You are on page 1of 11

APOSENTADORIA ESPECIAL DO VIGILANTE

PARTE 1: REGRAS GERAIS SOBRE


APOSENTADORIA ESPECIAL
Antes de tratar sobre a aposentadoria especial dos
vigilantes, é preciso traçar um quadro geral das
aposentadorias atualmente existentes na Previdência
Social:

1) QUAIS SÃO OS TIPOS DE APOSENTADORIAS


QUE EXISTEM ATUALMENTE ?
De uma maneira bem resumida, o segurado do INSS
pode se aposentar com diferentes tipos de
aposentadoria:

 Aposentadoria por idade:


- 65 anos homem + carência (180 meses de
contribuição ao INSS);
- 60 anos mulher + carência (180 meses de
contribuição ao INSS);

 Aposentadoria por tempo de contribuição:

- 35 anos de contribuição homem;


- 30 anos de contribuição mulher.

 Aposentadoria por invalidez:

- Pessoa com incapacidade física ou mental


permanente.

 Aposentadoria especial:

- Aposentadoria com tempo de contribuição reduzido,


com o objetivo de proteger os trabalhadores que
exerceram serviços em condições perigosas ou
insalubres.
O tempo de contribuição pode variar de acordo com
cada caso:
25 anos (maioria das atividades);
20 anos (trabalhos com amianto ou trabalhos com
mineração subterrânea, sem exposição aos agentes
insalubres);
15 anos (trabalhos com mineração subterrânea, nos
quais o segurado fica na frente de produção, exposto
aos agentes insalubres).

2) O QUE É A APOSENTADORIA ESPECIAL ?


A aposentadoria especial é uma espécie de
aposentadoria com tempo de contribuição
reduzido, pois somente são necessários 25, 20 ou 15
de anos de efetiva contribuição ao INSS, a depender
da atividade de trabalho, nos termos do artigo 57 da
Lei nº 8.213/91.
O objetivo da lei ao reduzir o tempo de contribuição
na aposentadoria especial (máximo 25 anos de
contribuição) é para compensar os trabalhadores
que estiveram expostos a atividades prejudiciais
à saúde (insalubridade) ou à integridade física
(periculosidade).
A atividade deve ser desenvolvida em condições
especiais de forma permanente, ou seja, o segurado
não pode estar apenas ocasionalmente exposto ao
risco.
Tendo em vista que o requisito da “permanência da
exposição ao risco” somente foi introduzido a partir da
Lei nº 9.032/1995, o INSS só pode exigir a
comprovação da exposição ininterrupta para as
atividades exercidas após abril de 1995.

3) QUAIS SÃO OS PERÍODOS QUE PODEM SER


COMPUTADOS COMO ESPECIAIS ?
Além do efetivo exercício da atividade, também são
computados como tempo de trabalho:
- os períodos de descanso determinados pela
legislação trabalhista, inclusive férias;
- os períodos de afastamento decorrentes de gozo
de benefícios deauxílio-doença, aposentadoria por
invalidez e salário maternidade.

4) COMO PROVAR A ATIVIDADE ESPECIAL ?

A lei nº 9.528/1997 fixou a obrigação de as empresas


manterem laudo técnico das condições
ambientais do trabalho (LTCAT) e o perfil
profissiográfico previdenciário (PPP), que devem
detalhar as atividades desenvolvidas pelo segurado e
as condições de trabalho a que estava submetido.
Além disto, é possível que no curso do processo se
faça uma perícia técnica, para apurar a exposição
concreta do segurado aos agentes insalubres e/ou
perigosos.

5) QUAIS ATIVIDADES SÃO CONSIDERAS


"ESPECIAIS" ?

Desde o Decreto n. 2.172, de 6.3.1997, o INSS não


administrativamente como especiais as atividades
perigosas, mas somente as insalubres.
Entendemos que essa restrição não contém base
legal, pois o conceito de prejuízo à saúde e à
integridade física (art. 201, § 1º, da CF) engloba todos
os tipos de atividades que possam causar dano ao
trabalhador.
Logo, não só o trabalhador que tem direito a receber
o adicional de insalubridade faz jus à aposentadoria
especial: aquele trabalhador que tem direito a
receber o adicional de periculosidade também
pode se aposentar nesta modalidade.
O STJ tem seguido essa orientação e permite o
reconhecimento da natureza especial da atividade
que expõe a risco a integridade física do trabalhador
em razão de periculosidade, mesmo após a edição do
Decreto 2.172/1997.

6) O FATOR PREVIDENCIÁRIO É APLICADO NA


APOSENTADORIA ESPECIAL ?
NÃO.
O fator previdenciário é uma fórmula utilizada para se
calcular o valor da aposentaria, que leva em conta a
idade do segurado, o tempo de contribuição e a
expectativa de vida.
O fator previdenciário foi criado para reduzir as
despesas do INSS com as aposentadorias por tempo
de contribuição, pois a partir de sua utilização, as
aposentadorias passaram a ter um valor bem menor
do que antes.

PARTE 02: APOSENTADORIA


ESPECIAL DO VIGILANTE
1) AFINAL, O VIGILANTE ARMADO TEM OU NÃO
DIREITO À APOSENTADORIA ESPECIAL ?

O direito dos vigilantes armados à aposentadoria


especial já foi objeto de muita discussão.
Houve épocas em que a Justiça entendia que a
categoria não poderia fazer jus à aposentadoria
especial, pois somente as atividades exercidas com
exposição à insalubridade é que dariam ensejo à
aposentadoria especial.
As atividades perigosas (aquelas que tem direito a
receber o adicional de periculosidade = 30% do
salário bruto), como é a atividade do vigilante armado,
ficavam desamparadas.
De acordo com a redação do artigo 193 da CLT:
“São consideradas atividades ou operações
perigosas, na forma da regulamentação aprovada
pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que,
por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem
risco acentuado em virtude de exposição permanente
do trabalhador a:
I – inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;II –
roubos ou outras espécies de violência física nas
atividades profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial”.

Ocorre que o entendimento da Justiça Federal


mudou e, nos dias de hoje, foi reconhecido o
direito do vigilante armado à aposentadoria
especial.
Após o julgamento pela Justiça Federal do processo
nº 0502013-34.2015.4.05.8302, representativo da
controvérsia existente sobre este tema, entende-se
que é possível o reconhecimento de tempo especial
prestado com exposição a agente nocivo
“periculosidade”, na atividade de vigilante, após
05/03/1997, desde que haja laudo técnico ou
documento similar que comprove que o vigilante ficou
efetivamente exposto ao perigo, devido ao uso de
arma de fogo.
Para conferir a íntegra da decisão, clique AQUI.
Nos dias de hoje, a atividade de vigilante, com
uso de arma de fogo, é enquadrada como
perigosa, conforme código 2.5.7 do Decreto nº
53.831/64, por equiparação à atividade de guarda,
nos termos da OS/INSS nº 600/1998.
Por isto, a Justiça Federal CONCEDE A
APOSENTADORIA ESPECIAL AOS VIGILANTES
QUE TRABALHAM COM PORTE DE ARMA DE
FOGO.

2) E O VIGILANTE NÃO ARMADO ? ELE TEM


DIREITO À APOSENTADORIA ESPECIAL ?

Ainda não há um posicionamento pacífico na Justiça


sobre os vigilantes que não portam armas de fogo.
Porém, prevalece o entendimento de que o
vigilante que não porta arma de fogo em serviço
não tem direito à aposentadoria especial, pois não
fica caracterizado no caso concreto o perigo a que
está exposto o trabalhador.
Embora pareça um absurdo - pois muito se sabe que
a profissão de vigilante, com ou sem arma de fogo, é
perigosa – o INSS não concede a aposentadoria
especial administrativamente ao vigilante que não
trabalha armado e a Justiça Federal, na esmagadora
maioria das vezes, mantém a decisão do INSS.
No entanto, há uma luz no fim do túnel.
A Justiça Federal do Rio Grande do Sul já tem
jurisprudência no sentido de que o vigilante não
armado também tem direito à aposentadoria com
tempo especial.

3) A APOSENTADORIA ESPECIAL É VANTAJOSA


AO VIGILANTE ?
SIM.
Com a aposentadoria especial o vigilante armado
pode aposentar-se mais cedo do que os demais
trabalhadores, independentemente da sua idade.
Portanto, se um vigilante armado começou a trabalhar
aos 18 anos e permaneceu trabalhando direto até os
43 anos, poderá aposentar-se com esta idade.
Além disto, o valor recebido pelo vigilante com a
aposentadoria especial é maior do que seria no
caso da aposentadoria por tempo de contribuição.
Isto porque, conforme já visto acima, na
aposentadoria especial não incide o fator
previdenciário.

4) COMO COMPROVAR A ATIVIDADE ESPECIAL


?

O vigilante pode apresentar alguns documentos,


como:
I – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA);
II – Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR);
III – Programa de Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT);
IV – Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO);
V – Laudo Técnico de Condições Ambientais do
Trabalho (LTCAT);
VI – Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP);
VII – Holerites constando o recebimento de adicional
de periculosidade.
Mas, o principal documento é o PPP (Perfil
Profissiográfico Previdenciário), que deve ser
obrigatoriamente emitido pela empresa e
entregue ao vigilante.
O vigilante pode pedir este documento a qualquer
tempo e a empresa é obrigada por lei a entregá-lo.
É possível, ainda, que durante o processo judicial,
seja feita uma perícia técnica pelo INSS, para constar
a presença de agentes nocivos à integridade física ou
à saúde do vigilante.

5) A PARTIR DE QUE DATA O VIGILANTE


COMEÇA A RECEBER O BENEFÍCIO ?

O pagamento da aposentadoria especial é devido a


partir da data do desligamento do emprego
(quando requerida até essa data ou até noventa
dias depois desta), ou da data do requerimento
(quando não houver desligamento do emprego ou
quando for requerida após noventa dias deste).

5) DEPOIS DE APOSENTADO (APOSENTADORIA


ESPECIAL), O VIGILANTE PODE VOLTAR A
TRABALHAR COM PORTE DE ARMA DE FOGO ?
NÃO.
O vigilante aposentado de forma especial que
continuar ou retornar ao exercício de atividades ou
operações que o sujeite aos agentes nocivos (armas
de fogo ou outros tipos de situações que o exponham
à periculosidade/insalubridade) terá
sua aposentadoria CANCELADA.

You might also like