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IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

1. INTRODUÇÃO

Este tópico visa contextualizar, apresentar e ponderar as distintas


considerações acerca dos impactos e aspectos ambientais e da avaliação de
impacto ambiental, que permeiam as literaturas, o entendimento jurídico, os casos
práticos e inesperados, bem como a forma com que esses impactos apresentam-se
no Porto Organizado de Vitória.

Incontestavelmente nos dias de hoje o termo impacto ambiental é divulgado


por todos os meios de mídia com muita freqüência, único e exclusivamente, como
algum prejuízo ao meio ambiente, e por via de regra, para chocar a opinião pública.
Não obstante disso, nesse sentido, é difundido também na mídia outro termo
bastante subjetivo: impacto ambiental significativo. Se procurarmos no dicionário a
palavra significativo, teremos sinônimo de expressivo. No entanto é com a
conotação de altamente degradante que o impacto ambiental significativo toma
proporções maiores nas divulgações de mídias.

Por definição impacto ambiental é a alteração da qualidade ambiental que


resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocadas por uma ação
humana (Sánchez, 1998). O impacto ambiental pode ser:

Impacto positivo: deve ser considerado impacto positivo aquele aspecto que
quando gerado é reaproveitado, reciclado ou aquele que minimiza, previne
a geração de um impacto negativo.
Impacto negativo: deve ser considerado impacto positivo aquele aspecto
que ao ser gerado necessita de medidas de controle e acompanhamento
para cumprimento da legislação ou atendimento as partes interessadas e
política ambiental estabelecida (Sánchez, 1998).
A avaliação de impacto ambiental é uma das ferramentas da Política Nacional
do Meio Ambiente, estabelecida em 1980 com a finalidade de confiabilidade da
solução a ser adotada em determinada atividade, além dos estudos especiais de
alternativas. Para se realizar uma avaliação de impacto ambiental deve-se na
verdade levantar primeiramente os aspectos dos impactos ambientais potenciais, e
não somente tentar diagnosticar os impactos ambientais de expressão, ou os
chamados impactos significativos.

Devemos ainda, assim como em qualquer avaliação que se pretende fazer de


algo, valorar os impactos ambientais oriundos de seus respectivos aspectos gerados
em determinada atividade. A atividade desenvolvida, o aspecto ambiental gerado
pela mesma e o impacto ambiental resultante, são indicadores para que possamos
valorar os impactos ambientais, indicando se necessita medida de controle ou não e
finalmente classificando-o.

O estudo de impacto ambiental é uma forma e modalidade de avaliação de


impacto ambiental. Compete ao poder público exigir, na forma da lei, para instalação
de qualquer atividade ou obra causadora de impactos e degradação ao meio
ambiente, um estudo de impacto ambiental, anterior as suas instalações.

Figueiredo (2011), relata que antes do advento da Constituição de 1988 era


compreensível que esses estudos estivessem apenas previstos nas resoluções do
CONAMA, porém atualmente este dispositivo permanece sendo regulado por essas
resoluções, fato que gera um alto grau de insegurança jurídica pela ausência do
efeito de lei. O poder público deve controlar processos e produtos que ofereçam
riscos para o meio ambiente. Por isso que estudos prévios de impactos ambientais
estão transcritos no art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal.

Portanto, este capítulo tem como alvo a identificação da potencialidade dos


impacto ambientais inseridos ou que possam ocorrer nas operações portuárias do
Porto Organizado de Vitória, caracterizando assim a nossa avaliação de impacto
ambiental, permitindo que essas operações tenham um comprometimento com o
controle e planejamento cada vez maior e melhor de suas ações.

A potencialidade de certa ação humana ser capaz ou não de acarretar


modificações ambientais está ligada as cargas de poluentes imposta ao ecossistema
no qual o projeto está inserido, ou fruto de sua ação sobre o mesmo, somada a
vulnerabilidade do meio.

Outros autores trazem o conceito de impacto ambiental formulado de diversos


modos, mas com similaridades em suas noções fundamentais, mesmo que essa
noção narre somente uma parte do conceito. Pode-se citar como contextualização
técnica de impacto ambiental:

• Qualquer alteração do meio ambiente em um ou mais de seus


componentes – provocada por uma ação humana (Moreira, 1992, p.
113);
• O efeito sobre o ecossistema de uma ação induzida pelo homem
(Westman, 1985, p. 5);

• A mudança em um parâmetro ambiental, em um determinado período e


determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com
a situação que ocorria se essa atividade não estivesse sido iniciada
(Wathern, 1988a, p. 7).

Pode-se ilustrar o impacto ambiental, tal qual a Figura 1, tendo como


característica fundamental a extensão da dinâmica dos processos no meio
ambiente, como base no entendimento das alterações ambientais, ou seja, os
impactos.

Figura 1. Ilustração de indicador de impacto ambiental.

Fonte: Sánchez (2008).

E com a Figura 2 podemos visualizar uma ilustração da funcionalidade de


uma avaliação de impacto ambiental, através dos agentes envolvidos.
Figura 2. Ilustração de indicador de impacto ambiental.

Fonte: Sánchez (2008).

Na prática da avaliação ambiental dos impactos, nem sempre é possível


empregar esse conceito, devido à dificuldade de se prever a evolução da qualidade
ambiental em uma dada área.

Os impactos a serem identificados na atividade portuária, objeto de nosso


estudo, são decorrentes de modificações:

Das propriedades:

• Física (ex.: aterros, dragagens e maus dimensionamentos de obras);

• Químicas (ex.: alteração da qualidade dos corpos hídricos por


possíveis contaminações de agentes químicos e com o
deslastramento); e

• Biológicas (ex.: alteração do meio biótico, supressão de vegetação e


agressões á ictiofauna e ictioflora através da atividade de
deslastramento);

E nas atividades:
• Sociais (ex.: condições sanitárias inadequadas, insegurança para a
população); e

• Econômicas (ex.: aumento de diferentes atividades comerciais e da


arrecadação tributária).

Assim, poder-se-á chegar a conclusão ao final desse tópico que a atividade


portuária poderá apresentar-se como altamente impactante, seja positivamente ou
negativamente, identificando que a origem dos impactos resultam de ações física,
química, biológica e ou sociais.

É importante lembrar que toda forma de poluição gera um aspecto ambiental


e por conseqüência causa um impacto ambiental. Mas é importante firmar que um
impacto ambiental não necessariamente causará alguma forma de poluição.

2. ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM AMBIENTES COSTEIROS

A preocupação com a qualidade ambiental da zona costeira vem do


reconhecimento das características ecológicas da vida marinha. Aí, como nos
ecossistemas terrestres, a produtividade ecológica dos diferentes espaços é
desigual.

Conforme Diegues (1995) é na zona de costa onde ocorrem as interações


terra-mar, é onde a cadeia alimentar marinha se inicia a partir de uma enorme
atividade de fotossíntese das espécies vegetais, muitas delas de pequeno porte.
Escapa muitas vezes ao senso comum que a fotossíntese que ocorre no mar,
especialmente na zona costeira, produz a maior parte do oxigênio de nossa
atmosfera. Ou que os cardumes que aproveitamos para a pesca dependem, para
sua renovação, da vida que ocorre nessas regiões.

Diegues (1995), ainda esclarece que os espaços naturais costeiros têm


diferentes graus de contribuição para este conjunto de fenômenos vitais, devendo-se
reconhecer a importância ecológica extraordinária dos ecossistemas estuarino-
lagunares, onde as águas doces e salgadas se encontram e se misturam e
formações como os manguezais desempenhando funções que muitos comparam à
de berçários das espécies marinhas, por fornecerem abrigo, nutrientes e outros
fatores ambientais propícios a múltiplas espécies em diferentes estágios da
reprodução e crescimento.

Percebe-se que é drástica a mudança dos espaços costeiros, a partir da


instalação dos processos de transformação, armazenamento e transporte de
produtos e matérias primas com maior ou menor potencial de risco ambiental, e dos
assentamentos urbanos estruturados.

Notou-se nesse estudo que há uma segregação espacial dos segmentos de


baixa renda com a apropriação especulativa dos espaços mais nobres em termos de
atratividade paisagística. Mas em todos os casos sem maiores cautelas no que se
refere à liberação de diferentes formas de poluição; percebe-se a evidente
descaracterização cultural e urbana; desalojo e marginalização de populações
tradicionais.

Por exemplo, a atividade pesqueira enfrenta a redução de cardumes,


associada às diferentes formas de poluição e devastação em que se inclui a própria
pesca predatória e os aterramentos das áreas de manguezais.

Os ecossistemas brasileiros costeiros e litorâneos (Estuarinos, Recifes de


corais, Manguezais, Marismas, Restingas, Lagunas Costeiras, etc), são habitats de
boa parte dos recursos marinhos.

Algumas áreas são exploradas por pescadores e produtores artesanais de


comunidades tradicionalmente pesqueiras, com as suas áreas de criação e capturas
de peixes, moluscos e crustáceos, outras pela pesca industrial (ou de arrastão
realizadas por embarcações em alto mar) com a mesma atividade fim, porém de
modo mais hostil a essas espécies e as comunidades tradicionais.

Há ainda em várias outras áreas do litoral brasileiro a implantação de outras


atividades, como o turismo e onde são realizadas operações portuárias.

As atividades supra mencionadas, que de alguma forma exploram a zona


costeira, provocam alguns ou vários impactos ambientais na região de seu
desenvolvimento, sendo que algumas apresentam impactos altamente expressivos e
outras, impactos de menor potencial significativo.

Diegues (1995), expressa através da elaboração da matriz abaixo, que para


podermos identificar alguns dos possíveis impactos resultante de atividades
humanas nos referidos ambientes, tem-se que caracterizar os poluentes inseridos
em suas condições físicas capazes de ocasionar possíveis mudanças nos
ambientes costeiros.

3. ATIVIDADES PORTUÁRIAS E IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS


AMBIENTAIS

A atividade desenvolvida nos portos exerce papel fundamental na economia


brasileira.

Enfatiza-se em todos os relatórios governamentais e das instituições de


pesquisa a necessidade de incremento da produtividade nos recursos de infra-
estrutura para permitir a sustentabilidade do crescimento econômico nos pais.
Portanto, é imprescindível a atualização dos modelos de gestão de terminais
portuários no Brasil.

Ao iniciar o trabalho, no Porto Organizado de Vitória, com vistas à


identificação dos possíveis impactos ambientais, averiguou-se inicialmente os
aspectos decorrentes das operações portuárias.

O registro dos aspectos e impactos deu-se a partir do levantamento de


informações colhidas diretamente nos Cais do Porto Organizado de vitória, assim
como, em bibliográficas que constituem dados secundários de dizem respeito ao
mesmo. O levantamento de campo permitiu realizar os registros fotográficos das
atividades portuárias e a dinâmica existente no Porto Organizado de Vitória,
envolvendo colaboradores e comunidade do entorno. Segue abaixo, alguns
exemplos de registros fotográficos de interesse para o estudo, conforme Figuras 03
a 8.
Figura 03. Registro de aspectos e impactos ambientais das atividades
portuárias.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU.

Figura 04. Registro de aspectos e impactos ambientais das atividades


portuárias.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU.


Figura 05. Registro de aspectos e impactos ambientais das atividades
portuárias.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU.

Figura 06: registro de aspectos e impactos ambientais das atividades


portuárias.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU.


Figura 07. Registro de aspectos e impactos ambientais das atividades
portuárias.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU.

Figura 08. Registro de aspectos e impactos ambientais das atividades


portuárias.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU.


Na identificação de determinado impacto localizado que exista legislação
associada e que o mesmo necessite de medida de controle, ou de remediação, faz-
se necessária uma investigação com vistas a verificar se o mesmo constitui ou não
em um passivo ambiental. As atividades portuárias geram os aspectos e ocasionam
por conseqüência os impactos, e as mesmas tornam-se os principais agentes
responsáveis pela elaboração da matriz dos aspectos e impactos ambientais de
nosso estudo.

Para a metodologia adotada de instrumentos de avaliação de impactos


ambientais – IAIA – constata-se que determinada atividade pode gerar diferentes
aspectos, ocasionando diversos impactos, e este por sua vez pode ou não
apresentar um passivo ambiental, daí a necessidade da investigação.

Através da caracterização técnica e da área de Influência do Porto


Organizado de Vitória, segundo as Normas Legais, pode-se aplicar métodos para
avaliar os impactos existentes. Verifica-se assim, que a atividade portuária é uma
atividade altamente impactante, positivamente ou negativamente, seja na
implantação, operação, manutenção e expansão dos portos.

Pois, ora o impacto apresenta-se de maneira benéfica, com o aumento na


oferta de empregos, a diversificação da economia, arrecadação tributária do
município e cidades vizinhas, incremento de novos meios de transportes (aumento
da frota do transporte público, mas também com consequente aumento na emissão
de CO2), e ora de modo negativo, com os processos erosivos, as ameaças a saúde
da população e degradação estética e da água com a descarga de lixos e esgotos
sanitários dos navios, supressão de ecossistemas costeiros (manguezais), e de
lixiviação.

Se os impactos ambientais são alterações do meio ambiente provocada por


ação humana, pode-se dizer que impacto ambiental é a causa da geração de
determinado poluente, ou interferência, provocada pelo homem nos ecossistemas
através das suas atividades.

As inúmeras atividades executadas na área de influência portuária por um


Porto Organizado podem produzir diferentes transformações nos ambientes locais e
regionais, resultando em diferentes formas de impactos, especialmente no meio em
que se inserem.

O Canal da Baía de Vitória por onde trafegam os navios que chegam ao Porto
Organizado de Vitória é do ponto de vista da atividade portuária, infra-estrutura
técnica. Essas mesmas águas podem ser utilizadas para a pesca, sendo
reconhecidas dessa forma como um ecossistema provedor de recursos. Outros
atributos de qualidade do mesmo espaço pode ser para serviços turísticos ali
localizados.

Generalizando, quanto aos aspectos e impactos ambientais portuários, a


operacionalização do porto é de vital importância para a economia, logística e
transporte de cargas no Brasil, e o seu comércio com o exterior.

Isso devido a sua pujança, confiabilidade, destreza e investimentos


constantes para os custos envolvidos serem cada vez mais competitivos em todos
os setores abarcados, de tal forma que em contra partida a atividade portuária
(desde a implantação até as modificações) é fonte de poluição, degradação e
contaminação de nossas águas e ecossistemas costeiros.

Mesmo sendo os impactos ambientais da atividade portuária decorrentes das


alterações de novas frentes de atracação, de dragagens de berços, de canais de
acesso, de derrocamentos, de aterros, de armazenagem, de construções e
ampliações de um modo geral, estas quando dimensionadas de forma inadequada,
podem gerar modificação negativas no regime dos corpos d'água, alteração da linha
de costa, supressão de vegetação, agressão a ecossistemas e poluição dos
recursos naturais.

Do mesmo modo, as operações de manuseio, transporte e armazenagem da


carga, bem como os serviços de manutenção da infra-estrutura, o abastecimento e
reparo de embarcações, máquinas, equipamentos e veículos em geral, podem,
quando feitos de forma inadequada, gerar resíduos sólidos e líquidos, poluição do
ar, da água, do solo, perturbações diversas por trânsito de veículos pesados, entre
outros.

A simples navegação dos navios no canal de acesso também traz efeitos no


meio ambiente, como os impactos gerados pelo funcionamento dos propulsores e
motores. Resultantes desse funcionamento tem-se as perturbações nos
ecossistemas aquáticos, principalmente em águas rasas, podendo afetar as
comunidades bentônicas. A passagem das embarcações pode provocar ao longo do
tempo a instabilidade do leito e das margens dos cursos d’água.

Nas áreas portuárias, os usos das águas estão na base da dinâmica


territorial, assumindo papel central na vida das cidades portuárias, desafiadas pelas
mudanças produtivas e tecnológicas dos portos a redesenharem-se e reinventarem-
se como paisagem, espaço urbano, meio de sobrevivência e socialização, lugar com
identidade própria na rede global (Ferreira e Castro, 1999; Meyer, 1999).
Historicamente, as cidades portuárias alternam ciclos de maior e menor integração
com seus portos, ora deles vivendo, ora sobrevivendo a eles.

A relação do porto com o meio físico também muda na história. Espaços de


águas calmas e abrigadas, em certas áreas ideais para abrigar as estruturas de
carga e descarga, podem tornar-se limitados para os novos navios de grande
calado. Não se pode esquecer que as áreas de influência do Porto Organizado de
Vitória correspondem aos espaços físico, biótico e das relações sociais, políticas e
econômicas passíveis de sofrer os potenciais efeitos decorrentes das operações de
suas atividades.

Para que ocorra um aumento e melhoria da atual infra-estrutura, com


qualificação ambiental, é imprescindível o atendimento e aplicação com eficácia das
normas, leis e resoluções ambientais.

O presente estudo visa adequar o Porto Organizado de Vitória ao pleno


atendimento às regulamentações e diretrizes ambientais exigidas pela legislação
vigente, qualificando-o para minimizar e mitigar os possíveis impactos ambientais
decorrentes de sua operacionalização num futuro próximo. Pois, um porto que
respeita e atende com rigor as leis, normas e resoluções ambientais, propiciará um
número bem menor de aspecto, impactos e possíveis passivos ambientais (ou a
eliminação desse último), refletindo diretamente na melhoria da infra-estrutura
existente, diminuindo números de doenças da população do entorno, gastos
desnecessários por conta dos danos ambientais e abrindo a possibilidade de novos
mercados, de exportação e importação, para países que não comercializam com
economias sem responsabilidades sustentáveis.
4. METODOLOGIA DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS
AMBIENTAIS

As implicações sociais, econômicas e ambientais das atividades humanas e


suas alterações da qualidade ambiental ocasionados nos ecossistemas (litorâneos e
costeiros) pela potencialidade de seus impactos, resultam em uma análise, dos
mesmos bem como sua forma de geração, chamada de método de avaliação de
impactos ambientais. (Sánchez, 2008).

Sánchez (2008), diz que a avaliação de impacto ambiental consiste em um


sistema complexo e aberto dos projetos e estudos destinados a proteção e
recuperação ambiental, assim como a manutenção da boa qualidade ambiental que
apresenta-se.

O mesmo autor explica que o define como um sistema complexo, porque não
trata os diversos procedimentos administrativos de avaliação ambiental de forma
excludente. Todos os métodos integram esse sistema, não proporcionando
ressalvas. Aberto, porque admite a inserção de novas modalidades dos
procedimentos administrativos, ambientais, avaliatórios.

Conforme relata Figueiredo (2011), a avaliação de impactos ambientais pode-


se valer de todos os possíveis estudos ambientais, para a prevenção como o
controle ambiental de determinadas atividades e reparação dos danos ambientais
ocasionados.

As metodologias adotadas de avaliação de impacto ambiental, geralmente,


são dirigidas aos tomadores de decisões.

Diegues (1995), relata que a parte mais difícil do processo é a identificação


dos impactos, procedida de sua estimativa e valoração, pois essa técnica implica em
uma intensa investigação de dados a respeito da fase do projeto, das atividades
envolvidas e seus aspectos.

De tal forma pode-se citar como principais passos metodológicos,


independente da localização geográfica do projeto:

• Verificar a viabilidade técnica, econômica, social e ambiental;


• Recolher o maior número de informações da dinâmica populacional e
dos ecossistemas existentes na área em que pretende-se implantar o
empreendimento;

• Verificar como as deformações dos atuais processos naturais ou


sociais podem interagir com o projeto, identificando, estimando e
valorando os impactos dos possíveis aspectos que podem ser gerados;

• Na identificação de um impacto negativo propor alternativas que visem


à minimização e mitigação, a fim de reduzi-lo quando esse não puder
ser evitado;

• Atendimento na íntegra da legislação associada para toda a atividade


do empreendimento;

• Verificar se a situação da atividade é normal ou anormal e se


determinado impacto necessita medida de controle, para não tornar-se
futuramente um passivo ambiental; Elaborar uma matriz de aspecto e
impactos ambientais;

• Expor alternativas para uma melhor combinação que minimize os


impactos negativos e intensifique os positivos.

Pode-se dizer que o objetivo da avaliação de impacto ambiental não é forçar


os tomadores de decisão a adotar a alternativa de menor dano ambiental. Nem
sempre isso é a solução.

A avaliação de impacto ambiental na fase da tomada de decisão ajuda na


concepção, no planejamento e readequações de projetos, na retirada de projetos
inviáveis, bem como, na consolidação dos que são viáveis, na negociação sócio-
ambiental com as melhores escolhas locacionais, objetivando a obtenção de um
processo adequado e real de gestão ambiental.
5. MATRIZ DE IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS E DOS IMPACTOS
AMBIENTAIS

Identificar as características e as quantidades geradas, dos resíduos sólidos,


das emissões atmosféricas, dos ruídos externos ao porto, entre outros, são medidas
essenciais para o controle de qualidade (ambiental) na área portuária.

Portanto, faz-se necessário uma análise das informações dos principais


aspectos durante as fases de instalação e de operação do porto, objetivando
identificar os impactos ambientais.

Com isso, tem-se subsídios suficientes para poder elaborar uma matriz de
aspectos e impactos ambientais das atividades do porto organizado de Vitória, na
qual poderá valorar-se o impacto quanto a sua significância por meio da relação
existente entre o tempo, quantidade e importância na área de influência portuária.

Para a elaboração da matriz, apresentada no Quadro 1, utilizou-se a


metodologia de Sánchez (1998), onde o quesito valor é o cálculo da significância do
impacto, que se dá através da seguinte fórmula: Duração x Severidade x Escala =
Significância do Impacto (valor). Dessa forma tem-se:

DURAÇÃO (tempo)/PROBABILIDADE - Para situações normais e anormais:


GRAU 1 - quando ocorre num pequeno espaço de tempo;
GRAU 3 - quando ocorre num espaço de tempo moderado;
GRAU 5 - quando ocorre num espaço de tempo longo (contínuo).
SEVERIDADE (importância) -
GRAU 1 - impactos gerados que, quando acontecerem, não afetarão os
quesitos de atendimento à legislação ambiental, Política Ambiental e partes
interessadas.
GRAU 3 - impactos gerados que, quando acontecerem, afetarão os quesitos
de atendimento, à Política Ambiental e as partes interessadas, mas não a
legislação ambiental.
GRAU 5 - deve ser atribuído grau 5 aos impactos gerados que, quando
acontecerem, afetarão os quesitos de atendimento à legislação ambiental, a
Política Ambiental e as partes interessadas.
ESCALA (quantidade) - Para situações normais e anormais:
GRAU 1 - quando ocorre em pequena intensidade, quantidade;
GRAU 3 - quando ocorre em moderada intensidade, quantidade;
GRAU 5- quando ocorre em uma intensidade crítica.
(Sánchez, 1998. p.111)

Ainda nos quesitos escala e duração, Sánchez (1998) utiliza os graus 1, 3 e 5


para situações emergenciais, porém os mesmos não são contabilizados na matriz.
QUADRO 1. MATRIZ DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DO PORTO ORGANIZADO DE VITÓRIA.

Severidade (importância)

Duração/Probabilidade

Medidada de Controle
Situação da atividade

Escala (quantidade)
Parte interessada
Existe legislação

Classificação
Orientação
Atividade

Aspecto

Impacto
Local

Valor
Gastos com transporte e destinação
Geração de resíduos SN - E A 1 5 3 15 SM S
final adequada
Aumento de despesas na empresa
Existência de passivos ambientais devido a investigação de passivos SA - E A 1 5 3 15 SM S
ambientais
PORTO ORGANIZADO DE VITÓRIA - ES

Administração Portuária
Gastos com tratamento de
Geração de efluentes sanitários SN - E A 1 5 3 15 SM S
efluentes sanitários
Poluição por esgoto no Rio Santa
Geração de efluentes sanitários SN - E A 1 5 3 15 SM S
Maria
Dinamização do comércio exterior e
Importação e exportação SN + E A 3 5 3 45 SI S
interior

Poluição por esgoto no Rio Santa


Geração de efluentes sanitários SN - E A 1 5 3 15 SM S
Maria, oriundo de embarcações

Programação de Navios Introdução de organismos nocivos


(entrada e saída de navios) Geração de água de lastro ou patogênicos por meio das águas SN - E A 3 3 3 27 SM S
de lastro
Dinamização da navegação de
Importação e exportação SN + E A 3 5 3 45 SI S
cabotagem
Alteração da qualidade da bióta
Introdução de espécies exóticas SN - E A 5 5 5 125 SI S
aquática
Aumento de despesas na empresa
Acidentes ambientais SA - E A 1 5 3 15 SM S
devido a biorremediação
Consumo de materiais fósseis Diminuição das fontes de RNR SN - E A 3 5 3 45 SI S
Emissão de gases Poluição do ar SN - E A 5 5 3 75 SI S
Disposição do material dragado Perda de biodiversidade SN - E A 5 5 5 125 SI S
Geração de empregos Aumento da oferta de empregos SN + E A 3 5 3 45 SI N
Dragagem de Manutenção Geração de ruídos Poluição sonora SN - E A 5 5 3 75 SI S
Interferência na comunidade
Conflito/tensão Social SN - I A 5 5 5 125 SI S
pesqueira
Interferência na comunidade
Conflito/tensão Social SN - I A 5 5 5 125 SI S
catraeira
Quebra na cadeia trófica Afugentamento da fauna SN - E NA 5 5 5 125 SI S
Retirada de espécies nativas Perda de biodiversidade SN - E NA 5 5 5 125 SI S
Consumo de madeira Diminuição das fontes de RR SN - E A 1 5 3 15 SM S

Geração de empregos Aumento da arrecadação tributária SN + E A 1 5 1 5 SM N

Geração de mão-de-obra Aumento da oferta de empregos SN + E A 1 5 3 15 SM N


Danos à saúde do operador
Armazenamento (Armazéns) Geração de poeira SN - E A 3 5 3 45 SI S
portuário
Geração de poeira Poluição do ar SN - E A 5 5 3 75 SI S
Gastos com transporte e destinação
Geração de resíduo SN - E A 5 5 3 75 SI S
final adequada
Retirada de espécies nativas Perda de biodiversidade SN - E NA 5 5 5 125 SI S
Geração de ruído Poluição sonora SN - E A 5 5 3 75 SI S
Gastos com transporte e destinação
Geração de resíduo SN - E A 5 5 3 75 SI S
final adequada
Manutenção da Drenagem Manutenção adequada do sistema Escoamento das águas de modo
SN + E A 3 5 5 75 SI S
de drenagem eficiente
Manutenção adequada do sistema
Sem riscos de alagamentos SN + E A 3 5 3 45 SI S
de drenagem
Consumo de RNR Diminuição das fontes de RNR SN - E A 3 5 3 45 SI S
Gastos com disposição (Muitas
Manutenção da Pavimentação Geração de entulho SN - E A 1 5 1 5 SM S
Vezes Desnecessários)
Geração de poeira Poluição do ar SN - E A 5 5 3 75 SI S
Danos à saúde do operador
Geração de poeira SN - E A 3 5 3 45 SI S
portuário
Gastos com transporte e destinação
Geração de resíduo SN - E A 5 5 3 75 SI S
final adequada
Geração de ruídos Poluição sonora SN - E A 5 5 3 75 SI S
Aumento de despesas na empresa
Acidentes ambientais SA - E A 1 5 3 15 SM S
devido a biorremediação
Poluição acidental de cargas
Acidentes ambientais SN - E A 5 5 5 125 SI S
perigosas

Atração da fauna sinantrópica com


Danos à saúde do operador
Perdas de grãos no transbordo SN - E A 3 5 5 75 SI S
portuárioe comunidade
circunvizinha

Comprometimento da
Consumo de energia SN - E A 1 5 1 5 SM S
disponibilidade da matéria prima
Movimentação e Transbordo
de cargas (Ferro Gusa, Cobre, Consumo de materiais fósseis Diminuição das fontes de RNR SN - E A 3 5 3 45 SI S
GLP, Óleo e Grãos) Emissão de Material Particulado Poluição do ar SN - E A 5 5 3 75 SI S
Danos à saúde do operador
Emissão de Material Particulado SN - E A 3 5 3 45 SI S
portuário

Geração de empregos Aumento da arrecadação tributária SN + E A 1 5 1 5 SM N

Geração de mão-de-obra Aumento da oferta de emprego SN + E A 1 5 3 15 SM S


Geração de resíduo Poluição da água SN - E A 5 5 3 75 SI S
Geração de ruído Poluição sonora SN - E A 5 5 3 75 SI S
Danos à saúde do operador
Geração de ruído SN - E A 3 5 3 45 SI S
portuário

Acidentes ambientais Aumento de despesas na empresa SA - E A 1 5 3 15 SM S

Consumo de madeira Diminuição das fontes de RNR SN - E A 3 5 3 45 SI S


Transporte
Consumo de materiais fósseis Diminuição das fontes de RNR SN - E A 3 5 3 45 SI S
Contribuição para formas difusas de
Consumo de materiais fósseis SN - E A 3 5 1 15 SM S
poluição
Atração da fauna sinantrópica
comdanos à saúde do colaborador SN - E A 3 5 3 45 SI S
Desperdício de produtos e cargas e comunidade circunvizinha

Gastos com transporte e destinação


SN - E A 1 5 1 5 SM S
de resíduos
Poluição do ar SN - E A 5 5 3 75 SI S
Emissão de Material Particulado Danos à saúde do operador
SN - E A 3 5 3 45 SI S
portuário

Geração de empregos Aumento da arrecadação tributária SN + E A 1 5 1 5 SM N

Danos à saúde do operador


Geração de ruído SN - E A 3 5 3 45 SI S
portuário
Geração de ruído Poluição sonora SN - E A 5 5 3 75 SI S
Interferência na comunidade
Conflito Social SN - I A 5 5 3 75 SI S
pesqueira
Interferência na comunidade
Conflito Social SN - I A 5 5 3 75 SI S
catraeira
Adequação do pavimento na área
Prevenção do acúmulo de resíduos SN + E A 3 5 5 75 SI S
do cais nos berços 201 e 202
Consumo de RNR Diminuição das fontes de RNR SN - E A 3 5 3 45 SI S
Gastos com disposição (Muitas
Geração de entulho SN - E A 1 5 1 5 SM S
Vezes Desnecessários)
Geração de poeira Poluição do ar SN - E A 5 5 3 75 SI S
Danos à saúde do operador
Geração de poeira SN - E A 3 5 3 45 SI S
Limpeza dos Berços e da portuário
Retro-Área Portuária Gastos com transporte e destinação
Geração de resíduo SN - E A 5 5 3 75 SI S
final adequada
Geração de ruídos Poluição sonora SN - E A 5 5 3 75 SI S
Diminuição das fontes de emissão
Limpeza por umectação SN + E A 5 5 5 125 SI S
de efluentes
Comprometimento da
Consumo de energia SN - E A 3 5 1 15 SM S
disponibilidade do recurso
Limpeza por via seca Prevenção as fontes de poluição SN + E A 5 5 5 125 SI S
Remoção periódica dos resíduos
acumulados sobre o piso dos Prevenção as fontes de poluição SN + E A 5 5 5 125 SI S
berços

Acidentes ambientais Aumento de despesas na empresa SA - E A 1 5 3 15 SM S

Atração da fauna sinantrópica com


Perdas de grãos no transbordo danos à saúde do colaborador e SN - E A 3 5 5 75 SI S
comunidade circunvizinha

Comprometimento da
Consumo de energia SN - E A 1 5 1 5 SM S
disponibilidade da matéria prima
Consumo de materiais fósseis Diminuição das fontes de RNR SN - E A 3 5 3 45 SI S
Emissão de Material Particulado Poluição do ar SN - E A 5 5 3 75 SI S
Danos à saúde do operador
Emissão de Material Particulado SN - E A 3 5 3 45 SI S
portuário
Recepção Rodoferroviária
Geração de empregos Aumento da arrecadação tributária SN + E A 1 5 1 5 SM N

Geração de mão-de-obra Aumento da oferta de emprego SN + E A 1 5 3 15 SM S


Geração de resíduo Poluição da água SN - E A 5 5 3 75 SI S
Geração de ruído Poluição sonora SN - E A 5 5 3 75 SI S
Danos à saúde do operador
Geração de ruído SN - E A 3 5 3 45 SI S
portuário
Implantação do sistema de Prevenção as fontes de poluição
SN + E A 5 5 5 125 SI S
despoeiramento atmosférica

Relatório fotográfico da implantação Controle da funcionalidade do


SN + E A 5 5 5 125 SI S
do sistema de despoeiramento sistema de despoeiramento

Legenda:
SA = Situação Anormal. I = Inexiste. SI = Significativo. SM = Significância Moderada. S = Sim.
SN = Situação Normal.
E = Existe. ÑS = Não Significativo. Ñ = Não.
6. ASPECTOS AMBIENTAIS

Com a intenção de que os aspectos ambientais das atividades portuárias


possam ser identificados e estabelecer um controle sobre as mesmas, assim
como seus produtos e subprodutos, deve-se instituir e manter procedimentos
de identificação para esses. Necessariamente deverá estar documentado, para
que sejam periodicamente revisados e discutidos, visando uma melhoria
contínua.

O item aspectos ambientais está diretamente ligado a verificação dos


requisitos legais existente em cada aspecto gerado e conseqüente impacto
causado. Pode-se até se referir a este item como um dos mais importantes na
fase de planejamento, pois, juntamente com os impactos ambientais, trarão um
controle na determinação de metas e objetivos.

Em uma atividade portuária tem-se como principais aspectos ambientais


a geração de resíduos de escritórios e resíduos sólidos de modo geral em toda
a extensão portuária (bem como a disposição inadequada), de efluentes (seja
ele difuso ou sanitário), de emprego, de ruídos, de materiais recicláveis, além
das emissões de poeiras e material particulado, além dos consumos de
recursos naturais renováveis (RR) e dos recursos naturais não-renováveis
(RNR).

Nas Figuras 09 á 12, busca-se visualizar alguns desses aspectos acima


relacionados.
Figura 09. Disposição inadequada de resíduos sólidos.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU 2012.

Figura 10. Disposição inadequada de resíduos sólidos.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU 2012.


Figura 11. Lançamento irregular de efluentes líquidos no canal de acesso.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU 2012.

Figura 12. Geração de poeira na atmosfera transportada pelos ventos.

Fonte: Equipe Técnica FAPEU 2012.


Visualizando essas atividades, o aspecto ambiental pode ser entendido
como mecanismo através do qual uma ação de origem antrópica causa um
impacto ambiental.

Certamente que uma mesma ação pode também levar a vários aspectos
ambientais e por conseqüência causar diversos impactos ambientais. Do
mesmo modo um determinado impacto ambiental pode ter várias causas.

Uma característica positiva de boa distinção entre aspecto e impacto


ambiental, é que a emissão de um poluente não é um impacto ambiental. A
alteração da qualidade ambiental (poluição) resultante dessa emissão, geração
ou consumo, é o impacto ambiental.

Situações tipicamente descritas como aspectos ambientais são a


emissão de poluentes e a geração de resíduos. Gerar efluentes líquidos,
poluentes atmosféricos, resíduos sólidos e ruídos não são os objetivos das
atividades antrópica, mas esses aspectos estão indissociavelmente atrelados
aos processos produtivos geradores de tais. São elementos ou parte das
atividades. Esses elementos que podem interagir com o ambiente designam-se
de aspectos ambientais.

Observa-se bem essa situação na metodologia de avaliação de impactos


ambientais, adotada para elaboração da matriz constante no item 7.4. Nessa
matriz existe um item que auxilia na avaliação, para valorar, chamado de
situação da atividade. Nesse item menciona-se determinado aspecto gerado
(da atividade sendo avaliada) se é normal ou não, ou seja, mesmo o aspecto
ambiental não sendo o alvo da atividade analisada, não consegue-se dissociar
o mesmo desta atividade ou ação antrópica geradora.

Por exemplo: o transporte por caminhões, de determinada carga, nas


vias internas do porto, constitui-se de uma atividade impossível de não gerar
poluição atmosférica por conta da queima de combustíveis fósseis, deparando-
nos assim com uma atividade normal geradora de poluição. Outro exemplo:
como situação anormal de determinada atividade, ou seja, que foge das
situações integrantes do processo podemos citar uma simulação de
emergência para o porto e colaboradores. A simulação de emergência não faz
parte da atividade ou do processo produtivo, entretanto essa gera um aspecto
e impacto positivo.

Os aspectos ambientais são os mecanismos ou os processos pelos


quais ocorrem as conseqüências.

7. IMPACTOS AMBIENTAIS

Os impactos ambientais decorrentes do Porto Organizado de Vitória,


desde o seu planejamento até a sua operacionalização, podem gerar inúmeros
conflitos. Pois, esses impactos afetam interesses de importantes setores da
sociedade e economia, como os de proteção ambiental e expansão urbana, de
pesca, turismo e de lazer, devendo-se envolver profissionais das áreas
administrativas, de engenharia, de ciências, do comércio exterior, e do agro
business entre outros.

No âmbito do sistema portuário e impactos ambientais, o berço de


atracação, apresentado nas Figuras 13 a 15, pode ser considerado um dos
principais elos entre esses elementos.

Figura 13. Berços 101 e 102 do Cais Comercial de Vitória.

Fonte: CODESA.
Figura 14. Visão de entrada no berço 206, pelo portão do Cais de Peiú.

Fonte: CODESA.

Figura 15. Visão dos depósitos de resíduos no berço 201 no Cais de


Capuaba.

Fonte: CODESA.

É no berço que se registra as diferentes cargas com geração de


resíduos e efluentes doméstico, além dos resíduos de taifa. Junto ao mesmo e
fazendo parte de sua estrutura, tem-se as áreas destinadas para atracação de
navios onde se registra a geração de gases, as áreas dos pátios, com geração
de material particulado, os espaços de amarração e acostagem, com
possibilidade de vazamentos, e por fim, os armazéns, que poderão apresentar
passivos de suas cargas depositadas ao longo dos tempos.

Na Figura 16, avista-se a área de atracação de navios de passageiros e


as vias internas de circulação dos mesmos.

Figura 16. Área de atracação de navios de passageiros.

Fonte: equipe FAPEU 2012.

Sabe-se também, que o entorno das áreas portuárias recebe uma


intensa atividade comercial e industrial, com descarte de materiais muitas
vezes de maneira inadequado. Com isso lista-se algumas possibilidade de
contaminação das áreas portuárias com as seguintes formas:

• Modificações hidrológicas;

• Atividade mineradora;

• Esgotos pluviais;
• Drenagem de superfícies impermeáveis para esgotos ou canos
antes de descarregarem para águas superficiais;

• Construção de barragens;

• Disposição inadequada de diversos tipos de resíduos;

• Despejo de água de lastro (deslastramento) nos berços de


atracação;

• Vazamentos e Solubilização de metais pesados.

Ainda quanto aos impactos ambientais, na Política Ambiental do


Ministério dos Transportes (2012), estão referenciados três princípios: a
viabilidade ambiental dos empreendimentos de transportes, o respeito às
necessidades de preservação ambiental e a sustentabilidade ambiental dos
transportes.

Mesmo com esses princípios gerais adotados, a mesma política aponta


à enorme potencialização de impactos ambientais dos portos (como verificado
no Porto Organizado de Vitória), partindo de sua implantação às suas
atividades portuárias diárias e demais operacionalizações necessárias e
futuras.

Devido à sua implantação, às necessárias alterações, manutenções, e


processos de expansão, as atividades desenvolvidas pelo Porto Organizado de
Vitória somada as atividades comerciais do entorno, apresentam como
resultado uma gama de impactos ambientais causados pelos mesmos:

• Gastos com transportes e destinação final adequada dos resíduos


gerados;

• Gastos com tratamento de efluentes sanitários;

• Dinamização do comércio exterior e interior;

• Dinamização da navegação de cabotagem;

• Contribuição para diferentes formas de poluição;


• Alteração da biota aquática;

• Aumento de despesas devido à investigação de passivo


ambiental;

• Aumento de despesas devido à biorremediação

• Aumento da oferta de emprego;

• Conflito/tensão social;

• Aumento da arrecadação tributária;

• Danos à saúde do operador portuário,

• Presença de fauna sinantrópica;

• Comprometimento da disponibilidade de matéria prima;

• Diminuição das fontes de poluição (atmosférica, líquida, e


residual);

• Diminuição das fontes de emissão de efluentes;

• Ruídos internos acima do estabelecido pela norma;

• Poluição por esgoto no Rio Santa Maria, oriundo de instalações


portuárias, de embarcações, e da urbanização;

• Ocorrência de acidentes ambientais (derrames, explosões,


incêndios, perdas de cargas);

• Afugentamento da fauna;

• Poluição acidental de cargas perigosas;

• Introdução de organismos nocivos ou patogênicos por meio das


águas de lastro;

• Comprometimento de outros usos dos recursos ambientais,


especialmente os tradicionais;
• Sem riscos de alagamento, devido à manutenção adequada do
sistema de drenagem;

• Escoamento das águas de modo eficiente, devido à manutenção


adequada do sistema de drenagem;

• Geração de resíduos sólidos nas embarcações (taifa), nas


instalações portuárias e na operação e descarte de cargas;

• Comprometimento dos estuários, por interesses e usos


conflitantes;

• Perda da Biodiversidade;

• Diminuição das fontes de Recursos Naturais Renováveis (RR) e


Recursos Naturais Não Renováveis (RNR);

• Prevenção às fontes de poluição;

• Entre outros.

Deste modo a região estuarina da Baía de vitória sofre um sério impacto


ambiental como corpo receptor de esgotos urbanos e efluentes industriais,
comprometendo a vida dos organismos aquáticos. A ocupação habitacional
desordenada e os aspectos locais de desenvolvimento urbano levam ao
assentamento de habitações da população de baixa renda nos manguezais,
piorando os problemas sanitários já existentes.

Para recuperar a qualidade ambiental alterada, na área de influência do


Porto Organizado de Vitória, necessita-se de investimentos nessa área, como
por exemplo, no resgate da rodovia federal de mão dupla que serve como
principal acesso ao Cais de Capuaba, no qual a população portuária vizinha
ocupou de forma desordenada, chegando a tomar conta e bloquear uma das
pistas, para substabelecer atividades particulares. Situação esta que pode ser
melhor entendida com as Figuras 17 e 18.
Figura 17. Rodovia federal de mão dupla tomada pela população local,
principal acesso ao Cais de Capuaba.

Fonte: equipe FAPEU, 2012.

Figura 18. Visão aproximada da rodovia federal.

Fonte: equipe FAPEU 2012.

Juntamente com esse conflito encontra-se o fluxo intenso de caminhões


de modo desorganizado, pois muitos transportam granéis sólidos, além de
outras cargas consideradas perigosas, circulando com a caçamba sem
cobertura de lonas (Figura 19) e com perda de carga ao logo do caminho
(Figura 20), atraindo por exemplo, pombos, ratos e demais animais da fauna
sinantrópica, apresentando-se como grandes causadores e transmissores de
doenças para a população ali estabelecida. Além disso, há a emissão de
material particulado e dióxido de carbono (CO2), por parte dos caminhões. No
interior do porto verifica-se também a emissão dos gases citados, além de
óxidos de nitrogênio e enxofre, (NOx) (SOx), monóxido de carbono (CO).

Figura 19. Caminhão circulando com caçamba em condições inadequadas.

Fonte: Equipe FAPEU.

Na qualidade das águas, outro impacto ambiental existente no Porto


Organizado de Vitória é a dragagem de manutenções periódicas, por conta dos
sedimentos oriundos dos corpos hídricos que desembocam nas baías e dos
efluentes das cidades vizinhas ao porto. O acumulo desse material acaba
assoreando o canal de navegação obrigando-se a realizar dragagens de
manutenção que distingue-se das dragagens de implantação dos portos.

As dragagens são obras extremamente necessárias ao


aprofundamento dos canais de acesso, cais e berços de atracação, mas os
serviços de dragagens proporcionam, tanto na área de retirada como na área
de despejo, grandes quantias de sedimentos em colunas d’água. Uma das
conseqüências do revolvimento dos sedimentos na coluna d’água é a
diminuição do grau de penetração da luz, devido ao aumento da turbidez, que
afeta diretamente a flora e fauna do local. Tem-se ainda em conseqüência da
dragagem, mesmo que temporariamente, danos na pesca artesanal.

Figura 20. caminhão circulando com caçamba em condições inadequadas.

Fonte: Equipe FAPEU.

Outro impacto ambiental, em relação às dragagens, são as modificações


em canais de maré e áreas de mangue, devido ao aspecto ambiental de
sedimentos ressuspendidos.

Conforme o monitoramento de ruídos realizado pela equipe técnica da


FAPEU no Porto Organizado de Vitória os ruídos gerados internamente não
apresentam influencia significativa na comunidade de entorno, em decorrência
do ruído de fundo externo provocada pela circulação de veículos, de pessoas,
e de equipamentos de som instalados nos pontos comerciais para fins de
publicidade. Contudo, ficou registrado que os ruídos gerados internamente na
área portuária Influenciam na qualidade de vida dos operadores, tornando-se
necessário o uso de Equipamentos de Proteção Individuais - EPIs.
Quanto aos resíduos sólidos identificados na área do Porto Organizado
de Vitória, verifica-se que os mesmos são provenientes de escritório, transporte
e depósito de granéis sólidos, varrição da área portuária, e da reposição de
equipamentos e de peças metálicas que são acumuladas de forma
inadequada.

Nesse âmbito é importante mensurar a exata importância do Plano de


Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGRS, que para ser eficaz, mitigando e
corrigindo os impactos apresentados por conta dos aspectos ambientais e dos
resíduos sólidos, desde a sua causa e origem até a disposição final, tem que
atender a regulamentação da norma da ABNT, NBR 10004 de 2004.

Todavia, ao passo que a expressão, impacto ambiental, é utilizada de


forma incisivamente maléfica e algoz, muitas vezes é confundida e aplicada
como sinônimo de poluição ambiental. Buscando esclarecer a sua
diferenciação, Sánchez (2008), afirma que é apropriado mostrar algumas
características divergentes de poluição e impacto ambiental, como as que
seguem:

• Poluição é uma das causas de impacto ambiental, mas os


impactos podem ser ocasionados por outras ações além do ato
de poluir (como já citado, algumas vezes, anteriormente ao longo
desse tópico);

• Poluição tem somente conotação negativa, enquanto impacto


ambiental pode ser benéfico ou adverso;

• Impacto ambiental é um conceito mais amplo e substancialmente


distinto de poluição;

• Várias ações humanas causam significativo impacto ambiental


sem que estejam diretamente ligadas à emissão de poluentes;

• Nem todo impacto ambiental tem a poluição como causa, mas


toda poluição causa um impacto ambiental.
Portanto, a identificação e avaliação dos impactos ambientais nas
instalações do Porto Organizado de Vitória foi desenvolvida considerando as
situações dos aspectos ambientais estabelecidos, através de visitas técnicas
em suas instalações, assim como, nas comunidades vizinhas de seu entorno.

8. GRAU DE SIGNIFICÂNCIA DA ATIVIDADE

Descrevem-se neste tópico, as orientações quanto à leitura e


interpretação do quesito valor (grau de significância) das atividades analisadas
na matriz dos aspectos e dos impactos ambientais identificados no Porto
Organizado de Vitória.

Segundo Sánchez (1998) o impacto ambiental da atividade,


independente de sua valoração, pode ter uma orientação positiva ou negativa,
o que representa na prática, uma consequência boa ou ruim, respectivamente.

Ainda em relação ao impacto, o resultado da valoração pode ser definido


em grau não-significativo, em grau de significância moderada e em grau
significativo.

Dessa forma, o resultado da valoração dos impactos compreendidos


entre:

1 – 3 é não significativo (ÑS);

5 – 27 é com significância moderada (SM); e

45 – 125 é significativo (SI).

A medida de controle está diretamente associada ao impacto ambiental


e não ao quesito valor. Classifica-se a mesma, se o impacto necessita de
medida de controle (S) ou não (N), independente da orientação e do valor
apresentado.

Se analisarmos os oitenta e cinco (85) aspectos ambientais identificados


no Porto Organizado de Vitória, inseridos na Matriz do quadro zzz do item 7.4,
tem-se que setenta e um por cento (71%) dos aspectos ambientais daquele
porto apresentam valoração significativo (S), e que vinte e nove por cento
(29%) dos aspectos ambientais apresentam valoração com significância
moderada (SM), o que permite concluir, que há necessidade da aplicação de
maiores dispositivos de controle ambientais no desenvolvimento das atividades
operacionais do Porto Organizado de Vitória.

Contudo há ainda outros dois quesitos, que conforme Sánchez (1998),


não estão ligados ao valor e sim ao impacto. Um deles faz o apontamento se
existe ou não legislação associada ao impacto ambiental e outro se atinge ou
não a parte interessada. Para tanto, apresentar-se-á abaixo, apontamentos
relativo a legislação associada à atividade portuária.

REFERÊNCIAS

MOREIRA, I. V. D. Vocabulário Básico de Meio Ambiente. Rio de Janeiro:


Feema/Petrobrás, 1992.
WESTMAN, W. E. Ecology, Impact Assessment, and Environmental Planning.
New York: Wiley, 1985.
WATHERN, P. Environmental Impact Assessment: Theory and Practice.
London: Unwin Hyman, 1988.
DIEGUES, A. C. S. Ecologia Humana e Planejamento em Áreas Costeiras. São
Paulo: NUPAUB-USP, 1996.
FERREIRA, V.M.; CASTRO, A. Cidades de Água – a lenta “descoberta” da
frente marítima de Lisboa. Lisboa: Bizâncio, 1999.
MEYER, H. City and Port: Transformation of Port Cities: London, Barcelona,
New York, Rotterdam. Utrecht : International Books, 1999.
SÁNCHEZ, L.E. Conceitos de Impacto Ambiental: Definições Diversas
Segundo Diferentes Grupos Profissionais. In: Anais do VII Encontro Anual da
Seção Brasileira da Internation Association for Impact Assesment (IAIA), Rio de
Janeiro 1998.
SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de Impacto Ambiental: Conceitos e
Métodos. São Paulo: Oficina de textos, 2008. 495p

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