You are on page 1of 42

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ESTRUTURAS DE EDIFÍCIOS
Manual de Apoio ao Trabalho de Projecto
-
DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR DO TEXTO

Versão DRAFT 00-G

2006-2007
-
Pedro Pacheco
Nelson Vila Pouca
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................3

2 CONVENÇÕES .............................................................................................................................................4

3 INTERPRETAÇÃO DOS DESENHOS DE ARQUITECTURA.......................................................................5

4 PARTES CONSTITUINTES DE UM PROJECTO .........................................................................................9

5 ORGANIGRAMAS DE PROJECTOS TIPO.................................................................................................12

6 METODOLOGIA DE TRABALHO................................................................................................................14

7 RECOLHA DE INFORMAÇÃO PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJECTO..............................................15

8 CONCEPÇÃO..............................................................................................................................................16

9 PRÉ-DIMENSIONAMENTO.........................................................................................................................36

10 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................42

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 2
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

1 INTRODUÇÃO

1.1 Este documento foi elaborado para introduzir aos alunos da Licenciatura uma perspectiva
integrada do desenvolvimento e verificação de Projectos de Estruturas.

1.2 “Estruturas de Edifícios” é uma disciplina de síntese. Considera-se fortemente aconselhável


que o aluno domine minimamente as disciplinas de Resistência de Materiais, Materiais de
Construção, Física das Construções, Mecânica dos Solos, Teoria das Estruturas e Betão Armado.
Sendo ainda vantajoso o domínio de Estruturas Metálicas.

1.3 Trata-se de uma VERSÃO PRELIMINAR E PARCIAL, que deve por isso ser utilizada como
tal. Vários aspectos deverão ser revistos e completados, entre outros, as remissões às referências.

1.4 O objectivo da metodologia proposta é contribuir para uma eficaz apreensão dos mais
comuns procedimentos de projecto, procurando incutir hábitos metodológicos de eficácia e controlo
de qualidade, o que é a mais eficaz forma de reduzir o risco associado à actividade de projecto.

1.5 A sua utilização num ambiente profissional é da integral responsabilidade do leitor e não
dispensa que o mesmo desenvolva todas as acções que entender necessárias, da forma que como
profissional considerar mais adequado, estejam ou não incluídas no presente documento.

1.6 São introduzidos conceitos, porventura subjectivos, que se julgam úteis para a formação
profissional do aluno. Concretamente são listadas indicações de hábitos profissionais que se
consideram passíveis de serem seguidas pelos alunos desde já.

1.7 Irá o aluno concluir, depois da leitura deste Manual, mas mais ainda depois da realização do
seu “primeiro projecto”, que um dos aspectos mais importantes – se não o mais importante – na
actividade de projecto é o “BOM SENSO”. Nunca deverá deixar de o procurar…

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 3
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

2 CONVENÇÕES

2.1 Na ausência de um critério de Designação dos pisos imposto pela Arquitectura, deverá ser
adoptada a seguinte convenção:
Piso K

Piso 3

Piso 2

Piso 1

Piso 0

Piso -1

2.2 A representação de plantas (de arquitectura e estruturais) obedece a critérios diferentes: a


arquitectura representa “vistas de cima” e a estrutura representa “vistas de baixo” excepto no caso
de lajes térreas e fundações:

Planta de Arquitectura do Piso 1

Planta Estrutural do Piso 1

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 4
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

3 INTERPRETAÇÃO DOS DESENHOS DE ARQUITECTURA

3.1 Escadas

Os degraus são representados a cheio pois são vistos de cima.

Acesso do Piso K-1 Corte (intercepção


para o Piso K do plano de
representação com
o plano inclinado
das escadas)

Acesso do Piso K
para o piso K+1

Acesso ao Piso K

3.2 Couretes
Forra da Courete
(alvenaria)
Negativo da Courete

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 5
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

3.3 Vãos envidraçados

Fachada de Vidro
(janela)

3.4 Armário de Contadores e Compartimento Corta-fogo

Armário de Compartimento
Contadores Corta-fogo

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 6
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

3.5 Paredes de alvenaria

Parede
Exterior
(Fachada)

Parede
Divisória

3.6 Pé-direito e pé-direito útil

h H

H – pé-direito

h – pé-direito útil

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 7
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

3.7 Pilares

Pilar

Revestimento
do Pilar

3.8 Aspectos relevantes a analisar no projecto de arquitectura

3.8.1 Identificação inequívoca dos contornos dos pavimentos (limites de laje do piso) em cada
piso.

3.8.2 Identificação de eventuais desníveis dos pavimentos a partir das cotas definidas em planta e
do cruzamento da informação dos cortes/alçados. Deve ser dada especial atenção ao piso 0,
no qual os desníveis dos pavimentos interiores são frequentes pois proporcionam uma
comunicação mais eficiente com o exterior quando existem variações de cota na envolvente
do edifício.

3.8.3 Identificação dos revestimentos dos pavimentos e da cobertura para uma correcta avaliação
de cargas a considerar no dimensionamento da estrutura. Nos casos em que zonas de
circulação exterior do edifício são realizadas com laje (normalmente lajes de cobertura de
garagens) os revestimentos destas zonas devem ser claramente identificados, em particular
quando se prevêem coberturas em terra para zonas ajardinadas.

3.8.4 Identificação de elementos particulares que merecem especial atenção por implicarem
soluções e elementos estruturais específicos, como por exemplo, zonas técnicas com
equipamentos pesados (consultórios, unidades de diagnóstico médico, Shillers, UTA´s, etc),
depósitos de água, piscinas.

3.8.5 Identificação da necessidade de elementos estruturais de contenção de terras.

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 8
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

4 PARTES CONSTITUINTES DE UM PROJECTO

4.1 PEÇAS ESCRITAS

4.1.1 Memória descritiva.

Contempla os seguintes pontos:

4.1.1.1 Descrição da Obra;

4.1.1.2 Condicionantes (Implantação, Topografia, Geotecnia, etc.);

4.1.1.3 Pressupostos de Projecto (Elementos fornecidos, Nível de Qualidade, Durabilidade, etc.);

4.1.1.4 Descrição da solução estrutural;

4.1.1.5 Regulamentação adoptada – caso existam critérios “pedidos” pelo DO explicitar;

4.1.1.6 Acções de dimensionamento – síntese;

4.1.1.7 Materiais – explicitação e justificação sustentada das escolhas; ®

4.1.1.8 Descrição de Processos Construtivos Especiais – com definição clara de responsabilidade


(Projectista ou Empreiteiro); Referência, caso se aplique, a escoramentos de demolições.

4.1.1.9 Equipe que elaborou o Processo;

4.1.1.10 Data;

4.1.1.11 Assinatura do Responsável.

4.1.2 Memória de cálculo

4.1.2.1 Resumo selectivo da Memória Descritiva

4.1.2.2 Materiais (descrição, propriedades, etc.) ou omitir no caso da informação da MD ser


suficiente.

4.1.2.3 Acções de dimensionamento – descrição detalhada, omitir no caso da informação da MD


ser suficiente.

4.1.2.4 Descrição detalhada dos pressupostos de cálculo.

4.1.2.5 Descrição detalhada dos meios informáticos e dos modelos de cálculo.

4.1.2.6 Compilação criteriosa de dados e resultados, por capítulos

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 9
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

O leitor deve poder compreender toda a informação e deve ter informação para, se quiser,
reproduzir todo o cálculo. Deve ainda ter informação para verificar explicita ou implicitamente a
segurança de qualquer elemento estrutural. Normalmente esta compilação é organizada por grupos
de elementos estruturais.

4.1.3 Caderno de Encargos

4.1.3.1 Condições técnicas - As condições técnicas devem definir as formas de realização dos
trabalhos e as exigências que os permitem qualificar em “conformidade” ou em “não
conformidade”. As condições técnicas caracterizam todos os trabalhos necessários para a
execução da empreitada, nomeadamente de transporte, fornecimento, armazenamento,
montagem e fabrico ou execução. Incluem tipicamente os seguintes capítulos:

4.1.3.1.1 Preâmbulo

4.1.3.1.2 Condições técnicas gerais

4.1.3.1.3 Condições Técnicas Especiais

4.1.3.2 Mapa de trabalhos

4.1.3.3 Critérios de Medição

4.1.3.4 Descrição dos Artigos de Medição – usar como base documento validado AM.doc

4.1.3.5 Estimativa orçamental da empreitada (não obrigatório)

4.1.4 Lista de desenhos

4.2 PEÇAS DESENHADAS

Informação em todos os desenhos: rosto com numeração, data, objecto, Quadro de Materiais, Notas
Gerais e Notas específicas, Referências a outros desenhos. Usar escalas adequadas para
pormenores de zonas críticas;

4.2.1 Plantas Estruturais

4.2.1.1 As plantas estruturais são um elemento fundamental do Projecto. Para além das
informações do rosto, devem incluir as seguintes informações:

4.2.1.1.1 Sistema de eixos de referência devidamente cotado;

4.2.1.1.2 Representação clara e inequívoca da estrutura de acordo com as normas de desenho técnico
(escalas correntes 1/50 a 1/100);

4.2.1.1.3 Designação de todos os elementos representados;

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 10
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

4.2.1.1.4 Cotas suficientes para definir inequivocamente a geometria (altimétricas e planimétricas);

4.2.1.1.5 Representação inequívoca de negativos, rampas e escadas;

4.2.1.1.6 Indicação clara e inequívoca de planos a cotas diferentes (se for caso disso com indicação de
cotas altimétricas);

4.2.1.1.7 Desenho de pormenor ou referências a desenhos de pormenor em zonas de representação.

4.2.2 Cortes Estruturais

4.2.2.1.1 Devem incluir a mesma informação das Plantas Estruturais. Os cortes estruturais são essenciais
para clarificar eventuais ambiguidades na representação em planta. São exemplos desta situação,
zonas de desníveis de pavimentos com uma única viga a servir de ligação às lajes desniveladas ou
com duas vigas independentes a apoiarem cada uma das lajes desniveladas. Neste último caso, na
representação em planta as vigas independentes aparecem sobrepostas o que pode suscitar
dúvidas na sua identificação.

4.2.3 Desenhos de pormenor de elementos estruturais

4.2.3.1.1 Representação clara e inequívoca da estrutura de acordo com as normas de desenho técnico
(escalas correntes de 1/20, 1/50 e 1/100, em casos particulares 1/10 ou outras);

4.2.3.1.2 Sistema de eixos devidamente cotado em cada elemento;

4.2.3.1.3 Designação de todos os elementos representados;

4.2.3.1.4 Cotas (altimétricas e planimétricas) suficientes para definir inequivocamente a geometria;

4.2.3.1.5 Representação clara das armaduras, da sua localização, e dos seus comprimentos e número de
unidades.

4.2.3.1.6 Referência a pormenores tipo quando aplicável.

4.2.4 Pormenores Gerais

Referem-se a elementos estruturais ou a pormenores tipo que se repetem ou que abrangem vastas zonas de
um edifício.

4.2.4.1.1 Devem incluir a mesma informação dos Desenhos de pormenor de elementos estruturais.

4.3 PEÇAS INFORMÁTICAS

4.3.1 CD´s com Peças Escritas e Peças Desenhadas em ficheiros compatíveis

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 11
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

5 ORGANIGRAMAS DE PROJECTOS TIPO

5.1 Organigrama do Trabalho de Projecto

Projecto Base de

Projecto de
Execução de
Estudo Prévio de
Estruturas

Estruturas

Estruturas
Entrega do Projecto de Base Arquitectura
Concepção
Pré-dimensionamento
Cálculo (recurso a ferramentas de cálculo automático)
Dimensionamento (verificação de segurança)
Pormenorização e Desenho
Redacção das Peças Escritas
Entrega do Relatório

5.2 Organigrama de um projecto corrente


de Arquitectura

de Arquitectura
Estudo Prévio

Estudo Prévio

Projecto Base

Projecto Base
de Estruturas

de Estruturas

Execução de

Execução de
Arquitectura

Arquitectura
Projecto de

Projecto de

Assistência

Assistência
Técnica de

Técnica de
Estruturas

Estruturas
Inicio do Projecto de Arquitectura
Adjudicação do Projecto de Estruturas (PE)
Visita ao local da Obra - Caracterização da edificação existente
Entrega do Processo de Consulta para realização do Estudo Geotécnico
Reunião com o DONO DE OBRA para estabelecer permissas de Projecto
Estabilização dos Estudos Prévios das Especialidades
Aprovação do Projecto de Licenciamento de Arquitectura
Adjudicação do Estudo Geotécnico
Realização do Estudo Geotécnico
Análise do Estudo Geotécnico pelos Projectistas
Reunião de Coordenação Geral - aprovação de opções base de Projecto
Entrega dos Estudos Prévios das Especialidades
Estabilização do Projecto Base de Arquitectura
Entrega de Ficheiros do Proj. Base de Arquitectura ao PE
Desenvolvimento dos Projectos Base das Especialidades
Aprovação do Projecto Base pelo Dono de Obra
Entrega dos Projectos de Licenciamento das Especialidades
Estabilização de Desenhos Gerais de Arquitectura - Projecto de Execução
Desenvolvimento dos Proj. de Licenciamento das Especialidades
Conclusão do Projecto de Concurso/Execução de Arquitectura
Conclusão do Projecto de Concurso/Execução do Projecto de Estruturas
Conclusão do Projecto de Concurso/Execução das Especialidades
Lançamento do Concurso Global de todas as Empreitadas
Consignação
Início da Obra
Obra - Assistência Técnica de Estruturas e Arquitectura
Fim de Obra
Produção de Telas finais

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 12
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

5.3 Organigrama de um projecto complexo

de Arquitectura

de Arquitectura
Estudo Prévio

Estudo Prévio

Projecto Base

Projecto Base
de Estruturas

de Estruturas

Execução de

Execução de
Arquitectura

Arquitectura
Projecto de

Projecto de

Assistência

Assistência
Técnica de

Técnica de
Estruturas

Estruturas
Inicio do Projecto de Arquitectura
Adjudicação do Projecto de Estruturas (PE)
Visita ao local da Obra - Caracterização da edificação existente
Entrega do Processo de Consulta para realização do Estudo Geotécnico
Reunião com o DONO DE OBRA para estabelecer permissas de Projecto
Estabilização dos Estudos Prévios das Especialidades
Elaboração do Programa do Empreendimento
Aprovação do Projecto de Licenciamento de Arquitectura
Adjudicação do Estudo Geotécnico
Realização do Estudo Geotécnico
Análise do Estudo Geotécnico pelos Projectistas
Reunião de Coordenação Geral - aprovação de opções base de Projecto
Projectos de escavação, de demolição e contenção periférica
Compatibilização final de Estudos Prévios
Entrega do Estudo Prévio de Estruturas
Entrega dos Estudos Prévios das Especialidades
Análise dos Estudos Prévios das Especialidades pelo Dono de Obra
Tomadas de decisão do Dono de Obra
Concurso de Demolição/Escavação e Contenção Periférica
Negociação e Adjudicação da Empreitada de Demolição/Escavação/Contenção
Obra de Demolição/Escavação/Contenção
Assistência Técnica à Obra de Demolição/Escavação/Contenção
Estabilização do Projecto Base de Arquitectura
Entrega de Ficheiros do Proj. Base de Arquitectura ao PE
Desenvolvimento dos Projectos Base das Especialidades
Entrega do Projecto de Arquitectura ao DONO DE OBRA
Análise preliminar do Projecto pelo DONO DE OBRA
Aprovação do Projecto Base pelo Dono de Obra
Entrega dos Projectos de Licenciamento das Especialidades
Estabilização de Desenhos Gerais de Arquitectura - Projecto de Execução
Entrega de Ficheiros do Proj. Exec (D. Gerais) de Arquitectura ao PE
Desenvolvimento dos Proj. de Licenciamento das Especialidades
Análise e Aprovação dos Projectos das Especialidades
Emissão da Licença de Obra
Conclusão da Versão Base dos Projectos de Concurso/Execução de Arquitectura e Especialidades
Análise intercalar do Projecto
Análise final do Projecto
Aprovação global do Projecto pelo DONO DE OBRA
Conclusão do Projecto de Concurso/Execução de Arquitectura
Entrega do Projecto de Concurso/Execução de Arquitectura
Conclusão do Projecto de Concurso/Execução do Projecto de Estruturas
Lançamento do Concurso do Projecto de Estrturas
Conclusão do Projecto de Concurso/Execução das Especialidades
Concurso e Adjudicação da Empreitada de Estruturas
Análise dos Projectos de Execução pela DONO DE OBRA
Ajuste dos Projectos em consonância com análise da DONO DE OBRA
Preparação do Concurso Global de todas as Empreitadas restantes
Lançamento do Concurso Global de todas as Empreitadas restantes
Consignação
Início da Obra
Obra - Assistência Técnica de Estruturas e Arquitectura
Conclusão da empreitada de Estruturas - "PAU DE FILEIRA"
Obra - Assistência Técnica das Especialidades e Arquitectura
Fim de Obra
Produção de Telas finais de Estruturas
Produção de Telas finais de Arquitectura
Produção de Telas finais das Especialidades

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 13
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

6 METODOLOGIA DE TRABALHO

6.1 Aspectos gerais - Antes de iniciar o trabalho, uma equipe de projecto deve fixar uma
metodologia de trabalho que compreenda o Planeamento, a Gestão da Informação e o Controlo de
Qualidade. Devem ser atendidos os pontos fundamentais a seguir mencionados.

6.2 Planeamento de Produção

6.2.1 Identificação de fases

6.2.2 Identificação de tarefas

6.2.3 Quantificação da duração das tarefas

6.2.4 Quantificação da duração das fases

6.2.5 Estudo da sequência de tarefas em cada fase

6.2.6 Divisão de tarefas

6.2.7 Planeamento – relaciona disponibilidades, cargas horárias, duração de tarefas e prazos.

6.2.8 Controlo de Planeamento – verificação sistemática do planeamento

6.2.9 Tomada de decisões para controlo do processo (desvios ao planeamento)

6.3 Organização e processamento da Informação

6.3.1 Fixar critérios de projecto

6.3.2 Sistema de designação e de numeração histórica

6.3.3 Sistema de arquivo ou armazenamento informático da informação

6.3.4 Procedimentos de transmissão de informação

6.3.5 Identificação sistemática de questões pendentes

6.3.6 Resolução sistemática de questões pendentes

6.4 Controlo de Qualidade

6.4.1 Verificação por amostragem

6.4.2 Validação intercalar de peças e validação final das peças.

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 14
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

7 RECOLHA DE INFORMAÇÃO PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJECTO

7.1 Num projecto “real” deverão ser solicitados, recolhidos e organizados os seguintes elementos
(quando aplicável):

7.1.1 Projecto de Arquitectura Actualizado

7.1.2 Levantamento topográfico 1:200/1:100

7.1.3 Levantamento de possibilidades de integração do estaleiro

7.1.4 Levantamento de patologias

7.1.5 Estudo Geotécnico – averiguação da homogeneidade do tipo de solos ou rochas em causa

7.1.6 Levantamento das construções vizinhas

7.1.7 Levantamento de infra-estruturas e construções enterradas na vizinhança

7.1.8 Levantamento de linhas de água – recentes e antigas

7.1.9 Recolha de informação sobre contaminação de águas e solos

7.1.10 Recolha de informação sobre futuras edificações

7.1.11 Fotografias

7.1.12 Observação crítica das acções específicas da Obra ou de partes da Obra – acções
acidentais (p. ex. embate de viaturas em pilares), vandalismo, impulsos de terra, “cheias”,
fogo, neve, alterações futuras da Obra, e em certos casos pontuais, acções terroristas em
estruturas de importância elevada, etc.

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 15
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8 CONCEPÇÃO

8.1 SÍNTESE

A concepção é uma fase primordial do projecto de estruturas, sendo reconhecido que esta fase não
só direcciona todo o projecto nas vertentes funcional, construtiva e económica como muitas vezes
está na origem de graves patologias. Por esse motivo deve ser encarada com elevado sentido
crítico. O aluno (futuro projectista) deve também ter presente que esta é a fase mais difícil do
projecto pelo que nos primeiros anos de actividade deve encarar a mesma com particular prudência.

8.1.1 Pressupostos: a concepção é realizada durante e/ou após a elaboração do estudo prévio (ou
do projecto base) de arquitectura, sendo desenvolvida a partir da “ideia” do arquitecto ou dos
desenhos de arquitectura.

8.1.2 Objectivos: a concepção tem como objectivo a viabilização da arquitectura sendo


concretizada pela proposta de uma solução estrutural que pressupõe a definição geral da
geometria da estrutura, dos sistemas estruturais e a escolha prévia dos materiais. Importa ter
presente que a solução arquitectónica (projecto base de arquitectura) não deve ser
viabilizada a “qualquer preço”, podendo conduzir a uma solução estrutural deficiente. Como
exemplos, podem referir-se situações em que as imposições arquitectónicas conduzem a
estruturas muito deformáveis (elementos de grande vão e pequena espessura), ou a
estruturas com grande irregularidade (variação acentuada de rigidez em planta e/ou em
altura).

8.1.3 Procedimento: a concepção pode ser elaborada de múltiplas formas o que depende muito do
projectista e da sua experiência, no entanto, compreende sistematicamente as seguintes
fases: estudo profundo da arquitectura, consideração de soluções alternativas para
problemas gerais e específicos, adopção de soluções.

8.1.4 Múltiplas soluções – a concepção é caracterizada por ser um problema com múltiplas
soluções, podendo várias ser adequadas e podendo haver outras menos adequadas (este é
um aspecto essencial e que normalmente o aluno encara com dificuldade, pelo que merece
alguma reflexão).

8.1.5 Importância: a concepção é fundamental na medida em que condiciona todo o projecto. Se


uma estrutura for mal concebida, mesmo que todas as fases subsequentes sejam
desenvolvidas com excelência, o resultado é negativo.

8.1.6 Dificuldade: a concepção é, normalmente, a fase mais difícil do projecto. Um dos factores
mais importantes é a experiência.Na ausência dessa experiência dos “alunos”, neste manual
são apresentadas uma série de indicações que incorporam em si a experiência de muitos
projectistas, sendo algumas “regras gerais de concepção”.

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 16
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.1.7 Resultado: o resultado da concepção são desenhos simplificados que caracterizam a


geometria da estrutura e que contemplam a respectiva definição de materiais.

8.2 ASPECTOS GERAIS

8.2.1 Para além dos aspectos específicos de concepção que cada edifício tem e dos aspectos
multidisciplinares que condicionam a concepção (aspectos de Coordenação), devem ser
cuidadosamente analisados e ponderados factores como:

8.2.2 Escolha de Materiais (atender a capacidade técnica de potenciais empreiteiros, relação


custo/benefício de materiais de melhor qualidade, exigências arquitectónicas e funcionais,
existência de stocks no mercado, etc.).

8.2.3 Inclusão de Juntas; ver dimensão das juntas caso existam, e ver diferentes implicações;

8.2.4 Contraventamento (nós fixos sempre que possível);

8.2.5 Facilidade e viabilidade construtiva (deve-se ter uma noção clara de como a estrutura vai ser
construída);

8.2.6 Analisar efeitos de impulsos de terras – ver viabilidade de caminhos de forças até fundações;

8.2.7 Avaliar se geotecnia/geologia do terreno não afecta soluções previstas;

8.2.8 Averiguar se elementos sujeitos a acções horizontais têm carga vertical suficiente;

8.2.9 Verificar se dimensões previstas dos elementos mais comuns são viáveis (ELU, ELS e
construtivamente);

8.2.10 Verificar se a solução prevista não conduz a deformações excessivas (especialmente vigas,
lajes e de uma forma geral consolas);

8.2.11 Verificar vibrações em elementos flexíveis;

8.2.12 Verificar efeitos de deformações impostas (cuidado com elementos flexíveis ligados a
estruturas rígidas);

8.2.13 Verificar se não há elementos sujeitos a acções horizontais a interceptarem zonas


intermédias de pilares;

8.2.14 Avaliar rácios do tipo de solução adoptada (esta avaliação requer experiência que os alunos
não têm, no entanto o cumprimento geral das indicações de concepção que são dadas neste
documento já assegura implicitamente soluções economicamente razoáveis);

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 17
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.2.15 Verificar se as opções de base atendem não só a indicações regulamentares como aos
critérios específicos que o Dono de Obra pretende que sejam verificados (no futuro);

8.3 INDICAÇÕES DE CONCEPÇÃO PARA ESTRUTURAS PORTICADAS COM LAJES


ALIGEIRADAS DE VIGOTAS PRÉ-ESFORÇADAS (pilares, vigas e lajes)

Para além dos aspectos gerais referidos no ponto anterior devem ser atendidos os seguintes
aspectos e/ou passos indicativos e não vinculativos (sendo certo que há sempre excepções que
devem ser devidamente ponderadas):

8.3.1 Indicações para inserção de pilares

Fazer em planta uma inserção de pilares que atenda aos aspectos a seguir apresentados. O
objectivo deste procedimento é idealizar uma solução estrutural que assegure um percurso
consistente e razoável de todas as cargas verticais até às fundações.

8.3.1.1 Iniciando a concepção pelo piso tipo, procurar colocar pilares em todos os vértices do
contorno das lajes, com excepção de zonas avançadas e varandas, onde se admitem
consolas.

8.3.1.2 Os pilares devem ser preferencialmente localizados em paredes de alvenaria ou em zonas


já previstas na arquitectura.

8.3.1.3 Atendendo à arquitectura do piso k inserir uma malha de pilares, com a máxima
regularidade possível e procurando formar pórticos. Para esse efeito “a consideração da
arquitectura” é um factor subjectivo, sendo no entanto evidente que são indesejáveis pilares
que se localizem em espaços amplos, em circulações, em vãos de fachadas, etc. E
podendo eventualmente ser toleráveis pilares salientes em paredes ou fachadas.

8.3.1.4 Procurar que a malha dos pilares conduza indirectamente a painéis de lajes com vãos
máximos inferiores a 6.0 m / 6.5 m e a vigas com vãos máximos inferiores a 6.0 m / 7.0 m.
No caso de se anteverem vigas embebidas esses vãos deverão ser substancialmente
reduzidos (frequentemente menores do que 4.5 m) e verificados caso a caso;

8.3.1.5 Repetir procedimento para restantes pisos de forma a viabilizar cada um separadamente.

8.3.1.6 Sendo comum não se verificar em todos os casos a correspondência das soluções prévias
para os vários pisos, torna-se necessário iniciar um estudo de compatibilização de forma a
que os pilares tenham perfeita continuidade vertical desde as fundações até à sua cota
superior. Esse estudo passa muitas vezes pela definição de “áreas de possível inserção de
pilares”, em que as soluções resultam da verificação da sobreposição dessas áreas em
plantas sobrepostas (zonas de intercepção).

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 18
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.3.1.7 A definição implícita de painéis (pode haver mais de uma solução para uma mesma malha
de pilares) deve atender também ao respeito altimétrico da arquitectura - concretamente
devem evitar-se vigas salientes (com vãos tipicamente superiores a 4.5 m) em espaços
nobres: salas, circulações ou mesmo quartos (dependendo do tipo de arquitectura).

8.3.1.8 A inserção de pilares no contorno do edifício deve contemplar a idealização de uma


estrutura rígida de sustentação das Fachadas. Frequentemente os pórticos das fachadas
incluem vigas “altas” que minoram deformações causadoras de patologias muito
frequentes. Em geral, nos casos em que existem caixas de estores, é conveniente explorar
a máxima altura disponível para as vigas (normalmente vigas com 0.5m a 0.6m)
conferindo-se assim maior rigidez a estes pórticos de fachada.

8.3.1.9 Na fase de inserção de pilares devem desde logo ser pensadas e “marcadas” paredes ( ou
núcleos resistentes) que vão assegurar o contraventamento do edifício. Esses elementos
que carecem de verificações posteriores são também colaborantes na sustentação vertical
de vigas e lajes (pelo que dispensam a inserção de alguns pilares).

8.3.1.10 A implementação de pilares deve atender a uma previsão das suas dimensões mínimas e à
compatibilidade de inserção dos mesmos na arquitectura atendendo à espessura dos
elementos arquitectónicos.

8.3.1.11 Na inserção de pilares devem ser atendidos os casos de desníveis nas lajes –
especialmente no piso 0. A não continuidade das lajes pode implicar a inserção de
elementos estruturais adicionais para a sua viabilização. Os desníveis, frequentes no piso 0
resultando da compatibilização de cotas da envolvente exterior do edifício, devem
preferencialmente ser realizados com uma única viga a ligar as lajes desniveladas do
pavimento. Estas vigas devem merecer cuidados especiais de pormenorização das
armaduras.

8.3.1.12 A compatibilização da posição dos pilares nos pisos enterrados de garagem com a
viabilização dos caminhos de circulação e dos lugares de estacionamento previstos na
arquitectura revela-se muitas vezes extremamente difícil. Neste processo de
compatibilização devem ser ensaiadas várias soluções estruturais (com diferente
posicionamento de pilares ainda que com prejuízo de aspectos arquitectónicos e /ou
funcionais dos pisos superiores) e várias soluções de arranjos de lugares de
estacionamento.

8.3.1.13 O processo de inserção de pilares é um processo iterativo que pressupõe a verificação


progressiva da sustentação de todos os painéis de lajes e vigas e porventura de outros
elementos estruturais (p. ex. escadas) com vão razoáveis.

8.3.1.14 O processo de inserção de pilares nos vários pisos compreende sistematicamente várias
iterações nas quais a solução vai “amadurecendo” com a verificação dos vários critérios e

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 19
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

com a implementação implícita de vigas, vigas embebidas e painéis de lajes que devem
responder de forma integrada aos vários critérios apresentados.

8.3.1.15 Não raras vezes, a solução final passa por recorrer a soluções de recurso em casos
pontuais. Essas soluções de recurso não são mais do que soluções que desrespeitam uma
ou mais das regras anteriormente apresentadas. Por exemplo, em certos casos pontuais
podem inserir-se pilares que “nascem” de vigas, não respeitando por isso o princípio geral
da “perfeita continuidade vertical desde as fundações até à sua cota superior”.

8.3.1.16 Com alguma frequência este referido princípio também é “desrespeitado” na sustentação da
laje de cobertura. Havendo uma diferença substancial entre a planta dessa laje e a planta
do piso imediatamente inferior, podem inserir-se pilares a “nascer” de vigas (ou mesmo de
lajes) que por terem cargas reduzidas, não provocam esforços excessivos nos elementos
que os sustentam. Naturalmente verificações adicionais são muitas vezes necessárias
nestes casos (esforço transverso e punçoamento).

8.3.1.17 Ainda na fase de inserção de pilares pode ser conveniente – para a tomada de decisões
críticas – a realização de cálculos expeditos de pré-dimensionamento, de forma a verificar a
viabilidade das soluções consideradas.

8.3.2 Indicações especificas para inserção de lajes

A inserção de painéis de lajes fica implicitamente definida pelos procedimentos anteriores, no


entanto devem atender-se às seguintes indicações específicas:

8.3.2.1 As lajes aligeiradas de vigotas são marcadamente vocacionadas para “trabalhar” com
“momentos positivos”. Apesar de poderem assumir momentos negativos de continuidade
(de grandeza reduzida) em caso algum devem ser usadas para realizar consolas.

8.3.2.2 As lajes aligeiradas têm baixa rigidez (em termos relativos), assim, em zonas com elevada
concentração de esforços, por exemplo junto de núcleos resistentes ou junto de negativos,
é frequente inserirem-se zonas maciças (patamares no piso com ligação à caixa de
elevadores e às escadas).

8.3.2.3 As lajes aligeiradas têm baixa rigidez no seu plano (em particular na direcção perpendicular
às vigotas), assim, nos pisos enterrados sujeitos a esforços elevados no seu plano
(situações com duas ou mais caves) deve evitar-se a utilização deste tipo de lajes nestes
pisos. No caso de utilização deste tipo de pavimentos nestes pisos é essencial melhorar a
rigidez no plano através da inserção de vigas nas duas direcções.

8.3.2.4 Dependendo das decisões de coordenação geral (arquitectura – instalações hidráulicas –


instalações mecânicas – estrutura) podem ser inseridos painéis de lajes desnivelados para

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 20
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

acomodar equipamentos hidráulicos. Essa opção pode condicionar a implantação de


painéis e respectiva direcção de funcionamento.

8.3.3 Indicações especificas para inserção de vigas

A inserção de vigas fica implicitamente definida pelos procedimentos anteriores, no entanto devem
atender-se às seguintes indicações específicas:

8.3.3.1 A inserção de vigas em fachadas deve atender às restrições físicas existentes,


nomeadamente no que se refere a espessuras disponíveis, alturas disponíveis (caixas de
estores), existência de desníveis, existência de aberturas, etc. Em casos de dúvida, convém
efectuar desde logo pré-dimensionamento.

8.3.3.2 As vigas não periféricas devem ser inseridas respeitando a arquitectura, nomeadamente
atendendo a possibilidade, ou não, de se assumir a saliência, atendendo à espessura de
elementos de construção onde as vigas se inserem (por exemplo, espessuras de paredes
de alvenaria), atendendo à altura máxima disponível (por exemplo quando as vigas
realizam padieiras), ou mesmo atendendo ao espaço disponível em “couretes”. Em casos
de dúvida, convém efectuar desde logo pré-dimensionamento.

8.3.3.3 Em varandas, por vezes as vigas estruturais são simultaneamente platibandas com
dimensões condicionadas (que devem ser respeitadas).

8.3.3.4 A inserção de vigas em paredes deve compreender regras elementares de construções


civis, atendendo a problemas térmicos (evitar pontes), a problemas de fissuração
resultantes da transição brusca de materiais, etc.

8.3.3.5 Com frequência, devido a restrições de espessura ou altura de vigas, as mesmas são
idealizadas e realizadas em “T” de forma a maximizar desempenho mecânico.

8.3.3.6 As vigas embebidas mais largas do que pilares devem ser previamente verificadas ao corte
(ou punçoamento, se aplicável). O mesmo acontecendo se as mesmas sustentarem
pilaretes.

8.3.3.7 Em casos particulares, quando as vigas estão sujeitas as esforços elevados (concentrados
ou distribuídos) pode justificar-se a realização de vigas parede com altura de 1 ou mais
pé-direitos.

8.3.3.8 Normalmente evita-se o recurso a vigas a trabalhar à torção, quando tal não é possível,
devem ser efectuados cálculos expeditos para avaliar a respectiva viabilidade.

8.3.3.9 Em casos em que se identifique importantes cargas lineares em lajes (por exemplo,
paredes divisórias extensas, paredes duplas de divisão de habitações) pode justificar-se a

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 21
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

inserção de vigas independente do sistema estrutural de lajes, com o objectivo exclusivo de


reduzir deformações.

8.4 INDICAÇÕES DE CONCEPÇÃO PARA ESTRUTURAS PORTICADAS COM LAJES


MACIÇAS BIDIRECCIONAIS E UNIDIRECIONAIS (pilares, vigas e lajes)

Para além do que foi referido em “Aspectos Gerais”, na concepção das estruturas aqui tratadas
(muito semelhantes às estruturas anteriores), devem ser atendidos os seguintes aspectos e/ou
passos indicativos e não vinculativos (sendo certo que há sempre excepções):

8.4.1 Indicações para inserção de pilares

Fazer em planta uma inserção de pilares que atenda aos aspectos a seguir apresentados. O
objectivo deste procedimento é idealizar uma solução estrutural que assegure um percurso
consistente e razoável de todas as cargas verticais até às fundações.

8.4.1.1 Iniciando a concepção pelo piso tipo, procurar colocar pilares em todos os vértices do
contorno das lajes, com excepção de zonas avançadas e varandas, onde se admitem
consolas.

8.4.1.2 Os pilares devem ser preferencialmente localizados em paredes de alvenaria ou em zonas


já previstas na arquitectura.

8.4.1.3 Atendendo à arquitectura do piso k inserir uma malha de pilares, com a máxima
regularidade possível e procurando formar pórticos. Para esse efeito “a consideração da
arquitectura” é um factor subjectivo, sendo no entanto evidente que são indesejáveis pilares
que se localizem em espaços amplos, em circulações, em vãos de fachadas, etc. E
podendo eventualmente ser toleráveis pilares salientes em paredes ou fachadas.

8.4.1.4 Procurar que a malha dos pilares conduza indirectamente a painéis de lajes com vãos
máximos inferiores a 6.0 m / 7.0 m em lajes unidireccionais e 7.0 m 8.0 m em lajes
bidireccionais, e de forma que as vigas tenham vãos máximos inferiores a 7.0 m / 8.0 m,
sendo no entanto mais económico não recorrer sistematicamente a vãos dessa dimensão.
Soluções de lajes bidireccionais com vãos próximos de 5.0 m são muito económicas e
conduzem a lajes muito esbeltas.

8.4.1.5 Repetir procedimento para restantes pisos de forma a viabilizar cada um separadamente.

8.4.1.6 Sendo comum não se verificar em todos os casos a correspondência das soluções prévias
para os vários pisos, torna-se necessário iniciar um estudo de compatibilização, de forma
que os pilares tenham perfeita continuidade vertical desde as fundações até à sua cota
superior. Esse estudo passa muitas vezes pela definição de “áreas de possível inserção de
pilares”, em que as soluções resultam da verificação da sobreposição dessas áreas em
plantas sobrepostas (zonas de intercepção).

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 22
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.4.1.7 A definição implícita de painéis (pode haver mais de uma solução para uma mesma malha
de pilares) deve atender também ao respeito altimétrico da arquitectura - concretamente
devem evitar-se vigas salientes em espaços nobres: salas, circulações ou mesmo quartos
(dependendo do tipo de arquitectura).

8.4.1.8 A inserção de pilares no contorno do edifício deve contemplar a idealização de uma


estrutura rígida de sustentação das Fachadas. Frequentemente os pórticos das fachadas
incluem vigas “altas” que minoram deformações causadoras de patologias muito
frequentes.

8.4.1.9 Na fase de inserção de pilares devem desde logo ser pensadas e “marcadas” paredes ( ou
núcleos resistentes) que vão assegurar o contraventamento do edifício. Esses elementos
que carecem de verificações posteriores são também colaborantes na sustentação vertical
de vigas e lajes (pelo que dispensam a inserção de alguns pilares).

8.4.1.10 A implementação de pilares deve atender a uma previsão das suas dimensões mínimas e à
compatibilidade de inserção dos mesmos na arquitectura atendendo à espessura dos
elementos arquitectónicos.

8.4.1.11 Na inserção de pilares devem ser atendidos os casos de desníveis nas lajes –
especialmente no piso 0. A não continuidade das lajes pode implicar a inserção de
elementos estruturais adicionais para a sua viabilização.

8.4.1.12 O processo de inserção de pilares é um processo iterativo que pressupõe a verificação


progressiva da sustentação de todos os painéis de lajes e vigas e porventura de outros
elementos estruturais (p. ex. escadas) com vão razoáveis.

8.4.1.13 O processo de inserção de pilares nos vários pisos compreende sistematicamente várias
iterações nas quais a solução vai “amadurecendo” com a verificação dos vários critérios e
com a implementação implícita de vigas e painéis de lajes que devem responder de forma
integrada aos vários critérios apresentados.

8.4.1.14 Não raras vezes, a solução final passa por recorrer a soluções de recurso em casos
pontuais. Essas soluções de recurso não são mais do que soluções que desrespeitam uma
ou mais das regras anteriormente apresentadas. Por exemplo, em certos casos pontuais
podem inserir-se pilares que “nascem” de vigas, não respeitando por isso o princípio geral
da “perfeita continuidade vertical desde as fundações até à sua cota superior”.

8.4.1.15 Com alguma frequência este referido princípio também é “desrespeitado” na sustentação da
laje de cobertura. Havendo uma diferença substancial entre a planta dessa laje e a planta
do piso imediatamente inferior, podem inserir-se pilares a “nascer” de vigas (ou mesmo de
lajes) que por terem cargas reduzidas, não provocam esforços excessivos nos elementos

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 23
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

que os sustentam. Naturalmente verificações adicionais são muitas vezes necessárias


nestes casos (esforço transverso e punçoamento).

8.4.1.16 Ainda na fase de inserção de pilares pode ser conveniente – para a tomada de decisões
críticas – a realização de cálculos expeditos de pré-dimensionamento, de forma a verificar a
viabilidade das soluções consideradas.

8.4.2 Indicações especificas sobre lajes maciças uni ou bidireccionais

A inserção de painéis de lajes fica implicitamente definida pelos procedimentos anteriores, no


entanto devem atender-se às seguintes indicações específicas:

8.4.2.1 As lajes maciças são muito versáteis, sendo possível em edifícios com estruturas vigadas,
recorrer localmente a zonas com comportamento fungiforme.

8.4.2.2 Dependendo das decisões de coordenação geral (arquitectura – instalações hidráulicas –


estrutura) podem ser inseridos painéis de lajes desnivelados para acomodar equipamentos
hidráulicos. Essa opção pode condicionar a implantação de painéis e respectiva direcção de
funcionamento.

8.4.3 Indicações especificas para inserção de vigas

A inserção de vigas fica implicitamente definida pelos procedimentos anteriores, no entanto devem
atender-se às seguintes indicações específicas:

8.4.3.1 A inserção de vigas em fachadas deve atender às restrições físicas existentes,


nomeadamente no que se refere a espessuras disponíveis, alturas disponíveis (caixas de
estores), existência de desníveis, existência de aberturas, etc. Em casos de dúvida, convém
efectuar desde logo pré-dimensionamento.

8.4.3.2 As vigas não periféricas devem ser inseridas respeitando a arquitectura, nomeadamente
atendendo a possibilidade, ou não, de se assumir a saliência em planta, atendendo à
espessura de elementos de construção onde as vigas se inserem (por exemplo, espessuras
de paredes de alvenaria), atendendo à altura máxima disponível (por exemplo quando as
vigas realizam padieiras), ou mesmo atendendo ao espaço disponível em “couretes”. Em
casos de dúvida, convém efectuar desde logo o pré-dimensionamento.

8.4.3.3 Em varandas, por vezes as vigas estruturais são simultaneamente platibandas com
dimensões condicionadas (que devem ser respeitadas).

8.4.3.4 A inserção de vigas em paredes deve compreender regras elementares de construções


civis, atendendo a problemas térmicos (evitar pontes), a problemas de fissuração
resultantes da transição brusca de materiais, etc.

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 24
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.4.3.5 Com frequência, devido a restrições de espessura ou altura de vigas, as mesmas são
idealizadas e realizadas em “T” de forma a maximizar desempenho mecânico.

8.4.3.6 Em casos particulares, quando as vigas estão sujeitas as esforços elevados (concentrados
ou distribuídos) pode justificar-se a realização de vigas parede com altura de 1 ou mais
pé-direitos.

8.4.3.7 Normalmente evita-se o recurso a vigas a trabalhar à torção, quando tal não é possível,
devem ser efectuados cálculos expeditos para avaliar a respectiva viabilidade.

8.4.3.8 Em casos em que se identifique importantes cargas lineares em lajes (por exemplo,
paredes divisórias extensas) pode justificar-se a inserção de vigas independentes do
sistema estrutural de lajes, com o objectivo exclusivo de reduzir deformações.

8.5 INDICAÇÕES DE CONCEPÇÃO PARA ESTRUTURAS RETICULADAS COM LAJES


FUNGIFORMES (pilares, vigas e lajes)

Para além do que foi referido em “Aspectos Gerais” devem ser atendidos os seguintes aspectos e/ou
passos indicativos e não vinculativos (sendo certo que há sempre excepções):

8.5.1 Aspectos gerais sobre lajes fungiformes

8.5.1.1 A adopção de lajes fungiformes adequa-se, na generalidade, a edifícios com pouca


regularidade nas potenciais malhas de pilares, a edifícios com vãos expectáveis
relativamente grandes (6 a 8 m) ou em edifícios com estas duas particularidades. A
adopção de lajes fungiformes pode ainda adequar-se a edifícios com uma malha regular de
pilares (previstos desde logo na arquitectura) com vãos relativamente grandes (6 a 8 m)
pelas vantagens associadas a uma maior liberdade da gestão dos espaços por parte da
arquitectura (menores condicionamentos da estrutura). Do ponto de vista
económico/rapidez de execução estas soluções podem ser atractivas sendo muitas vezes
vinculada a decisão numa reunião com DO/Arquitectura/Estruturas.

8.5.1.2 Escolher, entre as seguintes, o tipo de laje fungiforme – atendendo fundamentalmente às


características arquitectónicas do edifício, a aspectos económicos e a questões de
compatibilização da espessura expectável com as diversas especialidades (tubagens
horizontais, revestimentos previstos e pé-direito útil previsto):

a) Aligeirada com blocos de betão leve – frequentemente usada nos pisos de habitação;

b) Aligeirada com “cocos” – frequentemente usada em pisos de estacionamento ou em pisos


comerciais (normalmente é a solução mais económica);

c) Maciça – pode ser usada em qualquer aplicação sendo preferencialmente adoptada por
motivos arquitectónicos (o custo é em geral elevado, podendo no entanto ser competitivo

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 25
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

com as soluções aligeiradas nos casos de vãos moderados 5 a 6m pela menor incorporação
de mão de obra na montagem de armaduras e na maior rapidez de execução);

d) Maciça com capiteis salientes - frequentemente usada em pisos de estacionamento ou em


pisos comerciais.

a) Aligeirada pré-esforçada – usada em edifícios especiais ou em zonas pontuais de edifícios


correntes

8.5.1.3 Fixar o vão máximo indicativo e o vão corrente – atendendo fundamentalmente às


características das plantas arquitectónicas mais representativas. Os valores comuns de
vãos são:

Tipo de Laje Vãos médios/reduzidos Vãos máximos

Aligeirada com blocos de betão leve 5.0 m a 6.5 m 7.0 a 8.0 m

Aligeirada com “cocos” 5.0 m a 6.5 m 7.0 a 8.0 m

Maciça 5.0 m a 6.0 m 6.0 a 7.0 m

Maciça com capiteis salientes 6.0 m a 7.0 m 7.0 a 8.0 m;

Aligeiradas pré-esforçadas --------------------- 9 m a 16 m

8.5.2 Indicações para inserção de pilares

Fazer em planta uma inserção de pilares que atenda aos aspectos a seguir apresentados. O
objectivo deste procedimento é idealizar uma solução estrutural que assegure um percurso
consistente e razoável de todas as cargas verticais até às fundações.

8.5.2.1 Devem-se prever pilares na vizinhança de todos os vértices dos contornos das lajes.

8.5.2.2 Os pilares devem ser preferencialmente localizados em paredes de alvenaria ou em zonas


já previstas na arquitectura.

8.5.2.3 Atendendo à arquitectura do piso tipo inserir uma malha de pilares, com a máxima
regularidade possível, procurando formar pórticos sempre que possível e atendendo aos
seguintes aspectos:

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 26
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.5.2.3.1 Devem evitar-se vãos extremos de grande dimensão – se possível devem ser 70% a 80% dos vãos
máximos indicados para cada tipo de laje fungiforme.

8.5.2.3.2 A introdução de consolas, nos vãos extremos, com vãos próximos de 20% dos “penúltimos vãos” é
muitas vezes favorável pois reduz deformações e “momentos positivos” nos vãos adjacentes.

8.5.2.3.3 A “consideração da arquitectura” é um factor subjectivo, sendo no entanto evidente que são
indesejáveis pilares que se localizem em espaços amplos, em circulações, em vãos de fachadas,
etc. E podendo eventualmente ser toleráveis pilares salientes em paredes ou fachadas.

8.5.2.3.4 A introdução de pilares no piso tipo deve compreender uma análise prévia dos restantes pisos.

8.5.2.3.5 Nos vãos intermédios podem prever-se em ambas as direcções vãos máximos da ordem de
grandeza previamente estabelecida, atendendo ao quadro anterior.

8.5.2.4 Devem analisar-se desde início (se possível) as necessidades de localização de courettes e
relaciona-las com a inserção de pilares. Tipicamente a arquitectura “procura” localizar
couretes junto de pilares o que pode gerar problemas de punçoamento.

8.5.2.5 Deve evitar-se intercalar vãos com ordens de grandeza substancialmente diferentes, pois,
normalmente é mais económico prever vários vãos de grandeza intermédia do que alguns
vãos grandes intercalados por vãos reduzidos.

8.5.2.6 Apesar da “liberdade” de concepção em estruturas com lajes fungiformes é vantajoso, não
só para a sustentação de cargas verticais como para o comportamento da estrutura perante
acções horizontais, procurar idealizar “pórticos equivalentes” formados pelos pilares e por
bandas de lajes.

8.5.2.7 Repetir procedimento para restantes pisos de forma a viabilizar cada um separadamente.

8.5.2.8 Sendo comum não se verificar em todos os casos a correspondência das soluções prévias
para os vários pisos, torna-se necessário iniciar um estudo de compatibilização, de forma a
que os pilares tenham perfeita continuidade vertical desde as fundações até à sua cota
superior. Esse estudo passa muitas vezes pela definição de “áreas de possível inserção de
pilares”, em que as soluções resultam da verificação da sobreposição dessas áreas em
plantas sobrepostas (zonas de intercepção).

8.5.2.9 Na fase de inserção de pilares devem desde logo ser pensadas e “marcadas” paredes ( ou
núcleos resistentes) que vão assegurar o contraventamento do edifício. Esses elementos
que carecem de verificações posteriores são também colaborantes na sustentação vertical
lajes (pelo que dispensam a inserção de alguns pilares).

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 27
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.5.2.10 A implementação de pilares deve atender a uma previsão das suas dimensões mínimas e à
compatibilidade de inserção dos mesmos na arquitectura atendendo à espessura dos
elementos arquitectónicos.

8.5.2.11 Na inserção de pilares devem ser atendidos os casos de desníveis nas lajes –
especialmente no piso 0. A não continuidade das lajes pode implicar a inserção de
elementos estruturais adicionais para a sua viabilização. Estes desníveis são
particularmente relevantes para lajes fungiformes.

8.5.2.12 O processo de inserção de pilares é um processo iterativo que pressupõe a verificação


progressiva da sustentação de todos os painéis de lajes e porventura de outros elementos
estruturais (p. ex. escadas) com vão razoáveis.

8.5.2.13 Não raras vezes, a solução final passa por recorrer a soluções de recurso em casos
pontuais. Essas soluções de recurso não são mais do que soluções que desrespeitam uma
ou mais das regras anteriormente apresentadas. Por exemplo, pode ser conveniente
introduzir os pilares numa fachada, perdendo-se por isso o efeito favorável das consolas
extremas.

8.5.2.14 Com alguma frequência outro princípio também é “desrespeitado” na sustentação da laje de
cobertura. Havendo uma diferença substancial entre a planta dessa laje e a planta do piso
imediatamente inferior, podem inserir-se pilares a “nascer” das lajes que por terem cargas
reduzidas, não provocam esforços excessivos nos elementos que os sustentam.
Naturalmente verificações adicionais são muitas vezes necessárias nestes casos
(punçoamento).

8.5.2.15 Em casos pontuais podem ser inseridas vigas, nomeadamente nas fachadas (se os vãos
entre pilares forem elevados) ou em casos nos quais se antevejam deformações
excessivas. Nesses casos, a definição implícita de painéis deve atender também ao
respeito altimétrico da arquitectura - concretamente devem evitar-se vigas salientes em
zonas amplas ou em outras zonas “nobres”.

8.5.2.16 Ainda na fase de inserção de pilares pode ser conveniente – para a tomada de decisões
críticas – a realização de cálculos expeditos de pré-dimensionamento, de forma a verificar a
viabilidade das soluções consideradas.

8.5.3 Indicações especificas sobre lajes fungiformes

A inserção de painéis de lajes fica implicitamente definida pelos procedimentos anteriores, no


entanto, na concepção das lajes devem atender-se às seguintes indicações específicas:

8.5.3.1 Na fase de concepção de lajes fungiformes aligeiradas devem ser conhecidas soluções
base dos esquemas construtivos, reflectindo o conhecimento prévio de relações entre

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 28
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

alturas das lajes, alturas de camadas de compressão, afastamento das nervuras e vãos
máximos indicados. Para esse efeito podem recorrer-se a tabelas de oferecidas por
agentes do mercado.

8.5.3.2 Em lajes fungiformes aligeiradas sujeitas a cargas lineares importantes podem inserir-se
bandas maciças (vigas embebidas) para melhorar o desempenho das mesmas (redução de
deformações).

8.5.3.3 A inserção de bandas maciças (vigas embebidas) também pode ser usada como uma
medida para reduzir deformações em painéis.

8.5.3.4 Na fase de concepção de lajes fungiformes aligeiradas devem ser idealizadas (ou mesmo
esquiçadas) soluções base de implantação de aligeiramentos.

8.5.3.5 Em lajes maciças reforçadas com capiteis a inserção de capiteis deve compreender uma
avaliação prévia de dimensões em planta e altura.

8.5.3.6 Os negativos circulares centrados com os páineis (nos vãos) são inócuos para as lajes,
apesar de na generalidade dos casos tal não ser possível, sempre que o for, devem
procurar-se que os negativos de aproximem dessa localização e morfologia.

8.5.3.7 As lajes aligeiradas têm rigidez relativamente alta, mesmo assim, em zonas com elevada
concentração de esforços, por exemplo junto de núcleos resistentes ou junto de negativos,
é frequente inserirem-se zonas maciças.

8.5.3.8 Dependendo das decisões de coordenação geral (arquitectura – instalações hidráulicas –


estrutura) podem ser inseridos painéis de lajes desnivelados para acomodar equipamentos
hidráulicos, ou outros. Essa opção pode condicionar a implantação de painéis e respectiva
direcção de funcionamento.

8.6 INDICAÇÕES PARA VIABILIZAÇÃO DO CONTRAVENTAMENTO DA ESTRUTURA


GLOBAL

8.6.1 A planta estrutural deve procurar assegurar um comportamento adequado à torção devendo
ter uma inserção equilibrada dos elementos principais de contraventamento:

a) b)

Sempre que possível, as plantas estruturais devem ser equilibradas a) de forma a evitar efeitos de torção,
porventura gravosos b)

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 29
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

Implantação criteriosa de paredes

8.6.2 A inserção dos núcleos de betão e de outros elementos de contraventamento importantes


deve assegurar a transmissão de esforços entre estes e a restante estrutura.

Sempre que possível devem evitar-se núcleos de contraventamento salientes dos edifícios de forma a evitar
problemas nas ligações

8.6.3 Se a inserção de paredes ou núcleos resistentes for insuficiente, pode adoptar-se a inserção
de vigas de elevada rigidez para reduzir deformabilidade horizontal [1]:

Efeito vantajoso de elementos horizontais de grande rigidez

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 30
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.6.4 Em alternativa, se a inserção de paredes ou núcleos resistentes for insuficiente, e se tal for
compatível com a arquitectura, podem inserir-se sistemas de contraventamento nos pórticos
(preferencialmente nos pórticos das fachadas) [1]:

TRAVAMENTO EM X TRAVAMENTO EM N TRAVAMENTO EM W

TRAVAMENTO EM K TRAVAMENTO EM V TRAVAMENTO EM "JOELHO"

Exemplos típicos de estruturas de contraventamento

8.6.5 Complementarmente, em edifícios com considerável susceptibilidade ao efeito de acções


horizontais poderão ser tomadas medidas para minimizar essa susceptibilidade: [1]:

8.6.5.1 Relativamente ao Vento – sugerir formas aerodinâmicas aos Arquitectos (edifícios altos)

8.6.5.2 Relativamente ao Sismo – evitar massas a cotas altas (p. ex. reservatórios); procurar
reduzir massa estrutural (optimizar lajes); evitar rigidez excessiva

8.6.5.3 Relativamente a Impulsos de terras - evitar juntas em caves; procurar soluções


“autocompensáveis”

8.6.5.4 Relativamente a Acções acidentais – evitar pilares em zonas de circulação (reduzir


exposição a possíveis embates)

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 31
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.6.6 A solução de contraventamento deve ser pensada viabilizando as respectivas fundações.


Podendo ser vantajoso assegurar esforços axiais mais elevados (para reduzir a
excentricidade) ou realizar caves para assegurar encastramento do edifício no solo:

Solução para garantir esforços axiais elevados nos núcleos de contraventamento (b) evita eventuais
problemas de excentricidades excessivas nas fundações dos núcleos a)

A existência de caves permite que as lajes enterradas (devidamente estudadas) reduzam significativamente os
momentos flectores nas fundações dos núcleos de contraventamento.

8.6.7 Em edifícios com dimensões apreciáveis (normalmente mais de 30 m) a solução de


contraventamento deve ser pensada atendendo aos efeitos das deformações impostas,
nomeadamente variações térmicas e retracção:

Sempre que possível, devem evitar-se excentricidades permanentes e esforços de corte elevados (devidos à
retracção) nos núcleos de contraventamento a) o que pode ser reduzido aproximando os núcleos de
contraventamento b).

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 32
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.6.8 Não é aconselhável que as lajes sejam armadas todas na mesma direcção. Nas figuras
seguintes são ilustradas soluções adequadas e uma solução não adequada.

Planta do Piso Tipo

Solução desequilibrada numa direcção

Solução equilibrada – recorrer a vigas embebidas para compensar deficiente


contraventamento numa das direcções (usar programas com cálculo global 3d para verificar)

8.6.9 Em edifícios altos é necessária a consideração não só de novos materiais (elementos em


aço ou peças mistas) como a consideração de outro tipo de plantas estruturais,
nomeadamente as estruturas em tubo.

Relação entre alturas de edifícios e plantas estruturais tipo adequadas []

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 33
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

Plantas estruturais tipo de edifícios altos

8.7 VIABILIZAÇÃO DE PAREDES DE CONTENÇÃO

A viabilização das paredes de contenção é frequentemente uma tarefa crítica da concepção,


podendo levantar problemas complexos em fases posteriores de projecto, ou mesmo em obra, se
não for adequadamente conduzida. Os problemas mais relevantes são ultrapassados pela
verificação dos pontos seguintes:

8.7.1 Garantir que todos os painéis têm vãos compatíveis (flexão e esforço transverso). Vãos verticais da
ordem de 3m normalmente são viáveis. Quando há caves profundas ou vão superiores podem ser
necessários contrafortes ou outros elementos verticais rígidos para tornar bidimensional o
funcionamento dos referidos painéis.

8.7.2 A verificação anterior deve merecer particular cuidado em zonas com rampas periféricas ou aberturas
periféricas.

8.7.3 Garantir que os elementos que os sustentam estão devidamente apoiados – havendo caminhos de
forças, bem analisados, até às fundações (ou até outras paredes de contenção).

8.7.4 Garantir que não há possibilidade de escorregamentos globais (implicando o movimento de outros
elementos estruturais ou a sua rotura).

8.8 VIABILIZAÇÃO DE LAJES TÉRREAS

A viabilização das lajes térreas é automática desde que não existam níveis freáticos elevados e
desde que o solo tenha características mecânicas mínimas. Nesse caso a laje térrea é flutuante e
desligada de todos os elementos verticais e o seu desempenho apenas depende da correcta
pormenorização e inserção de juntas. Se assim não for devem ser considerados os seguintes
pontos:

8.8.1 Garantir que o sistema de bombagem é capaz de evitar pressões de levantamento.

8.8.2 Garantir que o sistema de bombagem não drena finos (gerando por isso assentamentos).

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 34
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

8.8.3 Se os pontos anteriores não forem assegurados, dimensionar a laje térrea com continuidade com os
elementos verticais – esse tipo de laje térrea é dimensionada para pressões descendentes e
ascendentes. O edifício funciona de algum modo como “um barco”. O custo desta solução é muito
relevante.

8.8.4 Em ambos os casos anteriores deve ser estudada, desde início e com particular cuidado, a solução de
camada de brita a adoptar sob a referida laje térrea (características e espessura).

8.9 VIABILIZAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

O processo de concepção torna-se mais robusto e eficaz se for completo. Assim, não devem deixar
de ser analisados elementos estruturais complementares como escadas, rampas, platibandas ou
mesmo (se tal se justificar) estruturas de travamento de panos de alvenaria importantes. As regras
gerais de “viabilização” são semelhantes às anteriormente preconizadas - os vãos correntes de
escadas e rampas são semelhantes aos vãos de lajes e os vãos correntes de platibandas (p. ex.)
são semelhantes aos vãos de vigas. Em todo o caso, em ambos os casos devem ser atendidos os
seguintes pontos:

8.9.1 Identificação de pelo menos um sistema estrutural que viabilize o elemento estrutural em causa.

8.9.2 Análise de efeitos parasitas que possam ser criados por esses elementos (por exemplo, por vezes
excesso de rigidez pode gerar fissuração).

8.9.3 Verificar se os sistemas estruturais idealizados conduzem os esforços para elementos capazes de os
sustentar.

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 35
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

9 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

9.1 SÍNTESE

9.1.1 Pressupostos: o pré-dimensionamento é levado a cabo depois de terem sido definidos a


geometria da estrutura, os sistemas estruturais e os materiais.

9.1.2 Objectivos: o pré-dimensionamento tem como objectivo a caracterização geométrica das


secções dos elementos estruturais de forma a ser possível iniciar a modelação e,
consequentemente, todo o processo de cálculo.

9.1.3 Procedimento: o pré-dimensionamento é um processo iterativo na medida em que a fixação


de dimensões de certos elementos pode conduzir a revisão do pré-dimensionamento de
outros elementos.

9.1.4 Importância: o pré-dimensionamento dificilmente “é errado” – pode é ser mais ou menos


adequado. No entanto é um processo importante na medida em que pode condicionar todas
as fases subsequentes.

9.1.5 Homogeneização: a homogeneização das dimensões deve ser em cada caso criteriosamente
ponderada, devendo ser atendidos aspectos como a facilidade de preparação de obra, a
redução de erros de obra e os custos de cofragens, mas por outro, para evitar
homogeneização excessiva, deve-se atender aos custos dos materiais.

9.2 ASPECTOS GERAIS

9.2.1 Ordem de procedimentos – o pré-dimensionamento deve ser elaborado compreendendo os


caminhos da forças, ou seja, deve ser estabelecida uma ordem que se inicie
preferencialmente pelos elementos “extremos” (que não sustentam nenhum elemento) até
aos elementos fundamentais que sustentam “todos os outros” – de uma forma simplista, é
normal seguir-se a ordem lajes-vigas-pilares.

9.2.2 Frequentemente na fase de pré-dimensionamento são detectados problemas que de alguma


forma questionam a concepção (anteriormente realizada) – isso é normal, devendo-se
nessas circunstâncias reavaliar e se necessário alterar decisões anteriores.

9.2.3 “Pré-pré-dimensionamento” – nos casos das lajes e das vigas (e de outros elementos
semelhantes) é comum ser necessário estabelecer dimensões prévias antes de iniciar o
processo de pré-dimensionamento propriamente dito, pois o peso próprio (que inicialmente é
desconhecido) é relevante para a quantificação de acções. Para esse efeito, em estruturas
com cargas correntes podem adoptar-se as seguintes regras indicativas (claramente
empíricas):

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 36
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

Tipo de elemento Altura Peso


Lajes aligeiradas de vigotas L/20 a L/25 0.5 x 25 x h kN/m2
Lajes Maciças Unidireccionais L/22 a L/28 25 x h kN/m2
Lajes Maciças Bidirecionais L/35 a L/40 25 x h kN/m2
Lajes Fungiformes aligeiradas L/18 a L/22 0.6 x 25 x h kN/m2
Lajes Fungiformes Maciças L/20 a L/25 25 x h kN/m2
Lajes Fungiformes Maciças com capíteis salientes L/35 a L/40 25 x h kN/m2
Vigas salientes (muito dependente da carga) L/10 a L/14 10 x h kN/m

9.2.4 Valores de referência a fixar: sem prejuízo de no cálculo de estruturas ser necessário todo o
rigor, o projectista deve ter sempre presente “ordens de grandeza” razoáveis admissíveis
para as diversas grandezas que ao longo do projecto vai avaliando. Para esse efeito são
úteis os seguintes valores de ordens de grandeza meramente indicativos:

Ordens de grandeza
Grandezas comuns (serviço)
Peso de uma laje de habitação (incluindo peso
próprio, revestimentos, divisórias, sobrecargas) 1 ton/m2 (10 kN/m2)
Acção do Vento numa fachada num edifício de
pequeno porte (< 6 pisos) dezenas de toneladas
Acção do Vento numa fachada num edifício de perto de uma ou duas
médio porte (< 12 pisos) centenas de toneladas
Carga numa fundação com área de influência Ai
num edifício de n pisos nx Ai ton
Carga num pilar central de um edifício de Até uma ou duas
pequeno porte (< 6 pisos) centenas de toneladas
Carga num pilar central de um edifício de Várias centenas de
pequeno porte (< 12 pisos) toneladas
Corte (esforço transverso máximo) numa viga
interior de dimensão média num edifício de Uma ou duas dezenas de
habitação toneladas
Peso dos elementos verticais (pilares e paredes)
por piso 0.15 ton/m2

9.2.5 No pré-dimensionamento (ao contrário do dimensionamento) não é imprescindível percorrer


exaustivamente todos os elementos estruturais – por exemplo – para pré-dimensionar a laje
de um piso basta pré-dimensionar os painéis mais condicionantes e os mais recorrentes –
painéis representativos - (sendo que os outros serão definidos por afinidade). O mesmo se
pode aplicar a outros elementos estruturais. Este princípio pressupõe experiência, pelo que
num trabalho académico pode ser prudente realizar um pré-dimensionamento generalizado.

9.3 LAJES

9.3.1 Em qualquer tipo de lajes um dos parâmetros fundamentais do pré-dimensionamento é a


deformação. Em edifícios de habitação deve assegurar-se valores de flechas diferidas
inferiores a L/400, ou preferencialmente, a L/500.

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 37
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

9.3.2 O segundo parâmetro, tipicamente, mais condicionante para o pré-dimensionamento de lajes


é o momento reduzido nas zonas de momentos flectores máximos. Devem procurar-se que
este valor assuma valores próximos de 0.10 a 0.15 em lajes maciças e próximos de 0.20 a
0.25 para lajes nervuradas.

9.3.3 Lajes Aligeiradas de Vigotas – o pré-dimensionamento de lajes aligeiradas de vigotas, pela


simplicidade que envolve, é um procedimento praticamente idêntico ao dimensionamento: (1)
quantificam-se cargas; (2) idealiza-se o modelo; (3) quantificam-se esforços e deformações;
(4) com base na informação de potenciais fornecedores, seleccionam-se tipos de lajes, em
função dos esforços e deformações avaliados, e verifica-se a respectiva segurança.

9.3.4 Lajes Maciças Unidireccionais e Bidirecionais – para os painéis representativos e com base
em modelos simplificados ou em tabelas avaliar deformações e valores máximos de
momentos flectores procurando cumprir critérios de deformação e de flexão anteriormente
indicados.

9.3.5 Lajes Fungiformes

9.3.5.1.1 O Pré-dimensionamento de lajes fungiformes aligeiradas pressupõe a verificação prévia


das soluções base dos esquemas construtivos, reflectindo o conhecimento prévio de
relações entre alturas das lajes, alturas de camadas de compressão, afastamento das
nervuras e vãos máximos indicados. Para esse efeito podem recorrer-se a tabelas de
oferecidas por agentes do mercado e confirmar as opções da fase de concepção.

9.3.5.2 Para os painéis representativos e com base em modelos simplificados - com pórticos
equivalentes ou com modelos parciais de elementos finitos - avaliar deformações e valores
máximos de momentos flectores procurando cumprir critérios de deformação e de flexão
anteriormente indicados.

9.3.5.3 Proceder a uma avaliação simplificada de esforços de punçoamento e avaliar viabilidade


dos painéis representativos. A opção de admitir armaduras de punçoamento como solução
generalizada não é normalmente muito económica, podendo ser razoável, no entanto,
recorrer pontualmente a essa solução nos casos mais críticos. Caso estejam previstos
capitéis, aplica-se o mesmo raciocínio sendo que a respectiva espessura pode ser
estudada para que os reforços com armadura sejam pontuais.

9.3.6 Avançados, varandas, consolas – o aspecto vital do pré-dimensionamento deste tipo de


elementos é a deformação – por isso devem ser desenvolvidos modelos adequados (mesmo
que simples) e devem ser avaliadas as deformações assegurando deformações de acordo
com prescrições regulamentares (se possível folgadamente). Elementos laminares em
consola tem tipicamente espessuras da ordem de L/10.

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 38
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

9.4 VIGAS

9.4.1 Em geral nas vigas “altas” (com “talão” ou “cutelo” aparente) a deformação não é um dos
parâmetros condicionantes do pré-dimensionamento. Contrariamente no caso de vigas
embebidas a deformação é condicionante (podendo inviabilizar a própria solução) devendo
ser convenientemente avaliada na fase de pré-dimensionamento. Em edifícios de habitação
deve assegurar-se valores de flechas diferidas inferiores a L/400, ou preferencialmente, a
L/500, devendo-se atender simultaneamente às deformações das lajes pelas vigas
sustentadas.

9.4.2 O parâmetro, tipicamente, mais condicionante para o pré-dimensionamento de vigas é o


momento reduzido nas zonas de momentos flectores máximos. Devem procurar-se que este
valor assuma valores próximos de 0.20 a 0.25.

9.4.3 O esforço transverso não é normalmente condicionante, mas deverá ser impreterivelmente
verificado em vigas com vãos curtos e cargas elevadas. Dada a simplicidade de automatizar
verificações, é comum verificar-se a adequabilidade do pré-dimensionamento em todas as
vigas (nas secções críticas) com base nas dimensões obtidas seguindo os passos anteriores.

9.5 ESCADAS E RAMPAS – aplicam-se as regras propostas para as lajes maciças (ou para as
vigas no caso de “degraus activos”) com as particularidades de (1) ser necessário de calcular
esforços atendendo ás inclinações e (2) no caso das escadas atender ao peso próprio dos degraus
na quantificação de acções.

9.6 PILARES – o pré-dimensionamento pode ser efectuado determinando uma secção com área
Ac que verifique a expressão seguinte (podendo a forma ou uma das dimensões ser condicionadas
pela arquitectura):

n
fp × ∑ Ai × psdi ≤ Ac × (0.85 × fcd + ρ × fsyd ) (1)
i =1

Onde:

n é o número de pisos acima da secção a pré-dimensionar;

Ai e psdi são respectivamente a área de influência e a carga distribuída (de cálculo) do piso i;

fcd e fsyd são respectivamente as tensões máximas de cálculo do betão e do aço;

e fp é um factor de posição determinado de acordo com a tabela seguinte [5]:

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 39
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

Valores do factor de posição Pilares Interiores Pilares Extremos

Pisos inferiores fp = 1.1 fp = 1.1

Pisos superiores fp = 1.3 fp = 1.5

9.7 PAREDES E NÚCLEOS

9.7.1 Na generalidade dos casos o pré-dimensionamento consiste em atribuir às paredes a


espessura mínima (tipicamente maior ou igual a 0.20 m) que assegura que a estrutura é de
nós fixos (com base no REBAP ou no Eurocódigo).

9.7.2 Em casos particulares nos quais sejam perceptíveis elevados esforços devidos a cargas
verticais ou horizontais, devem ser estimadas tensões máximas e deve garantir-se que essas
tensões são compatíveis com os materiais seleccionados.

9.8 FUNDAÇÕES

No caso de se identificarem situações em que não é evidente o tipo de fundações (directas ou


indirectas) a adoptar, é aconselhável – mesmo na fase de pré-dimensionamento – levar a cabo
estudos mais profundos com a colaboração de projectistas com experiência na matéria.

9.8.1 Sapatas - Na generalidade dos casos o pré-dimensionamento consiste em verificar a


razoabilidade das dimensões em planta das sapatas obtidas através da divisão do valor da
tensão admissível no terreno pelos esforços de pré-dimensionamento na base dos pilares.
Se a percentagem de área global de fundação for superior a 15% a 20% da área de
implantação sugere-se o estudo de outras soluções alternativas (fundações indirectas).

9.8.2 Poços – o pré-dimensionamento de poços em tudo semelhante ao das sapatas sendo que
pressupõe uma avaliação da razoabilidade da sua altura (definida pela profundidade do bed-
rock ou dos solo considerado adequado para realizar as fundações).

9.8.3 Maciços de Estacas - Na generalidade dos casos o pré-dimensionamento consiste em


procurar “maciços tipo” (comummente de 3 ou 4 estacas) que conduzam a tensões normais
médias em serviço nas estacas (para combinações condicionantes) da ordem dos 5000 kPa.
Os esforços em cada estaca devem compreender as componentes axiais N/n e as
componentes de flexão do tipo M/b/n* (onde N e M são esforços axiais e de flexão na base
do pilar, n é o número total de estacas e n* - a estudar em cada caso - é o número de
estacas com o braço b).

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 40
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

9.8.4 Maciços especiais – quando existem elementos verticais sujeitos a importantes esforços de
flexão ou com formas complexas, pode tornar-se necessário recorrer a vigas de equilíbrio
(ver a seguir) a ligar “maciços tipo” ou conceber maciços especiais. È frequente que esses
maciços tenham estacas (racionalmente colocadas) com afastamentos mínimos de 2.5 a 3 D
(diâmetro das estacas) e com uma altura da ordem de grandeza desse afastamento mínimo.

9.9 PAREDES DE CONTENÇÃO E RESPECTIVAS FUNDAÇÕES

9.9.1 Na generalidade dos casos o pré-dimensionamento consiste em atribuir às paredes a


espessura mínima (tipicamente maior ou igual a 0.20 m) que assegura as paredes de
contenção não necessitam de armaduras para resistirem ao esforço transverso.

9.10 LÍNTEIS E VIGAS DE EQUILÍBRIO

9.10.1 Lintéis simples - Na generalidade dos casos o pré-dimensionamento não é feito – são
atribuídas dimensões próximas de 0.30 x 0.40 – mas na realidade os lintéis são como que
“sapatas alongadas”, pelo que o respectivo pré-dimensionamento poderá ser efectuado
atendendo a tensões admissíveis, derrube e facilidade construtiva.

9.10.2 Lintéis de travamento – os lintéis de travamento visam sustentar elementos sujeitos a acções
horizontais importantes e transmitir esses esforços para outros elementos inequivocamente
estáveis. Tipicamente funcionam essencialmente à compressão pelo que devem ser
dimensionados da mesma forma do que os pilares.

9.10.3 Vigas de equilíbrio – as vigas de equilíbrio são tipicamente dimensionadas à flexão


(momentos reduzidos adequados) procurando-se cumprir as mesmas regras das vigas.

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 41
Estruturas de Edifícios – Manual de apoio ao Trabalho de Projecto

10 REFERÊNCIAS

[1] Institut de la Construction Métallique, “Dimensionnement des halles et batiments”, Partie – C,


École Polytechnique Fédérale de Lausane, 1975

[2] Institut de la Construction Métallique, “Les Contreventments - de bâtiments, halles et ponts”,


École Polytechnique Fédérale de Lausane, 1972

[3] Council on Tall Buildings and Urban Habitat, “Structural Systems for Tall Buildings”, McGraw Hill,
1995

[4] ACI, “Analysis and Design of High-Rise Concrete Buildings” Moreno J Editor, 1985

[5] Costa A., “Estruturas de Edifícios”, Sebenta de CEEE, FEUP, 1999

[6] Delgado R., “Análise e Dimensionamento de Sistemas de Contraventamento de Edifícios”, Curso


k, Volume 12, Acções Horizontais em edifícios, FEUP, 1998

[7] ENV 1992-1-1 – Anexo 3, 1998

[8] AFACONSULT – SISTEMA DE QUALIDADE, “RPA-10.06 – Estudo da Mobilidade de Estruturas de


Betão”, 2005

[9] AFACONSULT – SISTEMA DE QUALIDADE, “RTA-3.17 – Cálculo simplificado de estruturas de nós


móveis não contraventadas”, 2005

[10] AFACONSULT – SISTEMA DE QUALIDADE, “RTA-3.18 – Cálculo de estruturas contraventadas de


nós móveis”, 2005

[11] AFACONSULT – SISTEMA DE QUALIDADE, “RPA - 10.01 – Guia Geral para a elaboração de
Projectos de Estruturas de Edifícios”, 2005

[12] PACHECO, P, “Indicações sobre o Contraventamento de Estruturas”, Acetatos de Apoio à Disciplina de


Projecto de Estruturas Especiais de Betão, 2002

[13] MODEL CODE 90 – CEB

[14] ZALKA, KAROLY, “Global Structural Analysis of Buildings”, E & FN Spon, London an New York, 2000

[15] PACHECO, P, “Juntas em Estruturas”, Texto de Apoio à Disciplina de Projecto de Estruturas Especiais de
Betão, 2002

DISPONIBILIZAÇÃO PRELIMINAR 01 42

You might also like