Linguística III Relação linguagem / cérebro: Breve histórico A relação entre linguagem e cérebro já havia sido pensada há pelo menos cerca de 5 mil anos: Papiro Edwin Smith (1700 a.C., cópia de tratado escrito entre 3000 e 2500 a.C.): relaciona perda da fala a ferimento na cabeça. Hipócrates de Cós (460-377 a.C.) defende a importância do cérebro no tratamento de epilepsia e afirma que uso e compreensão de uma língua dependem de um cérebro saudável. Relação linguagem / cérebro: Breve histórico Século XIX: conhecimento de anatomia do sistema nervoso: nervoso central (encéfalo e medula espinhal) e periférico (rede de nervos); conhecimento sobre o córtex cerebral: cerebral padrão de saliências (ou giros) e de sulcos e fissuras que permitiu a divisão em lobos e a especulação sobre a localização de áreas com funções específicas. Relação linguagem / cérebro: Breve histórico Encéfalo: Localização das funções Fraz Joseph Gall (1758-1828): em 1809, Gall associa as saliências na superfície do crânio com as convoluções na superfície do cérebro. Frenologia: Proposta de localização, em áreas específicas do cérebro, de características do comportamento humano (e.g. esperança e benevolência). 27 habilidades (43 no mapa) relacionadas a áreas no crânio. legado para o debate relativo à linguagem: situou a linguagem nos lobos frontais. Localização das funções Fraz Joseph Gall Localização das funções Pierre Pierre--Paul Broca (1824-1880): cirurgião francês. Localização das funções Pierre Pierre--Paul Broca paciente Leborgne (“Tan-Tan”): ataques de epilepsia já adulto; aos 30 anos, pára de falar; depois de 10 anos, paralisação progressiva do lado direito do corpo; aos 51 anos, em 1861, morre. Localização das funções Pierre Pierre--Paul Broca Cérebro de Leborgne: lesão no lobo frontal esquerdo Localização das funções Pierre Pierre--Paul Broca: Broca “tudo permitia [...] crer que [...] a lesão do lobo frontal causou a perda da fala”. (Broca, 1861a). “Falamos com o hemisfério esquerdo”. Broca conclui que: lesão na área de Broca faz surgir a afasia; lesão semelhante na área correspondente do hemisfério direito não afeta a linguagem. Localização das funções Broca demonstrou que não se tratava de paralisia dos músculos faciais porque: lesão equivalente no hemisfério direito deveria provocar o mesmo resultado; a dificuldade envolvia a fala, mas não o canto; surgiam problemas gramaticais na fala. Localização das funções Afasia de Broca: Localização das funções Karl Wernicke (1848-1905) Localização das funções Karl Wernicke: Wernicke descreve pacientes com lesão no lobo temporal do hemisfério esquerdo (área de Wernicke) que perdiam a capacidade de produzir enunciados com significado e de compreender a fala de outras pessoas. Em 1874, Wernicke descreve afasia como a “perda parcial ou completa da capacidade de empregar linguagem após uma lesão encefálica”. Localização das funções A afasia poderia decorrer de uma lesão na área de Wernicke (causando sintomas receptivos), na área de Broca (causando sintomas expressivos) ou na região que conecta ambas as áreas (fascículo arqueado), gerando um tipo de afasia que viria a ser conhecido como afasia de condução. Localização das funções Afasia de Wernicke Localização das funções Afasia de condução: condução compreensão e fala espontânea intactas; dificuldade para a repetição de palavras. Localização das funções Linguagem seria o resultado da conexão de duas áreas corticais descontínuas. Localização das funções PET Referências CEZARIO, M.M. & MARTELOTTA, M.E. Aquisição da linguagem. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2009. ROSA, Maria Carlota. A base física da faculdade da linguagem. In: Introdução à Bio(Linguística): linguagem e mente. Rio de Janeiro: Contexto, 2010.