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Claudia Mascarenhas-Fernandes
Segundo Maleval2 o termo autismo ficará marcado por sua origem na clinica da
esquizofrenia, quando foi definido por Bleuler, para falar daquelas crianças que
se voltavam para elas próprias num mundo auto-erótico, “fica difícil até hoje
1
J. Hocchman, Histoire de l´autisme. Paris : Odile jacob, 2009. p. 27
2
J.C. Maleval
3
Idem, p. 10.
Um pouco da historia do autismo
seu território. Mas o autismo, nesse aspecto difere da idiotia, pois como
tomá-lo para si: quem tem a cura, quem tem o melhor tratamento, que
Uma primeira versão do autismo, portanto, foi cunhada por Bleuler em 1911,
que a define como uma função complexa em que a relação com a realidade é
adesão a uma nova realidade que vem recobrir a realidade tomada a distancia,
representa uma segunda spaltung, onde o sujeito não é apenas dividido, mas
4
Hocchman, idem.
5
Idem, p. 31.
6
J. Hocchman, Idem, p. 204.
A evolução do termo idiotia também derivou o termo esquizofrenia infantil. O
paciente Dick, que hoje em dia poderia ser classificado como autista, segundo
muito pouco pela etiologia da patologia de Dick, que considerava sofrendo, não
de demência precoce, mas o termo não era satisfatório porque esta era
Klein, que afirmava ser o tratamento da psicose infantil uma das principais
7
J. Hocchman, l´hisoire de l´autisme, idem, p. 323.
de proteção contra essa angustia. Lauretta Bender conjuga aspectos
O autismo foi visto por Bleurer e por Lauretta Bender também como um
esquizofrenia infantil, que aparece após certa latência e se manifesta por uma
como perturbação inata do contato afetivo, Hans Asperger publica sua tese
textos citada por Arn Van Krevelen (op. Cit Hocchman)8, é que Kanner
prolonga durante a vida adulta. Asperger inova no seu estudo sobre o exercício
intelectual do autista, difere de Kanner que acha que todos os autistas são
Margaret Mahler por sua vez fará uma diferença entre esquizofrenia infantil e
psicose infantil. Vai optar por usar o termo psicose infantil e assim diferenciar
uma criança que se mostra intrinsecamente capaz de fazer contato afetivo com
de origem fetal, e deste modo as diferencia das crianças que possuem uma
8
Idem, p.257
precoces e aparecem desde o primeiro ano de vida, essas crianças ficam
perturbados pelo outro. Essas crises ela interpreta como crises que tentam
categoria, depois de algumas criticas foi abandonada pela autora. Mahler faz
uma comparação interessante às crianças autistas, diz que elas são como
mágicos que fazem desaparecer tudo que esta em sua volta. Segundo a autora
ajuda, ela usa o termo que equivaleria ao termo “seduzir”. Acredita que
principalmente em relação aos pais, para evitar dar falsas esperanças, pois
Os últimos debates
Depois de trinta anos de trabalho da corrente psicodinâmica e psicopatológica,
evolutivo, ligado a vários agentes patógenos, que mesmo que ainda possam
autista um ser passivo, que, considerado autista um dia, sempre será autista.
Essa orientação se inicia nos anos 60 nos Estados Unidos. Em 1971 Kanner
funda, a pedido de um pai de autista e editor, uma revista Journal of autism and
estavam entres seus autores. Mas cinco anos mais tarde, sem nenhuma
famílias foi se tornando cada vez mais uma opinião científica, chegando a
A psicanálise que tratou durante trinta anos os autistas era a única via na
época que poderia salvar a criança autista de uma internação e ali os pais e
crianças tinham uma escuta, porém isso poderia se reverter contra a própria
psicanálise, dado que escutar os pais e as crianças faria ela própria parecer
diante de uma criança autista. Mas de todo modo o que parecia mais complexo
era admitir que não era a psicanálise que inventava esses fantasmas, caso
eles aparecessem. Para as famílias começa a ficar mais fácil tratar seus filhos
evolutivo. O que precisa ficar claro aqui, que talvez não o seja para essas
que se não temos meios científicos para trabalhar e conhecer a mente humana,
ocorrer novamente e ao mesmo tempo, cria condições que podem ser sentidas,
profundamente autista. Mas é Lovaas que se mostra mais audacioso, ele que
Young Autism Project - UCLA YAP, de 1970 à 1984. Nesse estudo sete dos
estudo do seguimento em 1993, o que faz pensar a pesquisa como sendo mais
mínimo dois anos. Os resultados foram que nove dessas crianças não
9
Victoria SHEA, Revue commentée des articles consacrés à la méthode ABA (EIBI : Early intensive
behavioral intervention) de Lovaas, appliquée aux jeunes enfants avec autisme, Chapel Hill, Caroline du
Nord, USA – 2004.
- Os grupos experimentais não eram representativos da população de
administradas simultaneamente.
independentes da pesquisas.
È notório que o enigma da criança autista provoca dificuldades até mesmo para
generalização, o que vai acarretar sempre uma busca para escrever sobre o
analista.