de determinação da pena de multa.
Tudo o que respeita à situação económica do agente não deve em regra ser tido em
consideração nesta fase, excepto quando a situação económica do agente for determinante da
culpa deste.
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Caso prático
A cometeu um crime de furto (art.203)
Na 1ª operação de determinação da pena ao ter de escolher entre a pena de prisão e a
pena de multa, o juiz optou pela pena de multa principal.
Determine a pena de multa a aplicar a A.
O juiz decidiu aplicar a pena de multa a título principal.
Tem de averiguar a moldura penal abstracta (art.47): 10 dias a 360 dias
Depois deve determinar a medida concreta da pena.
Atendendo à culpa do agente e às exigências de prevenção, o juiz fixa 100 dias de multa
O juiz fixa um quantitativo diário de 9€
Logo, fica 9€ x 100 = 900€ de multa
É importante saber:
- Como se calcula a pena aplicável
- Os pressupostos da punição
- O modo de aplicação da pena.
Caso prático
A foi condenado como cúmplice pela prática de um crime punível com uma moldura
penal abstracta de 5 a 15 anos.
Qual é a moldura de que o juiz deve partir para determinar a pena a aplicar a A?
Crime: 5 a 15 anos
Cúmplice (art.27/2) é uma circunstância modificativa atenuante expressamente prevista
na lei, remete para o art.73
Limite máximo reduzida a 1/3: dá 10 anos
15 x 1/3 = 15/3 = 5
15 – 5 = 10
Limite mínimo reduzido a 1/5 ou ao mínimo legal: dá 1 ano
5 x 1/5 = 5/5 = 1
Nova moldura:
1 ano a 10 anos
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Caso prático:
B foi condenado como cúmplice pela prática de um crime punível com uma moldura
penal abstracta de 1 a 9 anos.
Qual é a moldura de que o juiz deve partir para determinar a pena a aplicar a A?
Crime: 1 a 9 anos
Cúmplice (art.27/2) é uma circunstância modificativa atenuante expressamente prevista
na lei, remete para o art.73
Limite máximo reduzida a 1/3: dá 6 anos
9 x 1/3 = 9/3 = 3
9–3=6
Limite mínimo reduzido a 1/5 ou ao mínimo legal (art.41/1): 1 mês
O limite mínimo aqui é reduzido ao mínimo legal por se tratar de uma pena
inferior a 3 anos.
Nova moldura: 1 mês a 6 anos
Caso prático:
A foi condenado pela prática de um crime punível com uma moldura penal abstracta de
3 a 12 anos. A foi cúmplice (art.27/2), mas o crime não chegou verdadeiramente a consumar-se
(art.23/2), e ele tem 19 anos (art.4 do DL nº401/82).
Qual é a moldura de que o juiz deve partir para determinar a pena a aplicar a A?
É um caso de circunstâncias modificativas:
Cumplicidade
Tentativa Art.73 nº1 al.a) e b)
Idade
Vamos fazer funcionar as três circunstâncias, porque têm uma fundamentação diferente.
Nós seguimos o sistema do funcionamento sucessivo, vamos fazer funcionar cada
circunstância sucessivamente.
Crime: 3 a 12 anos
1ª Circunstância a funcionar
Cúmplice (art.27/2) é uma circunstância modificativa atenuante expressamente prevista
na lei, remete para o art.73
Limite máximo reduzida a 1/3: dá 8 anos
Mas sobra 1 mês, que também pode ser dividido, então converte-se 1 mês em dias e
divide-se novamente por 5
1 mês = 30 dias
30 |5
0 6 dias
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Direito Penal III 27
2ª Circunstância a funcionar
Tentativa (art.23/2, art.73). Partimos da nova moldura legal
Limite máximo reduzida a 1/3: dá 5 anos e 4 meses
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Direito Penal III 28
√ Reincidência
Não é correcto chamar reincidente a todas as pessoas que cometem mais do que um
crime, porque a reincidência depende da verificação de certos pressupostos (art.75/1/2)
▣ Pressupostos:
Pressuposto material
Porque é que o agente reincidente vai ser mais fortemente punido, do que o agente não
reincidente?
No caso da reincidência, o agente é mais punido porque há um maior grau de culpa, por
causa de a título pessoal, ter havido uma desconsideração pela solene advertência contida na
condenação anterior. O agente praticou um 1º crime e foi condenado por esse crime; essa
condenação transitou em julgado e depois quando pratica um 2º crime, ele revela um
desrespeito pela advertência contida na condenação anterior. Tem por isso, o agente
reincidente, uma maior culpa.
Esquema da reincidência:
Trânsito em Julgado
Crime 1 1º Condenação do 1º crime
Crime 2
Reincidência
Em relação a este agente são necessárias maiores exigências de prevenção especial, pois
o agente é mais perigoso. No entanto, o que justifica a maior punição na reincidência é uma
maior culpa. As necessidades de prevenção especial actuarão apenas de forma indirecta ou
imediata, se o fundamento de uma maior sanção for uma maior perigosidade do agente, de
forma imediata, relevando a culpa de forma mediata, aplica-se aqui uma pena relativamente
indeterminada. Dai que no art.76 nº2 se diga, que se numa situação convergirem os
pressupostos da reincidência e da pena relativamente indeterminada, deve aplicar-se a pena
relativamente indeterminada.
O pressuposto material da reincidência está no art.75 nº1, 2ª parte. É este pressuposto
material que faz com que nem sempre o facto de o agente praticar um crime depois de já ter
transitado em julgado uma condenação por um crime anterior.
Este pressuposto pressupõe que entre os dois crimes tenha de existir uma conexão
íntima, mas esta conexão íntima não exige que tenha de ser a repetição do mesmo tipo de
crime.
p.ex. furto e violação, não têm qualquer relação intima, logo não são reincidentes.
É necessário que sejam factos de natureza análoga e para isto atende-se ao bem jurídico
violado, aos motivos que levaram o agente a praticar o crime e à sua forma de execução.
p.ex. Crime 1: crime de violação (art.164)
Crime 2: crime de coação sexual (art.163)
São crimes diferentes, mas o bem jurídico é o mesmo; direito à auto-
determinação sexual
O mesmo acontece se for abuso de confiança (art.203) e furto
Pode ainda acontecer que haja a violação do mesmo bem jurídico e não haja
reincidência.
p.ex. a situação de degradação social ou o efeito criminógeneo da prisão, podem fazer
com que, apesar do agente ter voltado a violar o mesmo bem jurídico, ele não revele um
verdadeiro desrespeito pela solene advertência, contida na condenação anterior.
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Direito Penal III 29
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Direito Penal III 30
4ª Fase: Não é uma verdadeira operação de determinação da pena; ela é uma operação
de limitação (art.76/1, 2ª parte)
Temos de ver se a agravação respeita o limite estabelecimento na pena mais grave nas
condenações anteriores. Para evitar que a condenação anterior numa pena pequena possa por
efeito da reincidência, ir gravar desproporcionalmente, a pena do 2º crime – presente a ideia de
proporcionalidade.
Como sabemos de quanto é a gravação?
Sabemo-lo, pela determinação da agravação, através da subtracção à pena da
reincidência, a pena a que o agente seria condenado, se não fosse reincidente.
p.ex.7 – 5 = 2 (a agravação foi de 2 anos)
O limite da gravação foi cumprida, porque a condenação anterior foi de 4 anos, por isso,
não a excedeu. O máximo que se poderia aplicar seria 9, porque 9-5=4 4 é o limite.
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Direito Penal III 31
Caso prático
Em Março de 2000, A cometeu um crime pelo qual foi condenado em Maio de 2001, a
uma pena de 4 anos de prisão.
Em Abril de 2006, A cometeu um crime punível com uma pena de 3 a 12 anos de
prisão.
Determine a pena a aplicar a A pelo segundo crime.
Trânsito em Julgado
Crime 1 1º Condenação do 1º crime
Crime 2
Reincidência
Março 2000 Março 2001 Abril 2006
(4 anos) (3 a 12 anos)
Estamos perante um caso que nos leva para o campo da reincidência, casos em que o
arguido comete um crime subsequente da mesma espécie pelo qual já tinha sido condenado.
Logo, aquele que reitera deve ser objecto de uma condenação mais severa do que aquele que
comete um crime pela 1ª vez e nunca foi condenado. Pode suceder que não haja reincidência,
mas a reiteração pode levar à perigosidade do agente.
A reincidência está reservada para um núcleo restrito de casos, aqueles que reúnem os
requisitos do art.75 nº1 e 2.
Art.75 Prevê os casos em que há reincidência
Art.76 Consequências da reincidência.
2009/2010
Direito Penal III 32
Caso prático
Em Março de 2000, A cometeu um crime pelo qual foi condenado em Maio de 2001, a
uma pena de 4 anos de prisão.
Em Abril de 2006, A cometeu um crime punível com uma pena de 3 a 12 anos de
prisão.
Determine a pena a aplicar a A pelo segundo crime.
Trânsito em Julgado
Crime 1 1º Condenação do 1º crime
Crime 2
Reincidência
Março 2000 Março 2001 Abril 2006
(4 anos) (3 a 12 anos)
Estamos perante um caso que nos leva para o campo da reincidência, casos em que o
arguido comete um crime subsequente da mesma espécie pelo qual já tinha sido condenado.
Logo, aquele que reitera deve ser objecto de uma condenação mais severa do que aquele que
comete um crime pela 1ª vez e nunca foi condenado. Pode suceder que não haja reincidência,
mas a reiteração pode levar à perigosidade do agente.
A reincidência está reservada para um núcleo restrito de casos, aqueles que reúnem os
requisitos do art.75 nº1 e 2.
Art.75 Prevê os casos em que há reincidência
Art.76 Consequências da reincidência.
2009/2010
Direito Penal III 33
Caso prático
Em 2006, A cometeu um crime pelo qual foi condenado 8 meses de prisão.
Em 2008, A cometeu um crime punível com uma pena de 3 a 9 anos de prisão.
Partindo do princípio de que se trata de uma situação de reincidência, determine a pena
a aplicar a A.
Trânsito em Julgado
Crime 1 1º Condenação do 1º crime
Crime 2
Reincidência
2006 8 meses 2008
(3 a 9 anos)
Estamos perante um caso que nos leva para o campo da reincidência, casos em que o
arguido comete um crime subsequente da mesma espécie pelo qual já tinha sido condenado.
Logo, aquele que reitera deve ser objecto de uma condenação mais severa do que aquele que
comete um crime pela 1ª vez e nunca foi condenado. Pode suceder que não haja reincidência,
mas a reiteração pode levar à perigosidade do agente.
A reincidência está reservada para um núcleo restrito de casos, aqueles que reúnem os
requisitos do art.75 nº1 e 2.
Art.75 Prevê os casos em que há reincidência
Art.76 Consequências da reincidência.
2009/2010
Direito Penal III 34
Caso prático
A praticou um crime de abuso de confiança (art.205/4-al.a)), e foi condenado a uma
pena de 3 anos de prisão. A moldura do art.205 nº4 al.a) é de 1 mês a 5 anos.
Depois, A cometeu um crime de furto qualificado (art.204/2) punível com uma pena de
2 a 8 anos de prisão.
No entanto, este crime de furto não chegou a consumar-se, ficou como tentativa
(art.23/2).
Pressupondo que está preenchido o pressuposto formal da reincidência, diga qual a pena
a aplicar a A pelo segundo crime.
Trânsito em Julgado
Crime 1 1º Condenação do 1º crime
Crime 2
Reincidência
3 anos 2 a 8 anos
Tentativa
2009/2010
Direito Penal III 35
Caso prático
Em Março de 2000, A cometeu um crime pelo qual foi condenado em Maio de 2001, a
uma pena de 4 anos de prisão.
Em Abril de 2006, A cometeu um crime punível com uma pena de 3 a 12 anos de
prisão.
Determine a pena a aplicar a A pelo segundo crime.
Trânsito em Julgado
Crime 1 1º Condenação do 1º crime
Crime 2
Reincidência
Março 2000 Março 2001 Abril 2006
(4 anos) (3 a 12 anos)
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2009/2010
Direito Penal III 36
√ Concurso de crimes
▣ Exige-se:
▪ Que o agente tenha cometido efectivamente mais do que um tipo de crime ou que com
a sua conduta tenha preenchido mais do que uma vez o mesmo tipo de crime (art.30/1), abrange
o concurso efectivo e exclui o concurso legal (onde o que existe é uma unidade criminosa);
▪ Que a prática dos crimes tenha tido lugar antes do transito em julgado da condenação
por qualquer deles.
▪ Sistema da pena única: aos crimes em concurso corresponde uma pena: uma pena
unitária ou uma pena conjunta.
⁃ Pena unitária: quando a punição do concurso ocorra sem considerar o número de
crimes concorrentes e independentemente da forma como poderiam combinar-se as
penas que a cada um caberiam.
Neste caso, a punição do concurso é levada acabo através da pena concretamente
determinada e cabida ao crime mais grave, com a consequência da impunidade dos
crimes de igual ou menor gravidade.
⁃ Pena conjunta: sempre que as molduras penais previstas, ou as penas
concretamente determinadas, para cada um dos crimes em concurso sejam depois
transformadas segundo um principio de observação ou um principio de
exasperação/agravamento.
Neste caso, a punição do concurso ocorre em função da moldura penal prevista para
o crime mais grave, devendo a pena concreta ser agravada por força da pluralidade de
crimes, com a consequência de o efeito agravante ser tanto menor quanto maior for o
número de crimes praticados pelo agente.
Nos termos do art.77 nº1, quando alguém tiver praticado vários crimes antes de transitar
em julgado a condenação por qualquer deles é condenado numa única pena, sendo
considerados na medida da pena, em conjunto, os factos e a personalidade do agente.
Nos termos do art.77 nº2, a pena aplicável tem como limite máximo a soma das penas
concretamente aplicadas aos vários crimes, não podendo ultrapassar 25 anos tratando-se de
pena de prisão e 900 dias tratando-se de pena de multa (art.41/2)
2009/2010
Direito Penal III 37
↝ As operações acabadas de descrever valem para os casos em que os crimes
correspondem penas parcelares da mesma espécie ou só penas de prisão ou só penas de
multa.
↝ Se as penas parcelares forem de espécie diferente, umas de prisão e outras de multa,
dispõe o art.77 nº3 que a diferente natureza destas mantém-se na pena única resultante da
aplicação dos critérios estabelecidos nos números anteriores.
Se as penas aplicadas aos crimes em concurso forem de prisão e de multa (pena de
multa principal), converte-se a multa em prisão subsidiária nos termos do art.49/1, para desta
forma poder ser determinada a pena única do concurso, segundo o procedimento que vale para
as penas da mesma natureza.
O condenado poderá sempre optar por pagar a multa, caso em que esta deixa de entrar
no procedimento de determinação da pena única conjunta.
2009/2010
Direito Penal III 38
O art.78 nº1 dispõe que se, depois de uma condenação transitada em julgado, se
mostrar que o agente praticou, anteriormente àquela condenação, outro ou outros crimes, são
aplicáveis as regras da punição do concurso, sendo a pena que já tiver sido cumprida
descontada no cumprimento da pena única aplicada ao concurso de crimes. O nº2 refere que
tais regras são aplicáveis relativamente aos crimes cuja condenação transitou em julgado.
▪ Pressupostos:
⁃ Que o crime de que haja só agora conhecimento tenha sido praticado antes da
condenação anteriormente proferida.
O momento temporal decisivo para saber se o crime agora conhecido foi ou não anterior
à condenação é o momento em que esta foi proferida e não o do seu trânsito em julgado.
O que exclui:
quer os crimes praticados entre a condenação e o transito em julgado da
mesma;
quer os crimes praticados depois deste transito em julgado;
Tendo lugar nestes casos a execução sucessiva de várias penas (art.63).
⁃ Que as condições pelos crimes já tenham transitado em julgado, o que pressupõe que
os crimes já tinham sido objecto de condenações transitadas em julgado.
O actual art.78 nº2 estabelece que a determinação superveniente da pena só tem lugar
se as condenações já tiverem transitado em julgado.
Considerando o art.472 do CPP, é de concluir que, em caso de conhecimento
superveniente do concurso, é sempre designado dia para a realização de audiência, com o
objectivo exclusivo de determinar a pena única correspondente. A determinação superveniente
da pena deixou de poder ser feita pelo tribunal que julga o crime praticado anteriormente à
condenação que já teve lugar, ainda que este segundo tribunal conheça a condenação anterior já
transitada em julgado.
Com as alterações introduzidas pela Lei 59/2007, foi eliminado o pressuposto de a pena
anterior não estar cumprida, prescrita ou extinta extensão dos casos de determinação
superveniente da pena.
▪ Regime:
⁃ Se a condenação anterior tiver tido lugar por um crime singular, o tribunal, em função
desta condenação e da pena correspondente ao crime praticado antes desta, determina a pena
única conjunta:
⁃ Se a condenação anterior tiver sido já em pena única conjunta, o tribunal anula-a e
determina uma nova pena conjunta, em função das penas parcelares concretamente
determinadas.
Em qualquer caso, a pena que já tiver sido cumprida é descontada no cumprimento da
pena única agora aplicada (art.78/1, in fine).
⁃ Se à condenação anterior corresponder uma pena de substituição, deverá ser
determinada uma pena única conjunta, a partir da pena de prisão substituída ou das penas
parcelares de prisão que integram a 1ª condenação. O tribunal substituirá ou não a pena única
conjunta encontrada em função dos critérios gerais de escolha da pena (art.70), procedendo
depois ao desconto da pena anterior (art.78/1, in fine e art.81/1/2)
2009/2010
Direito Penal III 39
∗ Conclusão:
O que distingue o concurso da reincidência é o facto de:
No concurso, os vários crimes são praticados antes do trânsito em julgado de
qualquer um deles;
Na reincidência, o 2º crime é praticado depois do trânsito em julgado da 1ª
condenação.
Esta diferença não contrariada pelo disposto no art.78, porque no caso do conhecimento
superveniente do concurso, o agente cometeu mais do que um crime, mas no momento do
julgamento, o juiz não teve conhecimento de todos os crimes que o agente cometeu, ou seja, o
2º crime é praticado antes do trânsito em julgado da decisão, mas só é conhecido depois do
trânsito em julgado.
O art.79 nº1 estabelece que o crime continuado é punível com a pena aplicável à
conduta mais grave que integra a continuação Principio da exasperação.
O tribunal determina a medida concreta da pena do crime continuado dentro da moldura
penal mais grave cabida aos diversos crimes que integram a continuação, valorando dentro
dessa moldura a pluralidade de actos.
O art.79 nº3 refere que se, depois de uma condenação transitada em julgado, for
conhecida uma conduta mais grave que integre a continuação, a pena que lhe for aplicável
substitui a anterior.
O efeito de caso julgado deixa de se poder estender a todos os factos que integram a
continuação criminosa.
Atendendo ao procedimento de determinação da pena em caso de concurso de crimes –
o limite máximo da pena corresponde à soma das penas concretamente aplicadas aos vários
crimes, bem como o facto de a pena única ser determinada considerando, em conjunto, os
factos e a personalidade do agente, o que apontaria para a consideração dos pressupostos que
justificam esta hipótese de unidade jurídica criminosa – é de duvidar que o consagrado no
art.79 tenha justificação.
Posição que, no limite, contende com a necessidade de autonomização da figura do
crime continuado, de um ponto de vista dogmático e político-criminal.
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2009/2010
Direito Penal III 40
√ Desconto
O instituto do desconto, encontra-se regulado nos artigos 80, 81 e 82, justifica-se do
ponto de vista político-criminal por imposição de justiça material abrange as privações da
liberdade de natureza processual que o agente tenha sofrido, as quais devem ser descontadas na
pena em que o agente venha a ser condenado.
▣ Medidas processuais
Dispõe o art.80 que a detenção, a prisão preventiva e a obrigação de permanência na
habitação sofridas pelo arguido são descontadas por inteiro no cumprimento da pena de
prisão ou da pena de multa, ainda que tenham sido aplicadas em processo diferente daquele
em que vier a ser condenado, quando o facto por que for condenado tenha sido praticado
anteriormente à decisão final do processo no âmbito do qual as medidas foram aplicadas.
O desconto das medidas processuais nas penas principais em que o agente venha a
ser efectivamente condenado tem lugar ainda que estas medidas tenham sido aplicadas em
processo diferente daquele em que vier a ser condenado.
‣ Se a medida processual for descontada em pena de prisão, o desconto é feito por
inteiro (art.80/1);
‣ Se for descontada na pena de multa, o desconto é feito à razão de um dia de privação
da liberdade por, pelo menos, um dia de multa (art.80/2).
Não obstante o silencio da lei, as medidas processuais devem ser ainda descontadas na
medida de segurança de internamento (art.90/2), bem como nas penas de substituição que
venham a ser impostas, por inteiro ou fazendo o desconto que parecer equitativo, consoante os
casos.
▣ Pena anterior
Dispõe o art.81 nº1 que se a pena imposta por decisão transitada em julgado for
posteriormente substituída por outra, é descontada nesta a pena anterior, na medida em que já
tiver cumprida.
Isto acontecerá, p.ex.:
- Em casos de conhecimento superveniente do concurso
- No contexto de um processo de revisão (art.449 e ss, CPP)
- Na sequência da reabertura da audiência para aplicação retroactiva de lei penal
mais favorável (art.2/4 art.371-A do CPP)
‣ Se a pena anterior for descontada numa outra pena da mesma natureza, o desconto é
feito por inteiro (art.81/1)
‣ Se a pena anterior e a posterior forem de diferente natureza, é feito o desconto que
parecer equitativo (art.81/2)
O tribunal determinará o quantum da nova pena que, por razões de tutela dos bens
jurídicos e de reintegração do agente na sociedade (art.40/1), se torna ainda indispensável
aplicar tendo em atenção o quantum de pena já anteriormente cumprido.
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2009/2010
Direito Penal III 41
Nos termos do nº1 do art.72, o tribunal atenua especialmente a pena, para além dos
casos expressamente previstos, quando existirem circunstâncias anteriores ou posteriores ao
crime, ou contemporâneas dele, que diminuam de forma acentuada a ilicitude do facto, a culpa
do agente ou a necessidade de pena.
Casos expressamente previstos: art.10/3, 17/2, 27/2, 35/2, 206/2/3, 286 e 299/4
Circunstâncias: art.72 nº2
Nos casos em que o limite máximo da pena de prisão não seja superior a 3 anos admite-
se a substituição desta pena por multa, dentro dos limites gerais do art.70.
A pena que for concretamente determinada dentro da moldura penal especialmente
atenuada, em função dos critérios da culpa e da prevenção e com observância do princípio da
proibição da dupla valoração (art.71/1), pode ainda vir a ser substituída nos termos gerais
(art.73/2 e art.70)
2009/2010
Direito Penal III 42
√ Dispensa de pena
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2009/2010
Direito Penal III 43
Caso prático
2009/2010
Direito Penal III 44
Caso prático
Entre Agosto e Novembro de 2007, A cometeu 3 crimes. Os dois primeiros crimes são
puníveis com uma pena de prisão de 1 mês a 3 anos, e o terceiro crime é punido com uma pena
de prisão de 2-8 anos. A está hoje a ser julgado por esses crimes.
Determine a pena a aplicar a A?
Julgamento
Crime 1 Crime 2 Crime 3 dos crimes 1, 2, 3
1ª Operação: Determinar a pena concreta a aplicar a cada crime. (nota: aqui é necessário
inventar penas)
Crime 1: 1 ano
Crime 2: 2 anos
Crime 3: 2 anos e 6 meses
2009/2010
Direito Penal III 45
Caso prático
Entre Janeiro e Novembro de 2007, B cometeu 2 crimes. O primeiro punível com uma
pena de multa até 120 dias e o segundo crime é punível com uma pena de multa entre 60 a 360
dias. B está hoje a ser julgado por esses crimes.
Determine a pena a aplicar a B?
Julgamento
Crime 1 Crime 2 dos crimes 1, 2
1ª Operação: Determinar a pena concreta a aplicar a cada crime. (nota: aqui é necessário
inventar penas)
Crime 1: 80 dias
Crime 2: 200 dias
Nota: o quantitativo diário só é encontrado no fim, quando tivermos a pena concreta do
concurso.
2009/2010
Direito Penal III 46
Caso prático
Em Agosto de 2007, D cometeu um crime. O crime 1 punível com uma pena de prisão
de 2 a 8 anos.
Em Setembro de 2007, cometeu o crime 2, punível com uma pena de multa entre 60 a
360 dias.
Determine a pena a aplicar a D?
Julgamento
Crime 1 Crime 2 dos crimes 1, 2
1ª Operação: Determinar a pena parcelar a aplicar a cada crime. (nota: aqui é necessário
inventar penas)
Crime 1: 4 anos de prisão
Crime 2: 240 dias de multa
160|30 dias
5 meses
2009/2010
Direito Penal III 47
2009/2010
Direito Penal III 48
Caso prático
A está hoje a ser julgado pela prática de um crime de ofensa à integridade física grave,
punido pelo art.144, com uma pena de prisão de 2 a 10 anos e de um crime de furto, punido
pelo art.203, com uma pena de prisão até 3 anos. Ambos os crimes foram cometidos em Abril
de 2006. Tendo em conta, que em Maio de 2004, A foi condenado pela prática de um crime
cometido em 2003, crime doloso de abuso de confiança na pena de 1 ano de prisão.
Determine a pena a aplicar a A.
Problema: Temos entre o concurso de crimes uma situação em que o agente é reincidente em
relação ao crime de abuso de com fiança e o crime de furto.
P.ex.: O abuso de confiança é quando se empresta o PC a A, e depois este não o
devolve, recusa-se a fazê-lo. Já o furto é quando A rouba mesmo o PC.
No crime 2 e 3 temos um concurso de crimes (art.77)
1ª Operação: Determinar a pena parcelar a aplicar a cada crime. (nota: aqui é necessário
inventar penas)
‣ Crime 2: 4 anos de prisão
↝ No crime 3 há reincidência:
1ª Operação: Determinar a pena como se não fosse reincidente (art.75): 1 ano e 6 meses
2ª Operação: Construção da moldura da reincidência: 1 mês e 10 dias a 3 anos
3ª Operação: Dentro da moldura da reincidência determinar a pena concreta, como sendo
reincidente: 2 anos
4ª Operação: limite da agravação e de quanto é: a agravação foi de 6 meses, o limite foi
cumprido. (2 anos – 1 ano e 6 meses = 6 meses)
‣ Crime 3: 2 anos de prisão
2ª Operação: Construção da moldura do concurso
O limite mínimo da moldura de concurso corresponde à pena parcelar mais grave
Limite mínimo: 5 anos
O limite máximo é a soma das penas concretamente aplicadas (art.77/2).
Limite máximo: 7 anos
↝ Moldura penal do concurso é de 5 anos a 7 anos.
3ª Operação: Art.71 art.77: é necessário avaliar em conjunto a culpa e a personalidade do
agente
‣ O juiz determina uma pena de 6 anos.
⇘
Nesta operação teremos de analisar em conjunto, os factos e a personalidade do agente
Esta pena não pode ser substituída, porque só podem substituir penas até aos 5 anos.
2009/2010
Direito Penal III 49
Caso prático
Em Janeiro de 2007, A praticou um crime de furto (art.203) e punível com pena de
prisão até 3 anos. Em Fevereiro de 2007, cometeu um crime de ofensa à integridade física
grave (art.144) e punível com pena de prisão de 2 a 10 anos.
Em Novembro de 2007, A é condenado pena pratica de um crime de furto numa pena de
2 anos de prisão. Neste momento, o tribunal desconhece a prática do crime 2.
Em Outubro de 2008, chega ao conhecimento do tribunal a pratica do crime 2, sabendo
este tribunal também, que A já foi condenado pela prática de crime 1.
O que deve o juiz fazer quanto ao crime 2?
Crime 2
Crime 1 Julgamento Julgamento
Fev. ‘07
Jan. ‘07 do crime 1 do crime 2
Note-se:
Mesmo que o 2º tribunal tenha conhecimento do crime 1 e do crime 2, ele não pode
determinar a pena única conjunta.
É necessário ter em atenção o nº2 do art.78, que exige que ambos os crimes tenham já
sido objecto de condenação com trânsito em julgado.
Deste modo, o 2º tribunal apenas determina a pena para o 2º crime, por causa do art.78
nº2 art.472 do CPP, tem de ser sempre um 3º tribunal a determinar a pena em causo de
reconhecimento superveniente do concurso.
↝ Imaginemos que o tribunal determina a pena de 3 anos para o crime 2.
O cúmulo jurídico de ambas as penas só pode ser feito depois das duas condenações
terem transitado em julgado
1ª Operação: Determinar a pena parcelar a aplicar a cada crime.
Crime 1: 2 anos de prisão
Crime 2: 3 anos de prisão
2ª Operação: Construção da moldura do concurso
O limite mínimo da moldura de concurso corresponde à pena parcelar mais grave: 3 anos
O limite máximo é a soma das penas concretamente aplicadas (art.77/2): 5 anos
Moldura penal do concurso é de 3 anos a 5 anos.
2009/2010
Direito Penal III 50
2009/2010
Direito Penal III 51
Caso prático
Em Janeiro de 2005, A praticou um crime de furto (art.203) e punível com pena de
prisão até 3 anos. Em Fevereiro de 2005, cometeu um crime de ofensa à integridade física
grave (art.144) e punível com pena de prisão de 2 a 10 anos. Em Março de 2005, cometeu um
crime de dano (art.213/2), punível com pena de prisão de 2 a 8 anos.
Em Setembro 2006, A é julgado pela prática do crime de furto e pela ofensa à
integridade física grave. O tribunal determina para o crime de furto uma pena de 2 anos e para
o 2º crime uma pena de 4 anos. Depois construiu a moldura do concurso de 4 a 6 anos, e
determina a pena única conjunta de 5 anos. Neste momento, o tribunal desconhecia o crime 3.
Em Outubro de 2007, chega ao conhecimento do tribunal a pratica do crime 3.
O que deve o juiz fazer quanto ao crime 2?
2009/2010
Direito Penal III 52
Caso prático
Em Janeiro de 2006, A praticou um crime de ofensa à integridade física grave (art.144)
e punível com pena de prisão de 2 a 10 anos.
Em Março de 2006, cometeu um crime de dano (art.213/2), punível com pena de prisão
de 2 a 8 anos.
Em Abril 2007, A punível pelo crime de ofensa à integridade física grave, por 4 anos, e
o juiz decidiu substituir pela pena de suspensão da execução da pena, neste momento, o
tribunal desconhece a pratica do crime 2.
Em Outubro de 2007, o tribunal vem a saber da prática do crime 2 e determina para esse
crime uma pena de 5 anos.
O que deve hoje, fazer o tribunal que pretende determinar a pena conjunta a A?
2009/2010
Direito Penal III 53
Caso prático
Em Fevereiro de 2007, A cometeu um crime de homicídio qualificado (art.132) e
punível com pena de prisão de 12 a 25 anos.
Em Janeiro de 2008, A foi julgado e condenado a 22 anos de prisão. A interpôs recurso
desta decisão.
Em Março de 2008 A cometeu um outro homicídio qualificado.
Em Outubro de 2008, o tribunal de recurso proferiu o acórdão relativo ao recurso
interposto por A, tendo por isso, transitado em julgado a condenação pelo crime 1.
A está hoje a ser julgado pelo crime 2.
Determine a pena a aplicar a A?
Julgamento Trânsito em Julgado
Crime 1 do crimes 1 Recurso Crime 2 do crime 1 Julgamento
Fev. ‘07 Jan. ‘08 Crime 1 Mar. ’08 Out. ‘08 do crime 2
12-25 anos
12-25 anos 22 anos
2009/2010
Direito Penal III 54
Caso prático
Em Fevereiro de 2006, A cometeu um crime de ofensa à integridade física grave
(art.144) e punível com pena de prisão de 2 a 10 anos. Em Janeiro de 2007, A foi julgado e
condenado a 8 anos de prisão. Desta decisão não houve recurso.
Em Dezembro de 2007, já na prisão, A cometeu um outro crime de ofensa à integridade
física contra um outro recluso.
Determine a pena a aplicar a A?
Julgamento
Crime 1 Crime 2 Julgamento
do crimes 1
Fev. ‘06 Dez. ’07 do crime 2
Jan. ‘07
Estamos perante uma situação em que o agente cometeu o 2º crime depois da decisão da
1ª condenação. Mas no momento em que a pena pelo 1º crime ainda está a ser cumprida.
Como até 2007, um dos requisitos do conhecimento superveniente era o de que a pena
da condenação anterior não estivesse cumprida. Os nossos tribunais, chegaram a fazer uma
enorme confusão e nestes casos que estamos a ver agora, determinavam também uma pena
única conjunta, por achar que era um conhecimento superveniente do concurso. Faziam o
cúmulo por arrastamento.
Estamos perante um caso de reincidência, casos em que o arguido comete um crime
subsequente da mesma espécie pelo qual já tinha sido condenado. Logo, aquele que reitera deve
ser objecto de uma condenação mais severa do que aquele que comete um crime pela 1ª vez e
nunca foi condenado. Pode suceder que não haja reincidência, mas a reiteração pode levar à
perigosidade do agente. A reincidência está reservada para um núcleo restrito de casos, aqueles
que reúnem os requisitos do art.75 nº1 e 2.
Art.75 Prevê os casos em que há reincidência
Art.76 Consequências da reincidência.
Só há reincidência quando o crime é cometido depois do trânsito em julgado do crime
anterior. A reincidência quando actua, actua ao nível da determinação da pena do novo crime.
Os crimes que já estão para trás já têm a pena determinada, já têm a sua condenação. O
problema que o tribunal tem que resolver é a determinação da pena do novo crime. É em
relação ao novo crime que se coloca o problema da reincidência.
Determinação da pena em caso de reincidência:
1ª Operação: Determinar a pena como se não fosse reincidente: 8 anos
2ª Operação: Construção da moldura da reincidência
Sendo, como vimos, a nossa moldura abstracta de 2 a 10 anos, refere o art.76º/1 que:
- Limite mínimo é elevado a 1/3: dá 2 anos e 6 meses
- Limite máximo permanece inalterado: 10 anos
⁃ Nova moldura legal abstracta: 2 anos e 6 meses a 10 anos.
3ª Operação: Dentro da moldura da reincidência determinar a pena concreta, como sendo
reincidente. Sendo assim, é fixada a pena concreta de 10 anos.
4ª Operação: saber quanto foi a agravação
10 anos (pena da agravação) - 8 anos (pena que lhe seria aplicada se não fosse a
reincidência) = 2 anos Agravação
Se a agravação não pode exceder a pena aplicada ao crime anterior, então 2 anos
(montante da agravação) é inferior a 8 (pena anterior)
2009/2010
Direito Penal III 55
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2009/2010
Direito Penal III 56
√ Critério de escolha
Podemos identificar um critério geral de escolha da pena a partir dos artigos 70, 45 nº1,
50 nº1, 58 nº1, e 60 nº2, segundo o qual o tribunal dá preferência à pena não privativa da
liberdade, verificados os pressupostos formais de aplicação desta pena, sempre que esta realize
de forma adequada e suficiente as finalidades da punição (art.40/1/2).
O art.43 nº1 prevê um critério preventivo especial, segundo o qual a pena de prisão não
superior a um ano é substituída por pena de multa ou por outra pena não privativa da liberdade,
excepto se a execução da prisão for exigida pela necessidade de prevenir o cometimento de
futuros crimes. O critério de substituição por multa é o critério do art.70. A falta de rendimento
do condenado é que não poderá ser critério da não substituição da pena de prisão por pena de
multa, é aplicável o art.49 nº3.
São finalidades exclusivamente preventivas, de prevenção geral e de prevenção especial
(art.70 e art.40/1), que justificam e impõem a preferência por uma pena não privativa da
liberdade, sem perder de vista a protecção de bens jurídicos.
Se a culpa é limite da pena (art.40/2), desempenha esta função estritamente ao nível da
determinação da medida concreta da pena principal ou da pena de substituição (art.71/1).
Trata-se de um poder-dever para o tribunal, com a consequência de dever fundamentar a
não aplicação da pena não privativa da liberdade (fundamentação negativa), quando dê
preferência à pena privativa da liberdade.
Os critérios que conduzem a uma preferência pela pena de multa principal e os que
levam à escolha da pena de multa de substituição são distintos. No primeiro caso, o critério é de
conveniência ou de maior ou menor adequação, enquanto que no segundo o critério é de
necessidade.
Compreende-se então que o tribunal possa numa 1ª operação escolher a pena de prisão
em detrimento da pena de multa principal e acabe por escolher a pena de multa de substituição
na 3ª/última operação
↝ A opção pela pena de prisão, em detrimento da multa alternativa (pena principal),
pode revelar-se mais vantajosa do ponto de vista preventivo-especial, uma vez que fazendo esta
opção o tribunal poderá ter depois, em sede de substituição da pena de prisão não superior a 5
anos, um leque alargado de penas não privativas da liberdade.
2009/2010
Direito Penal III 57
2009/2010
Direito Penal III 58
▣ Liberdade condicional
É um incidente de execução da pena de prisão que se justifica político-criminalmente à
luz da finalidade preventivo-especial de reintegração só agente na sociedade e do princípio da
necessidade de tutela de bens jurídicos (art.40/1).
A liberdade condicional consiste no facto de o juiz rever a decisão condenatória e
concluir de forma fundamentada que se justifica a execução da pena de prisão ou que nada
obsta/impede a que o condenado seja posto em liberdade.
A partir de 1995 só há liberdade condicional se o condenado der consentimento (art.61/1)
e a sua duração não pode ultrapassar o tempo de pena que ainda falta cumprir (art.61/5).
A liberdade condicional surge com o fim de evitar a reincidência, a prática de crimes,
porque muito tempo dentro da prisão tem efeitos criminógénicos. Trata-se de um período de
transição entre a prisão e a vida em liberdade.
2009/2010
Direito Penal III 59
2009/2010
Direito Penal III 60
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Direito Penal III 61
Para determinar a pena de prisão ainda não cumprida deve deduzir-se ao quantum da
condenação o tempo de prisão já cumprido e o período em que o condenado esteve em
liberdade condicional.
Decorrido o período de liberdade condicional, a pena é declarada extinta se não houver
motivos que possam conduzir à revogação (art.64/1 art.57).
Se, findo o período de liberdade condicional, se encontrar pendente processo por crime
que possa determinar a sua revogação ou incidente por falta de cumprimento das regras de
conduta ou do plano de reinserção, a pena só é declarada extinta quando o processo ou o
incidente findarem e não houver lugar à revogação (art.57/2).
∎ Especialidades processuais
O processo de concessão da liberdade condicional é da competência do Tribunal de
Execução das Penas (art.477/1, CPP) e encontra-se regulado nos arts.484 a 486 do CPP.
Há um pedido obrigatório de elaboração de um plano de reinserção social, sempre que o
condenado se encontre preso há mais de 5 anos, o qual é elaborado pelos serviços de reinserção
social (art.484/3, CPP), em que o MP emite um parecer sobre a concessão da liberdade
condicional (art.485/1, CPP), e em que o Tribunal de Execução de Penas ouve o condenado
antes de ser proferido despacho sobre a concessão da liberdade condicional, nomeadamente
para obter o seu consentimento (art.485/2, CPP).
De entre as alterações ao CPP é de sublinhar a recorribilidade do despacho que nega a
liberdade condicional (art.485/6, CPP) e do que revoga a liberdade condicional (art.486/4, CPP)
∎ Especialidades processuais
O art.62 prevê que para efeito da adaptação à liberdade condicional, …, a colocação em
liberdade condicional pode ser antecipada pelo tribunal, por um período máximo de 1 ano,
ficando o condenado obrigado durante o período de antecipação, …, ao regime de permanência
na habitação, …. (art.484, 485, 486, CPP)
2009/2010
Direito Penal III 62
Em suma:
Segundo Dr.ª M.J.A. a prisão subsidiária ocorrerá em última instância, porque é uma
sanção privativa da liberdade, não é uma pena de prisão, quanto muito é uma substituição da
pena de multa.
A prisão subsidiária é uma sanção imposta ao condenado por este não pagar a multa.
Existe para constranger o condenado ao pagamento da pena de multa.
A prisão subsidiária corresponde a 2/3 dos dias de multa, portanto são menos os dias de
prisão, não pode haver propriamente equivalência entre 1 dia de prisão e 1 dia de multa, porque
a prisão é mais pesada do que a multa.
2009/2010
Direito Penal III 63
2009/2010
Direito Penal III 64
Medidas de segurança
▣ Generalidades
A medida de segurança surge como resposta à especial perigosidade de delinquentes
imputáveis especialmente perigosos e de delinquentes de imputabilidade diminuída,
relativamente aos quais a pena é insuficiente do ponto de vista preventivo-especial, e resposta à
especial perigosidade de delinquentes inimputáveis, em razão de anomalia psíquica, em relação
aos quais a pena é inadequada.
A medida de segurança é uma reacção criminal ao lado das penas.
2009/2010
Direito Penal III 65
√ Outros princípios
Para além do princípio da proporcionalidade, no direito penal estão consagrados outros
princípios, com a intenção de fazer valer no âmbito das medidas de segurança os princípios e as
garantias do Estado de direito, próprios do direito das penas.
‣ Princípio da legalidade (art.29, CRP e art.1 e 2, CP)
‣ Princípio do ilícito-típico (art.29, CRP e art.91/1, CP)
‣ Princípio da proporcionalidade em sentido amplo e, em especial, ao da
proporcionalidade em sentido estrito (art.18/2, CRP e art.40/3, 91/1, 93, 94 e 98, CP)
‣ Princípio da prescritibilidade das medidas de segurança (art.124, CP)
‣ Princípio da proibição de medidas de segurança com carácter perpétuo ou de duração
ilimitada ou indefinida (art.30/1, CRP e art.92/2, CP).
▣ Pressupostos e finalidades
Pressupostos da medida de segurança privativa da liberdade aí prevista são os seguintes
(art.91/1):
- Prática de um facto ilícito típico
- Declaração de inimputabilidade, nos termos do art.20
- Juízo de prognose desfavorável quanto à perigosidade criminal do agente.
É necessário o princípio da proporcionalidade: a medida de segurança só pode ser
aplicada se for proporcionada à gravidade do facto e à perigosidade do agente.
Aplicamos-lhe a medida de segurança porque ele é perigoso (art.40/3)
Ao pressuposto irrenunciável da perigosidade criminal do agente, que há-de permanecer
no momento da condenação e durante a execução da sanção, liga-se a finalidade preventivo-
especial da medida de segurança de internamento, sem prejuízo de esta sanção participar na
função de protecção de bens jurídicos.
2009/2010
Direito Penal III 66
▣ Duração
O internamento não pode exceder o limite máximo da pena correspondente ao tipo de
crime cometido pelo inimputável (art.92/2, CP e art.501/1, CPP). Regra
Se o facto praticado pelo inimputável corresponder a crime punível com pena superior
a 8 anos e o perigo de novos factos da mesma espécie for de tal modo grave que desaconselhe
a libertação o internamento pode ser prorrogado por períodos sucessivos de 2 anos até se
verificar a situação de cessação do estado de perigosidade (art.30/2 CRP, art.92/3 CP,
art.504/5 CPP) Excepção à regra
Do nº2 do art.91, resulta que há casos em que o internamento tem um limite mínimo de
duração (3 anos), devendo constar da decisão que o decreta (art.501/1, CPP).
Esta previsão excepcional abrange apenas os crimes contra as pessoas e de
perigo comum puníveis com pena de prisão superior a 5 anos, é de destacar que a
duração do internamento poderá ser inferior a 3 anos se, cessado o estado de
perigosidade, a liberdade se revelar compatível com a defesa da ordem jurídica e da
paz social, o que afasta qualquer entendimento no sentido de se ter estabelecimento
aqui uma presunção legal de duração da perigosidade.
Dada a finalidade especial-preventiva da medida de segurança de
internamento do agente inimputável em razão de anomalia psíquica, nos termos do
art.20/1 e do art.91 nº2, é aplicável apenas quando o agente tenha sido declarado
inimputável nos termos do art.20 nº2 e 3, por nesta hipótese de inimputabilidade
jurídica se fazerem sentir de forma autónoma as exigências de prevenção geral
positiva.
Salvaguardados os casos aos quais é aplicável o nº2 do art.91, o internamento finda
quando o tribunal verificar que cessou o estado de perigosidade criminal que lhe deu origem
(art.92/1).
Esta causa justificativa da cessação do internamento pode ser apreciada a todo
o tempo, se for invocada, sendo obrigatoriamente revista a situação do internado,
independentemente de requerimento, decorridos 2 anos sobre o início do
internamento ou sobre a decisão que o tiver mantido (art.93/1/2, CP e art.504/3/4,
CPP).
O internamento findará, ainda pelo decurso do tempo, atingida que seja a duração
máxima do internamento (art.479, 480, 481 art.506, CPP), salvaguardados os casos previstos
no art.92/3.
2009/2010
Direito Penal III 67
▣ Liberdade de prova
Para as situações em que há alterações do estado de perigosidade do internado, durante
a execução da sanção, vale o instituto da liberdade para prova, é um incidente da execução da
medida de segurança de internamento.
Se da revisão da situação do internado resultar que há razões para esperar que a
finalidade da medida de segurança possa ser alcançada em meio aberto, o tribunal coloca o
internado em meio aberto (art.94/1, CP e art.504/1/2/3/4, CPP).
Pressuposto material da colocação em liberdade para prova é a subsistência do estado de
perigosidade criminal que deu origem à medida de segurança, podendo, no entanto, a finalidade
preventivo-especial da sanção ser alcançada em meio aberto. Dá-se concretização ao
princípio da proporcionalidade em sentido amplo, com ganhos para o processo de reintegração
do agente na sociedade.
Segundo o art.94 nº2, o período de liberdade para prova é fixado entre um mínimo de 2
anos e um máximo de 5 anos, não podendo ultrapassar, o tempo que faltar para o limite
máximo de duração do internamento. Como se trata de um incidente de execução da medida de
segurança de internamento, a liberdade para prova poderá cessar a todo o tempo se o tribunal
verificar que cessou o estado de perigosidade criminal, por aplicação do art.92 nº1 e do art.93
nº1 e 2.
Por remissão do nº3 do art.94 para os nºs 3 e 4 do art.98, a decisão de colocar o
internado para provar impõe ao agente regras de conduta necessárias à prevenção da
perigosidade, bem como o dever de se submeter a tratamentos e regimes de cura ambulatórios
apropriados e de se prestar a exames e observações nos lugares que lhe forem indicados, sendo
colocado sob vigilância tutelar dos serviços de reinserção social.
De acordo com o nº4 do art.94, a medida de internamento é declarada extinta, se não
houver motivos que conduzam à revogação da liberdade para prova, findo o tempo de duração
desta. Se, findo o período de liberdade para prova, se encontrar pendente ou incidente que
possa conduzir à revogação, a medida é declarada extinta quando o processo ou o incidente
findarem e não houver lugar à revogação.
O art.95 prevê duas causas de revogação da liberdade para prova:
- O comportamento do agente revela que o internamento é indispensável (nº1-a));
- O agente foi condenado em pena privativa da liberdade e não se verificam os
pressupostos da suspensão da execução da pena de prisão (nº1-b)).
A consequência da revogação é o reinternamento do agente, sendo aplicável o art.92,
segundo o estabelecido no nº2 do art.95.
Tratando-se de um incidente da execução da medida de segurança de internamento,
deverá contar o tempo que o agente esteve em liberdade para prova.
Decorre do art.505 do CPP que a decisão sobre a revogação tem lugar depois de
recolhida a prova, antecedendo parecer do MP, audição do condenado e audição obrigatória do
defensor.
2009/2010
Direito Penal III 68
2009/2010
Direito Penal III 69
2009/2010
Direito Penal III 70
▣ Generalidades
A pena relativamente indeterminada (art.83 a 90) pretende ser uma resposta à
delinquência especialmente perigosa: a delinquência por tendência e à delinquência ligada ao
abuso de álcool e de estupefacientes.
Esta encontra justificação político-criminal numa acentuada inclinação para o crime por
parte do agente, sem que se confunda com a pena aplicada ao agente reincidente, apesar dos
pontos de coincidência (art.76/2), uma vez que na pena relativamente indeterminada releva de
forma imediata o pressuposto da perigosidade criminal.
A pena relativamente indeterminada é uma sanção de natureza mista (art.90), porque:
É executada como pena até ao momento em que se mostrar cumprida a pena
que concretamente caberia ao crime;
É executada como medida de segurança a partir deste momento e até ao seu
limite máximo.
▣ Pressupostos
▪ Pressupostos formais
No âmbito da “delinquência por tendência grave” são pressupostos de aplicação de uma
pena relativamente indeterminada que (art.83/1):
- O agente pratique em crime doloso
- Devesse aplicar-se concretamente prisão efectiva por mais de 2 anos
- Tenha cometido anteriormente 2 ou mais crimes dolosos,
- A cada um dos quais tenha sido ou seja aplicada prisão efectiva por mais de 2
anos, sempre que a avaliação conjunta dos factos praticados e a personalidade do agente
revele uma acentuada inclinação para o crime, que no momento da condenação ainda
persista
↝ Devem de ser tomados em conta os factos julgados em pais estrangeiro que tiverem
conduzido à aplicação de uma pena de prisão efectiva por mais de 2 anos, desde que a eles seja
aplicável, segundo a lei portuguesa, pena de prisão superior a 2 anos (art.83/4).
Exige-se que o agente tenha sido ou seja condenado em pena de prisão efectiva por
certo tempo ou em pena de prisão efectiva.
A aplicação da pena relativamente indeterminada não exige a condenação pelos crimes
anteriormente praticados, bastando-se com a sua prática: é pressuposto que a cada um dos
crimes anteriores tenha sido ou seja aplicada pena de prisão por certo tempo ou pena de prisão
efectiva.
2009/2010
Direito Penal III 71
▪ Pressuposto material
Para a aplicação da pena relativamente indeterminada é necessário que a avaliação
conjunta dos factos praticados e da personalidade do agente revele uma acentuada inclinação
para o crime, que no momento da condenação ainda persiste (art.83/1, in fine e art.84/1, in
fine)
√ Limites de duração
Aos “delinquentes por tendência grave” aplica-se uma pena relativamente
indeterminada que tem um mínimo correspondente a 2/3 da pena de prisão que concretamente
caberia ao crime cometido e um máximo correspondente a esta pena acrescida de 6 anos, sem
exceder 25 anos no total (art.83/2)
Aos “delinquentes por tendência menos grave” aplica-se uma pena relativamente
indeterminada que tem um mínimo correspondente a 2/3 da pena de prisão que concretamente
caberia ao crime cometido e um máximo correspondente a esta pena acrescida de 4 anos, sem
exceder 25 anos no total (art.84/2)
√ Alcoólicos e equiparados
Se um alcoólico, pessoa com tendência para abusar de bebidas alcoólicas ou pessoa que
abuse de estupefacientes praticar um crime a que devesse aplicar-se concretamente prisão
efectiva e tiver cometido anteriormente crime a que tenha sido aplicada prisão efectiva, é
punido com uma pena relativamente indeterminada sempre que os crimes tiverem sido
praticados em estado de embriaguez, estiverem relacionados com o alcoolismo ou com o abuso
de estupefacientes ou com a tendência do agente (art.86/1 e art.88).
A pena tem um mínimo correspondente a 2/3 da pena de prisão que concretamente
caberia ao crime cometido e um máximo correspondente a esta pena acrescida de 2 anos na 1ª
condenação e de 4 anos nas restantes, sem exceder 25 anos.
2009/2010
Direito Penal III 72
√ Execução
Em caso de aplicação de pena relativamente indeterminada, é elaborado, com a
brevidade possível, um plano individual de readaptação do delinquente com base nos
conhecimentos que sobre ele houver e sempre que possível, com a sua concordância, o qual
poderá sofrer, no decurso do cumprimento da pena, as modificações exigidas pelo progresso do
delinquente e por outras circunstâncias relevantes (art.89/3, CP e art.509/1/9, CPP).
Tratando-se de alcoólicos e de agentes que abusem de estupefacientes, a execução da
pena é orientada no sentido de eliminar o alcoolismo ou a toxicodependência do agente ou
combate a sua tendência para abusar de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes (art.87, 88).
√ Libertação do condenado
O tempo de pena relativamente indeterminada que o condenado deve efectivamente
cumprir nunca é fixado na decisão condenatória. É determinado já na fase de execução, uma
vez cumprido o limite mínimo legalmente fixado em função da medida da pena que ao crime
caberia segundo os critérios do art.71.
O tempo de pena efectivamente cumprido é determinado a partir das regras de execução
da pena de prisão, que funcionarão até ao momento em que se mostrar cumprida a pena que
concretamente coberta ao crime cometido e pelas regras de execução da medida de segurança
de internamento, a partir deste momento e até ao limite máximo da pena relativamente
indeterminada (art.90, CP e art.509/3/4/5/6, CPP).
2009/2010
Direito Penal III 73
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2009/2010