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Projeto e Implementação de um Sistema de

Aquisição e Processamento de Sinais Térmicos


e Elétricos para Unidades Diesel Geradoras
Eraldo C. Santos1; Edgar C. Furtado2; Leonardo A. R. Silva2; Gonçalo Rendeiro3; Carlos E. A. Costa3
e Tânia C. A. Reis4

 brasileira [9].
Resumo – Este estudo apresenta as características do projeto Os cenários de incerteza sobre o momento de colocação
de pesquisa – P&D, que visa o desenvolvimento de um sistema em funcionamento de UTEs pelo Operador Nacional do
móvel integrado contendo equipamentos para instrumentação, Sistema – ONS, demandam dos usinas que utilizam motores
aquisição e processamento de sinais térmicos e elétricos de
diesel para geração elétrica com maiores níveis de
unidades diesel geradoras - UDGs, utilizadas como geradores
principais de usinas termelétricas - UTEs, visando à realização disponibilidade e confiabilidade e consequente necessidade
de testes de comissionamento, a fim de servir de base para a de um mecanismo de gerenciamento constante das UDGs.
elaboração de diagnósticos operacionais, além do apoio à Neste contexto o P&D da ANEEL PD-5614-0003/2015,
realização de manutenções do tipo preventivo nas UDGs das intitulado “Estudo de Desenvolvimento de uma Ferramenta
usinas, independentemente d e suas configuração ou aplicações. para Monitoramento e Diagnóstico Térmico de Unidades
Este projeto tem sua motivação baseada na necessidade de
Geradoras com Motor Diesel”, ainda em execução pela
obtenção de informações do campo básico de funcionamento
das UDGs de forma rápida e com baixo custo, haja vista que, Universidade Federal do Pará – UFPA, Universidade
um sistema móvel de monitoramento e diagnóstico térmico Federal de São João Del Rei – UFSJ, além do suporte
pode realizar análises em um grande número de UDGs, em técnico e financeiro da empresa Brentech Energia S. A., e do
curto espaço de tempo. Destacam-se as soluções inovadoras Núcleo de Estudos e Pesquisas do Nordeste – NEPEN
propostas, como por exemplo, a construção de placas de propõe a aplicação de uma metodologia gerencial-
aquisição de dados e seus drivers para obtenção das grandezas
administrativa para que a empresa geradora utilize uma
de operação das UDGs. Essas placas comporão um skid móvel
formado por um conjunto de maletas que buscam aquisitar ferramenta para monitorar, supervisionar e ter subsídios na
informações de parâmetros operacionais, como a temperatura, tomada de decisões referentes às atividades de operação e
as pressões, as potências, as vazões, as vibração e a emissão de manutenção do sistema de geração.
gases e de ruídos, a fim de controlar tais parâmetros, e reduzir Esta ferramenta deverá integrar a sistemática de
os custos de operação e de manutenção das UTEs. comparação das eficiências termodinâmicas e reais, através
da obtenção e análise de parâmetros operacionais de UDGs
Palavras-chave – Geração de Energia, Instrumentação;
independentemente de suas configurações e aplicações.
Manutenção Preditiva; Motores Diesel; Monitoramento.
Contudo, apesar das atividades de manutenção em UTEs
não serem novidade, toda a gerência de manutenção das
I. INTRODUÇÃO usinas, atualmente, fica sob a responsabilidade dos
No Brasil o regime de operação de UTEs é um dos pontos fabricantes dos equipamentos e de algumas empresas
críticos no que concerne aos procedimentos de manutenção especializadas (principalmente durante o período de
à serem adotados pelas empresas geradoras de energia [8]. A vigência da garantia do equipamento), ou ainda, é feita de
situação ideal para usinas, que operam com motores a diesel forma incipiente, com alto custo e com grande incerteza no
é que esta operação ocorra de forma contínua, sem tempo de operação dos equipamentos geradores [7].
sobrecarga e a plena carga. No entanto, o acionamento desse Nas UTEs, que operam com motores a diesel, a realização
modal é condicionado à disponibilidade da geração de testes de comissionamento ou de recepção só ocorrem
hidrelétrica que tem 63,2% de participação na matriz durante a entrega técnica dos equipamentos, na bancada de
testes do fabricante, ou na instalação da usina [7]. Porém, a
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisa e boa prática de manutenção sustentável presenta a
Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica regulado pela necessidade de realização destes testes após um ciclo de
ANEEL, cujo projeto de P&D “Estudo de Desenvolvimento de uma vida, ou seja, depois da realização das revisões gerais.
Ferramenta para Monitoramento e Diagnóstico Térmico de Unidades
Geradoras com Motor Diesel”, código ANEEL PD-5614-0003/2015. A realização dos testes de comissionamento devem ser
Eraldo C. Santos trabalha na Universidade Federal do Pará – UFPA, 1’ padronizados e normalizados, de forma a atender os
(e-mail: eraldocs@ufpa.br). parâmetros e limites operacionais e obter as análises do
Edgar C. Furtado e Leonardo A. R. Silva trabalham na Universidade
Federal de São João Del-Rei – UFSJ, 2’ (e-mail: edgar.furtado@gmail.com comportamento das UDGs [10]. No teste de
e leo.adolpho@gmail.com). comissionamento se busca é definir o campo básico de
Gonçalo Rendeiro trabalha na empresa I9AR Engenharia de Aplicação funcionamento de uma UDG, para o regime de trabalho
3’ (e-mail: grendeiro2011@hotmail.com).
Carlos E. A. Costa e Tânia C. A. Reis trabalham na Brentech Energia S. especificado em contrato.
A. 3’ (e-mail: tania@brentech.com.br, carlos@brentech.com.br). A grande questão é o desenvolvimento de procedimentos
padronizados para cada instalação de UTEs para a realização O primeiro passo, aquisição dos sinais, contempla a
de testes de comissionamento nos diversas UDGs das seleção do tipo do sensor, forma de conexão com o meio
usinas, onde seja possível acompanhar o nível de que contém o sinal, conexão com o módulo de conversão,
degradação do desempenho térmico dos componentes. entre outras questões pertinentes. O segundo passo consiste
Este P&D tem como objetivo o desenvolvimento de um na adequação da informação para processamento digital. O
sistema de monitoramento móvel (skid) para diagnóstico terceiro passo tem como foco a validação dos dados
térmico de motores de combustão interna que operam em processados, visando identificar e eliminar possíveis falhas
UTES, a partir do controle efetivo das condições como, por exemplo, fundo de escala em algum dos sensores.
operacionais das UDGs, como por exemplo: temperatura, Por fim, o último passo consiste na organização e
armazenamento adequado dos dados.
potência, consumo específico, vibração, emissão de gases,
O hardware computacional escolhido nesse projeto foi o
emissão de ruídos, etc.
Raspberry PI, modelo 3. Nesse hardware serão programadas
A importância de um sistema de monitoramento, que
todas as rotinas de processamento, validação e
possa aquisitar inúmeros parâmetros, baseado no banco de armazenamento dos dados, além do software de diagnóstico.
dados e nos limites operacionais de cada motor, de forma Nas próximas seções os sistemas de aquisição,
que seja possível elaborar diagnósticos, é fundamental para processamento de sinais para grandezas térmicas (SAPS-
que o setor de operação e manutenção da usina possa MT) e grandezas elétricas (SAPS-ME) desenvolvidos nesse
comunicar-se com eficiência, evitando paradas projeto será detalhado.
desnecessárias, e proporcionando a utilização por completo
da vida útil do equipamento.
Este P&D encontra-se na sua fase final com o III. SISTEMA DE AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DE SINAIS
DE GRANDEZAS TÉRMICAS: SAPS–MT
desenvolvimento dos estudos de caso e elaborações dos
relatórios finais. Neste sentido este artigo buscará mostrar as O módulo SAPS-MT tem como objetivo a aquisição e
características do desenvolvimento dos componentes dos processamento de sinais de temperatura das UDGs. Essas
sistemas de aquisição e de processamento de sinais de grandezas são singulares nesse processo, uma vez que elas
grandezas térmicas e elétricas a serem utilizadas no skid podem ser usadas para caracterizar diversos tipos de
móvel de monitoramento de motores de usinas termelétricas. problemas tanto no motor diesel quanto no gerador elétrico.
O módulo projetado deve prever a aquisição de dezesseis
pontos de medição distintos, bem como um conjunto
II. MEDIÇÕES DE GRANDEZAS TÉRMICAS E ELÉTRICAS amostral significativo, de forma a ser possível o
Inicialmente foram desenvolvidos pelas equipes de processamento digital. Além disso, a coleta de sinais nesses
pesquisadores os módulos para obtenção das grandezas pontos deve ser temporalmente ajustada para possibilitar a
térmicas e elétricas, que têm a operação dividida em duas correlação temporal dos fenômenos térmicos e elétricos.
etapas: A primeira etapa consiste na aquisição e A. Aquisição dos sinais do SAPS-MT
processamento dos sinais, visando minimizar a influência de
Foram adotadas as seguintes premissas para a escolha do
ruídos e/ou outras grandezas espúrias, a validação dos dados
princípio de medição da temperatura:
obtidos e, por fim, o armazenamento adequado dos mesmos.
 Resposta dinâmica adequada: o transdutor teve possuir
A segunda etapa contempla a aplicação da metodologia
tempo de convergência adequado;
“Ciclo de Rotinas” [7] para a supervisão, as análises e o
controle nos dados armazenados. As duas etapas são  Range de leitura: 0 a 800 °C;
mostradas no esquema da Figura 1.  Elevada precisão;
 Faixa de trabalho: 0 a 800 °C;
1ª ETAPA: AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DOS SINAIS  Linearidade: o transdutor deve apresentar
Motor Diesel
Hardware de Aquisição comportamento linear, na faixa de medição de
interesse;
SENSOR
PASSO I:
AQUISIÇÃO E  Sensor não invasivo;
CONVERSÃO
AD  Disponibilidade de mercado.

Considerando as premissas apresentadas acima, dois


Hardware Computacional
princípios de medição atendem aos requisitos: termopares e,
termorresistências (RTD – Resistence Temperature
PASSO II: PASSO III: PASSO IV:
2ª ETAPA:
SUPERVISÃO,
Detectior).
FILTRAGEM PROTOCOLO ARMAZENAMNTO
ANÁLISE E
DIGITAL DE VALIDAÇÃO DADOS
CONTROLE
1) Termorresistências
A platina é o elemento mais empregado em RTDs de
Figura 1. Etapas a serem executados nos módulos de aquisição de sinais.
aplicação industrial, possuindo, inclusive, normatização
nacional e internacional [1 - 2]. Nesse caso, os RTDs de
A conclusão da primeira etapa depende da execução de platina são chamados de TIP, ou seja, termorresistência
quatro passos: industrial de platina – TIP.
I. Aquisição conversão analógica – digital (AD) dos sinais; Os TIPs apresentam adequada precisão e linearidade para
II. Filtragem digital; a medição da temperatura em vários contextos industriais,
III. Protocolo de validação dos dados; conforme a Figura 2 que representa a curva de tolerância do
IV. Armazenamento dos dados.
TIP PT 100, em relação à temperatura (°C) e à resistência À medida que esse coeficiente varia, conforme mostrado
(), para duas classes A e B, sendo essa última de menor na Figura 3, muda-se a estimativa da temperatura a partir da
precisão [2]. leitura do sinal de tensão do termopar.
Os termopares são transdutores simples e amplamente
utilizados para medição de temperatura em diversos
contextos. As principais vantagens são [4]:
 Elevado range de temperatura;
 Elevada robustez a choques mecânicos e vibração;
 Rápida resposta dinâmica: é possível detectar mudança
na temperatura em centésimos de milissegundos;
 Não é influenciado pelo auto aquecimento: diferente de
outros transdutores que necessitam de fonte de energia
para funcionamento.

A despeito das vantagens apresentadas existem quatro


ressalvas importantes sobre o uso dos termopares [4 - 5]:
1. Complexidade do condicionamento do sinal: em
Figura 2. Curvas de tolerância para termorresistores segundo norma DIN-
IEC 751/85 [2]. virtude da amplitude baixa do mesmo;
2. Precisão: sendo afetada:
Entretanto, a operação adequada de TIPs requer duas a. Pela precisão da medição da temperatura na junção
condições básicas: de referência;
 Uma fonte de corrente fixa e confiável; b. Pela heterogeneidade e instabilidade dos meios
 Leitura precisa do valor da tensão no TIP. térmicos;
c. Por características metalúrgicas construtivas;
A primeira consideração pode ser resolvida utilizando-se d. FEMt parasitas provenientes de conectores, chaves,
circuitos integrados consolidados na literatura como fonte de condutores, entre outros.
corrente estável. A segunda consideração depende, 3. Suscetibilidade à corrosão:
principalmente, da distância de conexão entre o TIP e o a. Oxidação dos contatos da junção de referência;
sistema de processamento de dados. Nesse caso, pode ser b. Evaporação de componentes da liga (materiais do
utilizada uma das três topologias básicas de conexão: a que termopar).
usa dois, três ou quatro fios. 4. Suscetibilidade ao ruído:
a. De interferências eletromagnéticas;
2) Termopares b. De falha de resistência de isolamento elétrico.
Os termopares são transdutores analógicos, passivos,
constituídos por dois condutores elétricos, com propriedades A maioria das variáveis de influência listadas pode ser
termoelétricas diferentes, ligados entre si em uma tratada a partir de protocolos adequados de calibração e
extremidade, formando a junção de medição. A outra inspeção dos sensores, e/ou a partir da construção adequada
extremidade dos condutores é chamada de junção de do sensor, como por exemplo, a escolha da junção de
referência, sendo ligada aos condutores, que conduzem o medição.
sinal aos circuitos de processamento. A Figura 4 mostra diferentes estruturas de construção
Na Figura 3 estão representadas as curvas do coeficiente para a junção de medição em termopares.
de temperatura de Seebeck pela variação da temperatura nos
(a) (b)
termopares tipos: E, K, J e T. Observa-se que o termopar
Tubo de proteção:
tipo K apresenta regiões com maior constância para esse Junção de
Metálico ou Cerâmico
coeficiente na faixa de 0 a 600 °C. Medição

Junção de Medição
Isolação Mineral
(c)
Junção de Tubo de proteção:
Medição Metálico

Isolação Mineral
Figura 4. Tipos de junção de medição: (a) exposta; (b) isolada
(protegida por um tubo que pode ser cerâmico ou metálico); (c) aterrada
no tudo de proteção metálico.

Figura 3. Curva de variação do coeficiente de Seebeck pela temperatura.


O termopar K apresenta relativa constância do coeficiente na faixa de A estrutura da junta de medição escolhida foi à aterrada.
0 a 600 °C [3]. Essa estrutura possibilita: proteção mecânica para o sensor,
redução da influência de grandezas exógenas e espúrias ao MAX31855 seriam mais complexas eletronicamente,
sinal, e adequado tempo de resposta da variável de medição. principalmente por tratarem apenas com um sensor por
Deve se ter atenção para evitar laços de terra no uso dessa circuito integrado. Além disso, no AD8495 não está
estrutura, ou seja, a blindagem dos condutores, que está disponível um módulo de comunicação serial, exigindo
conectada ao tubo de proteção, não poderá estar conectada outros circuitos eletrônicos para a comunicação e possível
na referência do circuito de processamento dos sinais. multiplexação dos sinais.
Para se utilizar as tabelas padrão dos termopares é Desta forma, têm-se duas soluções: AD7793 / ADT7320
necessário determinar, com precisão, a temperatura na e, o ADS1118. No primeiro caso, tem-se uma composição
junção de referência, para que seja realizada a compensação de soluções, uma vez que o AD7793 é um conversor AD
de temperatura. Em geral, são utilizados sensores baseados com dois canais, e o ADT7320 é um sensor de temperatura.
em circuitos integrados – CIs, pois apresentam desempenho A ideia dessa solução em síntese é mensurar a temperatura
superior devido, principalmente, ao elevado padrão de com o ADT7320, enviar essa informação a um sistema
precisão construtivo dos mesmos. Nesse caso, pode-se obter computacional, por comunicação SPI. Da mesma forma,
uma precisão em torno de frações de 1,0 °C [4]. mensurar os sinais dos termopares com o AD7793 e enviar
Por fim, vale ressaltar também atenção na confecção da também para um sistema computacional, por comunicação
placa de circuito integrado - PCI de forma a se criar um SPI multiplexada.
bloco isotérmico entre o conector do termopar e os A partir dessas informações, pode-se, por meio de
condutores para o circuito de processamento. Isso visa evitar software, promover a correção de temperatura da junção
heterogeneidade e instabilidade dos meios térmicos, fria, bem como aplicar as curvas de calibração. Esta é uma
principalmente na junção de referência. solução com elevada precisão e flexibilidade. Entretanto,
ainda com uma complexidade eletrônica maior, uma vez que
3) Escolha do sensor utiliza dois circuitos integrados por par de termopares.
Considerando a necessidade de processamento de Por fim, a solução com o ADS1118 apresenta a mesma
dezesseis sinais de temperatura distintos e os fatores listados ideia daquela com o AD7793 / ADT7320, entretanto, o
na seção 1, o sensor escolhido para o projeto foram os sensor de temperatura está embarcado no ADS1118, ou seja,
termopares, do tipo K. O uso de TIPs para medições acima tem-se a comunicação serial, fazendo-se a leitura de três
de 600 °C conduz a escolha de sensores de menor precisão. sinais de temperatura (no CI, e em dois termopares)
Além disso, os TIPs são sensores ativos, ou seja, demandam multiplexados, mas controlando-se apenas um dispositivo,
circuitos eletrônicos mais complexos com soluções, em ou seja, com oito ADS1118 é possível, mensurar a
geral, não encapsuladas. Isso não ocorre com termopares temperatura da junção fria (próxima a um par de conectores
que apresentam soluções de processamento de sinais dos sensores), além dos sinais de cada um dos dois
encapsuladas e disponíveis comercialmente. termopares. Isso é feito a partir de uma palavra de
configuração enviada ao ADS1118 pelo módulo
computacional, e que configura a multiplexação, bem como
B. Medição, Conversão AD e Transmissão Serial:
a forma de leitura e de qual sensor está sendo realizada a
Termopar tipo K
leitura. Essa comunicação será detalhada na próxima seção.
Conforme exposto das anteriormente, a partir da escolha
do sensor de temperatura termopar tipo K passa-se para a
próxima etapa, que consiste na especificação de filtros C. Circuito Eletrônico para SAPS-MT com ADS1118
digitais, amplificação, ganho e transmissão serial do sinal. Conforme descrito na seção anterior, a solução escolhida
Foram selecionadas quatro possibilidades, com foco em para constituir o Sistema de Aquisição e Processamento de
soluções embarcadas em circuitos integrados, ou seja: Sinais do Módulo de Temperatura foi o circuito integrado
I. MAX31855; ADS1118 [6]. A solução proposta é apresentada conforme o
II. AD8495; circuito esquemático da Figura 5.
III. AD7793 / ADT7320;
IV. ADS1118.

A Tabela I apresenta um comparativo entre as principais


características dessas soluções.

Tabela I. Comparativo entre soluções encapsuladas para medição de


temperatura com termopar tipo K.
Sensor de Compensação
Circuito Interface N. de
Temperatura Interna
Integrado Serial Sensores
Interno Junção Fria
AD8495 Não Sim Sim 1
AD7793 e
Sim Sim Não 2 Figura 5. Esquemático interno do ADS118: multiplexação dos sinais dos
ADT7320
MAX 31855 Sim Sim Sim 1 sensores de temperatura, ajuste de ganho de amplificação, conversão AD e
interface serial, todas essas funções embarcadas no CI [6].
ADS1118 Sim Sim Não 2
Vale ressaltar que nessa solução é possível realizar a
Em virtude da necessidade de coleta de dezesseis sinais leitura de três sinais de temperatura: até dois sensores
distintos, percebe-se que soluções baseadas no AD8495 e no termopares e, da temperatura próxima à junção fria. Além de
estar integrada, também, a comunicação serial, com para gerar o menor valor detectável pelo conversor (LSB,
protocolo SPI, e o ajuste de ganho do amplificador. No que Low Significative Bit).
tange esse último parâmetro, a seleção do ganho é realizada A Figura 6 apresenta um esquema do circuito eletrônico
com base na faixa de medição máxima (FSR, Full Scale desenvolvido no P&D para o SAPS-MT, que tem as
Range). Essa faixa é relacionada ao número de bits do seguintes características:
conversor AD embarcado no ADS1118, ou seja, 16 bits,

Figura 6. Circuito proposto para aquisição, processamento, conversão AD e transmissão serial para até dois sensores de temperatura termopar tipo K.

1) Filtros passivos em modo comum e diferencial em que representa a sensibilidade do sensor


Nesse projeto o primeiro passo consiste em determinar a ( por nível); representa o código recebido
frequência de corte dos filtros passivos, os quais foram do sensor interno do ADS1118, e representa o
escolhidos: em modo diferencial e em modo complemento de dois do código recebido do sensor interno
comum do ADS1118.
2) Decodificação do sensor interno do ADS1118 O MSB da palavra recebida indica o sinal da temperatura
A informação dos canais e do sensor interno precisa ser lida, ou seja, se zero a temperatura é positiva, do contrário a
convertida do valor de nível lógico para a escala de temperatura é negativa.
temperatura. Nessa etapa a escala adotada na parametrização 3) Decodificação e conversão dos sensores externos
inicial é essencial, assim, assumiu-se uma faixa dinâmica No caso dos sensores externos para uma faixa dinâmica
para o conversor AD de , ou seja, no caso dos do conversor AD de , tem-se que cada nível
sensores externos esse intervalo será dividido em equivale a . Além disso, é preciso considerar a
níveis, considerando o nível codificado com zero. sensibilidade do termopar, que pode variar segundo a região
No caso do sensor interno a informação é codificada com de operação. Desta forma, a temperatura de saída do sensor
14 bits, ou seja, são níveis. será dada pela função de correção, mostrada na Equação (1):
Desta forma, a resposta recebida pelo ADS1118 será um
código, em formato hexadecimal, representando o valor
convertido dos sensores (internos e externos) segundo o ( )( )
nível equivalente na faixa dinâmica do conversor AD.
Assim sendo, para os sensores externos é necessário (1)
( )( )
converter esse código de níveis, conforme região de
sensibilidade do termopar, obtida por meio da curva estática
(Figura 3). No caso do sensor interno a sensibilidade é de
por nível. A faixa de medição do sensor interno em que e representam a temperatura inicial e final
é de: a . A conversão do código para a
da região de operação; e representam os códigos
temperatura equivalente é realizada por:
ADS1118 para as temperaturas da região de operação,
conforme mostrado na Tabela II, que representa a divisão do
( ) range de medição dos sensores em vinte e oito regiões;
{
( ) representa o valor recebido do ADS1118, e
representa a sensibilidade da região de operação.
Tabela II. Divisão do Range de Medição dos sensores externos em 28 e compará-lo com os resultados obtidos com testes de
regiões de operação com coeficientes de Seebeck diferenciados.
comissionamento periódicos, realizados após cada uma das
Código de resposta do ADS1118 revisões gerais dos motores, determinando, assim, qual o
Região Temperatura Código Coeficiente nível de degradação está ocorrendo em uma UDGs, bem
Operação (°C) ADS1118 Seebeck como a faixa de potência que a UDG poderá operar sem
1 – 30,0 a – 15,0 FF6C a FFB5 38,0208 danos aos seus componentes, em função das condições de
2 – 15,0 a 0,0 FFB5 a FFFF 38,5417 operação, ao longo do tempo [7].
3 0,0 a 5,0 0000 a 0019 39,0625 O SAPS-MT pode e deve ser utilizado também para
4 5,0 a 10,0 0019 a 0033 40,6250 realização de monitoramento periódico das condições de
5 10,0 a 20,0 0033 a 0066 39,8438 operação de UDGs, isto porque, como ele faz parte de um
6 20,0 a 30,0 0066 a 009A 40,6250 sistema móvel de monitoramento, ele pode ser usado para o
7 30,0 a 40,0 009A a 00CE 40,6250 monitoramento de diversas UDGs de uma UTE, o que
8 40,0 a 50,0 00CE a 0103 41,4063 reduz, significativamente, o tempo de intervenções de
9 50,0 a 60,0 0103 a 0138 41,4063 manutenção e, consequentemente, os custos de O&M da
10 60,0 a 80,0 0138 a 01A2 41,4063 usina.
11 80,0 a 100,0 01A2 a 020C 41,4063
12 100,0 a 140,0 020C a 02DE 41,0156 IV. SISTEMA DE AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DE SINAIS
13 140,0 a 180,0 02DE a 03AC 40,2344 DE MEDIDAS ELÉTRICAS: SAPS–ME
14 180,0 a 220,0 03AC a 0478 39,8438 O sistema para aquisição e processamento de sinais de
15 220,0 a 260,0 0478 a 0548 40,6250 medidas elétricas – SAPS-ME – foi projetado para leitura e
16 260,0 a 300,0 0548 a 061B 41,2109 tratamento dos sinais de tensão e corrente das três fases do
17 300,0 a 340,0 061B a 06F2 41,9922 estator da máquina síncrona, ou seja, do alternador (gerador
18 340,0 a 380,0 06F2 a 07C7 41,6016 elétrico) da UDG. Os dados elétricos nominais de cada
19 380,0 a 420,0 07C7 a 089F 42,1875 máquina síncrona são apresentados na Tabela III.
20 420,0 a 460,0 089F a 0978 42,3828
21 460,0 a 500,0 0978 a 0A52 42,5781 Tabela III. Parâmetros nominais das UDGs.
22 500,0 a 540,0 0A52 a 0B22 42,5781
23 Parâmetro Valor
540,0 a 580,0 0B22 a 0 0BF4 41,6016
24 580,0 a 620,0 0BF4 a CCE 42,5781 Tensão nominal 480 (V)
25 620,0 a 660,0 0CCE a 0DA6 42,1875 Corrente nominal 2631 (A)
26 660,0 a 700,0 0DA6 a 0E79 41,2109
Potência nominal 800 (KW)
27 700,0 a 750,0 0E799 a 0F4C 41,2109
28 750,0 a 800,0 0F4C a 1024 42,1875 Frequência nominal 60 (Hz)

Neste caso, a sensibilidade da região de operação pode ser O projeto de condicionamento de correntes e tensões de
determinada por: estator será apresentado nas próximas seções.
D. Projeto do Sistema para Condicionamento de Correntes
Elétricas
( )( ) (2)
Considerando a elevada corrente de curto-circuito – em
torno de 80 (kA) – no ponto de acoplamento do SAPS-ME
A Tabela II sintetiza as regiões de operação consideradas, ao gerador, tem-se como premissa de projeto o uso de
conforme cálculo realizado pelas Equações (1) e (2), bem sensores de tensão e de corrente que isolem o sistema de
como os respectivos coeficientes de Seebeck. medição do gerador.
Pode-se observar que o valor do coeficiente varia entre Além desta premissa, a medição de corrente elétrica será
a . feita através de sensores instalados enlaçando-se cabos de
A metodologia “Ciclo de Rotinas” [7] é utilizada para a potência com 300 mm2 de bitola. Tais sensores também
aplicação do skid móvel em usinas termelétricas. deverão ser capazes de serem instalados e movidos entre os
Esta metodologia de monitoramento e análise é baseada geradores da usina de maneira segura e conveniente,
na utilização dos dados térmicos obtidos nos dezesseis contendo para isso baixa massa e fácil conexão. Sob tais
sensores de temperatura instalados no motor de uma UDG e considerações, optou-se pela escolha de um sistema para
com o software de monitoramento, medição, supervisão e sensoriamento de corrente baseado em um transformador de
elaboração de diagnósticos, chamado de Sistema de corrente – TC implementado por sonda Rogowski.
Monitoramento de Motores de Usinas Dieselétricas – Para garantir a qualidade dos sinais adquiridos, optou-se
SISMMUDE, que se encontra na fase final de pela especificação de um sistema integrado contendo sonda
desenvolvimento pela equipe de pesquisadores do P&D, Rogowski e sua respectiva unidade de processamento
aliados ao banco de dados e aos limites operacionais de analógica. As especificações técnicas de tal sistema e sua
motores de combustão interna, é possível, a partir, de um fotografia são apresentadas, respectivamente, nas tabelas IV
teste de comissionamento, definir as condições operacionais
e Figura 7.
padrões, ou seja, o campo básico de funcionamento da UDG
Nyquist - 1,65 kHz – seja maior que uma década da
Tabela IV. Parâmetros nominais das sondas Rogowski. frequência de corte do filtro analógico. Com esta garantia
haverá severa atenuação de componentes espectrais com
Parâmetro Valor frequência maior que a de Nyquist no domínio analógico, o
Corrente de saída nominal 5 (A) que evitará aliasing no domínio digital.
Configurável para 0,5; 1;
Corrente de entrada nominal
2,5; 5; 10; 25; 50 (KA)
Frequência de operação 50 ou 60 [Hz]
Diâmetro da janela da sonda
178 (mm)
Rogowski
Carga de saída máxima (burden) 1,8 (VA/canal)
Tensão de alimentação 100 – 240 (V)

Figura 8. Topologia do sistema de condicionamento para corrente de


estator de cada fase.
Figura 7. Sondas Rogowski e seu sistema de condicionamento com
relação: 2,5 (kA): 5 (A).
O filtro analógico utilizado produz um defasamento de -
Conforme apresentado na Tabela IV, a máxima carga – 8,136° na componente de 60 Hz. Tal defasamento será
burden – de saída para a unidade de sensoriamento de corrigido no software de tratamento dos sinais de corrente
tensão é de 1,8 (VA). Considerando-se a saída do sistema é através da transformada de Park.
em corrente, e que o seu valor nominal é igual a 5 (Arms), Esta estratégia para correção de defasametno angular
apresenta-se na Equação (3) o cálculo do máximo resistor mostrada garante a inexistência de erros em cálculos
que pode ser conectado à saída do TC. envolvendo a componente fundamental da corrente do
gerador.
O uso de sinais amostrados de corrente com defasamento
S burden,max 1,8VA
= 72mΩ .
angular errôneo levaria a erros em cálculos envolvendo tais
Rburden,max = = 2
5  A
2 (3) sinais, como aconteceria com potência ativa, por exemplo.
imax

E. Projeto do Sistema para Condicionamento de Tensões


Considerando eventuais sobrecargas do gerador, o que Elétricas
poderia levar a correntes de saída superiores a 5 (Arms) no
TC, o resistor de burden será especificado em 50 (mΩ). O sistema de condicionamento de tensões irá condicionar
O sistema de condicionamento eletrônico dos sinais de os sinais de tensão de estator de cada uma das fases da
corrente será conectado ao resistor de burden. máquina síncrona, recebendo em sua entrada a tensão
A topologia do sistema integrado contendo TCs e os nominal de 480 V linha e apresentando em sua saída as
sistemas de condicionamento eletrônico são apresentados na respectivas tensões com amplitudes condicionadas as faixas
Figura 8. permissíveis para o conversor A/D, o qual admite tensões
Conforme apresentado na Figura 8, o filtro analógico entre 0 e 3,3 V.
utilizado no SAPS-ME possui frequência de corte igual a Além disso, para segurança do operador, não poderá
600 Hz, o que se justifica para que o mesmo não atenue haver circulação de corrente de sequência zero entre o
sinais na faixa de uma década da frequência nominal de sistema de medição e o gerador. Para atender a tal premissa,
operação do gerador – 60 Hz. o SAPS-ME será isolado do gerador com os
Também mostrado na Figura 9, o conversor A/D transformadores de potencial – TPs conectados em delta,
escolhido possui frequência de amostragem igual a 3,3 kHz. tanto no primário, quanto no secundário. Tal topologia é
Tal valor foi especificado para garantir que a frequência de apresentada na Figura 9.
sistema de condicionamento composto por um amplificador
de instrumentação, um filtro passa-baixas e o conversor
A/D. Tal estrutura é mostrada na Figura 11.
Na Figura 11 é apresentada a topologia de um filtro
passa-baixa e um conversor A/D cujas respectivas
frequências de corte a taxa de amostragem foram
determinadas sob as mesmas premissas apresentadas para a
unidade de condicionamento de correntes.
Figura 9. Conexão trifásica dos TPs.

A escolha da relação de transformação dos TPs foi


baseada em se garantir capacidade de medição da tensão
nominal de 480 V no primário e obter a menor tensão
possível no secundário.
Para atender tal premissa, pesquisou-se dentre TPs
comerciais qual possuía a menor tensão no secundário, para
uma tensão de 480 V no primário. Desta pesquisa, foram
especificados TPs conforme mostrado na Tabela V.

Tabela V. Parâmetros nominais dos TPs para medição.

Parâmetro Valor
Tensão nominal primária 480[V]
Tensão nominal secundária 110 [V]
Frequência nominal 60 [Hz]
Burden 12,5 [VA]
Isolamento primário-secundário 4,0 [kV] por 1 min.
Isolamento secundário-carcaça 2,5 [kV] por 1 min.
Potência de perdas nominal 400 [W]
Massa 12 [kg]
Dimensões (c x l x a) 180 x 158,3 x 211 [mm]

Figura 11. Topologia do sistema de condicionamento para tensão de


Para a conexão mostrada na Figura 7 haverá em regime estator de cada fase.
nominal dos geradores uma tensão secundária de linha de
110 Vrms, ou 189 Vpico de tensão de fase. Além disso, Ainda dentro da metodologia “Ciclo de Rotinas” o SAPS-
pelos dados nominais da Tabela V, os TPs operam em ME complementa as informações obtidas no SAPS-MT,
condição nominal com uma carga de saída igual a 12,5 VA. quanto aos parâmetros operacionais de motores de
Para satisfazer esta restrição de potência absorvidas dos combustão interna.
TPs e ao mesmo tempo obter uma tensão instantânea na Esses dois módulos aliados aos módulos de vazão de
entrada dos conversores A/D de cada uma das fases igual a combustível, de análise de vibração, de emissão de gases de
3,3 V, quando a tensão no secundário for 189 V e 0,0 V, escape e de ruídos, servirão de sistema de aquisição de
quando a tensão secundária for de – 189 V. Para este caso dados fornecendo assim as informações para o diagnóstico
foi projetado um divisor resistivo com conexão em estrela e completo das condições de operação de uma UDG, tornando
valores de resistência tais como mostrados na Figura 10. este P&D inédito.
Todos os módulos desenvolvidos e integrados serão
montados no skid móvel, composto por um conjunto de
maletas que terá a função de realizar as medições (aquisição
de dados), o armazenamento e pós-processamento, a
análises das curvas características, a avaliação da
degradação ou perda de rendimento dos motores durante
determinado período de operação.
Aliado ao skid móvel será formado um banco de dados de
Figura 10. Divisor resistivo para amostragem das tensões de fase. componentes dos motores, para a correta localização das
anomalias, bem como um banco de falhas e defeitos, a fim
As amostras de tensão presentes na saída dos divisores de servir de base para a tomada de decisão gerencial, usando
resistivos mostrados na Figura 10 serão aplicadas a um a metodologia “Ciclo de Rotinas” [7].
V. RESULTADOS próximo do centro da janela de inspeção.
Conforme mencionado anteriormente este P&D encontra- Em ambos os casos a temperatura do motor pode ser
se na fase de montagem final do sistema de monitoramento avaliada, informado qual o setor do motor apresenta algum
de motores de usinas termelétricas e de desenvolvimento do tipo de anomalia.
estudo de caso. Para a aquisição da temperatura em diversos pontos de
Como resultados até esta fase do P&D foram um motor, como por exemplo, nas janelas de inspeção do
desenvolvidos os módulos de aquisição de dados tanto para bloco do motor, foi desenvolvido pela equipe deste P&D um
os parâmetros térmicos – SAPS-MT, quanto para os termopar do tipo K com base magnética e uma haste de
parâmetros elétricos SAPS-ME. prolongamento, com o termopar completamente isolado,
Assim sendo serão apresentados os resultados obtidos até conforme mostrado na figura 13.
o momento neste P&D.

F. Placa de Aquisição SAPS-MT


Partindo das informações mencionadas anteriormente, foi
projetada uma placa de aquisição para o SAPS-MT, com um
CI ADS1118, com dois canais e um sensor de temperatura
interno.
A figura 12 mostra o projeto final da placa de aquisição
para parâmetros elétricos.

Figura 13. Sensor de temperatura desenvolvido para o skid móvel.

H. Placa de Aquisição SAPS-ME


Da mesma forma foi desenvolvida uma placa de aquisição
e o sensor de temperatura para o SAPS-MT, foi construída
uma placa para aquisição de parâmetros elétricos para o
SAPS-ME.
Esta placa usa as conexões dos transformadores de
corrente e de potencial do gerador elétrico da UDG.
A figura 14 mostra o projeto final da placa de aquisição
para parâmetros elétricos do sistema de monitoramento de
Figura 12. Placa de aquisição de dados de parâmetros térmicos.
motores a diesel.
A placa de aquisição do SAPS-MT é interligada a placa
Raspberry PI, modelo 3, para qual foi desenvolvido um
driver para interpretação e conversão dos sinais os quais são
lidos e armazenados pelo software SISMMUDE.

G. Termopar de Aquisição do SAPS-MT


Durante as pesquisas dos tipos de motores onde o sistema
de monitoramento possa ser utilizado foi verificado que nas
janelas de inspeção os materiais usados são o aço carbono e
o alumínio. Assim sendo, existe a necessidade de se usar
uma base magnética para a conexão do termopar com o
motor bloco do motor que usam janelas em aço carbono.
No caso dos motores com janelas de inspeção em
alumínio, além da base magnética é necessária uma haste de
prolongamento, onde o termopar possa ser posicionado mais
Figura 14. Placa de aquisição de dados de parâmetros elétricos.
I. Curvas Características intervir em uma UDG, a partir das condições operacionais
Para validar o desenvolvimento dos módulos de do motor e do gerador elétrico, ou seja, com a prática de
parâmetros térmicos e elétricos foram realizados testes de manutenção do tipo preditiva [7].
comissionamento normalizados [10] em um motor diesel A figura 17 apresenta a curva de consumo específico de
existente em uma bancada de testes no Labmotor da UFPA. combustível, obtida através do teste de comissionamento no
A figura 15 contém alguns os resultados compilados dos motor diesel do Labmotor.
diversos parâmetros obtidos através de cálculos e análises
relacionados ao ensaio de comissionamento realizado no Consumo Específico do Motor Yanmar
motor existente no Labmotor da UFPA, em função do

Consumo específico [kg/kWh]


percentual das cargas aplicadas sobre o grupo gerador. 0,460
0,469
0,410

0,360
0,369
0,310
0,308
0,260 0,295
0,3 0,5 0,7 1
Carga Aplicada
Figura 17. Consumo específico do motor em função das cargas.

O consumo especifico de combustível de um motor é um


dos parâmetros que indicam como está sendo a operação de
uma UDG [7], assim sendo, o sistema de monitoramento
Figura 15. Variação da temperatura de escape do motor com o tempo atinge seu objetivo quando mostra uma curva pós-
durante os testes de comissionamento. processada deste parâmetro de funcionamento de um motor.
É importante ressaltar que este P&D, até a edição final
É possível observar que os resultados obtidos, em deste artigo, ainda se encontra nas etapas de montagem do
destaque em vermelho na figura 14, apesentam coerência e sistema de monitoramento e desenvolvimento do estudo de
precisão dentro dos valores aceitos para este tipo de ensaios. caso. Nestas etapas serão buscadas a validação dos
Utilizando-se os módulos SAPS-MT e SAPS-ME, após procedimentos, instrumentos, equipamentos, drivers e
pós-processamento é possível se obter a curva de eficiência software, para que possam ser desenvolvidos os
do motor e da UDG, em função da carga. diagnósticos e propor as melhores soluções para as
A figura 16 mostra a curva de eficiência da UDG em anomalias que ocorrem em UDGs, com a formação do
função da carga gerada durante o teste de comissionamento banco de dados de informações e de falhas típicas em
do motor diesel no Labmotor. motores e geradores elétricos.

Eficiência do Motor Yanmar


29 VI. CONCLUSÕES
Eficiência do Sistema [%]

27 28,16 O P&D Monitoramento de Motores mostrou-se efetivo no


26,93 atingimento de seus objetivos, pois de forma inédita
25
desenvolveu um conjunto de instrumentos, de placas de
23 aquisição, drivers, um software (com interfase homem
21 22,46 máquina, para monitoramento e com mecanismos de
19
elaboração de diagnóstico de motores de combustão
interna), que serão montados em um skid móvel para
17
17,70 realização de monitoramento, supervisão e medição de
15 parâmetros operacionais, independentemente das
4,156 6,522 10,182 15,103 configurações dos componentes dos motores.
Potência ativa média [kW]
Este skid móvel tem aplicação direta em usinas e
Figura 16. Curva de eficiência da UDG em função da carga gerada.
instalações termelétricas com motores a diesel de forma a
possibilitar a execução de manutenções do tipo preditiva
Dentro da metodologia “Ciclo de Rotinas” em instalações
nestas instalações/usinas.
de usinas termelétricas, é possível, realizar, com
Para os estudos de montagem do skid móvel foi
periodicidade anual, testes de comissionamento nas UDGs
necessário desenvolvimento de um conjunto de
de uma UTE, a fim de se obter as condições de operação e a
procedimentos técnicos normalizados para: a aquisição de
eficiência do sistema de geração [7].
dados, com a realização da comparação dos valores de testes
Como mencionado anteriormente esta metodologia
de comissionamento de acordo com as normas brasileiras,
garante a comparação, ao longo do tempo, dos diversos
tanto em laboratório da UFPA, quanto em usinas
testes de comissionamento e determinar o momento de se
termelétricas em operação, comparando os resultados dos [8] ANEEL, BIG – Banco de Informações de Geração, Capacidade de
Geração do Brasil. Disponível em:<
testes e analisando os parâmetros operacionais, a fim de http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebras
propor ações para a realização de programas de manutenção il.cfm>. Acessado em 20 de janeiro 2017.
preditiva, que com o uso do sistema de monitoramento, pela [9] MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Anuário estatístico da
energia elétrica 2015, ano base 2014. Empresa de pesquisa energética.
equipe de manutenção das empresas geradoras, possa obter
Brasília – DF, 2015.
as condições das UDGs, definindo o momento de se intervir [10] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR ISO –
nos componentes de uma unidade diesel geradora. 8528 – 9 (2014): Grupos Geradores de Corrente Alternada Acionados
O ineditismo deste P&D reside no desenvolvimento de por Motores Alternativos de Combustão Interna – Parte 9: Medição e
Avaliação de Vibrações Mecânicas, Rio de Janeiro.
sensores de temperatura, termopares tipo K, nas placas de
aquisição (SAPS-MT e SAPS-ME) e do software de
controle e medição (SISMMUDE), o que reduz os custos de
desenvolvimento e de aplicação do sistema de
monitoramento em qualquer usina termelétrica, por se tratar
de um sistema móvel e que pode monitorar várias UDGs
com baixo custo fornecendo os parâmetros necessários para
a tomada de decisão gerencial.
É importante enfatizar que a formação do banco de dados
tem importância fundamental, para o sistema de
monitoramento, pois ele deve contemplar as informações de
todos os componentes dos motores, os módulos de falhas e
as soluções para os vários tipos de anomalias que ocorrem
em usinas termelétricas, assim sendo será possível reduzir o
tempo de intervenção ou manutenções nos motores, e
consequentemente, o custo global de operação e manutenção
das usinas termelétricas brasileiras.
As próximas fases deste P&D serão concentradas na
validação de todos os elementos desenvolvidos e
construídos e nos testes de comissionamento, em laboratório
(Labmotor) e em UTEs em operação, para elaboração dos
diagnósticos operacionais, dos diagramas de falhas e do
relatório final.

VII. AGRADECIMENTOS
Os autores e pesquisadores deste P&D agradecem a
Brentech Energia S. A., ao Núcleo de Estudos e Pesquisas
do Nordeste – NEPEN e a ANELL, pelo apoio financeiro e
ao Grupo de Estudos de Energia, Biomassa e Meio
Ambiente – EBMA da UFPA, através do Laboratório de
Motores – Labmotor, da Faculdade de Engenharia Mecânica
– FEM, pelo desenvolvimento do projeto de pesquisa.

VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] Termorresistência Industrial de Platina - Requisitos e Ensaios. Norma
ABNT NBR 13.773. Setembro de 2008.
[2] Tabela da norma IEC DIN 751/85. Disponível em:
<http://www.lakeshore.com/Documents/F038-00-00.pdf>. Acessado
em 23/01/2017, as 05h35.
[3] R. Malik, "Thermocouple Linearization When Using the
AD844/AD845/AD8496/AD87," Analog Devices, Relatório Técnico.
AN-1087 (1-4).
[4] M. Duff, and J. Towey, "Two ways to measure temperature using
thermocouples feature simplicity, accuracy, and flexibility," Analog
Dialog, vol. 44, pp. 44-557, Oct. 2010.
[5] Analógica Instrumentação e Controle, "Fundamentos e
recomendações para calibração de termopares," Relatório Técnico.
NT-005 (1-9). Maio 2013.
[6] Texas Instruments, “Folha de Dados ADS1118,” Oct. 2015.
Disponível em: <http://www.ti.com/lit/ds/symlink/ads1118.pdf>.
Acessado em: 23/01/2017, as 05h58.
[7] Santos, E. C. (2012), “Ciclo de rotinas para melhoria da manutenção
em unidades diesel de geração de energia elétrica”. Tese (Doutorado).
Universidade Federal de Itajubá. Itajubá – MG, Brasil. 183 p.

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