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LARANJEIRA, Pires. Angola: periodização. In:______.Literaturas Africanas de


Expressão Portuguesa. Lisboa: Universidade aberta, 1991, p.35-43.

Por: Maria Vanessa de Sousa (UESPI)

O presente texto tem por objetivo fazer uma breve exposição de como o autor Pires
Laranjeira apresentou a periodização da literatura angolana no capitulo Angola: periodização,
de seu livro Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa (1991). Para isto serão
priorizadas datas e obras, apresentadas pelo autor, como de suma importância para a origem,
passando pelo desenvolvimento e por fim a consolidação desse sistema literário.
A literatura cabo-verdiana, Segundo Pires Laranjeira, pode ser dividida em seis
períodos. O primeiro deles vai das origens até 1925, período chamado pelo autor de
Iniciação, por influenciada pelo baixo Romantismo e pelo Parnasianismo, conter uma variada
gama de textos, não necessariamente literários.
Após a implantação da imprensa tipográfica e a publicação do livro O escravo (1856),
de José Evaristo d’Almeida em Cabo-Verde segue-se um longo período ate a publicação de
Arquipélago (1935), livro de poemas de Jorge Barbosa e da revista claridade (1936),
fundada por Baltasar Lopes, Manuel Lopes e Jorge Barbosa. A criação do Liceu- Seminário
de São Nicolau, em 1866 elevou Cabo-verde ao surgimento de uma classe de letrados que
podia ser comparada ou ate superior à dos angolanos. Já em 1877 foi criada a imprensa
periódica não oficial. Até meados da década de 20, são realçados o poema Ode a África
(1921) e o lançamento do Jornal Manduco ambos por Pedro Cardoso.
O segundo período (1926- 1935), como mostra Laranjeira, é chamado Hesperitano e
antecede a modernidade incarnada pelo movimento da claridade. Esse período é designado
Hesperitano pela assimilação com o mito de que as ilhas de Cabo-Verde teriam surgido de um
grande continente conhecido como Continente Hespério, no Atlântico. A criação do poema
serviu de certa forma como fuga da limitação da pátria portuguesa, e exteriorização do desejo
de uma pátria intima. O grande mito encontrou importância em publicações como Jardim das
Hespérides (1926), de Pedro Cardoso, na revista Hespérides (1927), organizada por mulheres,
e em muitas outras publicações.
O terceiro período (1936-1957), chamado, segundo a terminologia ferreriana de Cabo-
verdianidade, e abange os Regionalistas e Claridosos. Em seguida ao movimento claridoso
surge a revista Certeza (1944) que procurou trilhar o caminho da cabo-verdianidade
abandonando definitivamente o cabo-verdianismo, caracterizado como regionalismo telúrico.
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Nos anos de 40-50, os cabo-verdianos, de angolanos e moçambicanos, tiveram uma


produção bibliográfica que os tornava autores de prestigio. O período encerra-se com as
novelas do pelo escritor independente Antonio Aurelio Gonçalvez, que são Pródiga (1956) e
O enterro de nha Candinha Sena (1957).
O quarto período (1958-1965) no qual se assume uma nova cabo-verdianidade, que
por não desdenhar do credo da Negritude, foi apelidado de Cabo-verdianiturde. Este foi
primeiramente acolhida por Gabriel Mariano, no artigo Negritude e Cabo-verdianidade
(1958). EM 1962 é lançado, por um grupo de jovens que reforçava o discurso da cabo-
verdianidade, o suplemento Seló, do Noticias de Cabo Verde, via literária na qual a expressão
da ansiedade pela revalorização cultural, nacionalismo e liberdade não passasse por duvidas.
O quinto período (1966-1982) é o do Universalismo, a luta armada de libertação
acabou por abrir a frente literária do intimismo, do abstracionismo e do cosmopolitismo,
segundo afirma Pire Laranjeira. Ao final deste período tem-se em Cabo-Verde a publicação
de uma escritora, Orlanda Amarílis com o livro de contos Ilhéu dos pássaros (1982).
O sexto período, que vai de 1983 até a atualidade, segundo o autor, começa com uma
fase de contestação pela qual passam os países novos até chegar ao tempo da consolidação do
sistema literário. Em 1987 é editado o primeiro romance com a finalidade de testar a
capacidade do crioulo e apresentar uma escolha de norma para a escrita.
Deste modo, pôde-se observar que Pires Laranjeira procurou ressaltar momentos de
suma importância durante a construção da literatura de Cabo-Verde. Pode ser notado também
que o autor tentou ressaltar as ideias que achou relevantes para a compreensão do assunto em
foco. Assim pode-se julgar que alguns leitores podem enfrentar algumas dificuldades ao
iniciar o texto, mas com o decorrer da leitura espera-se que o ele, com algum esforço, fique
cada vez mais claro e preciso.

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