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O SISTEMA STEEL DECK COMO UMA ALTERNATIVA PARA LAJES

RACIONALIZADAS

ROGUS, A. R.
Acadêmica do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia. Faculdades Integradas
de Cacoal - UNESC. E-mail: alessandra_rogus@hotmail.com.
SANTOS, J.C.G.
Acadêmico do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia. Faculdades Integradas
de Cacoal - UNESC. E-mail: joel-carlos.eng@outlook.com.

INTRODUÇÃO
O setor da construção civil muitas vezes é associado a erros de execução, atrasos e
desperdícios de materiais. Estes problemas podem ser minimizados por meio da
racionalização dos processos construtivos. Um empreendimento que visa a implantação da
racionalização em uma obra, busca encontrar métodos e tecnologias construtivas mais
limpas, rápidas e que consigam reduzir desperdícios. É neste contexto, que o sistema Steel
Deck surge como uma alternativa para lajes racionalizadas.
Neste trabalho serão apresentados os conceitos relativos a racionalização e as
características que justificam o uso de lajes mistas em Steel Deck nestas obras que buscam
otimizar seus serviços e aumentar sua produtividade.

A IMPORTANTÂNCIA DA RACIONALIZAÇÃO NOS CANTEIROS DE OBRA


Para que as empresas do setor da construção civil continuem competitivas no
mercado, tornou-se essencial procurar por novas tecnologias que consigam otimizar as fases
de execução da obra, e para isto, é necessário que exista uma preocupação em buscar
métodos construtivos racionalizados que diminuam os custos e aumentem o ganho de
qualidade e produtividade.

Sabbatini (1989 apud. SILVA, C e GUIMARÂES, Stela 2006) define a


racionalização construtiva como um processo composto por todas as ações que buscam
otimizar o uso de recursos materiais, humanos, organizacionais, energéticos, tecnológicos,
temporais e financeiros disponíveis na construção em todas as suas fases. Vaz (2014) alerta
para a importância da racionalização a partir da fase inicial do empreendimento para que as
vantagens da sua implantação possam ser amplificadas e que possíveis conflitos de projetos
sejam evitados.

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Atento a isto, Silva, R (2010) divide o conceito de projeto em dois termos diferentes:
projeto de produto e projeto de produção. O primeiro se destina a atender aos requisitos
normativos, gerando elementos descritivos e gráficos, ou seja, é o projeto no seu sentido
mais usual (projeto arquitetônico, estrutural, elétrico etc.). O projeto de produção descreve
de forma detalhada as etapas de execução e as tecnologias construtivas utilizadas, afim de
minimizar falhas, atrasos e outros possíveis problemas construtivos.

Com estas definições estabelecidas, fica evidente a importância de elaborar o projeto


de produção paralelamente com o projeto de produto. Esta compatibilização, segundo Silva,
R (2010), evita a centralização de conhecimentos, amplia a incorporação de informações,
reduzindo a possibilidade de adotar soluções conflitantes entre os projetos, como por
exemplo, aberturas para tubulações em vigas ou lajes que podem interferir no projeto
estrutural.

Neste contexto, as lajes mistas steel deck surgem como uma opção viável para a
execução de lajes com um maior grau de racionalização. O steel deck vem encontrando cada
vez mais seu espaço no setor da construção civil, pois engloba as principais propriedades do
aço e do concreto, formando uma laje mais leve, de rápida execução além de reduzir ou até
eliminar o uso de escoramentos. Uma forma de ampliar ainda mais as vantagens deste
sistema é que ele seja concebido nas etapas iniciais do projeto, a sua adoção apenas nas
etapas posteriores, não o inviabiliza, mas gera custos adicionais (REVISTA TÉCHNE,
nº211, 2014).

CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA STEEL DECK


O conceito do sistema de lajes mistas steel deck surgiu nos Estados Unidos na
década de 1950 quando os engenheiros começaram a substituir as fôrmas de madeira que
necessitavam de uma quantidade maior de escoras, por chapas aço, que passaram a ser
amplamente utilizadas em estruturas metálicas, tornando-se difundidas no Brasil apenas 20
anos depois. Sua versatilidade, simplicidade, relação custo e benefício, e principalmente a
velocidade de execução no canteiro de obra são fatores que exemplificam sua crescente
utilização no Brasil e no mundo (REVISTA TÉCHNE, nº211, 2014).

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A Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 8800 (2008, p.211), apresenta
esta definição para lajes mistas.
Laje mista de aço e concreto, também chamada de laje com forma de aço
incorporada, é aquela em que, na fase final, o concreto atua estruturalmente em
conjunto com a fôrma de aço, funcionando como parte ou como toda a armadura
de tração da laje. Na fase inicial, ou seja, antes do concreto atingir 75% da
resistência à compressão especificada, a fôrma de aço suporta isoladamente as
ações permanentes e a sobrecarga de construção.

O Sistema steel deck é basicamente formado por chapas trapezoidais de aço


galvanizado, concreto com resistência à compressão mínima de 25 MPa, tela de aço soldada
com o objetivo de evitar a fissuração devido a retração e variação de temperatura do
concreto, armaduras de reforço utilizadas em regiões de momentos negativos e conectores
stud bolts que absorvem os esforços de cisalhamento longitudinais e impedem o
afastamento entre as vigas e a laje (GUIMARÃES, Stela 2016).

Figura 1: Componentes da laje Steel Deck – CAMPOS1 2001.

O diferencial das lajes mistas em steel deck é que as chapas servem, inicialmente,
como fôrma para o concreto durante seu processo de cura e, posteriormente, atua como
armadura positiva da laje, além de reduzir ou eliminar o uso de escoramento. A engenheira
Bianca Barros, afirma ao site AECweb que “mesmo quando precisamos trabalhar com
escoramentos, é diferente de uma laje convencional, em que se forma um verdadeiro
paliteiro no andar inferior [...]. No Steel Deck, temos uma única linha de escoramento”.

1
Apud LEMOS (2013)

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Apesar de ser usualmente associada a estruturas metálicas, o steel deck também pode
ser usado em estruturas de concreto sem que ocorra grandes problemas executivos, desde
que sua escolha tenha sido considerada antecipadamente. Luciano Figueiredo esclarece ao
site AECweb que “[...] na estrutura metálica pensamos em vigas principais e secundárias
[...]. O lançamento da estrutura de concreto é totalmente distinto”.

Guimarães, Stela (2016) afirma que as lajes mistas são ideais para edifícios altos em
estruturas de aço, tanto pela rapidez quanto pela simplicidade de execução. Isto se deve ao
fato da união entre o concreto que possui boa resistência a compressão, e o aço que resiste
bem à tração. O autor cita algumas vantagens que são apresentadas na imagem abaixo.

Figura 2: Vantagens do sistema Steel Deck – GUIMARÃES, Stela 2016.

Vale ressaltar que assim como qualquer sistema construtivo, o steel deck possui
desvantagens que devem ser analisadas para verificar a viabilidade do sistema. Dentre as
desvantagens, pode-se citar que em situações de incêndio, o steel deck pode colapsar, e
como revestimento pode ser aplicado na face inferior da laje lãs de vidro e tintas
intumescentes, além do uso de armaduras passivas (REVISTA TECNHE, nº179, 2012).

O STEEL DECK COMO UM SISTEMA RACIONALIZADO


Os sistemas construtivos buscam sempre se adequar as necessidades do setor e trazer
alternativas que aumentem a produtividade sem que ocorra perdas na qualidade do produto
final, e o steel deck se tornou atrativo para empreendimentos que possuam prazos apertados,

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restrições quanto ao tamanho do canteiro de obra e onde há uma preocupação em reduzir
custos com desperdícios de materiais.

Apesar da crescente utilização deste sistema, existem poucas empresas que


produzam as chapas de steel deck no Brasil, e esta falta de concorrência faz com que o preço
da chapa, que corresponde a cerca de 44% do custo por insumos da laje, se eleve e muitas
vezes acabe se tornando o fator decisivo para a não utilizar do sistema (HEINZ e BENETTI,
2016). Contudo, apesar do preço inicial ser maior em comparação com outros tipos de lajes,
por causa da sua facilidade de montagem, o custo com a mão de obra, é menor,
evidenciando segundo Sartori (2012), que os construtores brasileiros ainda se preocupam
mais com os gastos com insumos do que com a mão de obra.

De acordo com as necessidades construtivas atuais, o setor da construção civil não


permite que novos empreendimentos sejam executados utilizando métodos não
racionalizados que podem gerar atrasos, desperdícios e conflitos entre os projetos O
engenheiro responsável deve então idealizar um projeto de produção que se adeque as suas
necessidades, e as lajes mistas steel deck proporcionam alternativas que deverão ser
consideradas durante a escolha dos métodos construtivos a serem utilizados na edificação.

REFERÊNCIAS
SILVA, Raphael. Projeto de produção para construção metálica aplicado em lajes mistas steel deck.
Construmetal – Congresso Latino-Americano da Construção Metálica. São Paulo, 2010. Disponível em:
<http://www.abcem.org.br/construmetal/2010/downloads/contribuicoes-tecnicas/10-projeto-de-producao-para-
construcao-metalica-aplicado-em-lajes-mistas-steel-deck.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: projeto de estruturas de


aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.

REVISTA TÉCHNE. Veja os procedimentos de execução de lajes steel deck. Pini, n. 211, out. 2014.
Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/211/veja-os-procedimentos-de-execucao-de-lajes-
em-steel-deck-327699-1.aspx>. Acesso em: 12 ago. 2017.

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REVISTA TÉCHNE. Construção rápida: Sistema misto que dispensa parcial ou totalmente o
escoramento, o steel deck agiliza a execução e reduz custos. Pini, n. 179, dez .2011. Disponível em: <
http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/179/artigo287917-2.aspx>. Acesso em: 14 ago. 2017.

SILVA, Eduardo Sanches da; GUIMARÃES, Susane. M. A importância da construtibilidade na gestão de


projetos na construção civil. XVIII SIMPEP - Bauru, São Paulo. 2006. Disponível em: <
http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/886.pdf >. Acesso em: 25 ago. 2017.

VAZ, Priscila. F. L. Estudo sobre a racionalização na construção civil. 2014. 90p. TCC – Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Campo Mourão, 2014. Disponível em: <
http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5197/1/CM_COECI_2014_1_21.pdf >. Acesso em: 23
ago. 2017.

HEINZ, João. M. M; BENETTI, João. S. Z. Análise de custos diretos de lajes mistas steel deck e
comparativo de custos com lajes pré-moldadas com vigotas treliçadas. 2016. 135p. TCC – Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2016. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAhKsIAG/analise-custos-diretos-lajes-mistas-steel-deck-comparativo-
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SARTORI, Thomaz. B. Análise comparativa de custos para a execução de uma laje steel deck.2012
Disponível em: <http://www.feng.pucrs.br/professores/giugliani/PG_PRODUCAO_CIVIL_-
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em: 14 ago. 2017.

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<https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/com-dupla-funcao-steel-deck-racionaliza-e-acelera-a
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GUIMARÃES, Stela. R. M. Aplicação de lajes steel deck em edifícios de múltiplos andares. 2016. 79p.
Projeto de graduação – Universidade Federal do Rio de Janeiro. RJ, 2016. Disponível em:
<http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10018428.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2017.

LEMOS, Paula. P. Sistema de lajes mistas steel deck: Análise comparativa com o sistema de lajes zero em
concreto armado. 2013. 96p. Trabalho de Diplomação – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre. 2013. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/78288/000896953.pdf?sequence=1>. Acesso em 18 ago.
2017.

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