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11/11/2017 Política fiscal, monetária e cambial: qual a diferença? - Politize!

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ENTENDA A DIFERENÇA ENTRE


AS POLÍTICAS FISCAL,
MONETÁRIA E CAMBIAL

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No dia 29 de novembro de 2016, foi aprovada pelo Senado a PEC 55 – antes PEC
241. O texto estabelece um limite de gastos do governo pelos próximos 20 anos, a
ser corrigido pela in ação do ano anterior. Essa é uma medida de política  scal
que tem como o objetivo equilibrar as contas públicas, para que o país possa
superar a crise econômica.

Mas o que signi ca política scal? E quais outros tipos de políticas econômicas
podem ser utilizadas pelo poder público? Muito se discute nos meios de
comunicação sobre uma variedade de indicadores econômicos – in ação, dé cit
primário, carga tributária, taxa de câmbio, entre outros – que sinalizam possíveis
períodos de recessão e crescimento, mas pouco se elucida sobre a dinâmica
econômica e os efeitos das medidas tomadas pelo Estado.

O objetivo deste texto é esclarecer as diferenças entre política scal, cambial e


monetária, para melhor entendimento da conjuntura econômica e dos motivos
por que determinadas políticas são adotadas.

POLÍTICAS ECONÔMICAS
Toda ação tomada pelo governo através de instrumentos econômicos parte da
premissa de formular propostas para resolver ou minimizar os problemas
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econômicos presentes, zelando pelos interesses e bem-estar da população. A


função do governo é, portanto, atuar sobre determinadas variáveis e, através
dessas, alcançar resultados positivos no campo econômico, como redução da
in ação ou equilíbrio da balança de pagamentos.

As políticas econômicas dependem de um diagnóstico correto de quais são os


problemas econômicos existentes e da visão que os governantes têm sobre o
papel do Estado na sociedade. Logo, as principais divergências existentes na
condução dessas políticas são na esfera do pensamento econômico. Mas a
macroeconomia, de uma forma geral, segue uma lógica intuitiva. Em outras
palavras, pode existir discordância em relação a assuntos como o aumento da
taxa de juros ou se seria coerente aumentar os tributos, mas é indiscutível o efeito
que cada ação possui. A modi cação da taxa de juros altera a propensão dos
agentes econômicos a tomar empréstimos e a alteração da carga tributária afeta a
arrecadação do Estado.

Exatamente nesse ponto importante que entram em conjunto as diferentes


políticas econômicas, ao tentar corrigir distorções ou promover crescimento em
determinadas variáveis sem comprometer o desempenho de outras. É preciso
existir um equilíbrio entre as políticas  scal, cambial e monetária. E os principais
indicadores utilizados como padrão de equilíbrio são in ação, equilíbrio das
contas externas e crescimento da produção e do emprego.

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A seguir apresentamos o papel de cada uma das três principais políticas


econômicas do governo: política scal, monetária e cambial.

POLÍTICA FISCAL

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Este é o principal instrumento de política econômica do setor público.


Resumidamente, a política scal pode ser de nida como o planejamento
orçamentário do Estado. O orçamento nada mais é que a diferença entre as
receitas e despesas em um período. Quando as receitas são maiores que os
gastos, tem-se um superávit e quando as receitas são menores, um dé cit. A
receita é obtida através da arrecadação de impostos, enquanto as despesas são
mais variadas, contabilizando os gastos com pagamentos de funcionários,
construção e manutenção de escolas, hospitais, pagamentos de juros da dívida,
etc.

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As alterações de receita e gastos podem ser feitas em inúmeros segmentos da


economia. Pode-se diminuir a tributação para setores especí cos da indústria de
forma a incentivar o investimento daquele segmento, pode-se aumentar os gastos
com infraestrutura (rodovias, portos, sistema de transmissão de energia, etc), e
assim por diante.

E a dinâmica da política scal é mais ou menos a seguinte. Quando se tem um


superávit, existe a sinalização de que as contas estão sendo pagas e de que está
sobrando dinheiro, que pode ser utilizado para reduzir o estoque da dívida
pública, por exemplo. Além disso, o setor público teria uma folga para investir em
áreas precisam de impulso, ou então para reduzir impostos e estimular a
economia. Com a redução de impostos, sobra mais dinheiro para os agentes
consumirem ou investirem, o que aumenta o Produto Interno Bruto (PIB) – soma
de tudo que foi produzido no país. Da mesma forma que o aumento de
investimento direto por parte do governo tem a tendência de promover
crescimento do PIB.

Porém, o crescimento do PIB pode resultar em pressões in acionárias,


principalmente se for puxado pelo crescimento do consumo, pois o aumento da
demanda (procura) por produtos leva a um aumento do nível de preços (in ação).
Por isso, é necessária uma boa percepção da dinâmica econômica para entender o
que cada movimento do mercado ou do governo pode ocasionar.

POLÍTICA MONETÁRIA

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É o conjunto de medidas que o governo adota para controlar a oferta de moeda


conforme os interesses econômicos do país. Entende-se como oferta de moeda a
liquidez do ativo, a facilidade com que ele pode ser convertido em dinheiro.
Alguns tipos de investimentos nanceiros têm datas pré-estabelecidas para se
retirar a aplicação, tornando a sua liquidez menor. Uma liquidez menor ainda vale
para imóveis, por exemplo, que demandam maior tempo para venda, tornando
mais demorado o processo de ter aquela quantidade de dinheiro correspondente
ao valor do imóvel em mãos.

O que o governo faz é controlar a quantidade de dinheiro circulando de forma


“mais líquida” na economia. O Banco Central (BACEN), uma autarquia federal,
vinculada ao Ministério da Fazenda, é o responsável por esse controle. A famosa
Selic, que frequentemente aparece nos noticiários, é a taxa básica de juros. O
Bacen ao alterar a Selic altera a meta de taxa de juros que deseja alcançar, e para
isso, utiliza de alguns mecanismos para alterar os meios de pagamentos (oferta de
moeda). Na teoria, menor oferta de moeda circulando signi ca que esse ativo está
cando mais escasso, consequentemente a demanda por empréstimos sobe e
então, as instituições nanceiras aumentam os juros por estarem oferecendo um
produto que está sendo mais procurado pelo mercado (o empréstimo). Vale a
mesma regra para o processo inverso.

Como dito anteriormente, existem algumas ferramentas utilizadas pelo BACEN no


controle de oferta de moeda, que são: operações de mercado aberto (open
market), depósitos compulsórios, redescontos bancários e controle e seleção de
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crédito. Não se faz necessário detalhar cada instrumento, pois seria material para
um novo texto, mas o importante aqui é perceber que a oferta de moeda
controlada pelo banco central altera a taxa de juros para próximo da meta Selic.

Os juros por sua vez, in uenciam na atividade econômica e na in ação. Aqui no


Brasil, aplica-se o sistema de metas de in ação, em que o governo promove
esforços para atingir uma meta para a in ação anual. A taxa de juros tem papel
importante nesse sistema. Um aumento dessa taxa afeta as decisões de
investimento do empresariado e de consumo das famílias. Com taxas maiores
para se tomar empréstimos e arcar com custos de “carregar” seu estoque, o
empresário diminui seu investimento. As famílias, por sua vez, têm uma tendência
de preferir a poupança ao invés do consumo, uma vez que está mais caro parcelar
suas compras e pode estar sendo mais vantajoso deixar seu dinheiro aplicado
rendendo a juros altos (aplicações vinculadas aos juros são mais atrativas quando
estes estão altos, pois o retorno no futuro será maior).

A combinação de redução de investimentos e de consumo ocasiona uma redução


da atividade econômica do mercado. Com a redução da demanda, os preços caem
e a in ação, que é o índice geral de preços, também cai.

Portanto, esse é um mecanismo que controla o nível de preços para que


que dentro da meta. Porém, taxas de juros elevadas por um longo período
podem deixar de elevar o crescimento econômico (redução do crescimento do PIB
devido à redução da atividade econômica). O Estado, por sua vez, sofre com o
aumento do custo de rolagem da dívida, pois os juros altos aumentam o saldo
devedor da dívida interna ao longo do tempo, aumentando os gastos do governo –
 moderados pela política scal – e pressionando o dé cit público.

Para controlar a oferta de moeda, o BACEN pode também emitir papel moeda.
Mas essa não é uma prática utilizada, pois tende a aumentar a in ação, já que não
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existiria um crescimento da oferta de produtos e serviços que justi casse um


aumento da oferta de moeda. Em outras palavras, como não existiu um aumento
da riqueza do país, não há motivo para que se emita moeda.

POLÍTICA CAMBIAL

A política cambial, que por sua vez difere da política scal e da política monetária,
é baseada na administração das operações cambiais e da taxa de câmbio. São
utilizadas para controle das relações comerciais e nanceiras entre os agentes de
um determinado sistema econômico com outro externo, em outras palavras, de
seu país com outros países. No âmbito comercial, a situação de equilíbrio é
avaliada pela balança comercial, ao gerar saldo positivo ou negativo entre a
exportação e importação de bens e serviços. Já no âmbito nanceiro, o equilíbrio é
mensurado entre a quantidade de recursos (dólares) atraídos para o mercado
interno para pagamento das contas em dólares. A soma dos dois fatores resulta
em superávit ou dé cit da chamada Balança de Pagamentos.

Quanto maior a oferta de dólares em circulação na economia, mais o preço do


dólar será pressionado para baixo, por causa do excesso de oferta. Portanto, o
real ganha uma valorização frente ao dólar. O câmbio sinaliza quantos reais são
necessários para comprar um dólar. Em uma situação hipotética em que um dólar
custe R$ 2,00, e ocorra um excesso de oferta, como descrito acima, o dólar pode
passar a valer R$1,90. Nessa situação, diz-se que o câmbio foi valorizado, ou que o
real se valorizou.

A maioria dos países desenvolvidos adotam um regime de câmbio utuante,


onde a taxa de câmbio é determinada exclusivamente pela interação entre oferta
e demanda. Já no câmbio xo, uma taxa de câmbio é estipulada e o Banco Central
deve se virar para vender ou comprar dólares, a m de manter o câmbio
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inalterado. No caso brasileiro, utiliza-se de um regime híbrido: o governo atua


quando as oscilações ocorridas no mercado cambial podem comprometer
determinados objetivos da política econômica. Assim, se o dólar atinge um
patamar considerado muito elevado ou muito baixo, o Banco Central intervém.
Esse regime assemelha-se muito ao regime de bandas cambiais ou utuação suja.

Em uma situação hipotética, em que durante certo período as exportações foram


maiores que as importações, signi ca que entrou uma maior quantidade de
dólares no país do que saiu. Nesse caso, a tendência é uma pressão para a queda
do dólar frente ao real, valorizando o real e aumentando as reservas de dólares.
Numa situação contrária, onde se importa mais que se exporta, os dólares saem
mais do que entram do país. A oferta de dólares cai e então o real se desvaloriza.
O BACEN pode atuar comprando dólares, a m de manter um equilíbrio desejado
no câmbio.

Do ponto de vista das empresas brasileiras, o câmbio valorizado pode não ser
muito favorável. A baixa taxa de câmbio oferece maior facilidade para importar
produtos e serviços. Dessa forma, a balança comercial ca em dé cit. Isso
também atinge a competitividade do mercado nacional. No longo prazo, isso pode
signi car uma desvalorização da moeda, combinada com uma tendência de queda
do PIB por causa da queda da produção interna.

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CRISE ATUAL
A política scal é a principal ferramenta utilizada contra a atual crise econômica
brasileira porque afeta diretamente a demanda agregada (soma de consumo,
investimento, gastos públicos e exportações) e o nível de produto da economia,
pois o gasto público é a única variável dessa equação que é mudada com ações
diretas, e não através de medidas que favoreçam sua mudança, como ocorre com
as outras variáveis.

Hoje, no Brasil, está sendo aplicada uma política de austeridade, de contenção de


gastos públicos, que é considerada por neoliberais como saída para a redução do
dé cit orçamentário, de forma a organizar a casa. Mas parte dos economistas que
adotam a perspectiva keynesiana acredita que o corte dos gastos pode levar ao
agravamento da crise, afetando ainda mais as camadas desfavorecidas da
população.

Em suma, é fundamental entender que a política scal por si só pode não chegar a
um equilíbrio que possa proporcionar crescimento do PIB, do emprego e a
redução da in ação. Como foi visto, a própria taxa de juros, que é controlada pelo
lado monetário, pode contribuir para um crescimento do dé cit público. Por isso,
as políticas econômicas têm que atuar sempre em conjunto.

Publicado em 24 de janeiro de 2017. Última atualização em 14 de fevereiro de 2017.

Bruno Gonçalves Rodrigues

Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense. Atua


com planejamento e gestão orçamentária na instituição pública FIOCRUZ.

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Direito
O pro ssional formado em Direito pode atuar como advogado; juiz estadual, federal...
Estácio

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13 Comments Sort by Newest

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Daniel Tavares · UnP – Universidade Potiguar


Muito bom mano! Parabéns pelo trabalho.
Like · Reply · Oct 26, 2017 9:43pm

Suelen Baroni
Ótimo texto. Parabéns Bruno Gonçalves Rodrigues.
Like · Reply · 1 · Oct 10, 2017 12:17pm

Else Martins Dos Santos · PUC Minas


Obrigada, Bruno. Muito claro e didático seu texto. Gostaria, entretanto de uma análise
mais detalhada da crise.Qual seria a saída na sua opinião?
Like · Reply · Oct 8, 2017 12:14pm

Giese Souza · Salvador


#Parabéns
Like · Reply · Sep 14, 2017 10:16am

Giese Souza · Salvador


Muito bem elaborado esse texto.Peabéns
Like · Reply · Sep 14, 2017 10:16am

Michel Martins · Analista de Comercio Exterior. at Grupo Carajás


Ótimo texto! Mais uma vez muito bom para quem quer aprender de forma facil e
didática, super recomendo
Like · Reply · Sep 8, 2017 1:44pm

Luciana Moreira
Ótima explicação, bem didática.
Like · Reply · Aug 4, 2017 4:58pm

Valerina Biaguê
Estudante Guineensse de Escola Nacional de Administrção (ENA) Bissau, obrigada
pela essa vossa esposição maravilhosa gosto muito
Like · Reply · Jul 5, 2017 10:06am

Carolina Bittencourt · Universidade Federal da Bahia (UFBA)


Explicação maravilhosa! Muito obrigada!
Like · Reply · 1 · Jun 27, 2017 9:28pm

Gil Josiel Vieira · Executivo de Vendas at Hass Comunicação Visual


Muito top sua explicação.. foi mais fácil aprender aqui do que na sala de aula rs
Like · Reply · 2 · May 8, 2017 7:01pm

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