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Evolução Biológica

A energia libertada pelas diferentes fontes de energia presentes na atmosfera


primitiva foi a responsável pela quebra das ligações químicas das moléculas nela
existentes, como o metano (CH4), o amoníaco (NH3), o hidrogénio (H2) e o vapor de
água. Deste modo, os átomos resultantes podiam recombinar-se entre si de diferente
modo, originando substâncias orgânicas muito simples, denominadas monómeros, como a
glicose e os aminoácidos.
Após a condensação do vapor de água, e durante milhares de milhões de anos,
estas micromoléculas orgânicas foram arrastadas pelas águas das chuvas e acumuladas
em mares e lagos primitivos. Além do tempo que as moléculas orgânicas possuíram para
reagir entre si, terão surgido outros factores, como as próprias características do meio,
que favoreceram a sua sobrevivência.
O início das reacções químicas de polimerização originaram substâncias orgânicas
mais complexas, os polímeros, como os polissacarídeos, os péptidos, as proteínas, o ADN
e o RNA. A polimerização é uma reacção química que conduz à ligação dos diferentes
monómeros (micromoléculas), originando moléculas maiores e mais complexas, os
polímeros (macromoléculas).
Os oceanos primitivos passaram a conter substâncias minerais e orgânicas que se
deslocavam livremente, permitindo a ocorrências destas reacções químicas, constituindo
a chamada “sopa ou caldo primitivo”.
Contudo, para explicar a ocorrência da polimerização nos oceanos (uma vez que
esta não é frequentemente realizável em meio aquoso), um cientista de nome Bernal
sugeriu que esta reacção química era, no início, catalisada pelos minerais.
Bernal admitiu a existência de oceanos primitivos pouco profundos, onde a
evaporação do vapor de água conduzia, em determinadas situações, a uma crusta seca,
ficando as substâncias orgânicas retidas nas argilas, e expostas às diferentes fontes de
energia; condições estas bastante favoráveis à ocorrência de polimerização, uma vez
que ambas possuem a propriedade de fixar moléculas.
Baseado nesses pressupostos, Bernal formulou a seguinte hipótese: a polimerização
fora espontânea na Terra primitiva, devido às fontes de energia que exerciam acção
sobre os monómeros que se encontravam em certas superfícies sólidas.

Na tentativa de demonstrar a possibilidade de obter polímeros abioticamente,


Sidney Fox, investigador americano, realizou uma experiência onde simulou as condições
existentes na crusta.
A partir de uma mistura de 18 aminoácidos diferente, colocados sobre lava, à
temperatura de 180ºC, Fox obteve polipéptidos com elevados pesos moleculares, que

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designou por proteinóides (proteínas não biológicas, que se polimerizam
espontaneamente). Estas possuem as mesmas propriedades que as proteínas biológicas,
uma vez que possuem uma determinada distribuição de aminoácidos e podem ser
utilizadas como alimento.
Com esta experiência, Fox demonstrou que é possível obter abioticamente
compostos proteicos semelhantes às proteínas produzidas pelos seres vivos.
Este investigador considerou ainda que os aminoácidos formados nos oceanos
poderiam ter sido transportados para as cinzas vulcânicas existentes nas terras emersas,
onde se polimerizavam sob a acção do calor. Mais tarde, os proteinóides formados
teriam voltado para o mar e teriam sido capazes de evoluir no sentido de permitir o
aparecimento dos primeiros seres vivos.

As moléculas existentes na “sopa primitiva” deram origem às primeiras formas


pré-celulares, às quais se deram o nome de eobiontes ou protobiontes.
Segundo Oparin, um biólogo russo, as primeiras reacções químicas na sopa primitiva
ocorriam de forma anárquica e desordenada. Assim, destas pré-células, apenas
subsistiram aquelas que se encontravam delimitadas do meio por uma membrana,
através da qual faziam trocas de substâncias entre o meio interno e o meio externo,
permitindo o seu crescimento e aumento da sua complexidade.
Oparin designou por coacervados, os agregados moleculares formados por
partículas rodeadas por uma membrana constituída por moléculas de água. Assim, ao
fenómeno que conduz à agregação de moléculas diferentes, pela atracção das suas
polaridades contrárias, dá-se o nome de coecervação.
Por sua vez, Fox designou por microsferas, os agregados de proteinóides em água
salina, com estrutura esférica, membrana dupla e tamanho semelhante às bactérias
actuais. Fox verificou também, experimentalmente, que as microsferas tinham
propriedades osmóticas, que se podiam combinar entre si e que, quando atingiam um
determinado tamanho, se podiam dividir.

Devido ao aparecimento de grandes diversidades moleculares, os agregados


moleculares evoluíram, até se tornarem estruturas independentes e estáveis. Assim,
começaram a surgir mecanismos que permitiram a obtenção de energia, tal como a
fermentação, que originava a produção de energia na forma de ATP. Esta produção de
energia permitiu o auto-controlo e a auto-replicação das células.
Os protobiontes mais eficientes, a partir da matéria orgânica da sopa primitiva,
desenvolveram um controlo com o meio que os rodeava, uma sincronia nas reacções
internas e um método de reprodução parecida à dos seres vivos mais simples,
heterotróficos, procariontes e anaeróbios da actualidade, como certas bactérias.

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Por fim, em certos seres heterotróficos primitivos deu-se a síntese da clorofila, o
que lhes permitiu utilizarem a energia luminosa, convertendo-a em biológica e
mantendo um metabolismo celular. Desta forma, os compostos orgânicos necessários
eram obtidos através de matéria inorgânica durante a fotossíntese.
Este processo evitava que os compostos orgânicos da sopa primitiva se esgotassem,
permitindo a evolução dos outros seres, como os seres autotróficos, que utilizavam água
na fotossíntese, libertando o oxigénio resultante para a atmosfera.
Certos seres heterotróficos e autotróficos passaram ainda a consumir oxigénio nas
suas reacções de ATP, surgindo assim a respiração celular, um processo mais eficiente
que a fermentação. Com mais energia disponível, alguns seres passaram a possuir
núcleos e organitos celulares, dando origem aos primeiros seres heterotróficos
eucariontes e autotróficos eucariontes.

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